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DOI: https://doi.org/10.35699/2238-037X.2022.32933
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
A PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO DOS LICENCIADOS EM EDUCAÇÃO
FÍSICA: INFORMALIDADE E O DISTANCIAMENTO DO CONTEXTO
ESCOLAR
1
Preacarizing the work of licenses in physical education: informality and the
distancing of the school context
SILVA, Maria Edilene Araújo
2
XEREZ, Antonia Solange Pinheiro
3
RESUMO
Resulta de uma investigão realizada com licenciados em Educação Física que atuam em diversos
setores de trabalho dessa área de conhecimento. O objetivo geral desta pesquisa foi averiguar se a
precarização do trabalho na Educação sica tende a distanciar os professores dos setores
relacionados ao terreno pedagico escolar. Justificou-se a investigação com suporte nas
transformações ocorridas na Educação sica e no mundo do trabalho, em que se percebem mudaas
no status docente, na relação entre sociedade e Educação Física, bem como é notória uma
precarização do trabalho em todos os setores deste locus do saber parcialmente ordenado. O estudo
foi realizado por meio de uma busca de campo, efetuada com 15 licenciados em Educação sica
atuantes no Munipio de Iguatu - CE. O instrumento utilizado na recolha de dados foi a entrevista
semiestruturada, tendo-se recorrido, para exame dos indicadores, ao método hisrico dialético, pois
entende-se que o citado recurso possibilita enxergar o femeno investigado mais a fundo, procurando
descobrir o que está por trás das apancias do objeto investigado. Nos achados, percebeu-se, de
maneira geral, que os licenciados estão buscando setores laborais fora do contexto escolar por motivos
associados a melhores sarios e afinidade com a área da sde-fitness. Constatou-se que os
professores, em sua maioria, tendem a escolher a escola como local de trabalho, unicamente por
fatores ligados à estabilidade financeira.
Palavras-chave: Precarizão do Trabalho. Professor. Educação Física.
ABSTRACT
This study is the result of an investigation carried out with graduates in physical education who work in
various sectors of work in this area of knowledge. The general objective of this research was to find out
if the precariousness of work in physical education tends to distance teachers from sectors related to the
school pedagogical field. The investigation was justified from the transformations that occurred in
1
Artigo elaborado com suporte na pesquisa desenvolvida para dissertação do Mestrado Acadêmico
Intercampi em Educação e Ensino (MAIE-UECE), intitulada A Precarização do Trabalho dos Licenciados em
Educação Física: a Informalidade e o distanciamento do contexto escolar (2020).
2
Mestra em Educação e Ensino pela Universidade Estadual do Ceará, Graduação em Educação sica
pela Universidade Regional do Cariri. Professora Temporária do Curso de Graduação em Educação sica
da Universidade Regional do Cariri (Campus Iguatu). E-mail: <edilenearaujo.ef@gmail.com.
3
Doutora em Educação pela Universidade Nove de Julho, Mestra em Educação, Administração e
Comunicação pela Universidade São Marcos, Graduação em Ciências Sociais pela Universidade Estadual
do Ceará, Graduação em Direito pela Universidade de Fortaleza. Professora adjunto da Universidade
Estadual do Cea, professora do mestrado acadêmico (MAIE) da Universidade Estadual do Ceará. E-mail:
antonia.xerez@uece.br.
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physical education and in the world of work, in which changes in the teaching status, in the relationship
between society and physical education are perceived, as well as, a precariousness of work in all sectors
of this area of education. knowledge. The study was carried out through a field research, carried out with
15 graduates in physical education who work in the municipality of Iguatu - Ce. The instrument used in
the data collection was the semi-structured interview, the dialectical historical method was used for data
analysis, as it is understood that it makes it possible to see the investigated phenomenon deeper, trying
to discover what is behind the appearances of the object under study. In the findings, it was noticed in
general, that the graduates are looking for work sectors outside the school context for reasons
associated with better salaries and affinity with the health-fitness field. It was found that the majority of
teachers tend to choose the school as a preferable place of work solely due to factors related to financial
stability.
Keywords: Precarious Work. Teacher. Physical Education.
INTRODUÇÃO
O trabalho como atividade produtiva é característico do ser humano, no qual, por meio
de suas manifestações, ele consegue os meios necessários para sua sobrevivência.
Com amparo em suas necessidades, ele passou a modificar seu trato com a natureza,
constituindo uma relação que dependeria da transformação do meio para atender as
suas necessidades de sobrevivência. Com o tempo, essas necessidades auferem novas
modalidades de produção e reprodão da vida. Surge, então, a atividade produtiva que
hoje conhecemos como trabalho (MARX, 2011).
Além do vínculo com a natureza, o trabalho estabeleceu as relações entre os próprios
seres humanos, possibilitando, assim, o convívio social e a constituição das primeiras
civilizões ou sociedades. Então, se originaram as primeiras modalidades de produção
que estabeleceram o modelo de trabalho contemporâneo. O surgimento do capitalismo
ocasionou mudaas no trabalho, iniciadas com a exploração do trabalhador pelos
proprietários dos meios de produção, a atividade econômica. Doravante, passou a
buscar única e exclusivamente o lucro e a expansão do capital (FRIZZO, 2012).
Com o desenvolvimento da sociedade capitalista, surgiu a necessidade social de novos
homens e mulheres, mais fortes, eficientes e empreendedores. De tal maneira, o(a)
operário(a), ao melhorar suas potências naturais, as transformavam em força de trabalho
que vendiam como mercadoria ao capitalista, conforme destaca Castellani Filho (2009,
p.51):
Os exercícios físicos, então, passaram a ser entendidos como "receita" e "remédio". Julgava-
se que, através deles, e sem mudar as condições materiais de vida a que estava sujeito o
trabalhador daquela época, seria possível adquirir o corpo saudável, ágil e disciplinado
exigido pela nova sociedade capitalista.
Desse jeito, o corpo, pari passu, ganha destaque no sistema capitalista, conforme a
classe dominante percebe sua importância para a produtividade. Ele passa a ser objeto
de estudo e é alvo de interesse das áreas das Ciências Biológicas e da Natureza, que
difundem o cuidado com o corpo por meio de ideologias de assepsia social e higienismo
4
(OLIVEIRA, 2013). Por tal pretexto, o capitalista incentivava o cuidado e investia nos
4
O higienismo é entendido como uma ideologia que, baseada no positivismo, buscava
estabelecer normas, hábitos, aprimoramento da saúde coletiva, do povo e da raça. Também agia
nos conflitos entre o capital e a classe trabalhadora, buscando uma melhor saúde para o
trabalhador, no intuito de proporcionar mais produtividade e acúmulo ao capital (GOIS JUNIOR;
LOVISOLO, 2005).
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corpos dos trabalhadores por intermédio de estratégia de enquadramento ao modelo do
capital, em que era preciso obter corpos saudáveis para o trabalho, juntamente com
corpos disciplinados e obedientes, passivos à exploração vivenciada no trabalho
industrial.
As demandas da sociedade capitalista passaram a exigir do trabalhador características
passíveis de ser proporcionadas e melhoradas com a Educação Física. Havendo, assim,
ocorrido, ela foi pensada e vivenciada para atender aos interesses da classe social
hegemônica, ou seja, o estrato que comanda a sociedade. No Brasil, a Educão sica
começou a auferir espaço nas escolas em 1851, com a Reforma Couto Ferraz, em
seguida, no ano de 1882, Rui Barbosa possibilitou um destaque significativo para essa
atividade escolar, defendendo na reforma do ensino primário a legitimão da disciplina
(SOARES, 2012).
Em 1970, os cursos de formação na área da Educação Física foram recebendo
destaque, inicialmente com o curso de licenciatura, que possibilitava o título de licenciado
em Educação Física. Com a expansão dos setores extraescolares, no entanto, que
desenvolviam atividades relacionadas à Educão Física, a classe dominante
considerou, então, o licenciado despreparado para trabalhar nos âmbitos que vinham
em ascensão. Com isso, em 1987, foi criado o curso de bacharelado em Educação
Física, dividindo essa área de conhecimento em duas vertentes distintas (SILVA, 2011).
Dessa maneira, a licenciatura preparava professores exclusivamente para trabalhar no
campo escolar, pois, simultaneamente, o bacharelado viabilizou a graduão de
profissionais em Educação Física para atuar nos setores relacionados esporte,
academia lazer e treinamento individualizado. Com essa divisão, restou pensar-se em
uma regulamentação do ofício que foi estabelecida pelo sistema CONFEF/CREFs
5
.
Desde então, se tem o caminho aberto para uma formação flexível e uma precarização
dos profissionais formados na área da Educão Física (SANTOS JUNIOR et al, 2009).
Sousa Sobrinho (2009) acredita que o CONFEF legitima a caracterizão da Educação
Física como produto de venda nos setores de serviço, e fortalece o ideário de que o
profissional desta área é um prestador de serviços, facilitando, assim, as condições para
mercadorização da cultura corporal e a propagação do trabalho na senda extraescolar.
Nozaki (2004) ressalta que as mudanças ocorridas na Educação Física escolar à
extensão do tempo contribuem para o projeto educacional hegenico, que desprestigia
a Educão Física no contexto escolar e valoriza os setores não escolares.
Com esteio nas considerões até aqui procedidas, e buscando entender a conjuntura
atual que envolve o trabalho dos professores de Educão Física, destaca-se o seguinte
questionamento: a precarização do trabalho na Educação Física destina-se a afastar os
professores do campo escolar no Município de Iguatu Ceará?
Acredita-se que as várias transformões ocorridas no mundo do trabalho da Educação
Física ocasionam o afastamento dos professores das lides laborais no âmbito
pedagógico escolar. Aescolha dos setores de trabalho, decerto, muitas vezes, ocorre
por afinidade, mas também por falta de oportunidade no local desejado. Como
suposição, tem-se, ainda, que os fatores determinantes dos locais vantajosos de trabalho
na área da Educação Física estão associados a salário, estabilidade, condições
estruturais e afinidade com o setor de atuão.
5
Conselho Federal de Educação Física/Conselho Regional de Educação Física.
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Posto isso, o objetivo principal deste estudo é averiguar se a precarização do trabalho na
Educão Física tende a distanciar os docentes dos setores de trabalhos relacionados
ao campo pedagógico escolar no Município de Iguatu Ceará. Seu foco específico
descansa em verificar se a escolha dos locais de trabalho dos docentes ocorre de
maneira intencional ou involuntária, pretendendo, ainda, apontar, por meio da percepção
dos investigados, os fatores que estabelecem âmbito mais vantajoso para lidar,
atualmente, na área da Educação Física.
Esta demanda acadêmica torna-se relevante, com arrimo em observações empíricas
feitas em relação à escolha dos loci de trabalho de licenciados em Educação Física,
porquanto é perceptível maior interesse nos ambientes relacionados aos setores
extraescolares em detrimento do contexto escolar. Destarte, acredita-se ser essencial
descobrir se o fato observado é autêntico e quais fatores acarretam essa possível
realidade.
PERCURSO METODOLÓGICO
Este estudo é caracterizado como uma pesquisa de campo, na qual o pesquisador busca
obter informações acerca de um problema especificado inicialmente (LAKATOS, 2010).
Dito experimento ocorreu no Município de Iguatu, localizado no Estado do Ceará, a cerca
de 440km da capital, Fortaleza.
O grupo investigado foi composto por 15 licenciados em Educação Física atuantes em
diversos locais da área, entre eles: escolas (privadas e/ou públicas), academias e área
da saúde (privadas e/ou públicas), bem como no terreno informal (academias, pras,
parques e ruas). Para critério de inclusão, consideraram-se participantes do estudo
homens e/ou mulheres acima dos 18 anos, licenciados em Educação Física e ativos nos
setores de trabalho formal e/ou informal da atividade sob exame.
O instrumento utilizado na coleta de dados foi a entrevista, feita face a face e
individualmente, e em obediência a um roteiro semiestruturado. Gil (2008, p.109) ensina
que a entrevista constitui [...] a técnica em que o investigador se apresenta frente ao
investigado e lhe formulam perguntas, com o objetivo de obtenção dos dados que
interessam à investigação. É uma modalidade de conversa, na qual uma das partes
coleta os dados e a outra se exprime como fonte de informação.
Tratando-se do procedimento da pesquisa, discorre-se que, no primeiro momento, os
licenciados foram contactados por meio de mensagens por via de aparelho celular, em
se intentando saber o interesse e a disponibilidade dos professores em participar do
estudo. Uma vez confirmada a colaboração dos investigados, foram agendados o dia e
o horário para a realização das entrevistas, que ocorreram, em sua maioria, nos locais
de trabalho dos pesquisados.
Ressalta-se que o estudo seguiu as normas da Resolão nº 510, de 07 de abril de 2016,
que trata de princípios éticos para pesquisas realizadas no âmbito das Ciências
Humanas e Sociais. Desse modo, inicialmente, indicaram-se os objetivos, riscos e
benefícios da pesquisa, para, na sequência, ser efetuada a a leitura do Termo de
Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), que, após lido, foi assinado, juntamente com
o Termo de Consentimento Pós Esclarecido e o Termo de Autorização de Gravação de
Voz.
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O Método Histórico Dialético foi o escolhido para análise deste ensaio, porquanto
conforma uma metodologia fornecedora de alicerces para uma leitura [...] dinâmica e
totalizante da realidade, já que estabelece que os fatos sociais não podem ser
entendidos quando considerados isoladamente, abstrdos de suas influências políticas,
econômicas, culturais etc. (GIL, 2008, p.15). Com efeito, a dialética possibilitou ver mais
profundamente o fenômeno investigado, procurando refletir sobre ele e descobrir o que
está por trás das aparências da conjunção de aspectos investigada.
AS CONDIÇÕES E OS SETORES DE TRABALHO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO
FÍSICA
Para realizar a exposição das informações coletadas, os entrevistados foram identificados com
letras e números, conforme assim demonstrado: E1, E2, E3, sucessivamente, até o E15. Essa
classificação teve o intento de manter em sigilo os dados dos participantes da pesquisa e facilitar
a mostra dos indicadores. A análise ocorreu por meio de categorias nas quais se buscou identificar
as expressões enfatizadas nas falas dos sujeitos, para, assim, elencar as temáticas que
possibilitassem o entendimento da realidade investigada.
O método utilizado no estudo conforme se adiantou - foi o Materialismo Histórico Dialético, por
permitir a identificação de pontos relevantes para a leitura e compreeno realidade investigada.
De efeito, iniciou-se do empírico, do que pode ser observado nos fatos, seguindo para a análise
da conjuntura expressa pelos entrevistados. Daí, por meio do confronto das ideias, aportou-se a
um novo argumento de observar a realidade envolta das transformações ocorridas no trabalho
dos professores de Educação Física.
Evidencia-se que todos os entrevistados são licenciados em Educação Física, e que o tempo de
atuação em sua área de formação varia de sete meses a dezoito anos. Salienta-se, conforme
coletado nos dados que, dos 15 entrevistados, sete trabalham em academias e fazem
atendimento individualizado (personal trainer), quatro atuam na escola e como personal trainer,
três somente na escola e um milita na contextura da saúde mental. Constata-se, ao analisar as
informações iniciais, que somente três professores têm atuação específica na escola. Em
contrapartida, sete licenciados atuam exclusivamente em saúde-fitness e, quatro investigados
desenvolvem tarefas, simultaneamente, na escola e no setor da saúde-fitness.
Ocorre que o crescimento nos setores de trabalho na Educação Física, juntamente com as
alterações nas regras trabalhistas, conduz os professores dessa área a se adequarem a formatos
de empregos que surgem como trabalho não organizado, informalizado e destituído de direitos
(SCHERER, 2005). Ressalta-se que o contexto escolar possibilita aos entrevistados trabalharem
por meio da formalidade, enquanto as atividades realizadas no âmbito extraescolar são
caracterizadas pela informalidade.
Fica evidente, por meio da verificação dos dados, que existe uma expansão do mercado de
trabalho da Educação Física, em que se percebe a junção dos segmentos da saúde, estética e
lazer. Nozaki (2004) evidencia a noção de que a Educação Física escolar perde espaço, ao
mesmo tempo em que o ambiente extraescolar expande o seu mercado, modificando as
características do mundo do trabalho, focando na manutenção do sistema capitalista e
favorecendo a exploração comercial por meio da precarização laboral.
Outro dado relevante é que a soma dos professores atuantes na escola (total de sete) não
ultrapassa a dos docentes que trabalham unicamente na área da saúde-fitness (total de oito).
Com efeito, percebeu-se um maior número de licenciados operando no setor extraescolar, sem
relação nenhuma com a seara educacional. Consoante alcança Mussi (2017, p.01), as mudanças
ocorridas socialmente influenciaram diretamente as transformações do trabalho na Educação
Física, principalmente em se tratando dos licenciados, que adquiriram [...] novas funções,
diferentes contextos profissionais e a exisncia de processos de precarização cujos reflexos se
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expressam não apenas na formação, carreira e salários, mas também no status social e na baixa
atratividade pela profissão docente.
No geral, é notório o fato de que as transformações ocorridas no mundo do trabalho, como a [...]
subproletarização, a expansão do trabalho parcial, temporário, informal, sub-contratado,
terceirizado, ou seja, flexível e precário, tem afetado diretamente o trabalho na Educação Física.
(NOZAKI, 2004, p.91). Conforme o observado, o professor dessa área permuta a venda de sua
força de trabalho na escola ambiência extraescolar, atuando em locais mais precarizados e
desregulamentados.
A imagem do professor passa por mudanças significativas no decorrer do tempo e isso faz
com que este redefina seu papel e sua função de acordo com as mudanças que alteram as
relações de seu trabalho. E em paralelo com a degradação da sua imagem social o
professor enfrenta a profissão com uma atitude de desilusão e de renúncia. (PRADO et al,
2013, p. 08).
A desilusão relativa ao mister docente e as configurações atuais de contratação no
trabalho, sem dúvida, representam fatores relevantes para a realidade observada, na
qual docentes se distanciam da formalização do trabalho por desapontamento e
insegurança, dando preferência a atividades informalizadas e socialmente mais
valorizadas.
Em decorrência dos achados iniciais e, analisando o relato dos entrevistados sob um
prisma abrangente, considerou-se pertinente a elaboração de um fluxograma para exibir
as informões reunidas com amparo nas falas coletadas. Sendo assim, a análise dos
dados foi exposta em duas categorias, subdivididas em eixos categóricos, emersos de
palavras frequentemente encontradas nos discursos do grupo investigado. Expressa
elaboração objetivou melhor exposição, verificação e entendimento dos indicativos
recolhidos.
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Fluxograma 01 Categorias de Análises
Fonte: Dados da Pesquisa Elaboração própria.
Nesse fluxograma, são observáveis as divisões das categorias, dos eixos categóricos e
das palavras instituidoras, ou seja, os termos que foram enfatizados nas falas dos
entrevistados. Na primeira categoria, foram observados os aspectos associados à
precarização do trabalho do licenciado em Educação Física. Subsequentemente, vieram
os problemas relacionados ao distanciamento do professor de Educação Física em
relação ao espaço escolar. Deste agora, as categorias são expostas e analisadas de
acordo com o esquema mostrado.
PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO DO LICENCIADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Neste módulo, exibem-se os motivos que levaram o grupo investigado a optar por
trabalhar em diversos setores da Educação Física. Esses locais conforme já observado,
perpassam a escola, academia e saúde mental. Visando a uma melhor compreensão
da alise, esta categoria foi dividida em cinco eixos, cada um sendo reunido com
suporte nas palavras enfatizadas repetidas vezes pelos sujeitos averiguados.
"Escolha" do trabalho de maneira intencional
Do total de professores entrevistados, 11 afirmaram que a escolha” do setor de atuão
foi intencional. Entre eles, três atuam no âmbito da educação, quatro militam em
educação e saúde-fitness e quatro operam somente no setor da saúde-fitness. Observa-
CATEGORIAS
Precarização do
Trabalho do Licenciado
em Educação Física
"Escolha" do Trabalho
de Forma Intencional
Afinidade
Identificação
Paixão
"Escolha" do Trabalho
de Forma Não
Intencional
Necessidade
Oportunidade
Diferenças Estruturais
dos Locais de Trabalho
Materiais
Espaços
Diferenças Salariais Personal Trainer
Concurso
Diferença na
Valorização Profissional
Personal Trainer
Professor
Distanciamento do
Licenciado em
Educação Física do
Espaço Escolar
"Escolha" do Setor de
Trabalho
Escola
Academia
Fatores para "Escolha"
do Setor de Trabalho
Estabilidade Financeira
Maior Renda
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se por meio dos dados que todos os docentes entrevistados na pesquisa, atuantes no
ambiente escolar, estão trabalhando nesta área por escolha própria. Em contrapartida,
de um total de oito entrevistados que trabalham com saúde-fitness, somente quatro
optaram por atuar nesse setor.
Eu sempre tive uma preferência sobre a escola, o âmbito escolar e a natação, foram
proximidades. (E3).
A questão de afinidade, desde o início era minha intenção trabalhar com musculação.
(E12).
Saúde-fitness. A minha experncia de estágio eu me identifiquei demais com o ambiente
com o público com as pessoas e decidi continuar. (E2).
Verifica-se nas falas dos sujeitos a intencionalidade de escolha no locus de trabalho. Os motivos
sempre estão relacionados com afinidade, identificação e paixão. É significativo observar que os
licenciados que lavram na escola estão nesse espaço por identificação, porém cabe destacar que
quatro docentes, além de atuarem na escola, também o fazem no setor da saúde-fitness,
verificando-se em suas falas a afinidade pela ocupação extraescolar.
Trabalho nos dois âmbitos. Oão de ter os dois então fui para os dois que eu me adapto.
Mas, prefiro a academia, a parte não formal. (E10).
Área fitness e educacional. Eu me apaixonei pelo funcional, através da academia, eu
trabalhava na musculação, conheci o funcional e me apaixonei, eu achei mais dimico,
mais divertido, você consegue ver mais resultados. E eu me interessei mais por essa área.
(E5).
Ao analisar os dados recolhidos, nota-se que seis dos 11 investigados escolheram
mourejar no setor de saúde-fitness. Nozaki (2004) destaca que a Educação Física
escolar, paulatinamente, perde importância. Em contrapartida, no contexto extraescolar,
ocorre uma amplião dos pontos de trabalho da Educação Física, deixando essa área
mais visada e atraente para os licenciados. Esse mercado de atuação, entretanto, é
precarizado, terceirizado e envolve setores de serviços sem direitos para o trabalhador.
Both (2009, p.81) enfatiza em seu estudo sobre as mudaas no mundo do trabalho e
suas mediações na Educação Física que [...] a área o escolar, está se apresentando
como um espaço de precarização do trabalho, especialmente no que se refere aos
direitos trabalhistas, mas também no referente a salários e condições de trabalho.
Evidencia-se que, apesar de as escolhas dos investigados estarem relacionadas à
afinidade com a área da saúde-fitness, eles reconhecem que encontram nesses locais
de trabalho instabilidade e perda de direitos. Esse debate será aprofundado mais
adiante.
"Escolha" do trabalho de maneira não intencional
Neste eixo categórico, foram expressos os relatos dos entrevistados que o optaram
por trabalhar no setor designado atualmente. Dos docentes investigados, quatro
relataram que não escolheram trabalhar no campo em que estão atuando, mas que
desenvolvem essas funções por motivos relacionados a necessidade e falta de
oportunidades.
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Era a única coisa que tinha para oferecer, que tinha vaga. (E14).
Mas, a necessidade... na verdade surgiu a oportunidade eu não quis perder. (E11).
O mercado de trabalho em si, as oportunidades que foram surgindo a gente acaba se
adequando. (E8).
É comprovado, por meio dos discursos, que os entrevistados não têm afinidade com a
saúde-fitness, constituindo a necessidade de um emprego e a falta de oportunidades os
principais motivos que os levaram a atuar nessa área. Esse fato é ocasionado por meio
da expansão divisões de trabalho da Educão Física e as mudanças realizadas nas
regras trabalhistas brasileiras, sob as quais os professores tiveram que se adaptar à
realidade de empregos precários e terceirizados. Esse fato é observado desde o
momento em que se nota uma redução no número de vagas de emprego formal, mas,
em contrapartida, percebe-se um aumento dos espaços de trabalho não formal
(SCHERER, 2005).
Por intermédio das informações expostas nesta subseção do artigo, observa-se que os
entrevistados desenvolvem o seu trabalho determinados por fatores ligados ao ambiente
social no qual eles vivem. Nesta contextura, os licenciados tendem a trabalhar em
âmbitos com os quais não se identificam pela necessidade de ter um emprego.
Ao verificar os apontamentos destacados nessa categoria, observou-se que 11 dos 15
partícipes da demanda ora relatada estão atuando em seu locus de interesse, dos quais
seis optaram por desenvolver atividades em saúde-fitness, razão por que mais de 50%
dos investigados militam, intencionalmente, fora da escola. Neste eixo categórico foram
apontadas afinidade, identificação e paixão, como os principais motivos para escolha
intencional.
Remetendo-se à atuação não intencional dos lugares de trabalho, constatou-se que
quatro entrevistados estão ativos por fatores relacionados a necessidade e falta de
oportunidades. Para complementar as discussões acerca da realidade investigada,
foram buscados nas falas dos entrevistados apontamentos sobre as diferenças nos
setores de atuação da Educação Física. Com isso, verificaram-se ltiplos contextos
que, provavelmente, influenciam na sua escolha e permanência.
Diferenças estruturais dos locais de trabalho
Neste ponto, foram analisadas as declarações dos licenciados que tratam sobre a
diferença estrutural nas atividades da Educação Física. Descobriu-se que as condições
materiais são a principal diferença entre os misteres no âmbito escolar e no da saúde-
fitness.
Tem diferença de tipo recursos, eu acho que é prerio em todos, mas academia nem tanto,
porque lá tem todo maquinário, algumas tem o melhor outras não, mas para atuar na escola
você se depara com a falta de espaço com falta de material. (E1).
A escola, é mais difícil pela questão de material. (E3).
A escola não tem estrutura. Hoje as academias como uma instituição privada investem muito
em estrutura e equipamentos. A escola não tem... Muitas vezes nós professores temos que
criar ou adaptar equipamento para desenvolver uma aula.(E6).
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Constata-se, por meio das falas dos entrevistados, que existem diferenças de estrutura
material entre os âmbitos da escola e da saúde-fitness, sendo que, sobra evidente a
precarização dos materiais para as aulas de Educação Física na escola. Como reflete
Freitas (2014, p.20), as condições físicas e materiais de que algumas escolas dispõem
para as aulas de Educação Física são precárias, em que [...] as atividades são
realizadas fora da escola e com poucos recursos para possibilitarem um
desenvolvimento satisfatório das aulas. O autor ainda ressalta que escolas sem
estrutura provocam sensação de inseguraa e insatisfação em professores e alunos.
Essa falta de estrutura no espaço escolar relatada pelo grupo entrevistado não se efetua
em lugares de treinamentos individualizados, como as academias de musculão. São
notados locais bem equipados e com as condições apropriadas para o desenvolvimento
das atividades.
As academias caracterizam-se por oferecer um espaço adequado para a prática de
exercio físico. E para suprir essa necessidade e grande exigência do público, as academias
oferecem a musculação (atividade que faz uso de equipamentos como esteiras, bicicletas,
elíptico, aparelhos específicos para os grupos musculares). [...] E aulas de ginástica (step,
jump, ginástica localizada, bike indoor, aeróbica, circuito). [...] Algumas dispõem ainda de
espaço para natação, hidroginástica, yoga, pilates, alguns tipos de dança, programas para
gestantes, artes marciais e lutas. (PATRICIO, 2012, p.30).
Observa-se que os espaços relacionados a saúde-fitness são mais bem estruturados do
que o ambiente escolar. Na escola falta estrutura material e física, enquanto, na
academia, verifica-se uma infraestrutura propícia às demandas de treinandos e alunos.
Salienta-se que esse aspecto é de interesse do capital, pois a precarizão da Educação
Física escolar acarreta maior procura por espaços equipados e confortáveis (privados),
rendendo mais lucro às empresas.
Partindo dos apontamentos realizados pelos entrevistados, resta clara a frustração dos
docentes em relação à estrutura oferecida nas escolas para o desenvolvimento das
aulas de Educação sica.
A experiência deixou a desejar nessa questão material. (E4).
A escola não tinha nenhuma estrutura, não tinha material, não tinha nada. Era péssima! (E5).
Marginalização da área, a falta de recursos de materiais de espaço. (E15).
Ao observar as falas dos sujeitos E4, E5 e E15, constatam-se dificuldades enfrentadas
pelo professor de Educação Física no espaço escolar. Salienta-se que os entrevistados
trabalham atualmente na saúde-fitness por escolha intencional. Isso possibilita fazer-se
uma análise reflexiva sobre a realidade investigada, em que se observam docentes
decepcionados com as condições de trabalho na escola e atraídos pelas estruturas
oferecidas nos setores extraescolares.
Diferenças salariais
Foram debatidos neste módulo problemas encontrados nas falas dos entrevistados
referentes às diferenças salariais no contexto laboral da Educação Física, de maneira
mais específica, entre os setores da educação e da saúde-fitness.
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Segundo o grupo investigado, o personal trainer (trabalhador informal) destaca-se em
termos de salário, chegando a ganhar mais do que um professor do setor formal da área.
Existe diferença na área financeira. O personal trainer ganha mais. (E4).
Personal trainer trabalha com incentivo a mais, o dinheiro. (E10).
Se tratando do mercado informal o personal que se destaca recebe mais. (E11).
Hoje, pela visibilidade do personal está muito em moda, as vezes com 3 alunos eles
conseguem tirar uma renda boa. (E15).
Como referido pelos investigados, o personal trainer consegue perceber mais do que um
professor da escola. Essa realidade conduz o licenciado a crer que as áreas informais
de trabalho ligadas aos setores extraescolares são mais vantajosas em termo de
lucratividade, ocasionando seu distanciamento do trato pedagógico escolar. Melo (2016)
enfatiza que profissionais de nível superior de fora do contexto escolar tendem a ganhar
mais do que os professores de escola.
Com efeito, Gatti e Barretto (2009, p.247) salientam que "[...] os salários recebidos pelos
professores não são tão compensadores, especialmente em relação as tarefas que lhe
são atribdas". Essa realidade é comprovada por meio das respostas dos entrevistados
deste experimento, no qual os docentes observam que trabalhar no contexto
extraescolar é mais vantajoso financeiramente do que morejar na escola, mesmo sendo
o primeiro um trabalho dotado de informalidades.
Sauer e Lacks (2009) aprofundam esse debate, enfatizando que a fragmentação do
trabalho desfavorece a Educação Física escolar, conferindo a esta um status secundário,
inclusive no âmbito das políticas públicas e educacionais. As autoras apontam que as
práticas corporais efetivadas no contexto extraescolar têm uma valorização acentuada,
pois ganharam incentivos com o crescimento do neoliberalismo.
Continuando a analise, percebeu-se que, apesar de os entrevistados enfatizarem que o
personal trainer tem a possibilidade de ganhar um maior salário, é um consenso entre
eles a existência de uma instabilidade nessa atuação. Eles destacam:
Personal é melhor por que dependendo da quantidade de alunos vo tem um ganho
superior ao da escola. Mas ele não é estável, não é fixo. (E4).
Eu considero mais estável o âmbito escolar, porque se vo tiver um concurso ali é uma
estabilidade. o personal é um aluno hoje um aluno não é amanhã, então é uma coisa
incerta. (E8).
Eu acredito que o lado positivo da escola é a segurança de salário, a gente tem um salário
certo todo mês. Como personal vo acaba oscilando o seu salário, tem mês que você
ganha mais e tem mês que você ganha menos. (E13).
Com amparo nos fatos verificados, observa-se que os licenciados compreendem a
instabilidade do trabalho informal, porém, como já vimos nos dados, parte desses
docentes encontra-seno contexto da saúde-fitness que abrange a informalidade. É
interessante analisar essa realidade e compreender como as transformões do trabalho
na Educão Física afetam os professores dessa área, que tendem a buscar a
informalidade como área laborativa.
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Ao analisar os indicadores mostrados antes, percebeu-se que uma parte dos
entrevistados trabalha na informalidade por identificação e paixão pela área, fato que
conduz a se concordar com Tavares (2002), quando a autora ressalta que o trabalho
informal não concentra apenas trabalhadores excluídos do emprego formal, assim como
não se restringe às atividades de estrita sobrevivência. Ou seja, a informalidade também
absorve trabalhadores que por algum motivo gostam de atuar nestas circunstâncias.
Haja vista as considerações reunidas, percebeu-se que o personal trainer, via de regra,
tem maiores salários, comparativamente ao professor da escola e de outros setores
comuns. Verificou-se que todos os licenciados entendem a instabilidade do trabalho
informal, porém, por fatores ligados a contextos intrínsecos e extrínsecos, alguns deles
preferem atuar na informalidade. Esta situação se faz comum na sociedade capitalista
contemporânea, a qual necessita “[...] cada vez menos do trabalho esvel e cada vez
mais das mais diversificadas formas de trabalho parcial ou part-time, terceirizado, que
são, em escala crescente, parte constitutiva do processo de produção capitalista.
(ANTUNES, 2018, p.119).
De efeito, completa-se o entendimento dessa categoria com o eixo que aborda sobre a
valorizão dos profissionais de Educação Física. Essa discussão será procedida no
próximo ponto, e teve como temática central o debate sobre a valorização do personal
trainer e a desvalorização docente.
Diferença na valorização profissional
Para dar início aos comentários acerca desse eixo categórico, retorna-se ao debate
atinente à profissionalizão da Educação Física. Evidencia-se, inicialmente, que o
licenciado em Educão Física era o único profissional com direito a atuar na área. Com
o desenvolvimento do neoliberalismo, no entanto, e com as mudanças no trabalho, tem-
se a divisão do ocio, que institui duas formões para os profissionais da Educação
Física: a licenciatura e o bacharelado. Os licenciados devem militar na escola e os
bacharéis nos setores relacionados ao esporte, saúde e lazer, ou seja, extraescolar.
Esta, entretanto, não é uma realidade absoluta. Observou-se isso, quando se evidenciou
que, em um grupo de 15 licenciados, 12 servem profissionalmente a setores ligados à
saúde-fitness.
Expõem-se, em complemento, a seguir, as declarões dos entrevistados, referentes à
valorizão profissional, com vistas a saber se ela também influencia na escolha da
atuação desses professores.
Eu acho que atualmente está sendo mais na área fitness. o profissional de Educação Física,
a área do Bacharel, ele está se mostrando melhor entre a mídia e a sociedade, está tendo
mais renome. (E1).
Saúde-fitness, com certeza. Eu acho que a Educação Física de maneira geral transmite para
as pessoas a ideia de saúde. As pessoas pouco conhecem a Educação Física como
licenciatura. (E7).
Eu acredito que na saúde-fitness. Infelizmente na área escolar o nosso conteúdo é muito
menosprezado. (E11).
Como se observa, os investigados enfatizaram que a área mais valorizada na Educão
Física é a da saúde-fitness. Esse configura, pois, mais um motivo a contribuir com o
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afastamento do docente do âmbito escolar. Libâneo (2010), em seu livro Adeus
Professor, Adeus Professora?, evidencia que a desvalorização docente, os baixos
salários e as deficientes condições laborais acarretam o abandono da sala de aula, a
busca por outros lugares de atividades profissionais e a redução da procura por cursos
de docência.
Por tal pretexto, entende-se que a precarização do trabalho e a pouca valorizão social
do professor afetam diretamente o interesse do docente em atuar na escola. Isto porque
este constitui um espaço no qual o licenciado em Educação Física vai encontrar diversas
dificuldades, desde a falta de estrutura material e física para realização de suas aulas,
assim como a desvalorização dos conteúdos da cultura corporal, como observado no
discurso do professor E11.
Nessa alise, comprova-se que o professor, agora, é uma figura desvalorizada, assim
como ocorre com a Educação Física escolar. Em contrapartida, as searas trabalhistas
ligadas ao mercado extraescolar, a pouco e pouco, auferem espaço e popularidade no
Brasil, acarretando maior visibilidade ao profissional de Educação Física desse setor - o
personal trainer.
Ao finalizar a análise dessa categoria, constatou-se que a realidade vivenciada no
contexto atual, no qual se tem a propagão da ideia do corpo perfeito e o estilo de vida
saudável, atrai os licenciados para o setor extraescolar. Este conforma um locus de
trabalho que, consoante os indicadores examinados, contém melhores estruturas físicas
e materiais, possibilita maior valorização profissional e salários mais significativos. É, no
entanto, instável, competitivo e o responsável pelo maior número de trabalho informal
relacionado à área da Educão Física.
Evidente, então, é o fato de que motivos relacionados a estrutura material, salário e
valorizão profissional constituem características que influenciam na escolha do lugar
de trabalho dos licenciados em Educação Física; e que, mesmo o setor da sde-fitness
sendo inconstante é o âmbito de maior popularidade entre esses docentes. Portanto,
para entender essa popularização e compreender a realidade investigada, serão
discutidos, desde agora, apontamentos que acarretam o distanciamento dos licenciados
em Educão Física do âmbito escolar.
DISTANCIAMENTO DO LICENCIADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA DO ESPAÇO ESCOLAR
Esta categoria originou-se por meio das menções encontradas nas falas dos
entrevistados, que ressaltaram em seus discursos a popularidade dos setores de
trabalhos ligados ao campo saúde-fitness.
Setor preferível de trabalho na área da Educação Física
Para compreensão desse contexto, foram analisados os discursos dos 15 sujeitos
investigados, no contexto dos quais se verificou que, malgrado o maior número de
licenciados no setor extraescolar, a maioria define a escola como preferível para se
operar na área da Educação Física. Em contraposição, quatro licenciados apontaram a
saúde-fitness como melhor local de atuação. Evidencia-se que a saúde-fitness foi
representada na fala dos sujeitos por meio dos termos academia e personal trainer, como
exposto na sequência:
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Pela minha experiência, minha perspectiva, pelo que eu gosto, a área da educação. (E1).
Eu acho licenciatura, em termos da estabilidade, eu vou sempre por esse lado. (E7).
A área educacional, pois eu tenho uma estabilidade. (E9).
Na escola, se for concurso pela estabilidade financeira. (E13).
Bom, para atualidade é academia pela questão da procura da população da população.
(E2).
No meu caso eu me sinto muito bem na área fitness porque eu estou trabalhando
diretamente com a saúde. (E4).
É patente nos primeiros apontamentos o fato de que a escola é determinada como local
preferível de trabalho para os licenciados em Educação Física. É interessante observar
os dados e constatar que, embora, em sua maioria, os docentes atuem na saúde-fitness,
eles veem o chão da escola como mais favorável para seu mister profissional.
Fatores que despertam a preferência pelo trabalho na Educação
Física.
Para exposição dos dados nesta subseção, foi criado um fluxograma, no qual se verifica
que estabilidade financeira e afinidade foram os motivos que levaram os licenciados a
evidenciarem o contexto escolar como preferível para o exercício funcional. Fazendo-se
referência ao grupo que identificou o setor da saúde-fitness como local adequado, tem-
se que fatores como maior renda, identificão com a atividade e precarização do labor
docente foram considerados determinantes.
Fluxograma 02 Fatores que Despertam a Preferência pelo Trabalho na Educação Física
Fonte: Dados da Pesquisa Fluxograma. Elaboração própria.
Observa-se que os licenciados consideram a estabilidade financeira e a afinidade com a
área educacional fatores relevantes para identificar a escola como melhor local para
operar na atualidade. No referente a estabilidade do trabalho, ressalta-se que o acesso
ao cargo público por meio de concurso é a principal motivação. A maioria dos docentes,
todavia, que buscam atuar na escola não consegue a estabilidade almejada, pois, com
Perspectiva do Melhor
Âmbito de Trabalho
Escola
Estabilidade
Financeira
Afinidade
Saúde-fitness
(Academia e
Personal Trainer)
Maior Renda
Identificação
Precarzação do
Trabalho Docente
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a precarizão, os contratos por tempo determinado ganharam espo, acarretando a
redução do número de concursos públicos.
Na perspectiva de Melo (2016), a atividade do trabalho docente se concretiza atualmente
por via de contratos temporários, tendo como exemplo, o regime especial de Direito
Administrativo, que garante o emprego por um determinado período, uma vez que,
completado o tempo, o professor perde o vínculo com a instituição empregatícia. Essa
realidade não é atraente para o professor, que passa a ter com esse modelo de
contratão a perda de direitos e da estabilidade financeira. Partindo desse contexto,
considera-se que a estabilidade do trabalho docente apontada pelos entrevistados como
fator que torna a escola um local preterível, tem se tornado cada vez mais escassa.
Complementando a análise da indicação da escola como adequada ao trabalho,
verificou-se que a afinidade com a área educacional foi ressaltada como motivo de
preferência por três entrevistados. Entende-se que esses docentes trabalhariam na
Educão Física escolar por motivos ligados ao lado afetivo. Apesar do pequeno
quantitativo de professores, esse era um resultado esperado, haja vista a realidade
docente na atualidade.
Na atual conjuntura, as opções de escolha profissional se ampliaram e verifica-se que a
docência tem sido desprestigiada, tanto pelas condições de trabalho, como pelos baixos
salários, pela pouca valorização social, pela falta de incentivo da família, entre outras. É
preocupante a diminuão pela procura da carreira docente, principalmente na educação
básica como tem sido divulgado na mídia, pois o desenvolvimento de uma sociedade
pressupõe a qualidade na educação. (MACHADO, 2019, p.02).
Corroborando o pensamento da autora, considera-se preocupante o contexto analisado
no qual se percebe a perda de interesse dos professores pelo ofício docente. Esta
verdade foi comprovada nos indicativos estudados, nos quais se constata que, de 15
partícipes entrevistados, somente três trabalhariam na escola por fatores relacionados à
vertente afetiva. É lamentável perceber que os licenciados em Educação Física não têm
afinidade com a docência, porém é relevante evidenciar que essa realidade, decerto, é
influenciada pelo desvalor conferido à educação, precarizão do trabalho e falta de
incentivo à prática pedagógica.
Para compreender melhor essa realidade, ao analisar as falas dos docentes que
destacaram a saúde-fitness como local preferível para o mister de educador físico,
observou-se, por meio dos discursos, que os apontamentos se justificaram por três
fatores - maior renda, identificação e precarização do trabalho docente.
Consoante informa Sousa (2013), a média de salário de um personal trainer é
considerada satisfatória, e é atraente para os licenciados em Educação Física, porém,
esses profissionais não estão levando em conta a estabilidade e a segurança de direitos
trabalhistas - como férias, férias remuneradas, 13º salário, FGTS, hora extraordinária,
licença-maternidade, entre outros. Essa realidade se torna de total interesse do capital,
pois os trabalhadores se identificam com a informalidade de trabalho em detrimento do
âmbito formal.
Outro ponto destacado pelos entrevistados no que se refere aos fatores de predileção
para atuação no setor da saúde-fitness é a precarizão do trabalho docente no âmbito
escolar, neste caso, a precarizão e a secundarizão da Educação Física escolar.
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Na escola se tem aquele preconceito que professor de Educação Física é só jogar bola. A
escola, principalmente a pública deixa a desejar demais na parte estrutural, porque para a
gente fazer uma boa aula muitas vezes temos que comprar nosso próprio material. (E4).
No âmbito da academia você tem mais equipamento, mais estrutura, na escola você não
vai ter os equipamentos necessários. Você tem que, muitas vezes, produzir ou comprar seu
material, ou então você tem que improvisar muitas aulas, já na academia é diferente. (E14).
Verifica-se que desvalorizão, falta de estrutura e recursos materiais são fatores que
contribuem para os licenciados não elegerem a escola como local de trabalho
apropriado. Rodrigues e Mendes (2012) ressaltam que os problemas com infraestruturas
encontrados na escola influenciam diretamente na prática pedagógica do professor de
Educão Física. Tal ocorre porque a realidade precária impossibilita o desenvolvimento
de boas aulas, além de demandar do professor mais criatividade para driblar as
dificuldades encontradas no espo escolar.
Ao finalizar a análise desse eixo categórico, evidencia-se que, em grande parte, os
entrevistados destacaram a escola como melhor ambiente de atuação na EF,
justificando sua escolha em virtude da estabilidade financeira que essa área oferece.
Comprovou-se, entretanto, que essa estabilidade vem diminuindo em conseqncia da
ampliação de contratações temporárias e redução de concursos públicos.
Referindo-se aos entrevistados-trabalhadores que demarcam o setor da saúde-fitness
como a melhor área da Educão Física, tem-se como argumento a possibilidade de
melhores salários e melhor estrutura laboral. Confirmou-se, contudo, por meio das
discussões neste estudo, a existência de instabilidade e falta de direitos trabalhistas
nesse setor.
Encerra-se a análise deste experimento, as expressas as evidências no decurso de
todo o relatório, ao se elucidar o fato de que as transformações na Educão sica
brasileira e no mundo laboral têm reflexos significativos nas ações docentes desta área
de conhecimento. Sobrou verificado, por meio do estudo, o fato de que os professores
lidam no âmbito escolar com a falta de estrutura física e material, desvalorização social
e precarização trabalhista. Não obstante, o plano extraescolar que privilegia os setores
da saúde-fitness aufere espo no meio social mediante sua publicidade na mídia que,
para atender as demandas do capital, secundariza a Educação Física escolar,
reconfigura a função do professor dessa área e populariza a estampa do personal trainer
na sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os debates realizados neste estudo demandaram, de maneira geral, responder a
algumas das conjunções de problemas vivenciados no contexto contemporâneo da
Educão Física. Assim, por meio da análise dos dados, verificou-se que a maioria dos
licenciados investigados atua no terreno extraescolar. Comprovou-se, também, que essa
preferência de atuação é intencional, ou seja, eles escolheram desenvolver suas
atividades laborais nos setores relacionados a saúde-fitness.
Restou provado, ainda, que existem difereas entre os locis de trabalho da Educão
Física, bem assim que elas estão ligadas a aspectos vinculados a salários, valorização
profissional e estrutura (física e material). Viu-se, como remate, que a mídia, na óptica da
Educão Física, é uma forte aliada do capital, pois divulga essa área de conhecimento
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como produto de sde, beleza, lazer, etc., além de elevar o status social do profissional
de Educão Física no contexto extraescolar.
Em decorrência dos achados, evidenciou-se o fato de que o local preferível para se
trabalhar na área da Educação Física, para o grupo investigado, é a escola; não pela
estrutura, condições salariais ou valorização profissional que o âmbito oferece, mas pela
estabilidade financeira que o concurso público proporciona ao professor. Considerou-se
essa conjuntura negativa, pois a maioria dos investigados não se identifica com a
atividade relacionada à Educação Física escolar, reforçando a realidade vivenciada no
Brasil, na qual vários estudos constatam que a docência perdeu o apreço e o interesse
da sociedade.
Dessa maneira, logrou-se responder às indagações iniciais do estudo, concluindo que
os licenciados eso buscando setores de trabalhos relacionados com a saúde-fitness
por motivos associados a melhores salários e afinidade com a área. Em transposição a
essas ideias, os professores tendem a escolher a escola como melhor local de trabalho,
simplesmente, pela estabilidade financeira, distanciando-se deste locus de ação por
fatores envoltos na precarização laboral docente.
Então, ao cabo dessas considerações, a realidade encontrada na perspectiva do
trabalho docente se tornou tão problemática que tende a ocasionar o distanciamento do
professor em relação ao trato pedagico. Em se cuidando da Educação Física,
entretanto, existem mais fatores que concorrem para esse distanciamento, que são as
tarefas disponíveis aos profissionais no contexto extraescolar. É imprescindível destacar
o argumento de que a saúde-fitness atende diretamente a demanda do capital, fator esse
que possibilita o espo na mídia para popularizar ideologias que vendem as práticas
corporais como produtos de saúde e beleza, estimulando os professores de Educão
Física a acreditarem que essa atividade é ali mais vantajosa do que se for desenvolvida
no piso da escola.
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