Trabalho & Educação | v.29 | n.2 | p.7-13 | maio-ago. | 2020
revista em meio a esse turbilhão que nos tragou. Para suplantar as dificuldades editoriais,
alguns elementos nos motivaram e alimentaram nosso desejo de superação. Em
primeiro lugar, o desejo de contribuir com a produção e a difusão de conhecimentos
científicos que tenham como horizonte a perspectiva emancipatória. Em segundo lugar,
o compromisso com a própria revista, importante veículo a serviço da educação, da
produção e divulgação de saberes. Ademais, o respeito com autores e autoras que nos
confiaram seus trabalhos acadêmicos e resultados de pesquisas. E finalmente, mas não
menos importante, o desejo de manter nossos leitores atualizados em relação às
produções acadêmicas do campo Trabalho e Educação comprometidas com o
pensamento crítico. O resultado desse esforço coletivo é o que nossos leitores e leitoras
podem agora conhecer”.
Abrindo a seção de artigos, com o texto intitulado “Educação Profissional e
Tecnológica (EPT): os desafios da relação trabalho-educação”, Deloíze
LORENZET, Felipe ANDREOLLA, e Conceição PALUDO trazem para o debate alguns
diálogos considerados essenciais acerca da Educação Profissional e Tecnológica e os
desafios que inserem a mesma na relação entre trabalho/educação, formação/educação
do ser humano e qualificação. Dentre as conclusões do trabalho, os/as autores/as aponta
que 1) recentemente houve uma expansão sem precedentes na história da Educação
Profissional e Tecnológica federal na sociedade brasileira; 2) a Educação Profissional e
Tecnológica está diretamente integrada e sofre influências do padrão de acumulação,
que vem se modificando ao longo da história; 3) os estudantes acreditam na Educação
Profissional e Tecnológica para o avanço nas condições de produção de suas vidas; 4)
a Educação Profissional e Tecnológica deve ser democratizada, num caráter igualitário,
irrestrito, e deve seguir com condições dignas para seu desenvolvimento, com o intuito
de oportunizar a emancipação humana.
Com o título “O ofício técnico como mediação educativa em o capital de Marx: o
papel dos meios de trabalho”, Sabina Maura SILVA e Antônio José Lopes ALVES
apresentam um artigo que tem como foco discutir e explicitar o caráter educativo geral
da educação tecnológica no pensamento marxiano. Para tanto, os/as autores/as buscam
o exame categorial da significação ontológica dos meios de trabalho. Esta análise se
volta às mediações objetivas da atividade produtiva, tanto em seu uso quanto,
principalmente, em sua produção pelos indivíduos sociais vivos e ativos. No artigo
objetiva-se também demonstrar como as declarações de Marx, consubstanciadas em
documentos que se voltam à temática no bojo das discussões sobre a atuação dos
movimentos dos trabalhadores e de suas organizações políticas, de certa maneira,
traduzem como diretivas políticas um conjunto de entendimentos teóricos formulados na
crítica da economia política.
Na sequência, Ricardo Nascimento OLIVEIRA e Daniel MILL em “Teletrabalho
docente, cultura digital e as transformações na legislação trabalhista” buscam
analisar o teletrabalho docente no contexto da cultura digital, à luz das recentes
mudanças da legislação trabalhista brasileira e por meio de uma revisão de literatura da
área. Os/As autores/as se baseiam em científicas da área, resultantes de prévio
levantamento bibliográfico, bem como na legislação brasileira e no Código do Trabalho
de Portugal, analisamos o teletrabalho docente, com atenção especial à diluição das
fronteiras entre a vida pessoal e profissional do professor. Como resultado da reflexão,
os autores recomendam a necessidade do direito à desconexão, da conscientização da
classe profissional docente e da alteração da legislação pertinente, em prol de melhores
condições de trabalho para o docente.