Diferentes situações de vivência, aprendizagem e trabalho, como experimentos e atividades
específicas em ambientes especiais, tais como laboratórios, oficinas, empresas
pedagógicas, ateliês e outros, bem como investigação sobre atividades profissionais,
projetos de pesquisa e/ou intervenção, visitas técnicas, simulações, observações e outras
(BRASIL, RES N. 6, 2012, p. 7).
Esse aspecto reforça que, mais que uma capacitação, a educação profissional se
fundamenta no entendimento do trabalho, ciência, tecnologia e cultura como dimensões
da formação humana, tendo o trabalho como princípio educativo e a pesquisa como
princípio pedagógico.
Especificamente sobre a pesquisa como princípio pedagógico, as Diretrizes Curriculares
Nacionais Gerais da Educação Básica (BRASIL, DCNGEB, 2013), determinam-na como
uma atividade escolar, orientada e motivada pelos mediadores, que “implica na
identificação de uma dúvida ou problema, na seleção de informações de fontes
confiáveis, na interpretação e elaboração dessas informações e na organização e relato
sobre o conhecimento adquirido.” (BRASIL, DCNGEB 2013, p. 218). Contribui, assim,
para que o sujeito adquira uma postura analítica, crítica e reflexiva frente à assuntos
políticos, sociais, culturais e econômicos. Nessa proposta, a pesquisa é atividade social,
devendo ser, portanto, objeto de ensino-aprendizagem na Educação Básica de
formação geral e profissional.
Em relação à pesquisa como princípio pedagógico aplicada no contexto da EPT,
estudos de Valer, Brognoli e Lima (2017), Felippe e Valer (2019) e Valer (2019) apontam
que há ainda lacunas em relação à compreensão por parte tanto dos docentes como
dos estudantes do que seja efetivamente a pesquisa como processo pedagógico e,
consequentemente, do entendimento da sua aplicabilidade para a ampliação dos
domínios cognitivos e linguísticos dos sujeitos trabalhadores, como propõem as bases
conceituais assumidas nesta pesquisa.
As finalidades e características dos Institutos Federais são apresentadas no Art. nº6 da
Lei 11.892/08 (BRASIL, Lei 11.892, 2008), entre as quais está a oferta de educação
profissional e tecnológica, a promoção da integração da educação básica à educação
profissional e superior, o desenvolvimento local e regional brasileiro, afirmação da
instituição como centro de excelência de oferta do ensino de ciências, elaboração de
atividades de extensão, de pesquisa aplicada, de produção cultural, de
empreendedorismo, de desenvolvimento e divulgação científica e tecnológica. Dentro
dessa proposta, “Do ponto de vista pedagógico, este projeto requer uma formação de
bases científicas que permita o reconhecimento das leis da natureza e das leis da
sociedade, e práticas formativas orientadas pela ideia de práxis.” (ARAUJO;
RODRIGUES, 2010, p.60). Entende-se que a construção de um novo projeto de
educação profissional passa pela elaboração de propostas para a formação de
trabalhadores vinculadas a um projeto completo de mudança social.
O dualismo histórico no processo educativo brasileiro produz um alto grau de
desigualdade social, “então, não podemos dizer que no Brasil a juventude brasileira
oriunda da classe trabalhadora pode adiar para depois da educação básica ou do ensino
superior o ingresso na atividade econômica.” (RAMOS, 2008, p.10). Por essa razão, os
sujeitos que procuram a EPT vivem o dilema entre a formação escolar e a necessidade
concreta do trabalho, enfrentando problemas econômicos, ameaça do desemprego e a
precarização do trabalho. Para Kuenzer (2004, p.2), “pouco se avançou nas práxis
pedagógicas comprometidas com a emancipação dos trabalhadores”, por esse