Trabalho & Educação | v.28 | n.1 | p.75-81 | jan-abr | 2019
Sob a responsabilidade dos professores Edson Moura Silva (FAMINAS – BH) e Simão
Pedro Pinto Marinho (PUC/MINAS), o sétimo texto aborda como o mercantilismo na
educação se desponta como um nicho de mercado promissor e passa a ser
alimentado pela EaD. Com a proliferação da EaD no ensino superior brasileiro, o
professor, comumente contratado para atuar em aulas presencias, vê-se obrigado a
ministrar disciplinas on-line. Além de constatar a precarização de seu trabalho, no
contexto das pressões normativas o professor sofre desconforto e desprazer, tendo
que adotar mecanismos de defesa psicológicos como forma de sua superação. O
artigo descreve achados de uma pesquisa descritiva e qualitativa realizada junto a
docentes que se viram obrigados a atuar na EaD. Os dados foram coletados por meio
de entrevistas semiestruturadas realizadas com professores da educação superior no
período de 2010 a 2017, que por imposição institucional assumiram a responsabilidade
por disciplinas oferecidas à distância.
No oitavo texto, os professores Fernando Selmar Rocha Fidalgo (UFMG), Inajara de
Salles Viana Neves (UFOP) e Juliana Cordeiro Soares Branco (UEMG) analisam
algumas políticas públicas e apresentam um breve histórico de cursos de formação de
professores a distância no Brasil, por iniciativa do poder público e por meio de
programas governamentais. Nesse contexto, foi realizada uma pesquisa essa
formação, no Brasil, por meio de iniciativa pública. A pesquisa buscou conhecer
políticas de formação docente e implementação de programas governamentais de
EaD. Compreendeu estudo exploratório e descritivo, fazendo uso de análise
documental e bibliográfica. Foram evidenciados modelos distintos desses programas e
em nível médio e superior. O texto pretende apresentar alguns desses programas e
discutir sobre a formação docente pública e a distância, juntamente com a discussão
das resoluções nº 1, de 02 de fevereiro de 2016, da Câmara de Educação Básica, e nº
1, de 11 de março de 2016, da Câmara de Educação Superior, ambas do Conselho
Nacional de Educação.
Os autores João Carlos Relvão Caetano e Domingos José Alves Caeiro, ambos
docentes da Universidade Aberta (UAb) – Portugal, são responsáveis pelo nono texto,
que versa sobre o sentido evolutivo das políticas de inovação e qualidade nas
instituições e sistema de ensino superior e ciência portugueses na perspectiva do
modelo de governança. Os autores formulam a hipótese de que os sistemas de ensino
superior e ciência se complexificaram muito nas últimas décadas nos países mais
desenvolvidos, por via de alterações políticas e legislativas e de alterações nas
relações entre os agentes, o que implica tanto a definição de novos objetivos como a
adoção de novas abordagens e práticas pelas instituições. Partindo da análise dos
princípios de reforma dos sistemas de ensino superior e ciência na Europa, no período
posterior ao maio de 68, os autores analisam o caso português e o papel dos atores do
sistema respectivo, que inclui a EaD. Analisam ainda as políticas na área e os seus
instrumentos na perspectiva da dinâmica dos agentes do sistema.
O décimo artigo, escrito por Braian Garrito Veloso (Doutorando em Educação/UFSCar)
e pelo professor Daniel Mill (UFSCar), apresenta um estudo bibliométrico sobre a
produção científica referente à EaD. Para tanto, lançou-se mão da bibliometria
objetivando analisar quantitativamente os metadados das teses presentes na base
elaborada pelo Grupo Horizonte da Universidade Federal de São Carlos. Essa base
conta com investigações de doutorado de programas de pós-graduação em Educação
brasileiros com notas 5, 6 e 7 na avaliação trienal de 2013 da CAPES. Por meio da
pesquisa, identifica-se que a produção científica referente à EaD ainda representa uma