irá conhecer a rotina da escola e saber se tem o perfil para ser um aluno da EFA. Nesta
semana os alunos vivem um pouco de como é a rotina da escola de um modo geral,
passando por todos os setores durante as práticas.
No primeiro dia da semana de adaptação da turma do primeiro ano do ensino médio do
ano de 2020, compareceram 35 alunos, dos 60 que haviam se inscrito, na faixa etária
média de 15 anos. A primeira desistência já aconteceu ao final do primeiro dia. Ao
perceber o pequeno número de alunos, o diretor da EFA decidiu ligar para as famílias
dos que não compareceram para verificar o motivo de sua ausência na semana de
formação. Algumas famílias relataram que tiveram problemas com o transporte, uma vez
que as prefeituras de suas cidades não mandaram o carro como haviam combinado,
enquanto outras relataram que decidiram não mandar os filhos para estudar fora de casa.
Durante toda a semana, os professores/monitores fizeram atividades com o intuito de
deixar os alunos mais à vontade e também conhecer mais sobre a EFA, sobre o curso
em agropecuária, a educação do campo, além de mostrar as portas que esta experiência
poderia abrir para eles. A formação na Pedagogia da Alternância dialoga com a figura do
monitor, que é responsável pela formação alternada, pois este não é apenas um docente
na sua formação tradicional, mas um formador que exerce múltiplos papéis, essenciais
na interseção dos componentes da pedagogia da alternância. A alternância, nesse
sentido, oferece aos estudantes inúmeras possibilidades de mudanças, intensamente
(re)vividas na estreita relação entre escola, comunidade e apoio familiar (GIMONET,
2007).
As atividades desta semana de adaptação foram realizadas em forma de oficinas,
iniciando com músicas com temas voltados para a Educação do Campo. Uma das
músicas ensinadas para os alunos foi a canção “Não vou sair do campo pra poder ir pra
escola, educação do campo é direito e não esmola”, do autor Gilvan Santos. Esta canção
pode expressar o sentido da luta que os movimento sociais do campo vêm travando por
uma educação que dialogue com a realidade dos povos do campo e com um projeto de
desenvolvimento sustentável, socialmente justo, capaz de proporcionar a permanência
do jovem no meio rural (TEDESCO, 2018, p.391).
Vale destacar nesta semana uma importante observação em relação à vontade de
estudar na EFA expressada por um aluno que estava em fase final de tratamento de
leucemia e, por isso, não podia realizar todas as práticas, principalmente as que exigiam
ficar muito tempo no sol e fazendo muito esforço. Mesmo com suas condições limitadas,
ele ficou até o final da semana e se mostrou muito esperançoso de que iria conseguir
uma vaga para estudar na EFA. Em seu relato, ele afirmou que gostou muito da EFA
"[...] por estarem dispostos a adaptar a escola para que eu possa estudar aqui e isso eu
não encontrei em outros lugares".
Ao final da semana de adaptação, os professores pediram que os alunos escrevessem
uma carta de intenção, relatando o porquê eles gostariam de estudar na EFA. Com
essas cartas em mãos, foram iniciadas as entrevistas individuais para concluir a etapa
de seleção e fazer uma análise, ainda que superficial, do perfil dos alunos, definindo
assim quem iria dar continuidade e ter a matrícula deferida.
Durantes as entrevistas, os professores procuraram conhecer mais sobre a vida dos
jovens, como seus hábitos, restrições alimentares e de saúde, convivência com a família
e amigos, suas habilidades e dificuldades nas disciplinas escolares, como tomaram
conhecimento da escola, o que os motivou a entrar na EFA, como foi a semana de
adaptação e quais dificuldades encontraram, entre outros. Para isso, com participação