Trabalho & Educação | v.28 | n.3 | p.205-206 | set-dez | 2019
GUIMARÃES, Camila Gonçalves. Educação ou Computação? Trajetórias de
Mulheres Mestras do CEFET-MG em áreas de humanas e tecnológicas. 2019.
113 páginas. Dissertação de Mestrado em Educação Tecnológica. Centro Federal de
Educação Tecnológica de Minas Gerais – CEFET-MG, Belo Horizonte, 2019.
EDUCAÇÃO OU COMPUTAÇÃO? TRAJETÓRIAS DE MULHERES MESTRAS DO CEFET-MG EM
ÁREAS DE HUMANAS E TECNOLÓGICAS
Education or Computing? Trajectories of CEFET-MG master women in human and
technological areas
GUIMARÃES, Camila
RESUMO
A pesquisa objetiva analisar as trajetórias acadêmico-profissionais de mulheres
tituladas como mestras em Educação Tecnológica e em Modelagem Matemática
Computacional no Centro Federal de Educação Tecnológica – CEFET-MG, no período
de 2005 a 2015, de forma a desvelar as dificuldades, o sexismo, os estereótipos e
marcadores de gênero presentes em suas escolhas acadêmicas e profissionais, bem
como as estratégias de resistência desenvolvidas. Reflexões acerca da permanente
clivagem entre os sexos nas áreas de conhecimento e de trabalho consideradas
“humanas e sociais” e outras de caráter “científico e tecnológico” são discutidas tendo
como base teórica “os princípios norteadores da divisão sexual do trabalho” proposta
por Hirata e KERGOAT (2007), nos quais existem trabalhos destinados às mulheres e
trabalhos destinados aos homens, e que o trabalho do homem, em todas as
sociedades conhecidas até os dias atuais, tem um valor social e econômico maior do
que o da mulher. A divisão sexual do trabalho, como a forma de divisão social do
trabalho decorrente das relações sociais de sexo, modelada histórica e socialmente,
parte do pressuposto de que o lugar do homem é no espaço produtivo e o da mulher,
no espaço reprodutivo ou doméstico. Destarte, apesar dos avanços femininos na área
acadêmica e profissional, sua inserção e ascensão nas áreas de Ciência e Tecnologia
(C&T) enfrentam ainda muitos obstáculos. Evidencia-se que a tecnologia é conjugada
no masculino e às mulheres são destinadas áreas de atuação que se apresentam
como prolongamentos das atividades domésticas, tal como a área de educação.
Examinam-se as trajetórias acadêmicas das egressas de ambos os mestrados no
período entre 2005 e 2016, bem como suas experiências e evoluções no mercado de
trabalho. Apresenta-se um levantamento de dados e o perfil das Mestras realizando a
exegese de excertos de falas de entrevistas semiestruturadas. Os achados sugerem
que as trajetórias das mulheres que participaram das entrevistas foram marcadas por
dificuldades e estratégias de resistências, de forma que estas mulheres alcançaram
elevada ascensão nas suas carreiras devido ao engajamento e dedicação com vistas a
obter um avanço na direção de maior qualificação profissional, vencendo preconceitos,
dificuldades para estudar devido à tripla jornada de trabalho remunerado, tarefas
domésticas, cuidados com os filhos, família e a realização dos estudos. Diante dessa
realidade, essas mulheres corroboram a literatura estudada que prega a “segregação
Orientador: Raquel Quirino, Professora Doutora Adjunta do Programa de Pós-Graduação em Educação Tecnológica
do CEFET/MG. E-mail: quirinoraquel@hotmail.com.
Mestra em Educação Tecnológica pela instituição Centro Federal de Educação Tecnológica, Graduação em Serviço
Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Assistente Social do CEFET-MG. E-mail: camila@cefetmg.br.