Trabalho & Educação | v.28 | n.1 | p.9-12 | jan-abr | 2019
graduação, novamente, um modelo impraticável no Brasil e que mostra sinais de crise
em países como os Estados Unidos e Inglaterra.
O intento heterônomo de subordinar o essencial da vida universitária aos contratos de
gestão é claramente inconstitucional. O pilar axial dessa inconstitucionalidade é o
deslocamento do preceito “autonomia de gestão financeira” para “autonomia financeira”.
Assim, medidas legítimas, como o intento das instituições valorizarem seu patrimônio e
ampliarem suas receitas próprias, são desvirtuadas. No PL tais medidas são
descaracterizadas para servir de pretexto para o controle governamental das instituições,
novamente uma explícita afronta ao preceito constitucional da autonomia.”
Somente nos resta a luta tendo como télos o farol que nos apontou os comunardos de
1871. Uni-vos pela educação pública, universal, para todos, livre das injunções do Estado
e de seus governos e governantes despóticos e a serviço dos interesses privados.
Esse breve preâmbulo aponta para algumas complexas questões que subjazem ao
universo dos textos que compõem esse número de Trabalho & Educação, vejamos.
O artigo de Annie Goudeax, Germain Poizat e Marc Durand aborda a transmissão
cultural como uma ferramenta para a formação profissional de adultos, e este
mecanismo se revela como unidades fundamentais de atividade, ou seja, formas
constituintes e constitutivas da sociabilidade e da humanidade. E nesse processo de
transmissão trazem a educação como a principal representante dessas unidades
antropológicas de atividade humana. A revista T&E traz esse artigo abrindo seu número
28.2 em leitura espelhada com seu original em francês, por ser essa contribuição inédita.
Está sendo publicado pela primeira vez em nossa revista.
O texto de Emmanuel Renault, que abre esse número, propõe comparar como o
reconhecimento do trabalho é tratado no modelo de Honnet e na Psicodinâmica do
Trabalho. A temática trabalho sempre esteve presente em Honnet, entretanto com
diferentes pontos de vista ao longo de seu desenvolvimento intelectual, acrescido a isso
o autor ainda se dispôs a realizar uma confrontação com a abordagem científica citada.
Ellen Cristine dos Santos Ribeiro, José Deribaldo Gomes dos Santos e, Karine Martins
Sobral, desenvolvem uma ótima contribuição em “Trabalho, educação e capital:
percursos históricos e impedimentos para a formação omnilateral”. Os autores discutem
a relação entre o trabalho e educação. Manifestando a base da sociedade capitalista
através da separação entre trabalho manual e intelectual. Assim, propõe a construção
de uma pedagogia baseada nos conhecimentos acumulados historicamente. As ideias
se apoiaram nos pressupostos marxianos. O artigo discute as relações entre trabalho e
educação ao longo da história no intuito de evidenciar a perpetuação da dicotomia
expressa no modelo educacional vigente, sobretudo no ensino profissionalizante, que
tem reproduzido a cisão entre trabalho manual e intelectual na base da sociedade
capitalista.
O artigo intitulado O perfil profissional dos professores iniciantes e os fios condutores das
práticas pedagógicas revelou a fragilidade dos docentes em início de carreira e os
desafios presentes nas universidades. Optaram para esse estudo realizar uma análise a
partir do perfil profissional dos professores novatos dos cursos de engenharia, situados
em duas instituições de ensino superior de Santa Catarina e os fios condutores adotados
em suas práticas pedagógicas.
A síndrome de Burnout, foco da pesquisa realizada por Erika Cristina de Carvalho Silva
Pereira e Rogério Gonçalves de Freitas, é um distúrbio psíquico que está se tornando