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DOI: https://doi.org/10.35699/2238-037X.2022.29323
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
PESQUISAS EMPÍRICAS NA ABORDAGEM ERGOLÓGICA NO BRASIL NO PERÍODO DE
1980 A 2018
1
Empirical research in the ergological approach in Brasil from 1980 to 2018
SANTOS, Larissa Prato
2
SCHMIDT, Maria Luiza Gava
3
RESUMO
A Ergologia tem origem na cada de 1980 como uma abordagem voltada para a compreeno da
atividade humana e do trabalho com base no conhecimento e experncia dos trabalhadores. O objetivo
geral visou realizar uma pesquisa bibliogfica em bases de dados científicas sobre a abordagem
ergológica no Brasil no período de 1980 a 2018. Os objetivos específicos foram: descrever o perfil das
produções cienficas de estudos emricos no contexto brasileiro embasadas na Ergologia; identificar
e organizar os principais resultados das pesquisas no Brasil que utilizaram a abordagem ergogica. A
metodologia consiste num estudo de revio da literatura de artigos emricos publicados entre 1980 a
2018 nas bases de dados da Scientific Electronic Library Online (SciELO). Foram selecionados 45
artigos, que, em sua grande maioria foram pautados em todos qualitativos e comungam esforços
em mostrar resultados promissores para a compreensão da relão entre subjetividade e trabalho,
revelando como trabalhadores de diferentes categorias profissionais se relacionaram singularmente
com suas atividades de trabalho. A diversidade das experncias apresentadas demonstra que a
abordagem ergológica está consolidada entre os pesquisadores brasileiros como um todo de ampla
utilizão pelos centros e grupos de pesquisa de diferentes instituições.
Palavras-chave: Ergologia. Trabalho. Método qualitativo.
ABSTRACT
Ergology was originated in the 1980´s as an approach focused on understanding human activity and
work based on the worker´s knowledge and experience. The overall objective was to conduct
bibliographic research in scientific databases on the ergonomic approach in Brazil from 1980 to 2018.
The specific objectives were: to describe the profile of scientific productions of empirical studies within
the Brazilian context based on Ergology; to identify and organize the main results of research in Brazil
that used the ergologic approach. The methodology consists of a literature review study of empirical
articles published between 1980 to 2018 in the Scientific Electronic Library Online (SciELO) databases.
Forty-five articles were selected, most of which based on qualitative methods and share efforts showing
promising results for the understanding of the relationship between subjectivity and work, revealing how
workers from different professional categories related singularly to their work activities. The diversity of
experiences presented shows that the ergological approach is consolidated among Brazilian
researchers as a method widely used by research centers and groups from different institutions
Keywords: Ergology. Work. Qualitative method.
1
Resumo apresentado no XXXII Congresso de Iniciação Científica da Unesp. Artigo resultante de pesquisa de Iniciação
Científica com apoio FAPESP.
2
Graduanda em Psicologia pela Faculdade de Ciências e Letras Universidade Estadual Paulista - Unesp. Estagiária da
Ênfase Subjetividade, Trabalho e Administração Social no Estágio Específico Psicologia e Saúde no Trabalho Bolsista
de Iniciação Científica FAPESP Processo - 2019/11878-3. E-mail: larissaprato@live.com.
3
Psicóloga, Doutora em Saúde Coletiva (FCM/Unicamp), Pós-doutorado em Saúde Pública (FSM/USP). Docente do
Departamento de Psicologia Social Faculdade de Ciências e Letras Unesp. E-mail: mlschmidt@uol.com.br.
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INTRODUÇÃO
A Ergologia teve origem na França, na década de 1980, em meio ao declínio do
paradigma fordista e a consequente busca de compreensão das transformações do
trabalho humano decorrentes das mudanças organizacionais e tecnológicas
(ATHAYDE, MUNIZ, FRANÇA e FIGUEIREDO, 2014); (ECHTERNACHT, 2018).
Na perspectiva ergológica, a obra de Schwartz (2000a) traz um novo olhar para a
compreensão das relações entre trabalho e da atividade humana. Para estabelecer essa
relação, Schwartz recorre a Canguilhem (1947, 1994, 2003, 2009) e percebe na
singularidade do trabalho um desejo de saúde calcado num debate de normas de vida,
asseverando que todo homem quer ser sujeito de suas normas (CANGUILHEM, 1947).
Desse modo, a perspectiva ergológica se opera alicerçada na concepção de vida-saúde-
doença postulada por Georges Canguilhem. Schwartz (2000a) embasa suas
concepções também no Modelo Operário Italiano (MOI), que concebe a importância do
envolvimento dos trabalhadores bem como a produção de seus saberes do cotidiano
laboral para transformação de suas práticas e luta pela saúde na relação com o trabalho.
Canguilhem (2003, 2009) compreende a saúde como normatividade, sendo o indivíduo
sadio aquele com a capacidade para ultrapassar as normas ser também normativo, ou
seja, capaz de instituir normas novas para poder viver em situações novas. Em
contrapartida, a doença ou estado patológico, na sua concepção,o se constitui pela
ausência da norma, mas sim pela incapacidade de transformação da norma
(CANGUILHEM, 2009).
Com base nestas referências, Schwartz (2000b) propõe o conceito deuso de si para
destacar a impossibilidade de execão mecânica de normas do ser humano,
justificando a utilização da palavra uso” para elaborar sua concepção de trabalho e seu
lugar privilegiado na abordagem ergológica: o uso de si é a manifestação do si
(SCHWARTZ, 2000b), sendo, então, a Ergologia, [...] um projeto de melhor conhecer e,
sobretudo, de melhor intervir sobre as situações de trabalho para transformá-las
(SCHWARTZ, 2010a, p. 37). Mediante esse posicionamento, a Ergologia no campo da
Saúde no Trabalho[...] direciona o olhar para a realidade do trabalho de encontro com
os saberes que emanam da experiência (ECHTERNACHT, 2018, p. 469). Ou seja, o
acesso à complexidade do trabalho real nesta abordagem exige reconhecer as
competências dos trabalhadores na gestão desta complexidade, identificando e
incorporando as experiências da atividade humana com o trabalho (ECHTERNACHT,
2018).
Encontrando limites nas bases cienficas e tendo como cerne o desenvolvimento da
atividade humana, por volta de 1993, com a ideia de renormalização na atividade,
Schwartz cria o dispositivo dinâmico de três polos (DDP3), ressaltando que [...] a
disciplina ergológica aciona, inevitavelmente, este dispositivo a três polos, pois, se assim
não for, não falamos do que dizemos, não fazemos o que pretendemos fazer
(SCHWARTZ, 2000a, p. 46).
Assim sendo, este dispositivo é caracterizado como
[...] o lugar do encontro, o lugar de trabalho em comum em que se ativa uma espécie de
espiral permanente de retrabalho dos saberes s, que produz retrabalho junto às disciplinas,
umas em relação às outras, portanto que transforma eventualmente um certo número de
hipóteses, de conceitos entre as disciplinas. (SCHWARTZ, 2010b, p. 269)
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Este dispositivo é uma espécie de dialética, que pode ser esquematizado de forma
espiral, por onde circulam os saberes (SCHWARTZ, 2010b). O primeiro polo é
representado pelos universos científicos, tendo como objeto de estudo o trabalho. O
segundo polo está alicerçado nas forças de convocação e validação. O terceiro consiste
no polo do questionamento exigência ética, epistemológica e de desenvolvimento
(ATHAYDE et al., 2014). Este dispositivo dinamiza a relação entre o conhecimento
científico e a experiência do trabalho, uma vez que os protagonistas do trabalho - os
trabalhadores - necessitam dos conhecimentos produzidos pelas diversas disciplinas
científicas para valorizar seus saberes situados na atividade e transformar suas
condições de trabalho.
Em vista disto, a perspectiva referencial teórico-metodológico ergológica prima por
considerar os aspectos subjetivos e complexos da relão do trabalhador com o seu
trabalho na construção de saberes coletivos e individuais derivados da prática
(SCHWARTZ, 2010b). Vale ressaltar que os saberes científicos somente conseguem
desenvolver-se a partir dasforças de convocação, isto é, das questões originadas no
mundo do trabalho e que, muitas vezes, são desconhecidas pelos pesquisadores. Nesta
direção, autores têm utilizado procedimentos de natureza qualitativa para realizar
estudos ergológicos, uma vez que a natureza destes contribui para reconhecer as
singularidades dos sujeitos e também são capazes de apreender informações muito
delicadas, sendo estas acolhidas pelos pesquisadores (TURATO, 2010).
O objetivo geral visou realizar uma pesquisa bibliográfica em base de dados científicas
sobre a abordagem ergológica no Brasil no período de 1980 a 2018.
Os objetivos específicos desta pesquisa foram: (1) descrever o perfil das produções
empíricas realizadas no contexto brasileiro embasadas na Ergologia; e (2) identificar e
organizar os principais resultados das pesquisas no Brasil que utilizaram a abordagem
Ergológica.
MÉTODOS
A presente pesquisa na base de dados foi realizada de outubro de 2019 a fevereiro de
2020, sendo constituída de estudo de revisão de literatura com a finalidade de identificar,
reunir e analisar ltiplas publicões sobre o tema de maneira sistemática e ordenada,
contribuindo para o aprofundamento do conhecimento sobre a abordagem ergológica no
contexto brasileiro. Essa revisão abrangeu estudos nacionais publicados entre 1980 a
2018, em português e inglês, na base de dados Scientific Electronic Library Online
(SciELO). Esta base foi escolhida por agregar dados científicos nacionais e
internacionais consistentes. Foram utilizados os descritores controlados nos dois
idiomas: ergologia”, abordagem ergológica do trabalho, método ergológico,
ergological method, ergology, ergological approach to work”.
Foram excluídos teses, dissertações, artigos repetidos, de revisão e teóricos
encontrados na base pesquisada. Inicialmente, foi realizada a catalogação dos artigos
científicos encontrados e a formação do banco de dados, sendo extraídos os artigos que
não possuíam qualquer aderência com a pesquisa. Posteriormente, foi realizada a
organização dos artigos para o atingimento dos objetivos específicos.
RESULTADOS
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Caracterização da produção científica no período
Visando atender o objetivo geral do estudo mediante os cririos de inclusão e exclusão
previamente definidos, após os resultados obtidos nas buscas, foram selecionados 45
artigos empíricos cujas referências estão relacionadas ao final.
Perfil das produções científicas de estudos no contexto brasileiro
embasadas na Ergologia
Em atendimento a um dos objetivos específicos, classificamos e analisamos o perfil das
produções científicas por: periódicos e ano de publicão, área de formão dos
pesquisadores, aportes teóricos e metodológicos utilizados na coleta de dados. Descritos
subsequentemente:
Periódicos e ano de publicação
As três revistas que mais publicaram os artigos em Ergologia com resultados de
pesquisas empíricas realizadas no Brasil, na base de pesquisa, foram: Trabalho,
Educão e Saúde (nove artigos), Laboreal (seis artigos), e Revista Saúde e Sociedade
(quatro artigos). Entre as que publicaram três artigos com estudos na abordagem
ergológica, estão: Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, Ciência e Saúde Coletiva e
Interface - Comunicação, Saúde, Educação. Os periódicos Cadernos de Saúde Pública,
Cadernos EBAPE.BR e Saúde Debate publicaram dois artigos cada um. Outras onze
revistas publicaram um artigo nesta temática no período pesquisado.
No que tange ao ano de publicação nestes periódicos, houve concentração das
publicões entre 2006 a 2018, sendo que do total dos 45 artigos analisados, dez foram
publicados em 2011. Vale destacar que o início da década de 2000 aponta para sinais
de uma grande mudança em gestação no trabalho no Brasil, conforme descrito por
Pochmann (2014), o que, a nosso ver, poderia ter instigado pesquisadores a desenvolver
os estudos para compreender impactos desta segunda transformão do trabalho,
sendo a Ergologia uma proposta metodológica fecunda para produção do conhecimento
e saberes sobre as atividades do trabalho, subjetividade e saúde dos trabalhadores
frente à estas mudaas.
Área de formação dos pesquisadores
A Ergologia possui natureza interdisciplinar e compõe estudos em diferentes áreas do
conhecimento. Em nossos resultados, identificamos, mediante as informações do
identificador digital Open Researcher and Contributor ID (ORCID) e o Currículo Lattes,
que, dentre os autores que publicaram os 45 artigos, os graduados em Psicologia foram
os que mais publicaram, depois os da área Engenharia, seguidos da Enfermagem,
Medicina, Pedagogia, Serviço Social e Ciências Sociais. Observamos também autores
formados em outras áreas que articularam saberes no campo da Ergologia, como:
Fisioterapia, Odontologia, Farmácia, Química, Comunicação Social, Desenho Industrial,
Fonoaudiologia, Ciências Biológicas, Administração, Terapia Ocupacional, Letras,
História, Educação Física, Jornalismo e Ciências Contábeis.
Os artigos, em sua maioria, foram provenientes de centros e grupos de pesquisas e
elaborados em coautoria também na maior parte, conforme informações extrdas das
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informações sobre os autores. Estes dados revelam que a construção do conhecimento
científico em Ergologia no Brasil está alicerçada na troca dos diferentes saberes das
distintas áreas de atuão, possivelmente preenchendo lacunas nas discussões destas
áreas. Este resultado indica que Ergologia requer confrontações pluridisciplinares para
legitimar suas hipóteses (SCHWARTZ, 2016).
Categorias de áreas e profissionais investigadas
A abordagem ergológica convocou pesquisadores a se aproximarem da realidade de
trabalhadores de diferentes categorias profissionais, ramos de atividade e atuantes em
instituições públicas e de iniciativa privada, para compreender, de um ponto mais
próximo possível, a realidade do trabalho nestes contextos. Dentre os identificados nos
artigos empíricos analisados, destacaram-se as áreas: Saúde, Educão, Rural,
Serviços e Indústria, conforme agrupados subsequentemente:
Área Saúde: Nesta área, identificamos artigos nos quais os autores investigaram e
buscaram compreender a complexidade de trabalhos dos: agentes de combate a
endemias (RIBEIRO, ARAÚJO-JORGE e BESSA NETO, 2016), profissionais que
atuam numa unidade neonatal pública e de alta complexidade do munipio do Rio de
Janeiro (SILVA e MOREIRA, 2015), egressos de dois cursos de especialização em
Saúde da Falia e Comunidade (SCHERER, OLIVEIRA, CARVALHO e COSTA,
2016), profissionais de um curso de residência em Saúde da Família (SCHERER, PIRES
e JEAN, 2013), profissionais de enfermagem (FONTANA e LAUTERT, 2013), agentes
comunitários de saúde (BINDA, BIANCO e SOUZA, 2013), trabalhadores de um Centro
de Atenção Psicossocial (CAPS) (ATHAYDE e HENNINGTON, 2012), auxiliares de
enfermagem de uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (GOMES, MASSON,
BRITO e ATHAYDE, 2011), profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(SAMU) (TRAJANO e CUNHA, 2011), motoristas de ambulância do SAMU (PINTO e
ZAMBRONI-DE-SOUZA, 2015), integrantes de equipes ao Programa Saúde da Família
(VILLA e ARANHA, 2009; BERTONCINI, PIRES e SCHERER, 2011), cuidadores de
adolescentes com deficiência (física e mental) (MASSON, BRITO e SOUSA, 2008),
trabalhadores da saúde de vel universitário (CARDOSO e HENNINGTON, 2011),
repercussões da doença de Chagas no contexto de vida e trabalho de usuários de
instituto de pesquisa (MARQUES e HENNINGTON, 2017).
Área Educação: As pesquisas nesta área tiveram na sua maioria estudos com
professores, como seguem: análise da atividade de uma professora de Educação Física
(ALMEIDA, HECKERT e BARROS, 2011), trabalhadores de uma universidade pública
(MARQUES, MARTINS e CRUZ SOBRINHO, 2011), trabalhadores de escolas públicas
(SILVA, BRITO, NEVES e ATHAYDE, 2009), docentes que trabalham nas escolas
públicas (BARROS e LOUZADA, 2007), educadores de uma escola blica municipal
(BARROS, ZORZAL, ALMEIDA, IGLESIAS e ABREU, 2007), professor que atua em
cursos livres de idiomas (FREITAS e SOUZA, 2018), usuários de instituto de pesquisa
(MARQUES e HENNINGTON, 2017), trabalhadoras de escolas (NEVES et al., 2015),
atividade de trabalho do tradutor intérprete da língua brasileira de sinais
(LIBRAS)/português (TILS) (NASCIMENTO, 2014), discentes de graduão em Terapia
Ocupacional (FURTADO e FISCHER, 2011).
Área Rural: Os estudos com a participação de trabalhadores desta área foram:
trabalhadores rurais sem-terra (RÜCKERT e ARANHA, 2018), famílias de agricultores,
todas ligadas direta ou indiretamente à indústria do tabaco (RIQUINHO e
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HENNINGTON, 2016), trabalhadores rurais da agroindústria canavieira (SILVA e
BARROS, 2014), trabalhadores(as) de assentamento rural ligado ao Movimento Sem
Terra (MST) (SANTOS e HENNINGTON, 2013).
Área Serviços: Estudos ergológicos também foram desenvolvidos nos diferentes
contextos de trabalho das diversas áreas de serviços, como: servidores de um Tribunal
Regional do Trabalho (FONSECA, CUNHA, VIEIRA e MODENA, 2018), servidores
técnicos de uma Ancia da Previdência Social (CHRISTO e BORGES, 2017), gerentes
do setor hoteleiro (SILVA et al., 2015), motoboys atuantes de diversos setores, como
entrega de documentos, alimentos e medicamentos, em diversas regiões de um
município (MORAES, ROHR e ATHAYDE, 2015; MORAES e ATHAYDE, 2014),
agentes penitenciárias (AMADOR, 2011), operadores e operadoras de teleatendimento
(OLIVEIRA e BRITO, 2011), operadores de telemarketing (OLIVEIRA, REZENDE e
BRITO, 2006), comunicadores (FIGARO, 2011).
Área Indústria: Mediante o protagonismo de trabalhadores foi possível conhecer a
complexidade das situações de trabalho advindas de diferentes segmentos da indústria
como: estudos com operadores e gestores-chefes de um centro de usinagem
(PEREIRA, MENDES e MORAES, 2017), trabalhadores de uma empresa do ramo
petrolífero (LIMA e BIANCO, 2009), operários de produção fabril (SILVA, 2008),
trabalhadores maçariqueiros de um determinado estaleiro (VINAGRE e CASTRO,
2017), trabalhadores de uma empresa de pequeno porte do setor de rochas ornamentais
(PORTO e BIANCO, 2016), trabalhadores de processamento de mármore e granito
(MEZADRE e BIANCO, 2014), trabalhadores de termelétricas (GUIDA, BRITO e
ALVAREZ, 2013).
Trabalho autônomo: Identificamos um único artigo que teve como sujeito um trabalhador
autônomo. Refere-se à pesquisa com a participão de atletas profissionais autônomos
de vôlei de praia realizada por Borba e Muniz (2007).
O resultado desta classificação evidencia que nas quatro áreas há uma grande
variedade de trabalhadores investigados, o que vem ao encontro da singularidade do
trabalho humano, privilegiado pelos construtos teóricos da abordagem ergológica que
privilegiam a subjetividade e as particularidades das vivências do trabalhador e dos
contextos de trabalho ou de uma categoria profissional. Observamos que as
investigações acerca dos trabalhadores rurais são escassas se comparadas aos
trabalhadores urbanos, o que pode ser explicado pela dificuldade de acesso a estes
profissionais, aspecto já evidenciado pela literatura (SCHLINDWEIN, 2010).
Aportes metodológicos e teóricos
Em resposta às questões centrais dos estudos, os pesquisadores se embasaram num
dos três tipos de pesquisa: participante, exploratória e de intervenção, na sua maioria na
perspectiva da pesquisa qualitativa. Dos 45 artigos, apenas cinco utilizaram metodologia
quanti-qualitativa. Num dos estudos, os autores optaram por utilizar uma pesquisa
documental, descritiva e quantitativa, por dados primários (MARQUES et al., 2011).
Outro o estudo de caráter exploratório transversal, descritivo, também foi de natureza
quanti-qualitativa (MORAES et al., 2015). A abordagem quanti- qualitativa também foi
utilizada por Christo e Borges (2017), Moraes e Athayde (2014) e Barros et al. (2007).
Em todas as pesquisas, a metodologia adotada se construiu com as ferramentas
conceituais-metodológicas formuladas pela Ergologia, combinando técnicas para
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compreensão tanto objetiva como subjetiva. A técnica de entrevista foi a mais utilizada,
em alguns estudos, na modalidade individual: dialógicas, semiestruturadas de auto
confrontão, com as técnicas de Instruções ao Sósia, e em outros de forma grupal. A
produção de dados também foi amparada em outros procedimentos de agrupamento
coletivo como: grupos focais, grupos de discussão, grupos de estudo sobre o trabalho,
espaços de diálogos, encontros de trabalho.
Outras formas de coleta de dados utilizadas foram: diários, observação da atividade,
visita de campo com uso de materiais de audiovisual (como filmes e documentários),
análise de prontuários, pesquisa documental, observação participante, observação de
tipo etnográfica, curso de formação de multiplicadoras, análise de narrativa, aplicação de
questionário, observações sistemáticas da atividade e validação dos resultados com os
sujeitos da pesquisa, recursos tecnológicos de videografia digital, documentos
organizacionais de seguraa e saúde padrões que regulam a atividade, aferição da
sobrecarga e conforto térmicos, ruído e iluminamento da área física, entre outros.
Com embasamento no DDP3, algumas pesquisas foram conduzidas com a triangulão
metodologia de técnicas, articuladas entre si (THURMOND, 2001). Visando produzir
conhecimento sobre as atividades de trabalho, pesquisadores se ampararam tamm
na estratégia metodológica denominada Comunidade Ampliada de Pesquisa e na
cartografia como uma postura ou prática metodológica.
A atividade na perspectiva ergológica e o DDP3 serviram também de substrato teórico.
À luz da Ergologia e de seu DDP3, foi possível avaliar a proposta pedagógica do método
de escavação desenvolvida pelos alunos de Terapia Ocupacional (FURTADO e
FISCHER, 2011). Permitiu também [...] a superão do quadro de exploração e
degradão da saúde dos agricultores e suas famílias, construído a partir do patrimônio
e das práticas cotidianas de trabalho, e o polo dos conceitos gerados pelo conhecimento
técnico e científico, articulados com responsabilidade ética e social (RIQUINHO e
HENNINGTON, 2016, p. 8). Os aportes teóricos dos resultados foram subsidiados por
outras abordagens como: Psicodinâmica do Trabalho, Clínica da Atividade, Ergonomia
da Atividade, Modelo de Competências de Zarifian e Análise Ergonômica do Trabalho, e
também guiados pelo materialismo histórico dialético como no estudo de Bertoncini et al.
(2011).
Temáticas centrais dos estudos
A análise dos artigos de natureza emrica mostrou resultados promissores para a
compreensão da relação entre subjetividade e trabalho, revelando como trabalhadores
de diferentes categorias profissionais se relacionaram singularmente com suas
atividades de trabalho, creas, saberes instrumentais, sistemas individuais e coletivos
de defesa, normas e valores partilhados pelos coletivos de trabalho, aspectos percebidos
através de análises do uso de si (VINAGRE e CASTRO, 2017).
A identificação das singulares presentes nas situações laborais, bem como o
acompanhamento dos processos de trabalho com a combinão entre valores, saberes
e atividade, foram importantes para a realização das pesquisas, conforme destacado por
Porto e Bianco (2016). Estes resultados mostram-se coerentes à proposta da
abordagem ergológica com destaque para alguns temas que seguem
subsequentemente:
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Complexidade do trabalho: Para Schwartz (2010) o trabalho por si só é complexo e
enigmático, [...] marcado por muitas variabilidades que demandam convocações e usos
de si, dos saberes da experiência e levam a um constante embate de valores e escolhas
para a sua execução” (BINDA et al., 2013, p. 401). Desse modo, [...] a compreensão da
singularidade e complexidade do trabalho fez emergir um olhar plural sobre o
trabalhador, que permite entendê-lo como ser humano: racional, com instintos, emoções,
necessidades, escolhas e decisões (LIMA e BIANCO, 2009, p. 646). Para atingir este
propósito ergológico, faz-se mister identificar: debates e dramáticas vividos nas
atividades de trabalho (BORBA e MUNIZ, 2017), aspectos macro e microssociais
relacionados à produção (RIQUINHO e HENNINGTON, 2016), implementação de
novas tecnologias (FONSECA et al., 2018), mudanças ocorridas no trabalho (SCHERER
et al., 2016), bem como a compreensão das situações de trabalho frente às mudanças
organizacionais (GUIDA et al., 2013). Somam-se a estes aspectos o entendimento da
dimensão coletiva nas atividades de trabalho (MORAES e ATHAYDE, 2014) e a
complexificação do trabalho diante da dificuldade de compartilhar saberes em equipe
interdisciplinar (SCHERER et al., 2013).
Atividades de trabalho compostas de normas e imprevisibilidades, centro dos
acontecimentos das vidas e dos dramas humanos omitidos na história oficial como no
caso do trabalhador na lavoura de cana-de-açúcar (SILVA e BARROS, 2014). Em
algumas situações, diante das imprevisibilidades da atividade, é necessário buscar
soluções no coletivo de trabalho (VILLA e ARANHA, 2009), bem como amparar no
coletivo de trabalho a estratégia de apoio e evitação de erro (OLIVEIRA et al., 2006). Isto
ocorre porque trabalhar remete a gerir situões fortuitas por intermédio da recriação
(SILVA, 2008), e também criar formas de resolução dos conflitos como no caso das
agentes penitenciárias (AMADOR, 2011).
Sentidos e significados do trabalho: Se nos aproximarmos dos problemas do trabalho
unicamente a partir do trabalho abstrato, o chegaremos à perspectiva da Ergologia
(SCHWARTZ, 2006). De acordo com Santos e Hennington (2013, p. 1595), Os sem-
terra atribuem ao trabalho os sentidos de liberdade e satisfação, positividade, esta,
associada à autogestão e autonomia, referidas como elementos fundamentais para a
saúde”. Os significados do trabalho em equipe de enfermagem foram[...] relacionados
às negociações, aos limites da autonomia, às noções de pertencimento e ao
reconhecimento do outro (SILVA e MOREIRA, 2015, p. 3033). Trabalhar significa então
colocar em tensão o uso de si requerido pelos outros e o uso de si consentido e
comprometido por si mesmo” (MARQUES e HENNINGTON, 2017, p. 217). Destarte, o
adoecimento acarreta consideráveis repercussões na vida das pessoas, principalmente
em relação à vida laboral, por isto, em situações nas quais o trabalhador adoece, surge
o sentimento de medo de ser considerado incapaz, ou seja, perder capacidade para
realizar atividades do trabalho (MARQUES e HENNINGTON, 2017).
Trabalho prescrito e trabalho real: Schwartz (2006) compreende o trabalho real como o
resultado das renormalizações e não da estrita aplicação e execução das normas, mas
sim da execução das normas através das renormalizações.
O desvio entre o trabalho prescrito e o trabalho real surge do encontro entre prescrições e
uma personalidade singular. Este desvio resulta da atividade do trabalhador, do debate
permanente que existe nele entre o que ele exige de si mesmo e o que os outros lhe pedem:
a hierarquia, os colegas, os destinatários do trabalho etc. Este desvio acorda, portanto, a
todas as atividades da atividade humana a sua imprevisibilidade, a sua imponderabilidade,
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a sua variabilidade e, por conseguinte, a precariedade daquilo que as define
(FOUCHECOURT-DROMARD, 2018, p. 61)
Desse modo, no debate sobre o prescrito e o real, pesquisas investigaram as práticas
sociais e individuais a respeito de normas prescritas e normas praticadas (OLIVEIRA e
BRITO, 2011).
Nesta perspectiva, os estudos revelaram que as representações dos trabalhadores são
relevantes para compreensão desta dialética nos contextos laborais conforme verificado
por Fonseca et al. (2018) e identificadas no caso do intérprete de libras/português em
que as renormalizações são mobilizadas no saber investido, pela ausência de um
prescrito e o status de norma que orienta o fazer (NASCIMENTO, 2014). Como também
no caso dos comunicadores cujos valores profissionais entram em conflito consigo
mesmo ao fazer suas escolhas para realizar o trabalho perante as injunções do sistema
de produção (FIGARO, 2011). Nos domínios e hiatos entre o trabalho prescrito e o
trabalho real é que se inscreve a singularidade de um determinado trabalho sob a ótica
de um trabalhador específico, como no caso da atividade do maçariqueiro (VINAGRE e
CASTRO, 2017, p. 183) bem como as enfermeiras de uma Estratégia de Saúde da
Família (ESF) que vivenciam em suas atividades laborais o abismo entre [...] as
prescrições institucionais das políticas de saúde e as condições concretas de trabalho
disponibilizados para a sua realização (BERTONCINI et al., 2011, p. 169).
Trabalho em equipe: Schwartz (2006) remete o trabalho em equipe ao diálogo posvel
entre valores dimensionáveis e não dimensionáveis estabelecidos devido às condições
subjetivas dos envolvidos. Nesta perspectiva, Silva e Moreira (2015, p. 3040) concebem
[...] as negociações, os limites da autonomia, as noções de pertencimento e o
reconhecimento do outro, indispensáveis para a construção do trabalho em equipe. No
entanto, em instituições de sde quando a assistência é fundamentada no modelo
tradicional biomédico, há limitações ao trabalho em equipe e influência negativa sobre as
práticas e as relações interprofissional (CARDOSO e HENNINGTON, 2011). Numa
perspectiva interdisciplinar, os profissionais buscam soluções conjuntas e novas práticas
que incluam a participação do usuário (VILLA e ARANHA, 2009) e também [...]
produzem modos operatórios para dar conta das situações de trabalho, cooperando para
solução dos problemas e/ou manejando as imprevisibilidades no trabalho em equipe
(PINTO e ZAMBRONI-DE-SOUZA, 2015, p. 49).
Ou seja, [...] a interdisciplinaridade requer uso integrado de conhecimentos na prática
multiprofissional, invasão das fronteiras disciplinares, desenvolvimento de competências
para lidar com os desafios do meio e atitude individual como componente fundamental
para o agir profissional (SCHERER et al., 2013, p. 3210). Por conseguinte, [...] gerir as
situações que se apresentam para o trabalho em equipe solicita dos trabalhadores novas
aprendizagens a partir da vivência, reinventando relões numa gestão mais
democrática da atividade, sendo necessário, para isso, maior distribuição de poder e
confiança nas capacidades e saberes do outro (VILLA e ARANHA, 2009, p. 686).
Competências no trabalho: Schwartz (1998) escreve sobre pressupostos que ajudam a
compreender as situações de trabalho e o processo de formação. Na sua opinião, na
atividade de trabalho há uma relação dialética entre o grau de apropriação dos saberes
conceitualizáveis e o grau de apreensão das dimensões históricas da situação. Neste
debate de valores, o trabalhador, ao fazer escolhas, mobiliza os ingredientes
heterogêneos da competência colocados [...] numa encruzilhada entre tecnicidade e
escolhas sociais e econômicas” (SCHWARTZ, 1998, p. 106).
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Scherer et al. (2016) verificaram que, mesmo em contexto limitador, a formação teve
potência para mobilizar um conjunto de ingredientes necessários para gerar a
competência. Para Silva et al. (2015), as competências mobilizadas pelos gerentes de
hotéis são construídas nas situações reais de trabalho, sendo adquiridas, desenvolvidas
e atualizadas nas atividades laborais cotidianas repletas de imprevistos que requerem
decisões rápidas e criativas para gerir as situações do dia a dia de uma organização de
serviço. Gomes et al. (2011) pesquisaram as competências mobilizadas no trabalho em
saúde e verificaram que a demanda de qualificação formal por parte das trabalhadoras
participantes do estudo demonstrou ser um importante benefício com efeitos positivos
sobre sua própria saúde. Vale destacar que a pouca qualificação, somada ao acesso
restrito e a técnicas e condições de trabalho que possibilitariam realizá-lo de forma mais
favorável, parece aumentar os riscos à saúde dos trabalhadores cuidadores de
adolescentes com deficiência física e mental, conforme identificado por Masson et al.
(2008).
Pereira et al. (2017) identificaram que. no caso dos operadores de quinas, as
habilidades e competências surgem diante de constrangimentos gerados por:
imprevisibilidade de serviços, dificuldade de operação dos instrumentos, prazos curtos,
complexidade de configuração da máquina e riscos físicos presentes no ambiente
laboral. E, [...] para lidar com essas situões, os operadores estabelecem estratégias
de regulação desenvolvidas ao longo da experiência adquirida no trabalho, vivência e
valores compartilhados os quais possibilitam a execução de suas funções (PEREIRA et
al., 2017, p. 24). Sob a ótica da abordagem ergológica, [...] considerando os custos
pessoais e sociais acarretados por mudanças tecnológicas, em particular as demandas
impostas aos trabalhadores e a necessidade de novas capacitações, a implementação
de novas tecnologias deve ser sempre avaliada do ponto de vista de quem as utiliza
(FONSECA et al., 2018, p. 1).
Relações trabalho-saúde-doença e segurança: As pesquisas com referências da
Ergologia nos estudos relativos às relações de saúde e segurança no trabalho, de um
modo geral, concluíram que tanto a ausência de consciência das potencialidades
decorrentes do uso de equipamentos de proteção quanto a falta de acesso às condições
de trabalho dignas, comprometem a preservação da sde e segurança dos
trabalhadores. Somado a isto, [...] propostas de mudança que não consideram a
complexidade das situações de trabalho podem ser um obstáculo à saúde (CHRISTO
e BORGES, 2017, p. 104).
As repercussões negativas para a saúde, o adoecimento e o sofrimento em
trabalhadores foram identificados em vários estudos entre trabalhadores de
teleatendimento, em decorrência do com controle rigoroso do espaço, do tempo e do
comportamento (OLIVEIRA e BRITO, 2011). O uso de si frente às horas-extras e
utilização de equipamentos, dinâmicas essas implicadas também na saúde do
trabalhador (RIBEIRO et al., 2016). Exposição às condições de trabalho precárias e
riscos psicossociais, ergonômicos e biológicos negligenciam os riscos químicos e físicos
e renormalizam constantemente a atividade para a eficácia do serviço entre
trabalhadores da enfermagem (FONTANA e LAUTERT, 2013). O artigo de
trabalhadores (GUIDA et al., 2013) apresenta resultados relevantes acerca das
mudanças na gestão do trabalho e suas implicações na saúde e segurança dos
trabalhadores.
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A compreensão do conceito de atividade humana e a gestão de si e da própria saúde
como elemento estrutural da atividade foram evidenciadas no trabalho no SAMU
(TRAJANO e CUNHA, 2011). A incessante luta da professora em meio aos usos de si
por si e aos usos de si pelos outros em sua primeira experiência como docente em uma
escola pública foi destacada por Almeida et al. (2011). A identificação da fuga de
docentes da educação linguística, da padronização e das imposições das grandes
franqueadoras de cursos livres foi realizada por Freitas e Souza (2018). A identificação
de sofrimento e defesas foram analisadas (ATHAYDE e HENNINGTON, 2012), bem
como estragias de defesa contra o próprio sofrimento, evitando a emergência de
quadro patogênico (GOMES et al., 2011). Estudos sobre osusos de si na experiência
do adoecimento e busca por cuidado foram pesquisados por Marques e Hennington
(2017), Vinagre e Castro (2017) e Riquinho e Hennington (2016).
A experiência de Barros e Louzada (2007, p. 30) revelou que[...] desfazer a tríade dor-
desprazer-trabalho no cotidiano escolar exige dar visibilidade a práticas gestadas nos
momentos de execução, no trabalho em ato. Em algumas situações, foi observado que
[...] os trabalhadores, através do uso de si mesmos, dão mais importância ao
cumprimento de prazos e metas de produção do que à sua própria seguraa
(MEZADRE e BIANCO, 2014, p. 303). Os modos de uso do corpo-si na gestão da saúde
e da segurança, também se revelam associados ao recurso inapropriado dos
equipamentos de proteção individual (EPIs) à disposição, e a ausência de consciência
das potencialidades decorrentes dos equipamentos de protão coletiva (EPC)
conforme analisado por Porto e Bianco (2016). No caso dos motoboys, devido ao fato
dos modos de envolvimento com a trajetória profissional não ser homogênea, foi
observada a fragilização do coletivo, que corrobora para a vulnerabilidade nas
negociações e lutas políticas em prol de sistemas de proteção - individuais, coletivos e
sociais - contra acidentes de trabalho (MORAES et al., 2015). Além disto, o
individualismo e a baixa solidariedade entre pares corroboram para fragilização do
coletivo e impacta na capacidade de resposta às condições degradantes de trabalho
(MORAES e ATHAYDE, 2014).
De um modo geral, as pesquisas relacionadas ao binômio saúde-doea revelam
diferentes formas de enfrentamento dos processos de adoecimento conforme observado
por Masson et al. (2008). Outra questão importante a ser destacada é o fato de que o
não entendimento do trabalhador acerca da interferência do trabalho no seu processo
de adoecimento impossibilita-o de [...] adotar posturas conscientes, bem como cobrar
melhores condições e informações, posicionando-se como autor/ator nessa constrão
(MARQUES et al., 2011, p. 678), o que revela a importância de um olhar ergológico sobre
os agrotóxicos na cana-de-úcar, conforme evidenciado por Silva e Barros (2014).
Ressaltamos que são muitos os desafios para que a sde se efetive como direito,
sobretudo em trabalhadores rurais ligados ao MST, pois apesar de eles construírem
valores no âmbito da saúde, [...] a instauração de novas normas passa pela organização
política dos assentamentos e acampamentos de reforma agrária (RÜCKERT e
ARANHA, 2018, p. 116).
Um bom exemplo do envolvimento dos trabalhadores nas questões de saúde no
trabalho foi encontrado no estudo de Athayde e Hennington (2012) que, ao analisarem
a atividade cotidiana dos profissionais de saúde mental, verificaram que o desgaste
advindo da grande demanda do envolvimento subjetivo era fonte de emergência de
sofrimento e adoecimento. Somando a isto, os trabalhadores vivenciavam condições de
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trabalho insatisfatórias que repercutiram no serviço prestado e na saúde dos
trabalhadores. E, mesmo nestas situações, os pesquisadores identificaram potência
criativa e aspectos de satisfação pelo trabalho desenvolvido, dentre as quais: estratégias
de enfrentamento e superação [...] das adversidades envolveram o apego aos ideais do
SUS e da Reforma Psiquiátrica, o suporte da equipe, e o reconhecimento do trabalho
realizado” (ATHAYDE e HENNINGTON, 2012, p. 983).
Estratégias de enfrentamento diante da descoberta da doença também foram
identificadas entre os participantes de outra pesquisa. No estudo de Marques e
Hennington (2017), para muitos dos investigados, as estratégias de enfrentamento foram
associadas à [...] religião, a fé, novas práticas de trabalho, nova ocupação e o próprio
tratamento, os guiam para manter uma rotina de vida marcada por um impulso positivo
e de vida” (MARQUES e HENNINGTON, 2017, p. 223).
Promão da saúde: A abordagem ergológica mostrou-se promissora para empreender
ações compreensivo-transformadora nas situações nocivas à saúde (NEVES et al.,
2015) e para identificar a agroecologia como estratégia de promoção da saúde na
reforma agrária (RÜCKERT e ARANHA, 2018). Possibilitou também compreender as
ações de ensino de saúde e segurança do trabalho Ribeiro et al. (2016) bem como
promover saúde a partir das situações de trabalho com a participão efetiva dos
trabalhadores na criação de modificações concretas na organização e no ambiente de
trabalho, mudanças nas formas de luta pela saúde e também transformações no modo
de olhar o trabalho e a vida (SILVA et al., 2009). Mostrou o efeito positivo da qualificação
formal sobre a saúde de profissionais da enfermagem (GOMES et al., 2011). Por outro
lado, a pouca qualificação parece gerar aumento nos riscos à saúde dos trabalhadores,
sobretudo quando há restrições [...] a técnicas e condições de trabalho que
possibilitariam realizá-lo de forma mais profícua” (MASSON et al., 2008, p. 68).
Logo,[...] pensar promoção de saúde é pensar estilos de vida singulares e isso inclui a
participação dos envolvidos nas diferentes situações desse processo (BARROS et al.,
2007, p. 120). Fouchecourt-Dromard (2018, p. 63) defende o ergo-gerenciamento como
um projeto de [...] gestão que não se estabelece sobre um saber hegemónico,
autocrático, que não admite a pré-qualificação do poder sobre os saberes, que não nega
o real do trabalho. Os resultados nas respectivas áreas evidenciaram que o diálogo e a
troca de experiências viabilizadas entre os pesquisadores e trabalhadores contribuíram
para explicitar formas de vivenciar as atividades laborais bem como a complexidade que
envolve o trabalho. Com os conteúdos identificados os pesquisadores tiveram a
oportunidade de, mobilizando o conhecimento acamico-científico, problematizar a
atividade, além de avançar e enriquecer a compreensão deles mesmos e também dos
trabalhadores quanto ao seu trabalho, a si mesmo e aos coletivos, o que remete à
importância da Ergologia como todo de abordagem científica.
DISCUSSÃO
Na base de dados pesquisada os artigos empíricos e teóricos publicados pelos
pesquisadores brasileiros estão publicados em 36 periódicos nacionais e oito em revista
internacional. Os resultados encontrados apontaram que os estudos empíricos
desenvolvidos pelos pesquisadores brasileiros no campo da Ergologia, em sua grande
maioria, estão pautados em métodos qualitativos alicerçados em diferentes instrumentos
de coleta de dados e possuem uma forte característica descritiva e interventiva.
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A predominância de estudos de natureza qualitativa contribui à luz da Ergologia para que
os autores pudessem conhecer histórias de condições de vida e significados atribuídos
ao trabalho em trabalhadores brasileiros de distintas categorias profissionais e diferentes
contextos laborais. Foi possível também, conhecer saberes e práticas sobre a real
situação de trabalho, a dialética entre o trabalho concreto e o abstrato, formas singulares
de lidar com a doença e suas implicações, estratégias de enfrentamento e
transformação, valores estabelecidos no convívio entre o coletivo de trabalhadores, entre
outros aspectos. Os resultados evidenciam que a abordagem ergológica foi promissora
para os pesquisadores entenderam as situações de trabalho mediante as vivências e
conhecimento dos trabalhadores. A diversidade das experiências apresentadas
demonstra que a abordagem ergológica está consolidada entre os pesquisadores
brasileiros como um método de ampla utilização pelos centros e grupos de pesquisa de
diferentes instituições.
Entretanto, esta pesquisa possui limitações, pois realizamos buscas numa única base
de dados. Como indicões para futuros estudos, poderiam ser ampliadas as buscas,
incluindo outros descritores em outras bases de dados. Também poderiam ser efetuadas
comparões entre as tendências dos estudos nacionais e os estudos internacionais que
utilizam a Ergologia. Por se tratar de uma abordagem metodológica relevante para a
compreensão da relação do trabalhador com seu trabalho, a nosso ver, analisar os
estudos sobre esta temática certamente contribuiu para verificar a distribuição e impactos
no território brasileiro, bem como seus resultados e o perfil das produções neste campo
do conhecimento científico.
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Data da submissão: 02/02/2021
Data da aprovação: 11/05/2022