
|22| Trabalho & Educação | v.31 | n.3 | p.11-28 | set-dez | 2022
educativos, indo ao encontro das necessidades emergentes. Com base na consciência
e conhecimento de quem verdadeiramente são, através do mapeamento de todas as
suas fragilidades, potencialidades e talentos próprios, é cultivado um terreno fértil no
qual, ao longo das diferentes etapas, serão depositadas sementes de responsabilidade
e autonomia, potenciadoras do delineamento de um projeto de vida com sentido,
tornando possível o aprimoramento pessoal e o ajuste das suas trajetórias.
As perceções partilhadas pelos participantes coadunam-se, pois, com um dos pilares
da educação – o saber ser – reiterando a ideia de que o desenvolvimento do ser
humano constitui um processo dialético que, partindo do autoconhecimento, sustenta as
interações sociais e emocionais que estabelece com o mundo, oferecendo oportunidades
de participação plena. A transformação dos currículos jamais poderá dissociar-se desta
dimensão holística do ser humano, devendo ser reconhecida não só a curiosidade e a
predisposição dos alunos para a aprendizagem, mas também a bagagem de “emoções,
Nesta linha de pensamento, reconhece-se que a escola não constitui “uma entidade
impermeável que não sente as mudanças do tempo, nem das ciências, nem da
sociedade”, razão pela qual o currículo se assume como um “esqueleto vivo que
transforma o trabalho na escola, que inova e se adapta aos novos tempos por meio
de mudanças nas fontes que sustentam o currículo” – psicológica, pedagógica,
sociológica e epistemológica (CALVO, 2015, p. 23-24). Enquanto potencial veículo
corporiza um processo personalizado e, em simultâneo, uma construção social
interativa, no sentido da promoção da autonomia, criatividade e responsabilidade
pessoal, essenciais ao desenvolvimento de uma ação empoderada.
e crítico, preparando e capacitando os jovens para a formulação dos seus próprios valores
numa sociedade em constante mutação. Um dos papeis essenciais da educação passa por
dotar as pessoas de “liberdade de pensamento, discernimento, sentimentos e imaginação
de que necessitam para desenvolver os seus talentos e permanecerem, tanto quanto
possível, donos do seu próprio destino” (DELORS, 2010, p. 100).
Falta um sistema de estudo que explore o lado intuitivo porque se você se conhece, vai ter mais
período nunca nos ensinaram as softskills, a ser criativos, a pensar por nós próprios, a
questionar e sempre nos obrigaram a fazer as coisas como eles queriam (C).
À medida que os jovens se aproximam do processo de transição entre o sistema
educativo/formativo e o mercado de trabalho, há uma perspetiva de sequencialidade
numa suposta premissa impulsionadora de prosperidade, os participantes deparam-
determinados postos de trabalho. Instala-se, assim, uma certa descrença nos diplomas,