societárias. A partir disso, defende-se a educação escolar e a escola de qualidade social.
Em outras palavras, um espaço histórico cujo objetivo está a serviço da educabilidade
dos sujeitos escolares com a assimilação crítica e a reconstrução de conhecimentos
científicos, tecnológicos e culturais, acumulados historicamente pela humanidade.
Objetivo este que considera as práticas sociais e vivências de diferentes classes, grupos
e culturas, com o acolhimento e respeito, portanto, à diversidade econômica, social e
cultural. Isso em uma escola que: busca contribuir para a formação de sujeitos
autônomos, cidadãos críticos e propositivos, nos âmbitos individual e coletivo; se
compromete com a defesa da educação como um direito, a democracia, a ética, a luta
contra a dominação e a exploração de qualquer ordem e com o desenvolvimento com
sustentabilidade socioeconômica, cultural e ambiental. Obviamente, tudo isso implica um
trabalho no contexto das contradições societárias, para, no interior dessas, favorecer o
lado relativo a um projeto de sociedade democrática, mais justa e inclusiva.
Nessas condições, os recursos didáticos no trabalho docente que se comprometem com
a educação e a escola de qualidade social vão ao encontro de um marco conceitual
diferente de outros possíveis, em relação à qualidade da educação. Esse, segundo
Candau (2013, p.12), baseia-se na “convicção profunda de que a educação escolar pode
colaborar com processos de transformação estrutural da sociedade”. Coerentemente
com essa posição, ou seja, quando utilizados numa perspectiva dialética, que se
caracteriza por movimento, por transformação, os recursos didáticos são considerados
de fato inovadores, como se pode constatar a seguir.
Inicialmente, conforme Lopes e Barbosa (2008), muitos estudos sobre inovação a
relacionam a questões tecnológicas, macroeconômicas ou organizacionais,
respectivamente, nas áreas de engenharia, economia e administração. Assim, pode-se
afirmar:
a ideia de inovação como tem sido concebida por muitos se origina no mundo da empresa,
da produção, de espaço mercadológico onde inovar tem a ver com sobrevivência, com
manter-se em sintonia com o desejo do cliente ou do consumidor. O conceito de inovação
já foi pensado por Adam Smith em meados do século XVIII, momento em que o mesmo
analisou a relação existente entre a mudança da técnica moderna e o acúmulo de captital,
ocasionando a divisão do trabalho e competição.” (Nogaro e Battestin, 2016, p.359-360).
No Brasil, pode-se dizer que a ideia de inovação educacional surge com os pioneiros da
Escola Nova, tendo sido enfatizada a partir dos anos sessenta, na direção de mudança
na educação escolarizada, no seio de uma nova escola numa sociedade moderna.
Conforme Messina (2001), a mudança na educação faz parte de um processo de
mudança social acelerada, a qual é considerada categoria ou propriedade da sociedade
moderna.
Assim, a despeito da questão da diversidade conceitual com a qual o termo inovação é
tratado, ele aparece ligado a mudanças intencionais que rompem, em maior ou menor
grau, com o equilíbrio existente, em resposta ou não a alguma necessidade na área em
que se situa, como a educacional, por exemplo.
Ao tratarem da questão nessa área, vários autores, como Lopes e Barbosa (2008),
Teixeira (2010), Borges e Tauchen (2012), Pozzo e Cordeiro (2015) e Battestini e Nogaro
(2016) reiteram a polissemia do termo inovação. Essa, no entanto, embora raramente
seja mencionado pela literatura na área, relaciona-se a disputas semânticas ligadas a
conflitos de interesses de grupos, classes e culturas, porquanto não é abstraída das
relações sociais.