O Método Histórico Dialético foi o escolhido para análise deste ensaio, porquanto
conforma uma metodologia fornecedora de alicerces para uma leitura “[...] dinâmica e
totalizante da realidade, já que estabelece que os fatos sociais não podem ser
entendidos quando considerados isoladamente, abstraídos de suas influências políticas,
econômicas, culturais etc.” (GIL, 2008, p.15). Com efeito, a dialética possibilitou ver mais
profundamente o fenômeno investigado, procurando refletir sobre ele e descobrir o que
está por trás das aparências da conjunção de aspectos investigada.
AS CONDIÇÕES E OS SETORES DE TRABALHO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO
FÍSICA
Para realizar a exposição das informações coletadas, os entrevistados foram identificados com
letras e números, conforme assim demonstrado: E1, E2, E3, sucessivamente, até o E15. Essa
classificação teve o intento de manter em sigilo os dados dos participantes da pesquisa e facilitar
a mostra dos indicadores. A análise ocorreu por meio de categorias nas quais se buscou identificar
as expressões enfatizadas nas falas dos sujeitos, para, assim, elencar as temáticas que
possibilitassem o entendimento da realidade investigada.
O método utilizado no estudo – conforme se adiantou - foi o Materialismo Histórico Dialético, por
permitir a identificação de pontos relevantes para a leitura e compreensão realidade investigada.
De efeito, iniciou-se do empírico, do que pode ser observado nos fatos, seguindo para a análise
da conjuntura expressa pelos entrevistados. Daí, por meio do confronto das ideias, aportou-se a
um novo argumento de observar a realidade envolta das transformações ocorridas no trabalho
dos professores de Educação Física.
Evidencia-se que todos os entrevistados são licenciados em Educação Física, e que o tempo de
atuação em sua área de formação varia de sete meses a dezoito anos. Salienta-se, conforme
coletado nos dados que, dos 15 entrevistados, sete trabalham em academias e fazem
atendimento individualizado (personal trainer), quatro atuam na escola e como personal trainer,
três somente na escola e um milita na contextura da saúde mental. Constata-se, ao analisar as
informações iniciais, que somente três professores têm atuação específica na escola. Em
contrapartida, sete licenciados atuam exclusivamente em saúde-fitness e, quatro investigados
desenvolvem tarefas, simultaneamente, na escola e no setor da saúde-fitness.
Ocorre que o crescimento nos setores de trabalho na Educação Física, juntamente com as
alterações nas regras trabalhistas, conduz os professores dessa área a se adequarem a formatos
de empregos que surgem como trabalho não organizado, informalizado e destituído de direitos
(SCHERER, 2005). Ressalta-se que o contexto escolar possibilita aos entrevistados trabalharem
por meio da formalidade, enquanto as atividades realizadas no âmbito extraescolar são
caracterizadas pela informalidade.
Fica evidente, por meio da verificação dos dados, que existe uma expansão do mercado de
trabalho da Educação Física, em que se percebe a junção dos segmentos da saúde, estética e
lazer. Nozaki (2004) evidencia a noção de que a Educação Física escolar perde espaço, ao
mesmo tempo em que o ambiente extraescolar expande o seu mercado, modificando as
características do mundo do trabalho, focando na manutenção do sistema capitalista e
favorecendo a exploração comercial por meio da precarização laboral.
Outro dado relevante é que a soma dos professores atuantes na escola (total de sete) não
ultrapassa a dos docentes que trabalham unicamente na área da saúde-fitness (total de oito).
Com efeito, percebeu-se um maior número de licenciados operando no setor extraescolar, sem
relação nenhuma com a seara educacional. Consoante alcança Mussi (2017, p.01), as mudanças
ocorridas socialmente influenciaram diretamente as transformações do trabalho na Educação
Física, principalmente em se tratando dos licenciados, que adquiriram “[...] novas funções,
diferentes contextos profissionais e a existência de processos de precarização cujos reflexos se