Em seu terceiro governo, Paulo Hartung, em 2015, envidou esforços para implementar
suas promessas de campanha, com foco no equilíbrio fiscal e nas políticas educacionais.
Iniciou sua intervenção na educação com o Decreto nº 3.755/15, que determinou a
contenção de gastos, e o Decreto 3.933/16, que determinou a qualificação dos gastos
do executivo estadual. Essa política desembocou no fechamento de turmas, turnos,
escolas e da educação de jovens e adultos e no impedimento de criação de novos cursos
de educação profissional pela SEDU (PETERLE, 2016).
Segundo Peterle (2016), porém, nada disso ocorreu sem resistência, posto que houve
diversas manifestações protagonizadas pelo movimento estudantil e, inclusive, a
ocupação da SEDU por parte de movimentos sociais como o Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Movimento de Pequenos Agricultores
(MPA). Essas ações promoveram a reabertura de turmas fechadas após um período de
insistência em que o governo não queria dar ouvidos aos manifestantes (PETERLE,
2016). Além disso, Paulo Hartung cancelou o ProEMI no estado com a justificativa de
não conseguir manter a contrapartida de remuneração dos profissionais envolvidos no
programa federal (GASPAR, 2016). Por outro lado, dobrou o número de bolsas do
programa Bolsa SEDU e criou o Programa Escola Viva (PETERLE, 2016).
Contraditoriamente, junto ao fim de programas e fechamento de turmas justificadas por
supostas questões financeiras, iniciou-se a implementação da principal bandeira de
campanha de seu governo, que seria uma proposta inovadora de educação valorizando
a escola em tempo integral no ensino médio, com largo financiamento estatal para a
garantia de infraestrutura e espaços de vivência (GASPAR, 2016).
Segundo Gaspar (2016), a implementação do Escola Viva ocorreu de forma turbulenta
e apressada, sendo que se não fosse a oposição feita por meio de notas, manifestações
e ocupações pela comunidade escolar, o programa teria sido implantado em caráter de
urgência e sem nenhuma participação da população atendida. A resistência acarretou a
realização de conversas com representantes estudantis e sindicais e a realização de
algumas audiências públicas, que resultaram em concessões no projeto (GASPAR,
2016). Mesmo assim, o programa foi aprovado mediante manobra realizada no interior
da ALES, cem dias após ter sido apresentado como projeto. Vale destacar que a escolha
das escolas em que seria implementado o programa ocorreu, majoritariamente, à revelia
dos interesses daquelas comunidades escolares, resultando em oposição, inclusive com
ocupação de escola e eventuais derrotas do governo (GASPAR, 2016).
Em entrevista publicada no referido relatório de gestão (2017), Hartung admite que a
implantação do programa exigiu esforços do governo, citando a necessidade de realizar
debates com estudantes, professores, deputados e com a sociedade em geral para
aprovar a proposta após 100 dias de tramitação “[...] o que ajudou na compreensão das
pessoas sobre o que é o Programa Escola Viva” (ESPIRITO SANTO EM AÇÃO, 2017,
p. 03). Ou seja, ignora que no período houve oposição da sociedade à implementação
do programa e à forma autoritária de sua aprovação. Além disso, dá a entender que a
oposição ocorrida foi por mero desconhecimento dos benefícios do projeto. Reconhece,
outrossim, o Programa como sua principal proposta para a educação com o objetivo de
construir uma educação mais atrativa para os jovens.
O currículo do Escola Viva é composto pela Base Nacional Comum, com aulas de
português, arte, educação física, história, geografia, sociologia, filosofia, física, química,
biologia, matemática, juntamente com inglês e espanhol, e pela parte diversificada, que
conta com projeto de vida, estudo orientado, aprofundamento de estudos (preparação