Trabalho & Educação | v.29 | n.3 | p.7-17 | set-dez | 2020
envidados e seus resultantes. Ponderação esta que precisa se dar sob o viger de um
determinado conjunto de balizamentos que proporcionam a apreciação, e a aferição
(quando for o caso), de um itinerário particular, conforme especificidades e
temporalidades próprias a cada ato de objetivação.
Avaliar, neste sentido rigoroso, requer como quesito inegociável clareza de definição e
explicitação acerca dos critérios, dos parâmetros, pelos quais se ajuízam, que são
julgados, um determinado percurso formativo qualquer, num intervalo de tempo
correspondente ao fazer de cada contexto da atividade humana. Assim, a avaliação
requer de parte a parte, do avaliado e de seu avaliador, um compromisso tácito ou
documentado, tradicional ou institucionalmente avalizado, para com as três
determinações essenciais: a) a natureza particular da objetivação (e de seus momentos
constitutivos); b) o caráter processual de todo atualizar e realizar humanos, segundo os
objetivos peculiares a cada um; e, por fim, c) o respeito aos critérios enunciados e
explicitados – em sua relação ao ciclo que se avalia – de forma a avaliação pondere
efetivamente o processo de modo íntegro, honesto e com o mínimo de distorções.
Ora, a história dos diversos eventos de avaliação das atividades de formação e
publicação da produção científico-acadêmica pela CAPES primou sempre por descurar,
em maior ou menor medida, dos três pilares fundamentais da atividade avaliativa. Este
itinerário pode ser reconstruído a quem se der o trabalho, mas não pode ser aqui tocado
senão em seu deletério evolver (e revolver) último.
Certamente, o que se vê hoje no findar da quadra histórica dos vinte primeiros anos do
século XXI com relação à avaliação da editoria científica entre nós exibe, em sua
particularidade “regional” (como região da totalidade capitalista brasileira), praticamente
todos os elementos do que o saudoso José Chasin denominou de capital atrófico. Ao
sintetizar a maneira bastante peculiar pelo qual o capitalismo subordinado, de origem
colonial, veio a ser e vem sendo, consoante às diversas mudanças escalares da
acumulação mundial de capitais, neste quadrante social do mundo.
Caracterizado este formato de capital por sua incompletude no que concerne aos seus
ciclos de realização, por seu congênito descompasso em relação às dinâmicas
capitalistas mais bem assentadas, por sua subordinação quase incontrastável aos
ditames reprodutivos internacionais (daí pela artificialidade das inserções postiças das
“boas novas”), e, enfim por suas – mas não menos deletérias – formas de expressão e
articulação políticas de talhe autocrático e de vestes monocráticas de dominação. Estas
formas de expressar-se institucional e politicamente o mando do capital entre, e sobre,
nós são as pelas quais amiúde se impõem, sempre de cima abaixo, as diretrizes de parte
da sociabilidade àquelas que estejam, circunstancial ou essencialmente,
subordinadamente situadas numa dada dinâmica social.
O processo de “avaliação”, cujos resultantes podem vir a perverter e mesmo aniquilar
custoso, doloroso e laborioso esforço de constituição de um conjunto (desarticulado, é
verdade) de publicações da área de educação, exibe de modo fulgurante o perfilado de
“virtudes” do capital no Brasil.
Senão, vejamos, por pontuações, ainda que sumarizadas, o quanto a CAPES acaba por
expressar uma aparente inapetência para avaliar no sentido efetivo da palavra, e isto
quando se volta exatamente à área de educação.
Primeiramente, há que se assinalar um aspecto tópico, da superfície, mas que espelha,
como se verá mais à frente, uma dimensão mais essencial pressuposta e não visível do