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DOI: https://doi.org/10.35699/2238-037X.2022.41577
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
BERNABÉ, Ester Gomes. Luta de mulheres! Relações sociais de sexo e divisão
sexual do trabalho de instrutoras de jiu-jitsu. 2021. 189p. Dissertação. Mestrado
em Educação Tecnológica. CEFET - MG, Belo Horizonte, 2021.
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LUTA DE MULHERES! RELAÇÕES SOCIAIS DE SEXO E DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO
DE INSTRUTORAS DE JIU-JITSU
Women's fight! Sex social relations and sexual division of jiu-jitsu instructors' work
BERNABÉ, Ester Gomes
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RESUMO
A presente pesquisa é proposta na Linha II: Processos Formativos em Educação
Tecnológica do Programa de Pós-Graduão em Educação Tecnológica (PPGET) do
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), cujos estudos
focalizam temas relacionados ao trabalho-educação no contexto socioeconômico e
político-cultural, destacando os processos históricos e culturais, as relões entre as
mudanças societárias, a diversidade, a educação profissional formal e não formal e o
mundo do trabalho. Considera-se aqui o conceito amplo de Educação Tecnológica,
apresentado por Manacorda (2007) e Oliveira (2000) como sinônimo de politecnia. O
Esporte é então apresentado como um instrumento pedagógico em si, com caráter
formador e educativo que contribui, para além do ensino da técnica e dos aspectos
motores, como uma forma de educar o sujeito social na e pela atividade sica (BENTO,
GARCIA E GRAÇA 1999). Por sua vez, os/as instrutores/as esportivos/as são
considerados/as como uma classe profissional de educadores dessa área. A partir da
assertiva de Hirata (2002) de que as pesquisas não podem ser gender-blinded
(blindadas ao gênero), mulheres instrutoras de jiu-jitsu foram escolhidas como sujeitos
desta investigação. Objetivou-se compreender como se dá a divisão sexual do trabalho
entre os/as instrutores/as de jiu-jitsu, um esporte marcadamente "masculino". Para tanto,
foi adotada uma abordagem qualitativa utilizando-se de revisão da bibliografia e
instrumentos de levantamento de dados empíricos garimpados em entrevistas em
profundidade com instrutoras de jiu-jitsu, que atuam academias esportivas na Região
Metropolitana de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais. As bases teórico-conceituais
para a análise destes dados são fundamentadas nas teorias da Divisão sexual do
trabalho e das Relões sociais de sexo/gênero, oriundas da Sociologia do trabalho
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Orientadora: Raquel Quirino, pós-doutora e doutora em Educação pela UFMG, mestre em Educação
Tecnológica pelo CEFET-MG, pedagoga pela UNI-BH, professora e pesquisadora do Programa de
Mestrado em Educação Tecnológica do CEFET-MG. E-mail: quirinoraquel@hotmail.com.
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Mestra em Educação Tecnogica pelo CEFET- MG; pós-graduada em Gestão de Pessoas pela FAPP -
UEMG; graduada em Administração com ênfase em Marketing pela Faculdade Estácio de Sá De Belo
Horizonte. Atua como secretária acadêmica da Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG - Unidade
Ibirité, integrante do Grupo de Pesquisa em Formação e Qualificação Profissional - FORQUAP no CEFET-
MG. E-mail: esterbernabe@hotmail.com.
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francesa de base marxista (KÉRGOAT, 1994; HIRATA, 2002, entre outros). Por meio
das metodologias relatadas busca-se responder a seguinte questão: Como se dá a
divisão sexual do trabalho entre os/as instrutores/as de jiu-jitsu, um esporte
marcadamente "masculino"? Os resultados deste estudo apontam que as assimetrias
nas relações sociais de sexo/gênero, principalmente no esporte estudado, criam um
ambiente hostil para as mulheres. Fatores como a associação da prática da modalidade
com características como força, violência e masculinidade, a perspectiva que esportes
de combate masculiniza a mulher, dentre outros fatores, contrapõem o estereótipo
vigente de feminilidade, compondo um cenário em que a mulher é vista como fora de
lugar.
Palavras-chave: Divisão Sexual do Trabalho. Esporte. Instrutoras de jiu-jitsu. Relações
Sociais de Sexo/Gênero.
ABSTRACT
The present research is proposed in Line II: Formative Process in Technological
Education of Pos-Graduation Program in Technological Education (PPGET) of Federal
Center of Technological Education in Minas Gerais (CEFET-MG), which studies focus on
themes related to work-education in socio-economic and political-cultural context,
highlighting the historical and cultural processes, the relationships between societal
changes, the formal and non-formal professional education and the world of work. It is
considered here the broad concept of Technological Education, presented by Manacorda
(1966, 2007) e Oliveira (2000), as synonymous with polytechnics. Sports is then
presented as a pedagogical tool in itself, with a formative and educational character that
contributes, in addition to teaching technique and motor aspects, as a way of educating
the social subject in and through the physical activity (BENTO, GARCIA e GRAÇA, 1999).
In turn, sports instructors are considered as a professional class of educators in this area.
Based on Hiratas (2002) assertion that the researches cannot be gender-blinded, female
jiu-jitsu instructors were chosen as the subject of this investigation. The objective was,
understand how the sexual division of work between Jiu-jitsu instructors occurs, a sport
markedly "masculine", from a dynamic and all-encompassing interpretation of reality. For
that, a qualitative approach was adopted, using bibliographic review and empirical data
collection instruments, mined in in-depth interviews with jiu-jitsu instructors who work at
sports academies in Metropolitan Regions of Belo Horizonte, in Minas Gerais. The
theoretical-conceptual bases for the analysis of these data are based on the theories of
the sexual Division of Labor and the Social Relations of sex/gender, derived from the
Marxist-based French Sociology of work (KÉRGOAT, 1994; HIRATA, 2002, among
others). Through the reported methodologies, we seek to answer the following question:
How is the sexual division of work among jiu-jitsu instructors, a markedly masculine
sport? The results of this study indicate that asymmetries in social relationships of
sex/gender, especially in the studied sport, create a hostile environment for women.
Factors such as the association of the practice of the modality with characteristics such
as strength, violence and masculinity, the perspective that combat sportsmasculinizes
the woman, among other factors, oppose the current stereotype of femininity, composing
a scenario in which women are seen as out of place.
Keywords: Sexual Division of Labor. Sports. Jiu-jitsu instructors. Social Relations of
Sex/Gender.
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Data da submissão: 25/10/2022
Data da aprovação: 14/12/2022