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DOI: https://doi.org/10.35699/2238-037X.2021.32554
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
PROBLEMÁTICAS NO TRABALHO DOCENTE BRASILEIRO: UMA
REVISÃO DE LITERATURA NA PERSPECTIVA ERGOLÓGICA
1
Problematics in brazilian teaching work: a literature review from ergological
perspective
MELO, Mariana Ramos de
2
BIANCO, Mônica de Fatima
3
MARTINS-SILVA, Priscilla de Oliveira
4
RESUMO
Este artigo objetivou identificar as principais problemáticas vivenciadas no trabalho docente em estudos
recentes brasileiros de perspectiva teórico-anatica ergogica. Para tanto, procedeu-se com uma
revisão integrativa de literatura. O quadro trico utilizado baseou-se em pressupostos e conceitos
advindos da Ergologia. Os artigos selecionados estão indexados nas bases Scielo Brasil, Periódico
CAPES, BVS Brasil e na Revista Ergologia, e contemplam pesquisas brasileiras desenvolvidas em um
peodo de cinco anos entre 2014 e 2019. Os resultados mostram que probleticas diversas são
vivenciadas por docentes brasileiros. Tais problemáticas foram agrupadas e analisadas em três
teticas distintas: 1) Prescrições do trabalho; 2) Organização do trabalho; e, 3) Confronto entre
saberes. Os resultados evidenciam como necessária a produção de conhecimentos provenientes da
gestão da atividade para a positiva transformação do trabalho docente.
Palavras-chave: Trabalho docente no Brasil. Atividade de trabalho docente. Ergologia.
ABSTRACT
This paper was aimed to identify the major problems experienced in teaching work in recent Brazilian
studies from an ergological theoretical-analytical perspective. An integrative literature review was
conducted to this end. The theoretical framework used was based on assumptions and concepts from
Ergology. The selected articles are indexed in Scielo Brasil, CAPES, BVS Brasil and Revista Ergologia,
and they contemplate Brazilian research that was developed over a period of five years between 2014
and 2019. The results show several problems recently experienced by Brazilian professors. The
problems were grouped and analyzed by three distinct themes: 1) Prescriptions of work; 2) Work
organization; and, 3) Confrontation between knowledge. The results show that it is necessary to produce
knowledge from the management of the activity for the positive transformation of teaching work.
Keywords: Teaching work in Brazil. Teaching work activity. Ergology.
1
Cumpre-nos informar que este estudo: (i) foi apresentado e publicado nos Anais do XXIII Seminários em Administração (SemeAD 2020);
e, (ii) recebeu apoio de órgão de financiamento por meio de bolsa de doutorado concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES).
2
Doutoranda e Mestre em Administração pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES); Graduação em Administração pela
Universidade Federal de Viçosa (UFV); Graduação em Ciências Contábeis pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC
MG); Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). E-mail: mariramos.melo@gmail.com.
3
Doutora em Engenharia de Produção pela Universidade de São Paulo (POLI-USP); Mestre em Engenharia de Produção pela
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Graduação em Engenharia de Produção pela Universidade de São Paulo (EESC-USP);
Professora Titular do Departamento de Administração da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). E-mail: mofbianco@gmail.com.
4
Doutora e Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES); Graduação em Psicologia pela Universidade Federal
do Espírito Santo (UFES); Professora do Departamento de Administração da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). E-mail:
priscillamartinssilva@gmail.com.
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1. INTRODUÇÃO
Atualmente, está em efervescência o debate sobre mudanças nas relações de trabalho
(BARROS et al., 2019). Tanto na mídia como na academia, muitas questões e
probleticas que envolvem o mundo do trabalho são evidenciadas, como:
desocupação, precarização, instabilidade, informalidade, novos arranjos de trabalho,
dentre outros. Canário (2018) explica que, de um lado, têm-se os empregados ativos,
que estão sujeitos a ritmos e veis de exploração que recordam os tempos dos
primórdios do capitalismo; e, por outro lado, existe um grupo crescente de assalariados
sem emprego, os quais são condenados a uma forçada inatividade via aumento do
desemprego estrutural. Nesse contexto, a incerteza que pesa sobre o conjunto
crescente da população assalariada repercute não só no aumento dos níveis de
tolerância à injustiça social, bem como no crescimento dos níveis de sofrimento que
afetam o conjunto dos trabalhadores (CANÁRIO, 2018, p. 48).
Estudos que envolvem o trabalho, em suas variadas formas, ganham evidente
importância nesse cenário de turbulências contextuais no Brasil, crises políticas, sociais
e econômicas. Pensando nisso, este artigo busca analisar, especificamente, o trabalho
docente nessa conjuntura. A perspectiva ergológica é utilizada, pois se aproxima da
atividade real do trabalho, a qual envolve elevada complexidade e problemas intrínsecos
(TRINQUET, 2010). Nessa perspectiva, ratifica-se a afirmativa de Schwartz (2010) de
que o trabalho está no seu funcionamento, na sua atividade, na sua ampla riqueza e na
sua multiplicidade. Assim, adota-se o pressuposto de que a ergologia não é uma
disciplina no sentido de um novo donio do saber, mas, sobretudo uma disciplina de
pensamento (SCHWARTZ, 2000a, p. 45).
Com isso, o objetivo deste artigo é: identificar as principais probleticas vivenciadas no
trabalho docente em estudos recentes brasileiros de perspectiva trico-analítica
ergológica. Para tanto, procedeu-se com uma revisão integrativa de literatura. Os
estudos selecionados para a revisão de literatura são os que fazem uso da ergologia
para analisar a atividade de trabalho, o que viabiliza a identificação e a análise de
probleticas vivenciadas no trabalho docente. A utilização da ergologia mostra-se
relevante, principalmente, por permitir que o pesquisador se aproxime da atividade e
compreenda a ordem objetiva e subjetiva do trabalho do professor (DIAS; SANTOS;
ARANHA, 2015).
Com esta revisão integrativa de literatura, é possível identificar o conhecimento já
construído em pesquisas anteriores e recentes que vincularam o trabalho docente e a
ergologia. Segundo Botelho, Cunha e Macedo (2011), as revisões integrativas são
fundamentais para se conhecer o estado da arte sobre temas específicos, o que contribui
significativamente para o desenvolvimento de novas investigões. Nesse sentido, são
apresentados os achados principais dos estudos selecionados em relação às
probleticas vivenciadas no trabalho docente brasileiro. Foram excldas as pesquisas
que trataram exclusivamente do ensino básico, dadas as particularidades de tal atividade
docente no país.
Especificamente sobre o trabalho docente, ressalta-se que os profissionais que atuam
na docência são caracterizados pela especialização de saberes científicos e práticos, e
devem ser reconhecidos como um grupo social organizado e específico na sociedade
(PETINELLI-SOUZA; SOUZA, 2012). O trabalho docente vai além do espaço da sala de
aula e da corrão de provas, envolvendo diversas outras atividades, como orientações,
desenvolvimento de pesquisas, elaboração de relarios, reuniões de conselhos, dentre
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outras. Assim, devido a sua natureza, o trabalho é exercido em locais diversos (salas de
aula, laboratórios, salas de reunião, eventos acadêmicos, etc.) e em horários variados e
não programados (ARBEX; SOUZA; MENDONÇA, 2013; LEMOS, 2011).
Therrien e Loiola (2001) explicam que a docência é uma prática situada, contextualizada
e decorrente de um processo que envolve múltiplos saberes advindos da área
disciplinar, da formação, da qualificação, do currículo, da prática social, da experiência,
da cultura, dentre outros. Como ato pedagógico, os autores advertem que o trabalho
docente incorpora conhecimentos diferentes e pluridisciplinares, desenvolvidos por
áreas distintas como a sociologia, a psicologia, a filosofia e a história. Lüdke e Boing
(2007) reforçam, adicionalmente, que o ensino constitui uma realidade altamente
dinâmica e imponderável, sendo impossível de ser inteiramente prevista. Evidencia-se,
nesse sentido, o quão complexa é a natureza do trabalho docente não apenas o saber
ensinar, mas também o saber estudar, pesquisar, orientar, planejar, cuidar, improvisar,
dentre muitas outras práticas.
Estudos recentes vêm reforçando a complexidade do trabalho docente. Por exemplo,
por meio do aporte teórico-metodológico da clínica da atividade, Clot (2020) discutiu o
trabalho e a sde de professores. O autor retorma Georges Canguilhem para abordar
a saúde, e reforça que a saúde não é ausência de doença, mas sim poder portar
responsabilidade e exisncia, poder agir e desenvolver, poder criar o contexto para viver,
dentre outras características (CANGUILHEM, 2002). Logo, Clot (2020) explica que, nos
dias de hoje, os processos de degradação da saúde vem se acelerando, e destaca o
meio profissional docente nesse cerio, uma vez que este meio pode impedir e
constrangir as diferentes ações que viabilizam o desenvolvimento e a existência.
Em outro estudo, Goulart e Antunes (2020) refletiram sobre o sofrimento mental de
professores na universidade pública brasileira contemporânea. Por meio de uma
pesquisa qualitativa exploratória, as autoras constataram que o sofrimento mental é
invisibilizado, e que o sofrimento dos docentes é tratado como questão individual,
psiquiátrica ou jurídica. As principais causas de sofrimento mental identificadas pelas
autoras foram o produtivismo acadêmico, o assédio entre os pares e as formas de
avalião do trabalho o que gera individualismo, competição e menor senso de coletivo.
Para lidar com o sofrimento, foram identificadas estratégias individuais praticadas pelos
professores, como o isolamento, a mobilidade interna e o descredenciamento da pós-
graduação. Por fim, a partir dos resultados, as autoras reforçam a importância do caráter
institucional e coletivo do sofrimento mental frente ao trabalho docente.
Em seguida, os pressupostos e conceitos da ergologia que embasam a discussãoo
apresentados.
2. ERGOLOGIA: PRESSUPOSTOS E CONCEITOS
A ergologia caracteriza-se como uma das teorias inseridas nas clínicas do trabalho, cujo
fundamento é conhecer profundamente o trabalho para ser possível a intervenção e a
transformão sendo Yves Schwartz, importante filósofo francês, um dos principais
estudiosos (BENDASSOLLI; SOBOLL, 2011). Trinquet (2010) complementa a
caracterização ao afirmar que a ergologia é um método inovador que permite abordar a
atividade humana, sendo capaz de facilitar o entendimento da realidade laboriosa do
indivíduo que trabalha.
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A atividade humana possui algumas características básicas, quais sejam: existência de
uma distância irreduvel entre o trabalho prescrito e o trabalho real; tal distância é sempre
ressingularizada, sendo conduzida e arbitrada por entidade de alma e corpo; a
arbitragem sempre mobiliza um complexo de valores, o que caracteriza o trabalho como
um debate de normas e valores (SCHWARTZ; DUC; DURRIVE, 2010). O trabalho
prescrito abrange as regras, os regulamentos e as diretrizes. Ele é englobado pelas
normas antecedentes que são definidas por duas características em relação ao agir
humano: anterioridade, isto é, existem antes da vida coletiva; e, anonimato, por não
considerarem a singularidade daqueles que estarão encarregados de agir no posto de
trabalho (DURRIVE; SCHWARTZ, 2018). Já o trabalho real envolve a efetivação do
trabalho e a avalião do trabalhador, o qual adapta o prescrito e as normas aos seus
valores, percepções e sentimentos (BORGES, 2004; DURRIVE; SCHWARTZ, 2018). A
situação real do trabalho sempre será distinta do que foi antecipado pelo prescrito mas
este é necessário para o trabalho (SCHWARTZ, 2010).
Como método de pesquisa e intervenção, Trinquet (2010) explica que se deve
considerar o trabalho prescrito e o trabalho real por meio da dialética pluridisciplinar dos
saberes, quais sejam: saberes constituídos e saberes investidos. Enquanto o saber
constituído refere-se ao saber erudito e acadêmico, o saber investido é o saber
experiencial, da atividade, do aqui e agora, sendo um verdadeiro saber e complementar
ao saber constituído. O autor assume que a atividade de trabalho se relaciona com a
dialética desses saberes, além de estar pautado nas relações sociais que se
desenvolvem nas organizações e na sociedade.
O corpo-si é outra concepção importante na ergologia. Durrive e Schwartz (2018)
explicam que este envolve um centro de arbitragem individual que incorpora o psíquico,
o social, as normas, os valores, dentre outros; funcionando como regras endógenas
formadas a partir das constantes renormalizações. Os autores explicam que o processo
de renormalização está no cerne da atividade, pois uma vez que o ser humano está
exposto a normas e exincias no meio em que se encontra, ele tenta de forma
permanente a reinterpretação dessas normas que lhe são propostas como uma
tentativa de configurar o meio como o seu próprio meio” (DURRIVE; SCHWARTZ, 2018,
p. 26). Os autores reforçam também que a individualidade fruto dos encontros
renovados com os meios da vida , considerada como história, é o próprio corpo-si.
Assim, o corpo-si supera a divisão entre biológico, psíquico e cultural, e envolve a pessoa
enquanto ela está vinculada a atividade, englobando aspectos sociais, psíquicos e
institucionais, além de valores, normas, racionalização, tempo, dentre outros (DURRIVE;
SCHWARTZ, 2018).
Ainda, conforme Schwartz (2010), é efetivamente nas análises da atividade de trabalho
que se manifesta a dialética entre uso de si por si (singular, uso de si em função de si
próprio) e uso de si pelos outros (dimensão social, com uso de si em fuão do que os
outros demandam). Durrive e Schwartz (2018) esclarecem que o trabalho coloca em
tensão o uso de si comprometido e consentido por si mesmo, e o uso de si que é
requerido pelos outros. Assim, as dramáticas de uso de si ocorrem em situações que
rompem as sequências antecipáveis e habituais da vida, e por isso a necessidade de
agir e reagir isto é, de fazer usos de si (DURRIVE; SCHWARTZ, 2018), cotidianamente
e continuamente.
A ergologia apresenta-se, enfim, como um importante aporte teórico para se pensar as
adaptões do trabalho aos indivíduos (e não os indivíduos ao trabalho) por meio da
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aproximação da atividade humana de trabalho (TRINQUET, 2010). Assim, para
entender, analisar, pensar e transformar o trabalho, a aplicão da lente ergológica
apresenta-se como um caminho promissor. Nesse sentido, a ergologia pode
proporcionar a compreensão de como as pessoas vivenciam as dramáticas de usos de
si em meio às normas instituídas no mundo do trabalho considerando a atividade como
lugar de tensão, já que o trabalhador deve fazer suas micro escolhas constantemente
(SCHWARTZ, 2010). A atividade humana é constituída de ampla riqueza, e a ergologia
entende e considera tal característica.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este artigo adotou procedimentos de revisão bibliográfica sistemática, caracterizada
como uma revio planejada que utiliza todos sistemáticos e explícitos para coletar e
analisar estudos prévios, embasados em um objetivo (BOTELHO; CUNHA; MACEDO,
2011). Especificamente, trata-se de uma revisão integrativa de literatura, cujo objetivo é
sintetizar a literatura empírica e teórica de estudos já desenvolvidos em determinado
tema. A importância do método é justificada por permitir a compreensão mais abrangente
de um fenômeno e, assim, fornecer elementos para a geração de novos conhecimentos
(BOTELHO; CUNHA; MACEDO, 2011; MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008). A
revisão e a alise da literatura seguiram os procedimentos indicados por Botelho,
Cunha e Macedo (2011), conforme as etapas indicadas no Quadro 1.
Quadro 1 Etapas da revisão sistemática
Etapa 1: Delimitação da temática e proposição da questão de pesquisa.
Etapa 2: Estabelecimento de critérios de incluo e excluo e busca inicial pelos estudos. Neste momento
inicial, houve p-seleção de 35 artigos.
Etapa 3: Identificação dos estudos pré-selecionados.
A)
Procedimentos de exclusão, após a busca inicial:
1-
Identificação dos artigos repetidos entre as bases de dados utilizadas. Exclusão de 8 artigos;
2-
Seleção de periódicos conforme classificação Qualis CAPES (dez/2019) na área de
Administração ou interdisciplinar (*), estando de acordo com o escopo da pesquisa. As
classificações mantidas foram A2, B1, B2 e B3, excetuando a Revista Ergologia (*). Excluo de
4 artigos.
3-
Leitura criteriosa dos títulos, resumos e palavras-chave dos artigos. Exclusão de 12 estudos que
não estavam em conformidade com o escopo desta revio de literatura (por exemplo: estudo
que tratou exclusivamente do trabalho docente no ensino básico, estudo com a lente da
psicodinâmica do trabalho e com ênfase em outras temáticas e objetos de pesquisa, como
gênero, reforma agrária, gestão pública, etnologia e fenomenologia, dentre outros).
B)
Resultado final: 11 artigos selecionados para a revio.
Etapa 4: Leitura e categorização dos estudos selecionados.
Etapa 5: Análise e interpretação dos resultados obtidos após a leitura dos artigos.
Etapa 6: Apresentação da revio de literatura e proposta para estudos futuros.
Fonte: Elaborado conforme as etapas de revio sugeridas por Botelho, Cunha e Macedo (2011). Nota: (*)
As justificativas destas escolhas serão apresentadas no pprio texto.
Na Etapa 1, foi delineado o interesse inicial em revisar estudos sobre o trabalho docente.
Sequencialmente, foi feita a seleção da lente ergológica para ser utilizada em conjunto
com o trabalho docente. Com isso, foi definida a questão de pesquisa: Quais são as
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principais problemáticas vivenciadas no trabalho docente retratadas em estudos
recentes de perspectiva teórico-analítica ergológica, à luz da realidade brasileira?
Na Etapa 2, os seguintes descritores de busca foram utlizados: [("trabalho docente" OR
"docentes" OR "professor" OR "professores" OR "professora" OR "professoras") AND
("ergologia" OR "ergológico" OR ergonomia”)]. Os procedimentos de busca e de
inclusão de estudos foram os seguintes: 1) Artigos científicos recentes publicados entre
2014 e 2019; 2) Artigos indexados nas bases Scielo Brasil, Periódicos CAPES, Biblioteca
Virtual em Saúde (BVS Brasil) e Revista Ergologia; 3) Estudos realizados no Brasil
(idioma Portugs); 4) Busca pelos descritores no campo [Todos os Índices] das bases
de dados. A partir disso, inicialmente, 35 artigos foram identificados.
Na Etapa 3, foram adotados procedimentos de excluo dos artigos pré-selecionados
conforme os critérios indicados no Quadro 1. Ressalta- se que um dos procedimentos
de exclusão envolveu a classificão Qualis CAPES, sendo selecionados os periódicos
classificados, como interdisciplinar, de extrato B3 ou superior com exceção da revista
Ergologia. Chegou-se, enfim, em 11 artigos selecionados para a revisão.
Sequencialmente, na Etapa 4, foi conduzida a leitura e a categorização dos estudos
selecionados conforme os seguintes procedimentos: 1) Separação de artigos em
teóricos e empíricos (cada grupo com a sua matriz de síntese); 2) Leitura dos artigos na
íntegra; 3) Elaboração de matriz de síntese (via Microsoft Excel) com as informões:
referências, palavras-chave, tetica e objeto, lente teórica, objetivo, problemáticas
discutidas, argumentos e achados; 4) Análise crítica dos estudos com a criação de
categorias e agrupamentos (base na Ergologia), mantendo a ênfase nas probleticas
vivenciadas na atividade do trabalho docente.
A Etapa 5 contemplou a identificação das principais problemáticas vivenciadas no
trabalho docente e a discussão e análise dos dados incluindo sucintamente o
enfrentamento das problemáticas identificadas. Por fim, na Etapa 6, foi realizada a
descrição das fases da revio, de forma criteriosa, e a apresentação dos principais
resultados obtidos.
Em síntese, as todos os procedimentos supracitados de inclusão e exclusão, esta
revisão de literatura englobou 11 estudos que estavam em conformidade com o objetivo.
A pesquisa bibliográfica contemplou artigos indexados em bases de periódicos
relevantes no cenário da pesquisa brasileira (Scielo Brasil, Periódico CAPES e BVS
Brasil). A Revista Ergologia foi incluída dentre as bases de busca devido a sua relevância
nos estudos sobre a atividade humana. Ademais, compreendendo que a ergologia trata-
se de um método pluridisciplinar para abordar a realidade da atividade humana
(TRINQUET, 2010), a estratégia de busca contemplou periódicos do Qualis CAPES na
área de Administrão por ser a formação/atuação das autoras deste estudo e na
área da Educação, por contemplar estudos analíticos sobre o trabalho docente.
A partir da leitura dos artigos e identificão das principais problemáticas vivenciadas no
trabalho docente, foram levantadas categorias conforme a lente ergológica, quais sejam:
1) Prescrições do trabalho; 2) Organização do trabalho; e, 3) Confronto entre saberes.
Em relação ao enfrentamento dessas probleticas, é apresentado sucintamente no
tópico a seguir o debate de normas, o corpo-si, as renormalizões e os usos de si.
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS
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4.1 Caracterização dos artigos
Inicialmente, procedeu-se com a caracterização das prodões selecionadas. Conforme
já destacado, a seleção envolveu as áreas de Administração e Educão. O Quadro 2
sumariza as informações principais dos artigos.
Quadro 2- Artigos selecionados
Área
Classificação
Qualis CAPES
Autores e Data de
Publicação
Ciências
Humanas
B1 (ADM, CCO, T)
B2 (EDU)
Jogaib e Muniz (2015)
B2 (ADM, CCO, T)
B2 (EDU)
Lima e Cunha (2018)
B4 (ADM, CCO, T)
B5 (EDU)
De Freitas e Petinelli-Souza (2018)
Veríssimo, Faria, Oliveira e
Silva (2018)
S/c (ADM, CCO, T)
A2 (EDU)
Ribeiro, Araújo-Jorge e Bessa
Neto (2016)
S/c (ADM, CCO, T)
B2 (EDU)
Barros, Silva, Zamboni, Martins e
Cardoso (2019)
B1 (ADM, CCO, T)
A1 (EDU)
Alves (2018)
B3 (ADM, CCO, T)
B1 (EDU)
Dias, Santos e Aranha (2015)
Linguísticas e
Letras
S/c (ADM, CCO, T)
B1 (EDU)
Alves (2014)
Santanna (2014)
S/c (ADM, CCO, T)
B2 (EDU)
Beato-Canato e Arruda (2017)
Fonte: Elaborado pelas autoras.
Legenda: (ADM, CCO, T) - Administração Pública e de Empresas, Ciências Contábeis e Turismo; (EDU) -
Educação; S/c - Sem classificação para a área, conforme Qualis CAPES (Quadriênio 2013-2016).
Os artigos selecionados se dividiram em estudos teóricos de natureza reflexiva e de
revisão bibliográfica e estudos empíricos. Os estudos tricos reflexivos se ocuparam
das seguintes temáticas e objetos: atividade docente em cursos de educão à distância
(ALVES, 2014); ementas de disciplinas e trabalho docente (SANTANNA, 2014);
invisibilidade do trabalho docente (ALVES, 2018); e, professores com contratos de
prestão de serviço temporário (BARROS et al., 2019). Já o artigo de revisão
bibliográfica investigou, dentre outros tópicos, a representação do trabalho docente no
Brasil (DIAS; SANTOS; ARANHA, 2015).
Os estudos empíricos se caracterizaram como qualitativos, com as seguintes teticas
e objetos de investigação: vivências da aposentadoria no trabalho docente (JOGAIB;
MUNIZ, 2015); ambiente, saúde e trabalho como influenciadores na educão
profissional (RIBEIRO; ARAÚJO-JORGE; BESSA NETO, 2016); formação docente em
contraste com as propostas das diretrizes curriculares nacionais (BEATO-CANATO;
ARRUDA, 2017); influência de prescrições e renormalizações no trabalho docente (DE
FREITAS; PETINELLI-SOUZA, 2018); políticas de reconhecimento de saberes no
trabalho docente (LIMA; CUNHA, 2018); e, aprendizado durante a formação docente e
as formas de trabalho (VERÍSSIMO et al., 2018).
No tocante a atuação do professor em níveis de ensino, os artigos se dividiram da
seguinte forma: (5) contemplaram especificamente o ensino superior (BEATO-CANATO;
ARRUDA, 2017; DE FREITAS; PETINELLI-SOUZA, 2018; JOGAIB; MUNIZ, 2015;
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SANTANNA, 2014; VERÍSSIMO et al., 2018); (4) a doncia de forma geral; isto é, sem
distião específica do nível de atuão (ALVES, 2014; ALVES, 2018; BARROS et al.,
2019; DIAS; SANTOS; ARANHA, 2015); (1) a docência em níveis diversos, incluindo o
técnico e o tecnológico (LIMA; CUNHA, 2018); e, (1) o ensino técnico (RIBEIRO;
ARAÚJO-JORGE; BESSA NETO, 2016).
A partir de tais descrições dos artigos selecionados para esta revisão de literatura, é
possível, enfim, analisar e discutir os dados obtidos.
4.2 Problemáticas no trabalho docente
4.2.1 Prescrições do trabalho
A distância entre o trabalho prescrito e o real é uma proposição advinda da ergonomia e
assumida como universal, na lente ergológica, para qualquer atividade humana
(SCHWARTZ, 2010). Os estudos teóricos reflexivos de Santanna (2014), Alves (2014)
e Alves (2018), e as investigações emricas de De Freitas e Petinelli-Souza (2018) e
Veríssimo et al. (2018) versam sobre as problemáticas da atividade frente às prescrições
do trabalho.
Santanna (2014) discutiu as tendências à aproximação e afastamento da situação de
trabalho de um professor de ensino superior em relação ao conteúdo de ementas de
disciplinas nesse caso, especificamente, do curso de Letras. A autora explica que, na
academia, a ementa trata de uma descrição conceitual e procedimental de uma
disciplina, sendo o instrumento oficial para determinar a aptidão para que o professor
exerça a atividade. A ementa é utilizada, portanto, como referência para professores e
alunos, constituindo espaços de conhecimento previamente definidos e de saberes que
são valorizados. Com esse entendimento, assume-se no estudo a problemática de que
a preparação para o trabalho docente é definida pelo controle de conteúdos dissociados
da atividade como se a prescrição fosse o único nível que importasse na concepção
do trabalho. Ora, o trabalho docente é complexo e demanda criatividade fugindo do
caráter passivo e mecânico e, por isso, para a formação do professor, a autora defende
que é fundamental a diminuição da distância (ou desaderência) que as disciplinas do
eixo de saberes formais registram em suas ementas.
Com base nas considerações tecidas pela autora, entende-se que a formação do
professor e a preparação para o trabalho docente pautam-se muito mais pelas disciplinas
acadêmicas do que propriamente pelos saberes investidos nas normas antecedentes,
pois essas estão validadas pelos saberes coletivos isto é, pelos professores que de
fato vêm exercendo as suas atividades. Nessas situações, as ementas são
formalizações que atendem às exigências burocráticas e permitem a avalião do
cumprimento ou não da meta de conteúdos proposta. Em geral, tais ementas não
capturam a dinâmica das relações e a riqueza do trabalho de fato desenvolvido no
processo de ensino-aprendizagem; isto é, aquele que transforma a ementa em
vivências. Cada professor, ao exercer a docência, coloca o peso do valor singular que
atribui ao tópico prescrito com antecipação e neutralidade.
Alves (2014) também analisou as prescrições do trabalho e a sua relação com a
atividade docente na educação à distância (EAD) modalidade crescente no mundo
contemporâneo. Pelas características dos cursos EAD, o trabalho docente é realizado
em plataformas virtuais por meio da tutoria. Nessa atividade docente, o fundamento é
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conceder maior autonomia ao aluno no processo de constrão do conhecimento. Para
a autora, embora existam modelos diversos de EAD, a tutoria é o principal mecanismo
de apoio no processo de aprendizado on-line. Nesse sentido, o professor-tutor vive,
cotidianamente, as problemáticas de ser um intermediador entre o trabalho programado
por um professor formador aquele que planeja, seleciona e prepara o material didático,
e que toma decisões de suporte pedagógico e os alunos. Ora, tem-se aí uma divisão
determinada entre quem planeja e quem executa e, com isso, o professor-tutor está
longe de atuar como um autônomo, recebendo comandos do professor e efetivando os
planos destes, na interação com os alunos (ALVES, 2014, p. 338).
Esse modelo reproduz a lógica taylorista do trabalho com a clássica divisão de que
alguns pensam e outros executam, e tal pressuposto contribui para anular as
singularidades do trabalho real (HOLZ; BIANCO, 2014). E se tal concepção de trabalho
não atende a atual realidade para organizões do setor industrial, menos ainda atende
às especificidades do trabalho em serviço pautado na relação prestador-usuário para
responder às demandas e, mais especialmente, às do serviço de ensino EAD, cujas
relações professor-aluno estão agora intermediadas por um terceiro que reinterpreta as
normas prescritas pelo professor. Ou seja, se a ergologia aponta uma dupla antecipação
das normas para o exercício da atividade a primeira antecipação seria o entendimento
do prescrito, enquanto a segunda antecipação seria a interpretação de como eu (e não
outro) vou me colocar pra fazer o prescrito dadas às condições (DURRIVE;
SCHWARTZ, 2018) , como fica a complexidade para agir se quem interpreta é ainda
um terceiro (o tutor) nesse processo que precede a ação?
Em um estudo mais recente, Alves (2018) apresenta reflexões sobre a invisibilidade da
docência sob o ponto de vista da atividade. O autor ratifica que a diferença existente entre
trabalho prescrito e real não é origem de uma falha na especificão, e que é impossível
ater-se linearmente ao previamente prescrito já que a situação real abrange inúmeras
variabilidades. Com isso, é destacada a invisibilidade da atividade docente que,
conforme o autor, não é somente dirigida ao aluno ao contrário do que é percebido pelo
senso comum. Para Alves (2018), o trabalho docente também envolve aspectos do
contexto e das pessoas. Dessa forma, a atividade docente envolve coletivos de trabalho
(escolas, turnos, níveis de ensino, segmentos da educação), ferramentas (livros,
manuais, textos), prescrições, dentre outros.
Especificamente sobre as prescrições, Alves (2018) adverte que, de um lado, tem-se as
prescrições a serem seguidas (como por exemplo o plano de aula elaborado pelo
professor); porém, por outro lado, tem-se a atividade de trabalho, e muitos aspectos dos
contextos e das pessoas são negligenciados no prescrito. Conforme o autor, na atividade
docente, um aspecto de contexto seria um equipamento que falha e que acaba
impedindo o desenvolvimento da aula; já um aspecto das pessoas estaria nas diferenças
entre os turnos manhã e noite e, com isso, nas diferentes dimicas de ensino que
precisam ser adotadas. Esses aspectos reforçam a invisibilidade da atividade docente
frente às prescrições do trabalho.
De Freitas e Petinelli-Souza (2018), ao investigarem normas antecedentes e prescrições
regimentos, estatutos, leis, resolões e portarias que compõem as atividades
cotidianas de professores de uma universidade pública brasileira, constataram a
existência de normas sociais que são vivenciadas pelos docentes, como: trabalhar em
domicílio, utilizar materiais pessoais para lecionar, realizar pesquisas e publicar artigos,
atender alunos sem local programado, gerir o tempo da aula (reduzindo-o, para que seja
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possível o intervalo entre as aulas), dentre outros. Tais normas sociais não existem nos
manuais, porém são vivenciadas no dia a dia de forma natural, constituindo
probleticas para o docente. As autoras advertem para os elementos variados que
interferem na realização do trabalho docente (pessoais, sociais, econômicos), e estes
não são previstos com exatidão pelas normas. Logo, para que o trabalho ocorra, o
docente precisa se colocar por completo na realização das atividades, utilizando
continuamente de novas formas de fazer para lidar com a imprevisibilidade.
Mais uma vez, observa-se a necessária renormalização do trabalho (DURRIVE;
SCHWARTZ, 2018). É o valor que o docente dá ao seu trabalho que o faz agir para além
dos limites impostos para que possa atingir a meta acordada socialmente e presente nas
normas antecedentes. Dessa forma, para que a atividade de ensino se desenvolva, o
docente faz os usos de si para driblar, em parte, os constrangimentos impostos pelo
meio.
Nessa perspectiva, Veríssimo et al. (2018) buscaram compreender a disncia entre o
que docentes aprendem durante a formação (prescrições) e a forma como trabalham.
Para tanto, investigaram uma egressa de Pedagogia de uma instituição de educação
superior, e verificaram a criação e o protagonismo no trabalho real da professora frente
às prescrições externas, às especificidades dos alunos e às necessidades requeridas
pelo meio. Como profissional, a professora enfrenta problemáticas diversas que não
foram ensinadas na formação docente, ou indicadas nos manuais vigentes o que
evidencia a distância da formação com o trabalho real. São inúmeras as problemáticas
apontadas, incluindo a necessidade de ateão difusa (alcance da diversidade na sala
de aula), mas, também, atenção focada (reconhecimento das especificidades dos
alunos); a preocupão em deixar marcas positivas; e, o controle constante das
emoções. Entende-se que a complexidade do trabalho real e da situação vivida é
impossível de ser antecipada em manuais e normas, e que é o corpo-si por inteiro com
os saberes investidos (DURRIVE; SCHWARTZ, 2018; SCHWARTZ, 2010; TRINQUET,
2010) que responde aos desafios impostos naquele meio onde se desenvolve a
atividade.
Os artigos supracitados evidenciam a grande complexidade do trabalho docente. Ao
avaliar as prescrições do trabalho docente, ratifica-se a existência de uma distância
permanente e irredutível entre o trabalho que é prescrito e o trabalho que é realizado
(SCHWARTZ; DUC; DURRIVE, 2010) conforme os pressupostos ergológicos. O
trabalho real constitui a ordem da atividade de um sujeito singular, e o trabalho docente
deve ser entendido como uma prática situada (DIAS; SANTOS; ARANHA, 2015). As
diversas probleticas apresentadas reforçam que a atividade de trabalho se constitui
como um lugar de problema e conflito (SCHWARTZ, 2010) e, especificamente, na
docência, a distância entre o prescrito e o trabalho real é gerida pelo necessário
engajamento político-social daquele sujeito que ensina (VERÍSSIMO et al., 2018). Cada
sujeito tem uma maneira única e singular de ser, de agir, de reagir e de estar no mundo;
logo, cada professor, mesmo as o processo de aprendizagem para a docência, será
o detentor singular de sua atividade docente.
4.2.2 Organização do trabalho
As formas atuais de organizão do trabalho, associadas à incorporação do
conhecimento técnico-científico, objetivam o aumento constante da produtividade, o que
provoca o acréscimo do trabalho precário e de outras formas atípicas de emprego, além
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do aumento do vel de exploração do trabalho (CANÁRIO, 2018). A partir desse
contexto, o estudo de revisão bibliográfica de Dias, Santos e Aranha (2015), bem como
a pesquisa reflexiva de Barros et al. (2019), englobaram aspectos da organização do
trabalho docente a partir ergologia. Adicionalmente, as investigações empíricas de
Ribeiro, Araújo-Jorge e Bessa Neto (2016) e Jogaib e Muniz (2015) também versam
sobre aspectos da organização no ensino e na educão.
Dias, Santos e Aranha (2015) reforçaram aspectos negativos e alarmantes sobre a
organizão atual do trabalho docente no Brasil, incluindo sobrecarga de jornada, perda
da autonomia e desvalorização salarial e social. As autoras advertem que a organizão
efetiva do trabalho nas instituições de educação se submete, muitas vezes, às
determinações macroestruturais, preterindo a dinâmica das ricas e diárias negociões
que ocorrem no interior das instituições. Escolas, faculdades e universidades são
percebidas como espaços de controle disciplinar. Outra importante especificidade
apontada referente ao contexto brasileiro é a valorização da produção do saber
desvinculada de sua transmissão, o que instaura a separação entre atividade de
pesquisar e ensinar, cientista e professor, e teoria e prática.
A precariedade do trabalho não é discutida de modo isolado pela ergologia, no entanto
a relação micro-macro do trabalho é ressaltada. Na pesquisa, Dias, Santos e Aranha
(2015), ao olharem para a atividade, alertam para a estreita relação entre os aspectos
macro econômico-sociais presentes por exemplo, nas metas de produtividade e de
tempo instituídas para a tarefa , funcionando, pois, como normas antecedentes para as
atividades realizadas.
O estudo de Barros et al. (2019) contemplou a precarizão do trabalho docente, com
ênfase nas contratações temporárias. Para os autores, inúmeros docentes estão
vivenciando arranjos adoecedores na gestão dos processos de trabalho. No Brasil, o
sucateamento do ensino público vem sendo aplicado de diferentes maneiras, como:
equipamentos inoperantes; número de escolas insuficientes; quadro reduzido de
professores; e, desqualificação do trabalho docente, com péssimas condições de
trabalho, maior exigência quanto ao esforço pessoal e redão salarial. Conforme os
autores, as políticas brasileiras aumentaram de forma considerável o ritmo de trabalho
do professor e, atualmente, a polivalência é uma verdadeira exigência na atividade de
ensino incluindo o discurso empresarial da máxima produtividade e da redão de
custos que impera nos ambientes de ensino. Nas redes públicas, muitos docentes vêm
sendo contratados de forma temporária, com prazos determinados, para exercerem a
mesma fuão (mesmos deveres e obrigações) dos professores efetivos porém, com
salário inferior e sem os mesmos direitos. A situação, para os autores, é preocupante,
pois traz inúmeras complicações e consequências prejudiciais à atividade docente.
Mais uma vez, se observa no estudo de Barros et al. (2019) a relão macro-micro
política que se instaura na atividade de trabalho. Neste caso, existem regimes de trabalho
diferentes, uns efetivos e outros temporários, o que faz com que os docentes disponham
de diferentes recursos para enfrentar as infidelidades do meio (Di RUZZA; LACOMBLEZ;
SANTOS, 2018). Muitas vezes, para enfrentar as adversidades encontradas, os usos de
si são acionados para renormalizar (DURRIVE; SCHWARTZ, 2018) e responder à
situação. As relões de trabalho precárias trazem mais constrangimentos ao coletivo
para planejarem a gestão dos resultados esperados no longo prazo. Concluem os
autores, é preciso produzir conhecimentos que emanem da atividade e promovam
mudanças diretas na organizão do trabalho docente (Barros et al., 2019, p. 12).
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Ribeiro, Araújo-Jorge e Bessa Neto (2016) investigaram três temáticas principais
ambiente, saúde e trabalho na elaboração de uma tecnologia social de saberes e
práticas profissionais de educação. Por meio de um resgate histórico do trabalho de
educação, assistência social e saúde no estado do Acre, os autores advertem para
inúmeras situações que influenciaram para maior flexibilizão e precarização do
trabalho. Por exemplo, muitas instituições que, por manterem o foco no desenvolvimento
produtivo, consideram medidas de segurança e de proteção ao trabalhador apenas
quando afetam diretamente o mercado. Para os autores, é urgente pensar na
necessidade de integrar ambiente de trabalho, saúde do trabalhador e o próprio trabalho
para a definição de decisões a nível social, político, cultural e econômico. Conforme os
autores, deve-se retirar o trabalhador da situação de alienão nos meios de prodão,
de forma que a reprodão dos processos e a quantificação de casos não sejam os mais
relevantes. Especificamente, para a atividade de ensino na educão profissional, os
autores reforçam que é crucial a articulação entre ambiente, saúde e trabalho.
Em outro estudo, Jogaib e Muniz (2015) investigaram as vivências da aposentadoria por
professores de uma universidade pública federal brasileira os quais optaram por
continuar exercendo suas atividades após aposentarem, na mesma instituição. Apesar
de ainda se submeterem a normas e regras, os professores mencionaram maior
flexibilidade e autonomia sobre as tarefas desempenhadas após a aposentadoria. Vale
destacar que, em uma situão contrária, o aumento da carga de trabalho pode provocar
danos à saúde do trabalhador, principalmente por este não encontrar possibilidades de
ação e de modificão de seu modo operatório. Os autores explicam que o excesso de
normas no ambiente de trabalho é invivel, podendo ser extremamente adoecedor. O
que se verificou, no caso de tais professores, foi uma atividade de trabalho que se afastou
dessas características excessivamente normativas e danosas. Os resultados
demonstraram diminuição da carga de trabalho e aumento das possibilidades de
escolhas. Logo, tais características da organizão do trabalho foram positivas e
influenciaram substancialmente para a decisão dos professores de continuarem na
docência.
Vale destacar algo importante que esse estudo apresenta. Um ambiente menos regrado
é visto como positivo para a sde pelos docentes aposentados. Ou seja, no exercício
dessa atividade de serviço, numa nova condição, os professores percebem um ambiente
mais propício às manifestações da vida (CANGUILHEM, 2002), e podem fazer um uso
de si por si maior do que em outros momentos da carreira (JOGAIB; MUNIZ,
2015, p. 8). Assim, veem novos modos de inserção no coletivo de trabalho. Além disso,
a aposentadoria possibilitou, no entender desses docentes, uma outra vivência com o
trabalho de maior liberdade , e ainda podem continuar contribuindo com os objetivos
organizacionais e com a sociedade.
A partir da leitura dos artigos, algumas reflexões podem ser colocadas. A proliferação do
trabalho precário tornou-se uma realidade (BARROS et al., 2019) e, na ordem moderna,
muitas instituições adotam políticas de descentralização (como, em instituições blicas,
transferência do estatal para o terceiro setor), incorporando, assim, flexibilizão e
precarizão do trabalho (RIBEIRO; ARAÚJO-JORGE; BESSA NETO, 2016). Tratando
do trabalho docente, é urgente pensar e refletir sobre as maneiras com que se organiza
o trabalho; afinal, revela-se, a cada dia, o quanto a precarização, os vínculos temporários,
dentre outros, (BARROS et al., 2019) são prejudiciais não apenas para os profissionais,
mas muitas vezes traz consequências para o ensino.
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Ao pensar na organização do trabalho e na produtividade nos ambientes acadêmicos,
valem as reflees: a ênfase na produtividade está pautada na aprendizagem dos
alunos? Se as formas atuais de organização do trabalho docente incorporam os vínculos
temporários, os contratos de curto prazo, a precarização, dentre outras características,
estas não tendem a prejudicar justamente a produtividade, isto é, uma atividade fim do
docente, o ensino?
4.2.3 Confronto entre saberes
A atividade de trabalho, no encontro entre o prescrito e o real, se relaciona com a dialética
dos saberes constitdos e investidos. Tal dialética é essencial na ergologia, pois se tem
uma visão mais completa e realista da atividade de trabalho humano. As pesquisas
conduzidas por Lima e Cunha (2018) e Beato-Canato e Arruda (2017) apresentaram
probleticas vivenciadas no trabalho docente que se relacionam com a dialética de
saberes.
Lima e Cunha (2018) discutiram como as ões voltadas para o reconhecimento de
saberes de professores m se materializando nas políticas públicas. As autoras
explicam a complexidade dos saberes docentes, em uma convergência entre saberes
profissionais, curriculares, disciplinares e experienciais. Na investigação, constatou-se
que as políticas públicas brasileiras de reconhecimento de saberes e competências dos
docentes focam a realização de atividades específicas, consideradas mais relevantes
em detrimento de outras como a pesquisa, em prejuízo de atividades de ensino. Para
as autoras, tal todo tem pouca contribuição para a valorização dos saberes docentes,
além de configurar uma mudança na valorização destes. Antes, o professor era
selecionado e valorizado por sua experiência profissional além da escola; atualmente, é
valorizado por sua experiência como pesquisador. Com isso, reforça-se o desinteresse
de docentes no envolvimento em atividades de ensino, trazendo à tona um perfil novo
de docente na educação profissional muitas vezes, desvinculado da prática docente.
Em concordância com as autoras, é necessário problematizar o que está sendo
valorizado, e quais os saberes docentes que estão sendo reconhecidos.
Beato-Canato e Arruda (2017) analisaram a formação docente idealizada pelo projeto
político pedagógico (PPP) e ementas disciplinares neste caso, para licenciatura em
Letras , e contrastaram com a regulão das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN).
As autoras ressaltam que as DCN tratam de perfil, competências e habilidades
esperadas do profissional, e que este deve atuar em diferentes frentes de trabalho
(professor, pesquisador, revisor, etc.). Ao compararem o PPP e as DCN, as autoras
identificaram que ambos defendem a formação do profissional com perfil flexível. Porém,
na organização real do curso, há ainda a estruturão baseada na distinção entre teoria
e prática, com reserva da maior parte de carga horária para disciplinas exclusivamente
técnicas caracterizando um curso bipartido. Da forma como está organizado, a
permanência desse enfoque contribui para a desvalorização do trabalho docente e visão
aplicacionista e reducionista da profissão, já que fica subentendido que, para ser
professor, basta dominar conteúdos ensináveis. Assim, outros saberes e dimensões
fundamentais para a complexa atividade docente (como postura crítica e consciente,
didática, ões coletivas e transformadoras) são preteridos.
Tem-se atualmente a grande valorização do saber cienfico-tecnológico, o que exacerba
a importância dos saberes racionais não apenas no trabalho docente, mas na vida
social , e menospreza outras formas de apreender a realidade (DIAS; SANTOS;
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ARANHA, 2015). Vale reforçar que a atividade de trabalho docente é constituída por
elementos variados e complexos, os quais envolvem os diversos saberes (não apenas
o saber constituído). Assim como afirma Trinquet (2010), o trabalho não é somente a
realizão técnica e mecânica (como muitos o reduzem). Logo, para analisar,
compreender e avaliar a atividade humana e os saberes docentes criados e recriados
cotidianamente , é preciso se aproximar dos sujeitos envolvidos na construção diária
dessa atividade.
4.3 Enfrentamentos no trabalho docente
Como pensar que o exercício profissional não remete o indivíduo às suas escolhas e
dramas internos? (SCHWARTZ, 2000b). Assim como toda atividade de trabalho, a
atividade de trabalho docente é permanentemente uma renormalização das normas
antecedentes. Conforme Dias, Santos e Aranha (2015), o professor não cumpre as
prescrições de forma passiva, pois a dinâmica da vida escolar exige a recriação das
normas antecedentes o que expressa saúde, inteligência, desejo e subjetividade. O
processo de renormalizão dos docentes, frente aos desafios no meio de trabalho,
significa sempre elaborar e rever saberes e escolhas que perpassam os seus valores.
Assim, o docente cria e recria, em suas micro-ões e micro-escolhas, na tentativa de
transformar o meio para um pouco de si mesmo.
O fazer diferente por meio da constante geso da distância entre o prescrito e o real
demonstra-se, no trabalho docente, de inúmeras maneiras, como: orientar o que for
possível (JOGAIB; MUNIZ, 2015); pegar na mão do aluno ou subir aulas (ALVES, 2018);
desculpar o número de faltas (DE FREITAS; PETINELLI-SOUZA, 2018); terminar a aula
mais cedo para não prejudicar a aula seguinte (DE FREITAS; PETINELLI-SOUZA,
2018). Visualiza-se o corpo-si funcionando como regras endógenas formadas a partir
das constantes renormalizações (DURRIVE; SCHWARTZ, 2018) na atividade docente.
Vale reforçar as palavras de De Freitas e Petinelli-Souza (2018, p. 108): as
renormalizações acontecem, quando os docentes precisam se posicionar diante do que
a norma orienta e o que o sujeito opta por fazer.
Já que as normas não são completas, o trabalhador se mantém em posição constante
de dúvidas e incertezas, envolvendo as dramáticas de usos de si por si e pelos outros
(DURRIVE; SCHWARTZ, 2018; SCHWARTZ, 2000a). O estudo de Jogaib e Muniz
(2015) exemplifica muito bem o uso de si por si, em que os professores, com a
aposentadoria, vivenciam de maior liberdade para fazer uso de si por si. Por essa
modificação na maneira como fazem os usos de si, os autores sugerem uma
reconfiguração da relão com o trabalho pelo fato de os professores aposentados terem
maior autonomia e possibilidades de escolhas.
Nesse sentido, Dias, Santos e Aranha (2015) refletem sobre as draticas de usos de
si no trabalho docente. Eles explicam que, para responder às prescrições, o professor
faz uso de si pelo outro, pois favorece o outro (quem emanou a prescrição), atendendo
àquilo que determinam os planos de curso e ensino, o calendário, a política educacional,
dentre outros. Fazer usos de si pressupõe escolher em meio a alternativas infinitas, em
que os usos de si (por si e pelos outros) se entrelaçam dialeticamente. De fato, tais
escolhas devem ser acertadas, uma vez que são fundamentais para preservar a vida, o
bem viver e a saúde do trabalhador.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo objetivou identificar probleticas vivenciadas no trabalho docente em
estudos recentes brasileiros por meio de uma revio sistetica da literatura.
Atualmente, verifica-se que as relações de trabalho sofrem intensa instabilidade e
precarizão. O momento é de dúvidas, incertezas e apreensão pelo trabalhador no
caso deste estudo, o docente. Ou seja, estudar o trabalho docente, nessa conjuntura, é
necessário e urgente. Esta pesquisa alcançou o seu objetivo e fornece um panorama do
que vem sendo estudado recentemente sobre o trabalho docente no Brasil pela
perspectiva teórico-analítica ergológica, contribuindo, assim, para a construção do
conhecimento sobre a temática.
Por meio da revisão de literatura, 11 estudos foram selecionados. Os resultados
demonstram as principais problemáticas vivenciadas pelos docentes, as quais foram
agrupadas em três temáticas. A primeira, prescrições do trabalho, incluiu: dissocião
entre conteúdos de ementas de disciplinas e a atividade docente (SANTANNA, 2014);
dificuldades do professor-tutor, na educação à distância, no papel intermediador entre
professor formador e alunos (ALVES, 2014); invisibilidade do trabalho real na doncia,
muitas vezes considerado simples e sem complexidade (ALVES, 2018); existência de
normas sociais na atividade de ensino, que não existem nos manuais, mas que são
cobradas socialmente (DE FREITAS; PETINELLI-SOUZA, 2018); e, necessidade de
aplicar habilidades e conhecimentos que não foram tratados na formação docente ou
nos manuais e regulamentos (VERÍSSIMO et al., 2018).
A segunda temática, organização do trabalho, englobou: aspectos alarmantes do
trabalho docente (como sobrecarga e perda de autonomia), bem como o saber
desvinculado da transmissão (DIAS; SANTOS; ARANHA, 2015); precarização dos
vínculos do trabalho docente contemporâneo (BARROS et al., 2019); alienação do
trabalhador e não integração entre ambiente, saúde e trabalho nas práticas de educação
(RIBEIRO; ARAÚJO-JORGE; BESSA NETO, 2016); e, reconfiguração da relação com
o trabalho de professores aposentados (JOGAIB; MUNIZ, 2015). Já a terceira temática,
confronto entre saberes, incluiu: insuficiência de políticas públicas para reconhecimento
de saberes docentes (LIMA; CUNHA, 2018); e, visão reducionista dos saberes docentes
(BEATO-CANATO; ARRUDA, 2017).
A partir das problemáticas levantadas, indaga-se, enfim: ora, se o mundo é transformado
ininterruptamente pela atividade humana (DURRIVE; SCHWARTZ, 2018), será que os
professores estão possuindo o merecido e devido espaço para transformarem o mundo?
A sua grande e inegável importância educação, ensino, pesquisa, formão de
cidadãos, dentre muitas outras práticas deve ser constantemente (re)lembrada. É
necessário repensar o contexto do trabalho docente e modificar aspectos de
constrangimento e de precarizão do trabalho. A prodão de conhecimentos a partir
da gestão da atividade para a transformão positiva do trabalho docente revela-se como
fundamental em tal processo.
Por fim, cabe ressaltar que não se pretendeu com esta pesquisa a generalização dos
resultados em relação ao trabalho docente. Existem muitas possibilidades de
investigações sobre o tema. Para estudos futuros, sugere-se a revisão de pesquisas
sobre o trabalho docente em um período maior do que o utilizado neste artigo (por
exemplo, dos últimos 10 anos), para que seja possível estabelecer um paralelo entre as
probleticas vivenciadas pelos docentes como avaliar mudaas ao longo da história
e os fatores contextuais que possam ter influenciado nas mudanças. Indica-se também
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a revisão de literatura que inclua outras localidades, além do Brasil, para que seja
possível conhecer especificidades do trabalho docente em outros povos e culturas.
Ademais, o cenário atual de pandemia ocasionada pela COVID-19 provoca inúmeros e
profundos desafios ao trabalho docente. Explorar esses desafios e as consequências
destes (sociais, mentais, psicológicas, etc.) no trabalho docente em pesquisas futuras
revela-se como um caminho necessário. Mais do que nunca, é preciso um olhar atento
aos professores.
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Data da submissão: 18/03/2021
Data da aprovação: 19/08/2021