
Trabalho & Educação | v.29 | n.1 | p.15-32 | jan.-abr | 2020
Essas variações observadas na taxa de participação resultaram das mudanças de
cenário do mercado de trabalho que, por sua vez, refletiram a dinâmica da economia do
país. Assim foi que, em períodos de retração ou de baixa dinâmica econômica, como
entre 2001 e 2003, observou-se a manutenção de elevadas taxas de desemprego e um
concomitante aumento da taxa de participação, que representa a pressão demográfica
sobre o mercado de trabalho (Tabela 1). O período de maior crescimento da taxa de
participação, entre 2001 e 2005, corresponde ao mesmo em que a taxa de desocupação
se manteve em patamares mais elevados. Com efeito, apenas à medida que a
desocupação apresentou quedas sucessivas a partir de 2006, ou seja, depois que a
economia consolida seguidos incrementos reais, é que se verificou redução na taxa de
participação (Tabela 1).
Lançando o olhar sobre esta força de trabalho a partir do ponto de vista da sua
distribuição por faixas de anos de estudo, a evolução dos seus números evidencia uma
intensa busca por elevação de escolaridade por parte da força de trabalho. Em 2001, as
duas classes com menor tempo de estudo somada à daqueles sem instrução, ou seja,
o contingente de indivíduos que finalizaram no máximo os sete anos iniciais do sistema
formal de ensino perfazia mais da metade da PEA (54,1%), enquanto as duas últimas,
ou seja, a dos indivíduos com onze anos ou mais de estudo compunham 28,6% da PEA.
Em 2015, essa realidade praticamente se inverteu. Isso porque, o primeiro grupo passou
a corresponder a 31,2% da PEA e aquele com maiores credenciais educacionais
crescera para mais da metade da força de trabalho, somando 51,5% desta (Tabela 2).
Tabela 2- Evolução da distribuição da PEA e da taxa de participação por faixas de anos de estudo, Brasil - 2001,
2005, 2009 e 2015
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD/IBGE), 2001-2009 e 2011-2015
Internamente também, no âmbito dos indivíduos com menor tempo de estudo, eles,
paulatinamente, entre 2001 e 2015, passaram a ingressar em quantidade relativamente
menor no mercado de trabalho. Tal fato pode ser observado na queda de 24,9% na taxa
de participação dos indivíduos sem instrução, que reduziu de 52,9% para 39,8%, e na
baixa de 24,5% deste indicador para os indivíduos com tempo de estudo de 1 a 3 anos
que decresceu de 49,4% para 37,3%. Ou seja, intensificou-se por parte das pessoas em
idade ativa a opção por ingressar no mercado de trabalho à medida que ampliavam seu
tempo de estudo acumulado. Este processo ainda foi corroborado, a partir principalmente
de 2005, pela melhoria na dinâmica econômica do país, que entre este ano e o de 2011
cresceu em média (3,95% a.a.), fato esse que trouxe reflexos positivos sobre o nível de
ocupação.
Dist. PEA Tx. Part. Dist. PEA Tx. Part. Dist. PEA Tx. Part. Dist. PEA Tx. Part.
Anos de Estudo 100,0% 60,5% 100,0% 62,9% 100,0% 62,1% 100,0% 59,4%
Sem Instrução 11,1% 52,9% 9,1% 52,6% 7,5% 48,0% 5,7% 39,8%
De 1 a 3 anos 13,5% 49,4% 11,2% 50,0% 8,9% 43,7% 6,4% 37,3%
De 4 a 7 anos 29,5% 53,9% 26,8% 54,0% 23,1% 51,2% 19,1% 45,8%
De 8 a 10 anos 16,9% 65,2% 17,4% 66,8% 17,2% 64,9% 17,3% 59,7%
De 11 a 14 anos 21,9% 78,1% 27,6% 80,5% 33,0% 80,1% 37,7% 76,3%
15 ou mais anos 6,7% 85,3% 7,6% 85,6% 10,1% 85,1% 13,8% 82,0%
Não determinado 0,4% 70,3% 0,3% 73,1% 0,2% 70,4% 0,1% 62,2%
Não informado 0,0% - 0,0% - 0,0% - 0,0% -