Trabalho & Educação | v.28 | n.3 | p.35-49 | set-dez | 2019
produtores de cada país em disputa com as grandes corporações, mas faz das
grandes marcas dominarem a maior parte do comércio em razão do grande
investimento publicitário global.
Como caso ilustrativo, a marca Coca-Cola no circuito mundial de produção de
conhecimento no mesmo tempo que investia
em Ciência e Tecnologia na
Universidade de Lausane (Suíça) na busca de um novo produto que “queime calorias”
é também uma das indústrias que mais poluem os oceanos
. De acordo com o
relatório Branded in search of the world´s top corporate plastic polluters do Greenpeace
em parceria da iniciativa Break Free from Plastic, as empresas multinacionais Coca-
Cola, Pepsi e Nestlé são as que mais contribuem para a poluição dos oceanos com lixo
plástico. Neste ranking de destruição ecológica aparecem outras multinacionais como a
Danone, Mondelez, Procter & Gamble, Unilever e Mars Incorporated, mesmas
indústrias centrais do infográfico de monopólio de mercado supra exposto da OXFAM.
Considerando a complexidade da economia e das tangentes que movimentam o
mercado, meio em que inclui as universidades, o que parece existir é o desiquilíbrio
entre o método de produção com fins lucrativos e a organização social dos países nos
quais são extraídos recursos ou a mão de obra barata. O meio ambiente se encontra
nestes dois polos desarmônicos; lucro e estrutura social, porém figura-se mais no
campo lucrativo devido o consumo imprudente por meio da população mundial e a
pouca educação ambiental na maioria dos países, principalmente os subdesenvolvidos
que aparecem sob condições econômicas abaixo de grandes empresas, como os
casos da Bolívia, Paraguai, Honduras e Costa Rica, países que em 2016 ficaram com
o Produto Interno Bruto (PIB) abaixo dos números da empresa norte-americana Apple
que fechou o ano com lucro de quase 54 bilhões de dólares.
4 EDUCAÇÃO SUPERIOR EM FACE DO CAPITAL IMPRODUTIVO
O poder redistributivo da coleta de impostos e outras formas de arrecadação financeira
nacional é do Estado e as universidades no contexto globalizado estão cada vez mais
distantes do amparo de seus governos no caminho de maior financiamento privado.
Esta simbiose organizacional entre universidade e indústria é uma das consequências
da indução das instituições universitárias no trilho do World Class University, que por
um lado geram patentes rentáveis em razão da alta injeção de recursos por meio da
iniciativa privada e, tais empresas, estão fortemente atentas no mercado de inovação
sendo financistas dos centros científicos acadêmicos mediando os trabalhos
desenvolvidos pelos pesquisadores com a finalidade de conterem o domínio de novas
tecnologias e, de preferência, os novos conhecimentos científicos produzidos.
Segundo o cientista político e Diretor do Instituto de Ciências Sociais Quantitativas da
Universidade de Havard, Gary King, muitos pesquisadores acadêmicos entram em
empresas e se tornam grandes consultores, possibilitando maior ligação entre grupos
A Coca-Cola tentou inovar com produtos de chá que abordavam o problema da obesidade. Introduziu uma marca de chá chamada
Enviga, que deveria queimar de 60 a 100 calorias por três porções de 355 ml, mas essa alegação foi desconsiderada e as vendas do
produto paralisadas. Os boatos estimularam a campanha publicitária da mídia, mas a evidência científica veio de um único estudo não
revisado por pares, patrocinado pela Coca-Cola e pela Nestlé, que um pesquisador da Universidade de Lausanne realizou ao lado da
sede da Nestlé na Suíça. O estudo envolveu 32 indivíduos sadios, normais, sem excesso de peso, entre 18 e 33 anos de idade, cujo
gasto de energia foi medido pelo calor metabólico que vinha de seus corpos depois que eles bebiam por placebo. (MARCUS, 2015, p.
230, tradução direta dos autores)
Branded in search of the world´s top corporate plastic polluters. Greenpeace, 2018. Cf. em: https://www.breakfreefromplastic.org/wp-
content/uploads/2018/10/BRANDED-Report-2018-FINAL.pdf. Acesso em: 13 ago. 2019.