Trabalho & Educação | v.29 | n.2 | p.7-13 | maio-ago. | 2020
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EDITORIAL
A CRISE ATUAL DO CAPITAL E DO CAPITALISMO: NOTAS SOBRE A CONJUNTURA
A pandemia (doença infecciosa que se espalha pelo planeta) criou situação inusitada: no
mundo e no Brasil.
O VIRUS parece ser o culpado pelas mazelas humanas produzidas pelo mundo do
capital, pelo agravamento da crise capitalista e consequente perdas humanas. O
VIRUS parece ser o culpado pela pandemia social produzida pela dinâmica
incontrolável e incorrigível do capital e do capitalismo.
O tratamento dispensado ao Ser (aqui, filosoficamente identificado) em sua
universalidade no interior da ordem sócio histórica do capital e do capitalismo em
particular, é o responsável pelas mazelas humanas produzidas. OVIRUS é produto e
consequência desse tratamento dispensado ao Ser (novamente, filosoficamente
identificado) nas suas várias modalidades (inorgânica, orgânica e social).
A ideologia burguesa parece ter o poder de convencer pela tergiversação. O VIRUS se
tornou o grande culpado pelos problemas do mundo. É o inimigo que todos(as) devemos
combater. Uni-vos contra o VIRUS. Essa é a palavra de ordem disseminada pelas
personae do Capital.
O VIRUS não é culpado por políticas macroeconômicas insanas, produtoras da miséria
humana em qualquer de suas dimensões. O VIRUS o é culpado por produzir um
pensamento humano que tem a desgraça como dinâmica de vida. O capital, suas
personae, as relações sociais do capitalismo, suas formas de governo, seu Estado são
os responsáveis pela crião do vírus e o vice-versa.
Não culpem o VIRUS. Ele não tem capacidade de ser culpado. A insanidade, a
letalidade, a morte, a miséria, são capacidades extremamente desenvolvidas para um
ser orgânico. Os seres inorgânicos e orgânicos não possuem desenvolvimento
suficientes para desenvolveram a sutileza da culpa, da sanidade ou da falta dela, a vileza,
o extremo desenvolvimento necessário a essas capacidades não são próprias ao ser em
sua dimensão inorgânica e orgânica.
OVIRUS, igualmente, não é uma estratégia de satã, o VIRUS não possui a
inteligência necessária para uma criação o inteligente e intelectual quanto é satã, essa
enorme capacidade criativa somente o Ser em sua dimensão social é capaz de criar.
Do ponto de vista conjuntural é importante destacar o momento atual em que passa a
democracia no mundo. É necessário questionar o que de fato é a democracia e,
especialmente, procurar apresentar qual a democracia serve ao campo do trabalho, Isso
porque a democracia que serve ao campo do capital tem se mostrado completamente
falida como resposta exequível a uma vida digna e humanamente feliz.
A democracia, nunca como antes, evidencia de maneira cabal seus limites e sua
incapacidade enquanto forma de governo imparcial e universal. Fica evidente, tão claro
quanto a luz radiante do sol de primavera que esta é uma forma de governo inóspita e
completamente parcial, socialmente partidária e sordidamente intencionada em garantir
a ordem sócio histórica de afirmação do capital e do capitalismo. Portanto, garantir uma
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ordem sócio histórica violenta, de exploração, de preconceitos e discriminações, de
opressões de todo tipo.
No mundo e no Brasil essa forma de governo tem produzido a desumanidade. Produz o
autoritarismo, a corrupção, favorece o crime organizado, dissemina o crime e a violência
para todos os poros da sociedade. O crime organizado, formador de milícias se incrusta
no poder, toma corpo na organizão do Estado e se traveste de bom Senhor. É
nojento, cheira mal e é sofisticadamente violento.
As formas de desumanizão são cada vez mais intensas adensa ainda mais no
contexto atual, mascarado pela culpabilização do VIRUS”. Alguns sujeitos tem sido
tratados comoinumanos, sem direito a uma vida digna. OVIRUS passa a ser então
responsável pelos processos de discriminação, marginalização e inferiorização que, o
povo brasileiro, especialmente as mulheres, população negra e periférica”, indígenas,
pessoas com deficiência, população LGBTQI+ e os/as trabalhadores pobres já sobrem
há anos.
Acirra sobremaneira a luta de classes. A luta de classes ou entre as classes não é uma
obra decomunistas,esquerdistas. A luta de classes é resultado da dinâmica
incontrolável e incorrigível de um sistema que tem em suas bases, em sua gênese a
explorão de uns sobre outros através de uma dinâmica opressora necessária à
garantia da propriedade privada. A luta de classes é violenta porque violenta é a
propriedade privada. Nós podemos acabar com a luta de classes. Para isso, é preciso
antes, acabar com a propriedade privada que é sua gênese.
A pandemia produzida por essa ordem sócio histórica do capital e do capitalismo que
nos obriga a dispensar esse tratamento catastrófico aoSer na sua universalidade, nos
obriga a um convívio social de isolamento e restrição no trato com o outro e também
conosco mesmo.
Isolamento social, distanciamento social, uso de máscara, individualismo, xenofobia no
trato com o próximo. Acirramento de todos os preconceitos e discriminações como forma
de intensificar os processos de exploração através das diversas formas de opressão.
Mecanismo funcional, necessário e largamente utilizado para a manutenção de uma
ordem sócio histórica que possui a marca da barbárie.
Diante do atual cenário, apontamos que é necessário extrema radicalidade política que
se paute no reconhecimento dos sujeitos enquanto humanos/as, lugar que tem lhes sido
retirado historicamente nas diferentes tentativas brutais de reprimir as diferentes vozes
dos considerados oprimidos.
Uma outra democracia é necessária. Uma democracia controlada pela dinâmica do
trabalho. Controlada pelas personae do trabalho. Como toda democracia, parcial,
partidária mas com intencionalidade de controle e superão da ordem sócio histórica
do capital e do capitalismo, superação da barrie rumo a uma transição para além de
si mesma. Em busca da liberdade!
Finalizando, trazemos aqui as preocupações e chamamentos dos nossos colegas
Rodrigo Moreno Marques, Neusa Pereira de Assis e Uyara de Salles Gomide que no
editorial do nosso número passado (29.1) nos fez:
Nesse angustiante cenário, a equipe editorial da revista Trabalho & Educação seguiu
suas atividades por meio do trabalho remoto e reuniões via internet. Privados dos nossos
saudáveis encontros presenciais, enfrentamos o desafio de manter a regularidade da
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revista em meio a esse turbilhão que nos tragou. Para suplantar as dificuldades editoriais,
alguns elementos nos motivaram e alimentaram nosso desejo de superação. Em
primeiro lugar, o desejo de contribuir com a produção e a difusão de conhecimentos
cienficos que tenham como horizonte a perspectiva emancipatória. Em segundo lugar,
o compromisso com a própria revista, importante veículo a serviço da educação, da
produção e divulgão de saberes. Ademais, o respeito com autores e autoras que nos
confiaram seus trabalhos acadêmicos e resultados de pesquisas. E finalmente, mas não
menos importante, o desejo de manter nossos leitores atualizados em relação às
produções acadêmicas do campo Trabalho e Educão comprometidas com o
pensamento crítico. O resultado desse esforço coletivo é o que nossos leitores e leitoras
podem agora conhecer.
Abrindo a seção de artigos, com o texto intitulado Educação Profissional e
Tecnológica (EPT): os desafios da relação trabalho-educação, Deloíze
LORENZET, Felipe ANDREOLLA, e Conceição PALUDO trazem para o debate alguns
diálogos considerados essenciais acerca da Educação Profissional e Tecnológica e os
desafios que inserem a mesma na relão entre trabalho/educação, formação/educação
do ser humano e qualificação. Dentre as conclusões do trabalho, os/as autores/as aponta
que 1) recentemente houve uma expansão sem precedentes na história da Educão
Profissional e Tecnológica federal na sociedade brasileira; 2) a Educação Profissional e
Tecnológica está diretamente integrada e sofre influências do padrão de acumulação,
que vem se modificando ao longo da história; 3) os estudantes acreditam na Educação
Profissional e Tecnológica para o avanço nas condições de produção de suas vidas; 4)
a Educação Profissional e Tecnológica deve ser democratizada, num caráter igualitário,
irrestrito, e deve seguir com condições dignas para seu desenvolvimento, com o intuito
de oportunizar a emancipação humana.
Com o título O ofício técnico como mediação educativa em o capital de Marx: o
papel dos meios de trabalho, Sabina Maura SILVA e Antônio José Lopes ALVES
apresentam um artigo que tem como foco discutir e explicitar o caráter educativo geral
da educação tecnológica no pensamento marxiano. Para tanto, os/as autores/as buscam
o exame categorial da significação ontológica dos meios de trabalho. Esta análise se
volta às mediões objetivas da atividade produtiva, tanto em seu uso quanto,
principalmente, em sua produção pelos indivíduos sociais vivos e ativos. No artigo
objetiva-se também demonstrar como as declarações de Marx, consubstanciadas em
documentos que se voltam à temática no bojo das discussões sobre a atuação dos
movimentos dos trabalhadores e de suas organizões políticas, de certa maneira,
traduzem como diretivas políticas um conjunto de entendimentos tricos formulados na
crítica da economia política.
Na sequência, Ricardo Nascimento OLIVEIRA e Daniel MILL em Teletrabalho
docente, cultura digital e as transformações na legislão trabalhista buscam
analisar o teletrabalho docente no contexto da cultura digital, à luz das recentes
mudanças da legislação trabalhista brasileira e por meio de uma revisão de literatura da
área. Os/As autores/as se baseiam em científicas da área, resultantes de prévio
levantamento bibliográfico, bem como na legislação brasileira e no Código do Trabalho
de Portugal, analisamos o teletrabalho docente, com atenção especial à diluição das
fronteiras entre a vida pessoal e profissional do professor. Como resultado da reflexão,
os autores recomendam a necessidade do direito à desconexão, da conscientização da
classe profissional docente e da alteração da legislação pertinente, em prol de melhores
condições de trabalho para o docente.
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No artigo “As diretrizes curriculares da educação profissional no governo Dilma:
formação dual do trabalhador? Néri Elio SOARES JÚNIOR analisa as Diretrizes
Curriculares Nacionais da Educão Profissional Técnica de Nível Médio (Parecer
CNE/CEB n.º 11/2012 e a Resolução CNE/CEB n.º 06/2012) que foram promulgadas no
Governo Dilma Rousseff. Segundo o autor, nos resultados da alise é identificado que
as diretrizes apresentam um projeto de formação profissional dual, ou seja, em duas
perspectivas distintas: uma que se aproxima de uma concepção ampliada de formação
do trabalhador, que abre possibilidade de se pensar na superão da dualidade histórica
existente entre a formão técnica e a formação geral, e a segunda, que aponta para
uma formação restrita do trabalhador, que perpetua a dualidade entre a formação técnica
e formão geral.
Isadora Fernandes RIBAS e Fabio Alves dos Santos DIAS apresentam os resultados de
uma pesquisa desenvolvida no curso de Especializão em Educão, Sustentabilidade
Social e Ambiental do Programa de Pós-graduação Lato Sensu em Educação do
Instituto Federal Catarinense. O artigo Trabalho doméstico e capitalismo: a
naturalizada sina socioambiental das mulheres teve como objetivo investigar a
naturalização do trabalho doméstico como tarefa feminina com o intuito de averiguar a
contribuição do estudo do trabalho feminino no debate da Educão Ambiental em uma
perspectiva crítica. Os autores observaram que a naturalizão do fazer doméstico,
como função feminina é uma consequência histórica das relações sociais de produção
e reprodução da vida humana, de exploração do capital e domínio do patriarcado. Diante
disso, mencionam que a pesquisa afirma que o término da subjugação feminina em sua
totalidade só é possível de ser realizada em sua plenitude com a emancipação universal
da humanidade.
No texto nomeado O uso dos recursos em tecnologia assistiva para a
permanência de servidores com deficiência no ambiente de trabalho, fruto da
dissertação de Mestrado defendida na Universidade Federal de Itajubá, Geraldo Elias
SILVA JUNIOR e Denise Pereira de Alcantara FERRAZ discorrem sobre como os
recursos em tecnologia assistiva (TA), entendidos como ferramentas de apoio que
também auxiliam às pessoas com deficiência (PCD) na realização das suas tarefas
laborais, podem ser difundidos e melhor utilizados em uma Instituição Federal de Ensino
Superior. Os autores buscam analisar como esses recursos possibilitam a permancia
de servidores com deficiência no ambiente de trabalho da instituição selecionada para
este estudo. Os resultados apontam que há um desconhecimento das PCD a respeito
dos recursos de TA disponíveis, bem como uma inobservância institucional acerca de
seus servidores com deficiência.
Maylla Soares de CARVALHO, Horígenes Fontes SOARES NETO e Lessi Inês Farias
PINHEIRO em Financeirização da educação superior no brasil: inadimplência e
programas educacionais nos anos 2000 tecem reflexões com o objetivo de analisar
o processo de financeirização do ensino superior brasileiro, com ênfase no crescente
aumento da inadimplência dos estudantes usuários do Fundo de Financiamento
Estudantil (FIES). Após a análise do processo de financeirizão e mercantilização da
educação, assim como do inadimplemento das dívidas dos estudantes beneficiários do
FIES, os/as autores/as constataram a vulnerabilidade a qual são expostos os discentes
usuários do programa, parcela significativa deles em situação de baixa renda, e que
adquirem uma dívida para a conclusão do ensino superior sem qualquer garantia de
fundos para quitá-la.
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Já no texto A contextualização pelo trabalho e a possibilidade de aprendizagem
de conceitos científicos Fernando Barcellos RAZUCK e Renata Cardoso de Sá
Ribeiro RAZUCK enfatizam acerca da importância da relação entre a educação pelo
trabalho e a contextualização no processo de aprendizagem de conceitos cienficos.
Tem como princípio selecionar estratégias que facilitem a interação dos conceitos
químicos com o cotidiano dos alunos, enfocando os aspectos sociais e ecomicos
pertinentes à sua realidade. Segundo os autores, os resultados iniciais sugerem uma
falta de contextualização na abordagem dos contdos, o que se reflete em um baixo
interesse pela disciplina. Após a realizão de atividades práticas (oficinas), os alunos
foram submetidos a um novo questionário. A partir da contextualização com aspectos
relacionados à realidade do aluno, verificou-se uma significativa mudança com relação à
aprendizagem dos conceitos científicos e ao interesse demonstrado em sala de aula.
Com o texto intitulado Produção associada, educação e cultura do trabalho:
prodão da vida na comunidade tradicional São Manoel do Pari resultante da tese
de doutorado defendida na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Cristiano
CABRAL e Edson CAETANO refletem sobre como a produção da vida na comunidade
tradicional camponesa São Manoel do Pari se concretiza na produção material e
imaterial tanto na unidade produtiva familiar quanto na produção associada e de saberes
tradicionais e da experiência. O trabalho tem como objetivo refletir a produção da vida
das famílias desta comunidade tradicional, à qual possui uma organização produtiva
associada, coletiva e solidária, construindo e reconstruindo saberes tradicionais, da
experiência e, ainda, uma pedagogia da produção associada e uma pedagogia da
solidariedade, determinações históricas embasadoras da cultura do trabalho.
Gabriel Silveira PEREIRA e Sita Mara Lopes SANTANNA no artigo Diálogos entre
educão e trabalho: sentidos e concepções do currículo integrado em uma
proposta de PROEJA discutem a respeito de uma proposta de currículo integrado do
Programa Nacional de Integrão da Educação Profissional com a Educação Básica na
Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA), tendo por base os discursos
de Técnicos Administrativos em Educação integrantes de uma comissão de estudos
voltada à viabilidade e à implementação do Programa em um campus do Instituto
Federal de Educão, Ciência e Tecnologia no Rio Grande do Sul. Os autores buscam
refletir e analisar acerca das respostas desses servidores, de modo a evidenciar os
sentidos que atribuem ao currículo integrado do PROEJA. Apontam como principais
resultados, que há uma memória histórica e institucional que fala, nos dizeres dos
servidores, e que, embora veiculem vozes singulares e representativas dos lugares que
ocupam na instituição, os mesmos produzem sentidos sobre politecnia e currículo
integrado, orientados por concepções que visam a formão integral dos sujeitos.
A autora Géssika Cecília CARVALHO com o trabalho Concepções docentes sobre
Ensino Médio integrado no Instituto Federal de Alagoas analisa como os docentes
do Instituto Federal de Alagoas concebem a questão do ensino médio integrado e da
constituição do currículo que atenda a essa demanda. O trabalho busca compreender
ainda as percepções docentes sobre o ensino médio integrado e o currículo integrado,
identificando as estratégias utilizadas pelos docentes para promover o currículo integrado
e analisando suas dificuldades para estabelecê-lo. De acordo com a autora, os
resultados apontam que os docentes compreendem em parte de que se trata o ensino
médio integrado e 78,3% utilizam estratégias que julgam promovê-lo, embora 82,6%
nunca tenham recebido formão para trabalhar com o currículo integrado. Além disso,
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a maior parte consegue estabelecer parcerias com outros professores, mesmo que não
haja planejamento conjunto entre eles. Aponta também para a importância da promoção
de momentos de integração, parcerias e planejamento entre os docentes.
Com o trabalho Estado da Arte das pesquisas desenvolvidas no âmbito do
mestrado profissional em Educação profissional, técnica e tecnológica nas
temáticas os autores Flavio Augusto Pagarine SILVA e Liliane Madruga PRESTES
tiveram como foco investigar as pesquisas desenvolvidas pelos primeiros egressos do
Mestrado Profissional em Educação Profissional, Técnica e Tecnológica (ProfEPT),
enfocando as teticas: ensino médio integrado, interdisciplinaridade e PROEJA. Nos
termos dos autores os dados produzidos demonstraram que as pesquisas sobre as
teticas enfocadas ainda são incipientes no âmbito do Mestrado ProfEPT. Ao mesmo
tempo, o estudo aponta para a relevância e a potencialidade das dissertações
analisadas, cujos produtos educacionais visam à escuta, ao protagonismo e à
visibilidade de jovens e adultos no contexto da educação profissional. Além disso,
fornecem pistas e inspirações para o desenvolvimento de outras ações visando à
promoção da formação onmilateral.
Ricardo de Freitas CEZAR e Ireni Marilene Zago FIGUEIREDO com o texto As
concepções de educação integral e integrada em John Dewey voltam-se para a
discussão dos conceitos de Educação Integral e Educação Integrada em três obras de
John Dewey (1859-1952): Liberalismo, Liberdade e Cultura; Democracia e Educação”
e Experiência e Educação, todas da década de 1930. De acordo com os autores a
Educação Integrada e Integral em Dewey são indissociáveis, porém, pode-se concluir
que a Educação Integrada seria aquela que resolvesse os problemas da sociedade,
apontados por Dewey, como a exclusão social e a ausência de valores democráticos.
Para que a escola desenvolvesse essa dimensão integrada à sociedade, o filósofo norte-
americano desenvolveu, concomitantemente, uma concepção de Educação Integral:
uma estratégia educacional pautada no desenvolvimento da liberdade do aluno, e que
pressupõe o desenvolvimento do aspecto intelectual e do corpo, preocupada, inclusive,
com a dimensão do trabalho.
Na seção de resumo, iniciamos com a tese de Miriane Zanetti GIORDAN, orientada por
Flávia Medeiros SARTI, que buscou identificar elementos do gênero profissional docente
que circulam entre professores da educação básica em encontros formativos. O estudo
fundamentou-se em conceitos da abordagem ergonômica do trabalho e da clínica da
atividade, especialmente no que se refere às nões de atividade, gênero profissional e
de estilos profissionais.
Angélica da Silva COSTA, orientada por Admardo Bonicio Gomes JÚNIOR, realizou
uma pesquisa cujo objetivo foi investigar como os agentes de trânsito no município de
Betim (Região Metropolitana de Belo Horizonte - MG) fazem uso de si, criam e mobilizam
saberes, valores e experiências para realizar a atividade de trabalho, a partir da
compreensão ergológica de atividade.
Já a tese de Mariana Novais VIEIRA, orientada por Eucidio Pimenta ARRUDA, objetivou
compreender e analisar a configuração do trabalho do tutor nos cursos de graduação a
distância das instituições públicas federais, tendo em vista as relações sociais que
permeiam a realidade concreta e a política educacional de modo específico.
Frederico Alves LOPES, orientado por Antônia Vitória Soares ARANHA, desenvolveu
uma pesquisa, norteada pela seguinte questão: Qual o papel das crianças na luta pela
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terra e moradia? A partir do protagonismo infantil, a pesquisa buscou a resposta em uma
análise da Ocupação Guarani Kaiowá, movimento social organizado, localizado em
Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte - MG. As crianças da ocupação
trabalham sem esquecer dos estudos, brincam ao mesmo tempo que lutam, se
relacionam afetivamente debaixo do Pé de Manga - lugar de brincadeiras e encontros,
da sombra fresca, da participação política, das festas e comunhões, enfim, da
coletividade comunitária.
Boa leitura!
Hormindo Pereira de Souza Junior
1
Symaira Poliana Nonato
2
Yara Elizabeth Alves
3
1
Professor Doutor do Departamento de Administração Escolar da Faculdade de Educação da UFMG.
2
Pedagoga. Doutora em Educação pelo Programa de Pós-Graduação Conhecimento e Inclusão Social em Educação da Universidade
Federal de Minas Gerais. É integrante do Programa de Exteno Observatório da Juventude da UFMG desde 2007 e compõe a equipe de
coordenação desde 2013. Técnica em Assuntos Educacionais da UFMG desde 2016, lotada na Diretoria de Fomento e Avaliação da Pró-
Reitoria de Extensão.
3
Mestra em Educação e Pedagoga pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (FaE/UFMG). Doutoranda no
Programa de s-graduação: Inclusão e Conhecimento Social (FaE/UFMG). Pesquisadora do Observatório Nacional do Sistema Prisional
(ONASP).