INTRODUÇÃO
Os processos educacionais acompanham o desenvolvimento da história da
humanidade, desde seus primórdios. Esses e outros momentos específicos da atividade
humana surgem a partir do trabalho como ressalta Tonet (2005, p. 41) “na medida em
que há, entre aqueles e este uma dependência ontológica e uma determinação
recíproca”. Nesse sentido, de acordo com o autor, parafraseando Lukács (2018), o ser
social se põe como um complexo de complexos.
Lukács (2018), compreende que os seres humanos, a partir do trabalho, foram
impulsionados a se agruparem, dessa forma, a atividade humana possibilitou o
desenvolvimento do ser social. Através do trabalho e pelo trabalho, outros complexos
sociais foram criados e se estabeleceram, em atendimento às exigências históricas
postas. Dentre esses, surge a educação, cuja função ontológica é transmitir às gerações
presentes e futuras o conhecimento produzido pela humanidade. Destaca, no entanto,
que, embora o trabalho e a educação, estabeleçam uma dependência ontológica, ou
seja, ao surgirem entremeados e em resposta às necessidades humanas, possuem uma
determinada autonomia relativa, um em relação do outro. Nesse ínterim, como nos
adverte Mészáros (2008), ao pretender compreender a educação, em um tipo específico
de sociedade, é indubitável adentrar nos processos de trabalho que a fundam, sem,
contudo, perder as especificidades de cada complexo.
Por essa via, partimos do pressuposto que o conceito de formação integral, no atual
contexto histórico, se vincula à sociedade capitalista, a qual é fundada no trabalho
assalariado. Para apreender a totalidade, presente no método marxiano, no âmbito do
contexto do capital em crise, informa Netto (2011), a inconteste relação entre educação
e trabalho, tornando-se indissociável no desvelamento do real, acerca da articulação das
diversas categorias as quais constituem a sociedade burguesa.
Cientes das particularidades do conceito de formação integral, como um dos
fundamentos e princípios presentes nos documentos oficiais do Ensino Médio e da
Educação Profissional integrada ao Ensino Médio, buscaremos responder o que é essa
formação, a que se propõe e, se há alguma cisão entre a teoria e a prática. O debate,
embora seja centrado na formação integral do Ensino Médio (des)integrado, traz uma
breve contribuição acerca da perspectiva de uma educação com foco na emancipação
humana em Marx, explicitada por Tonet (2005), quando este afirma o caráter transitório
do ser social e, por conseguinte da ordem societal. Esse fato sugere a constatação de
um devir humano, fundado em outras formas de trabalho e, consequentemente, em
outros processos educacionais e de sociedade, ao indicar a possibilidade de
emancipação humana para além do capital.
Com esses referenciais, seguimos a análise do Documento Base da Educação
Profissional Técnica de Nível Médio integrada ao Ensino Médio (BRASIL, 2007) ao
definir, com base em Ciavatta (2005), que a formação integrada, se funda, no sentido
da sua completude, na compreensão das partes, ao considerar o seu todo ou a
universidade no diverso. Relata também tratar a educação como uma totalidade social,
com as múltiplas mediações históricas dos processos educativos. A formação integrada,
no Ensino Médio Integrado, diz pretender a realização de uma educação geral,
indissociável da educação profissional em todos os campos onde se estabelece a
educação para o trabalho. Almeja assim superar “a dicotomia entre o trabalho
manual/intelectual, de incorporar a dimensão intelectual ao trabalho produtivo, de formar