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PERSPECTIVA DA FORMAÇÃO DE GESTORES ESCOLARES NA
MODALIDADE A DISTÂNCIA E POTENCIALIDADES PARA O TRABALHO
PEDAGÓGICO ESCOLAR
Perspective of the training of school managers in the distance mode and
potentialities for school educational work
BARBOSA, José Márcio Silva
1
ARRUDA, Eucidio Pimenta
2
RESUMO
Este artigo tem como objetivo problematizar a importância da formação continuada para gestores
escolares da educação sica como elemento para a melhoria da qualidade da educação blica
brasileira. Defende ainda a amplião da educação a distância (EaD) como possibilidade de amplificar
a formão de gestores escolares para atenderem as demandas crescentes da educação blica.
Este trabalho parte de discuses teóricas que consubstanciam as análises desenvolvidas. De
maneira geral, as alises resultam na compreeno de que a preparação atual dos gestores ainda
não é suficiente para superar os aspectos que m impacto nos resultados pedagógicos e
educacionais estilo de geso e de liderança, questões pessoais, experncias vividas, recursos
sicos e materiais e as poticas quem oportunizado cursos de formação inicial e continuada para
gestores de escolas.
Palavras-chave: Formação de gestores escolares. Educação a distância. Trabalho pedagógico
escolar.
ABSTRACT
This article aims to problematize the importance of continuing education for school administrators of
basic education as an element for improving the quality of Brazilian public education. It also advocates
the extension of distance education (EAD) as an opportunity to amplify the training of school
administrators to meet the growing demands of public education. This work is based on theoretical
discussions that substantiate the analyzes developed. In general, the analysis results in the
understanding that the current preparation of managers is not enough to overcome aspects that have
an impact on pedagogical and educational results - management style and leadership, personal
issues, lived experiences, physical and material resources - and policies that have provided initial and
continuing training courses for school managers.
Keywords: Training of school managers. Distance education. School pedagogical work.
1
Doutorando em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais. Mestre em Educação pela Universidade Federal de Viçosa,
Graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Viçosa e Licenciado em Ciências Sociais pela Universidade
Metropolitana de Santos (UNIMES). Profissão: professor de ensino superior. Ocupação atual: estudante e pesquisador. E-mail:
<jmarciosb@yahoo.com.br>.
2
Professor e pesquisador no Programa de s-Graduação em Educação: Conhecimento e Incluo Social UFMG. Pós-Doutor em
Ciência, Tecnologia e Sociedade pela UFSCAR, Doutor em Educação pela UFMG. E-mail: <eucidio@ufmg.br>.
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INTRODUÇÃO
Este artigo aborda um estudo teórico sobre a formão de gestores escolares realizada
em curso de educação a distância e seu impacto sobre o trabalho pedagógico escolar.
Parte de reflexões que ainda estamos realizando no âmbito da pesquisa científica, em
curso de doutoramento do autor, na qual se investiga a relação entre as teticas
anteriormente apresentadas.
Nesse sentido, o estudo, inicialmente, tem sido de caráter exploratório, na busca por
uma revisão de literatura sobre os temas propostos, cujo propósito é levantar, nos
estudos consultados, pistas que acenam para os desafios que são postos para a
transformação da realidade escolar a partir do que tem sido ofertado pelo Programa
Nacional Escola de Gestores da Educação Básica.
A formação continuada nos últimos anos ganha destaque nas pesquisas e estudos em
diversas partes do mundo. Tema que envolve perspectivas e desafios contemporâneos
tem sido colocado à educação como cenário de profundas mudanças na sociedade e
no trabalho dos profissionais envolvidos. Desse modo, tem trazido à tona o trabalho
pedagógico escolar, que ainda permanece em aberto, particularmente, no que diz
respeito às reflexões teóricas e práticas que estão na base do trabalho e da
competência profissional dos professores.
O Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública tem como
objetivo geral a formação de diretores e vice-diretores em exercício na escola pública,
em vel de especializão (Lato Sensu), gestores educacionais efetivos das escolas
públicas da educação básica, incldos aqueles de educação de jovens e adultos, de
educação especial e de educação profissional, além de contribuir com a qualificação do
gestor escolar na perspectiva da gestão democrática e da efetivação do direito à
educação escolar com qualidade social.
A exigência de novas propostas pedagógicas conduz às condições e às experiências
vividas pelos gestores, levando-se em conta os seus próprios referenciais tricos e
práticos. Se por um lado devem assumir, na possibilidade inerente à gestão escolar, o
desenvolvimento do aluno, por outro, subentende-se que eles possam dar conta do
conhecimento teórico constante e renovado, privilegiando-se sua experiência e sua
materializão no âmbito escolar.
Não resta dúvida de que a realização do curso na modalidade a distância tem
propiciado uma oportunidade ímpar aos profissionais da educação básica para
realizão de curso em nível de pós-graduação, supondo uma mediação pedagógica e
tecnológica necessária ao processo formativo do cidadão. Apesar da importância da
preparação formativa para o exercício docente no âmbito escolar, entendemos ser
importante subtrair uma riqueza de informações e de responder por suas ações. Há a
necessidade de investigar, no âmbito escolar, para o que tem contribdo na
modificação do trabalho pedagógico escolar somado à capacitação adquirida.
Não é que se espere que a comunidade ofereça soluções pedagógicas, mas é no vel
de decisão mais amplo que certamente a sua contribuição é de todo imprescindível.
Em decorrência de tal situação, entendemos que a formação continuada estimule a
busca constante por aprimoramento profissional, tendo em vista que o curso, em nível
Lato Sensu, revela de forma explícita como vem sendo tratada a questão da formação
continuada de gestores escolares pelo sistema de ensino a disncia, considerando-se
especialmente a utilizão de conhecimento e o aprimoramento em âmbito escolar.
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Além disso, consideramos, também, que a formação continuada é condição importante
para a releitura das experiências e das aprendizagens obtidas. A aposta nas
possibilidades de produzir múltiplos olhares e na fusão do que se pensa e se faz com o
processo educativo se torna uma exigência profissional ao enfatizar a reflexão sobre a
própria prática. Respaldado nos conteúdos curriculares no ambiente virtual, todo gestor
deve ter como base a oportunidade de observar e refletir sobre sua prática, seu
contexto e condições de trabalho, dialogadas e teorizadas, dando legitimidade a esse
trabalho. Insistimos no fato de que nenhum dos sujeitos envolvidos no processo
pedagógico pode desconhecer o modo como sua formação profissional e a prática
escolar são aspectos indissociáveis.
Ao defender que a formação em serviço pode ser uma ferramenta importante para
mobilizar experiências inovadoras, coloca-se como verdade a ideologizão de que
esses cursos levariam a modificações qualitativas no fazer pedagógico da escola.
Desse modo, o gestor escolar não pode ser relegado ao segundo plano, sem se levar
em conta o questionamento, o engajamento e a resistência desses profissionais para a
restauração do direito de uma escola de qualidade. Nesse movimento, não se pode
abrir mão da realidade, de modo que eles construam sua própria realidade,
estabelecendo relões dialéticas com as necessidades educacionais, o que não seria
constitda sem conflitos e contradições.
Não temos a intenção de apontar soluções para as superações das limitões com que
hoje nos deparamos para delimitar o trabalho pedagógico escolar de modo qualitativo,
mas demarcar na trilha de investigação a maneira como o trabalho pedagógico escolar
está inserido no âmbito das políticas de formação e de que maneira o mesmo possa
ser pensado na prática de gestão escolar. É esse objetivo de recrutar futuras
modificações no fazer pedagógico da escola que constitui o desafio no tempo presente.
CONTEXTUALIZAÇÃO DA FORMÃO CONTINUADA DE GESTORES ESCOLARES E
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
No Brasil há boas e interessantes experiências no campo da formação continuada.
Nesta busca, em 2005, nasceu o Programa Nacional Escola de Gestores da Educação
Básica, que vem sendo implementado em regime de colaboração firmado entre o
Ministério da Educação (MEC) e os sistemas estaduais e municipais de ensino no ps.
Este programa vem abrindo espaços para construir um processo de formação de
gestores escolares que contemple a concepção do direito à educação escolar e
perceba a escola na perspectiva da inclusão social, da emancipação humana, na
descentralização e na maior autonomia para a escola; no sentido de trabalhar na
perspectiva da mudança, viabilizando estratégias que possibilitem a participão dos
atores escolares nas instâncias de planejamento, execução e avalião para a
construção respaldada em suas experiências de umanova escola. Seu objetivo geral
é formar, em vel de especialização (Lato Sensu), gestores educacionais em exercício
nas escolasblicas da educação básica, incldos aqueles da educação de jovens e
adultos, da educação especial e da educação profissional, bem como contribuir com a
qualificação do gestor escolar na perspectiva da gestão democrática e da efetivão do
direito à educação escolar com qualidade social (BRASIL, MEC, 2005).
Propiciar um movimento de reflexão teórico e prático entre conteúdos e atividades
propostas no ambiente do curso de pós-graduão com a realidade cotidiana das
escolas públicas tem sido o ideal da formão profissional. Essas propostas são
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utilizadas pelo Ministério da Educação para atualizar a prática educacional, visando a
trazer os profissionais para os anseios educacionais contemporâneos e para a melhoria
da qualidade da educação no país.
A formação que se proporciona é pautada no estudo de temas como política
educacional, gestão democrática, cultura e currículo, processos de ensino-
aprendizagem, processos comunicacionais, planejamento e avaliação que se articulam
na discussão sobre a organização do trabalho pedagógico, foco da intervenção do
gestor escolar, enquanto integrante da equipe gestora da escola. O desafio no tempo
presente é a capacitação para saber usá-las e a destreza que se adquire com a prática.
Há décadas se discute qual seria a formação ideal ou necessária do profissional da
educação do ensino básico por meio de uma mudança qualitativa na escola. Para a
formação desse educador, a implementão de políticas e programas formativos,
particularmente em gestão, ganha a dianteira na realização de programas de
capacitão para os profissionais de educação em exercício. A Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDBEN) de nº 9.394 de 1996 em seu tulo VI, trata dos
profissionais da educação, sendo que seu art. 67 assegura a promoção de formação
continuada para professores da rede pública, por parte dos respectivos sistemas de
ensino, afirmando que os sistemas de ensino promoverão a valorizão dos
profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos
planos de carreira do magisrio público [...] o aperfeiçoamento profissional continuado
[...] (BRASIL, MEC, 1996, p. 23).
Podemos, ainda, relatar que a formação continuada de gestores escolares, por
intermédio de cursos a distância, implementada por órgãos oficiais é uma realidade. A
educação a distância está a serviço do desenvolvimento e da aprendizagem dos
alunos, favorecendo, de forma efetiva, a democratização do ensino, tornando-se o
instrumento necessário à sua formação de modo acessível a todos os que dele
participam. A criação da Universidade Aberta do Brasil (UAB), pelo Decreto n. 5.800 de
2006, institucionaliza os programas de formação de professores a distância como
política de formação de professores, com o objetivo de expandir e interiorizar a oferta
de cursos e programas de educação superiorblicos, a distância, oferecendo,
prioritariamente, cursos de licenciatura e de formação inicial e continuada de
professores da educação sica, cursos superiores para capacitação de dirigentes,
gestores e trabalhadores em educação básica (BRASIL, MEC, 2006).
Entretanto, o fulcro do problema, que ainda permanece nas discussões dos cursos de
formação continuada no país, não está suficientemente estudado. Mas há vestígios na
literatura especializada sobre a concepção idealizada da realizão existente entre o
que poderia manifestar ou ocorrer no espaço escolar e as procedências de atuões
do profissional da educação em relação ao processo formativo proposto inicialmente.
Entende-se que a situação problemática da educação brasileira é atribuída à
inadequada formação profissional, com base nos aspectos pedagógicos na escola, na
carência de postura investigativa da formação docente e na insuficiência da prática do
processo formativo, além da formação disciplinar, levando à visão de um mundo
fragmentado, incapaz de dar conta da complexidade do trabalho docente (SEVERINO,
2004). Sustenta esse posicionamento a compreensão de que todos os problemas
relacionados com a educação são problemas da coletividade, não sendo
exclusivamente do governo. No entanto, dessa ampla e continuada discussão, não têm
emergido propostas que ultrapassem o nível de recomendações concretas sobre a
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necessidade de sólida formação dos educadores, da integração de teoria e prática,
da interdisciplinaridade etc. (AZANHA, 2004).
Em decorrência da situação exposta, compreendemos que a formação de gestores
escolares passa a ser uma necessidade e um desafio para o sistema de ensino. Essa
responsabilidade se torna mais marcante quando se evidencia a necessidade de
formação contínua, complementar à formação inicial, como condição para acentuar o
processo de profissionalização de gestores, de modo que estes enfrentem os novos
desafios a que estão sujeitas as escolas e os sistemas de ensino.
Não se pode deixar de considerar que o Programa Nacional Escola de Gestores da
Educação Básica passa a fundamentar e orientar práticas de ões que devem ocorrer
em situações escolares concretas. Como disse Gatti (2008), a educação continuada foi
colocada como aprofundamento e avanço nas formações dos profissionais em
resposta a problemas característicos de nosso sistema educacional.
Um componente importante da problemática na implantação dos cursos de formação
de professores pelas novas diretrizes certamente se refere à dificuldade em assegurar
a necessária articulação entre o processo formador considerado pelas instituições de
ensino superior e o trabalho exercido nas escolas, exigido pelo programa atual.
Descrever esse quadro só é possível na instituição escolar, que deve ser o centro de
preocupações teóricas e de atividades práticas.
É preciso que sejam superadas, com políticas de gestão, limitações comumente
detectadas em relação ao uso de formação profissional na área de educação. Um fator
limitador desse investimento seria, na visão de Lück (2000), o baixo retorno de
programa de capacitação de profissionais da educão em termos de transformação
da realidade, levando ao distanciamento entre teoria e prática, o que se explica
justamente pelo caráter teorizante, conteudista e livresco dos programas de formação,
sem o cuidado de evidenciar, por meio de situões simuladas, por dramatizações ou
estudos de casos e outros exercícios, a aplicação e a expressão na realidade das
conceões teóricas tratadas. Para essa mesma autora, os programas de capacitação
de profissionais da educação em termos de transformação da realidade, ou seja, em
relação à prática docente, não podem ser visto como uma simples transmissão de
conhecimentos já produzidos, mas como uma oportunidade de produzir e transformar
saberes próprios dos professores, que, refletindo e investigando a própria prática, são
os agentes transformadores da escola.
Em certa medida, os objetivos e as expectativas do programa tendem a criar um perfil
profissional de gestores escolares que busquem modelar sua prática com
compreensões pedagógicas da gestão escolar de maneira integrada, para que, por
meio de fatores internos e externos, possam refletir e desenvolver práticas educativas
inovadoras no ambiente escolar, bem como possibilitar oportunidades para ampliação
da capacidade de analisar e resolver problemas, elaborar e desenvolver projetos e
atividades na área de gestão para garantir os processos socioeducacionais nos
estabelecimentos de ensino.
Na raiz dessas possibilidades, cabe lembrar a ideia de Gatti (2008) ao constatar que
poucos questionamentos nos cursos de formão continuada no país têm sido feitos
por parte dos cursistas, tendo em vista estarem habituados a apresentar uma postura
passiva diante de cursos de capacitação ou atualização e nem sempre uma postura de
aprofundamento ou ampliação de conhecimentos adquiridos. Contudo, esses
questionamentos não parecem se referir a situações reais e concretas e, por isso,
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deixam de interessar aos gestores como algo referente à sua prática. Lück (2000)
havia, de fato, identificado que o distanciamento ocorre, no entanto, quando os cursos
focalizam conhecimentos, centram-se em conteúdos formais, deixando de lado os
componentes necessários para o desempenho profissional, que são as habilidades o
saber fazer e as atitudes o predispor-se a fazer. Por conseguinte, cursos assim
organizados são orientados mais para a cognição e menos para a competência.
O fato concreto de que teremos um contingente cada vez maior de professores que
fazem a opção por uma formação vinculada a um curso de pós-graduação lato sensu,
algo que não é descontextualizado da realidade da educão básica, configura-se
como uma constante e parece que veio para ficar, impondo às Universidades e em
especial aos Programas de Pós-Graduação de todo o Brasil o debate acerca do papel
social que cada gestor escolar deve exercer em favor da melhoria das condições de
trabalho e da sua valorizão profissional (CANDEIAS, 2013).
Algumas propostas que emergem desse enfoque sobre a preparação atual dos
gestores ainda o são suficientes para superar os aspectos que têm impacto nos
resultados pedagógicos e educacionais por exemplo, estilo de geso e de liderança,
questões pessoais, experiências vividas, recursos físicos e materiais e nas políticas
que têm oportunizado cursos de formação inicial e continuada para gestores escolares.
Para Gatti (2008), muitas das iniciativas públicas de formação continuada no setor
educacional adquiriram programas compensatórios e não propriamente de atualização
e aprofundamento em avanços de conhecimento, tendo estes programas a finalidade
de suprir aspectos da má formação anterior, alterando o propósito inicial dessa
educação, que seria o aprimoramento de profissionais nos avaos, renovações e
inovações de suas áreas, dando sustentação à sua criatividade pessoal e à de grupos
profissionais.
As diretrizes propostas pelo programa Escola de Gestores/MEC têm em suas metas a
gestão democrática como foco a ser alcançado, subsistindo esse foco pela
compreensão de que a ampliação da democracia no ambiente escolar é o principal
objetivo a ser perseguido. Essa democratização envolve também, evidentemente, a
adoção de procedimentos organizacionais regionalmente distintos, em observância à
diversidade nacional. Por fim, merece destaque a preocupação com o desenvolvimento
da capacidade para analisar e refletir diante de situações problema, na busca por
resolões possíveis em seu dia a dia (PEREIRA, 2011, p. 5 apud SOUZA &
TEIXEIRA, 2010).
Estes procedimentos se traduzem na inovação de processos pedagógicos ao
oportunizar aos professores e aos gestores o acesso a novos conhecimentos de
ensino e criação de novas metodologias de aprendizagem e de gestão. Com isso,
notamos que os olhares e vozes dos próprios gestores exploram o desenvolvimento de
um espírito crítico relativo à sua atuação mais geral acerca da importância do exercício
profissional, gerando sempre o compartilhamento e o diálogo, de modo que o ser, o
valer e o refletir sejam vividos como elementos integradores nas diferentes
circunstâncias no cotidiano escolar.
Segundo essa concepção, a formação de professores, ao se relacionar diretamente
com o funcionamento cotidiano das escolas, termina por dialogar com a possibilidade
da construção de uma realidade mais justa, democrática e humana, interferindo na
condução das sociedades contemporâneas (CANDEIAS, 2013). Esta formação visa a
adequar a escola a um papel fundamental no processo de democratização, uma vez
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que cabe às instituições formadoras relevantes papéis no estabelecimento de
componentes curriculares teórico-práticos capazes de suscitar nos futuros gestores a
probletica da gestão democrática (CURY, 2002). A relevância dessa abertura legal
está associada ao entendimento de que os cursos de formão inicial ou continuada
precisam ter alicerces na prática, caso contrário, não conseguem fornecer instrumentos
para uma atuação profissional efetiva nem propiciam mudanças de percepção dos
sujeitos, visto que boa parte das práticas escolares é rotineira e, portanto, não se
transforma num passe de gica, sendo fruto de um processo (TEIXEIRA, 2011, p. 67
apud CARNEIRO, 2006, p. 59).
Um aspecto presente na visão de Freitas (2009) é que um dos problemas com os
quais os professores comumente se defrontam está relacionado à dificuldade em
transformar o conhecimento adquirido ao longo da formação em uma concepção
técnica de ensino, tendo em vista que a maioria dos cursos de formação na
modalidade a distância, no Brasil, contraria todos os requisitos necessários, sendo uma
forma de aligeirar e baratear a formão. E, por isso mesmo, esses cursos tendem a
ser pensados mais como uma política compensatória que visa a suprir a ausência de
oferta de cursos regulares a uma determinada clientela, sendo dirigidos a segmentos
populacionais historicamente já afastados da rede pública de educação superior,
consequentemente, ainda não existindo um corpo consistente de pesquisa e
experimentação que permita corroborar as vantagens comparativas em termos da
educação a distância, nem sua eficácia no âmbito da educação básica (TORRES,
2001).
Ainda que algumas alternativas de acompanhamento e avalião em curso no País
estabeleçam indicações qualitativas, será necessário buscar algumas informações com
gestores escolares, sujeitos partícipes do referido curso, tendo em vista que as
questões que poderão ficar em evidência são: o que se manifesta no contexto interno
da escola e na atuação do profissional egresso de uma Universidade Federal para o
aperfeiçoamento do trabalho pedagógico escolar; e em que medida a formação obtida
vem induzindo mudanças qualitativas na escola, seja na articulação, na reflexão
profissional e no desenvolvimento de práticas escolares.
As respostas a essas perguntas são muitas e estão longe de ser unânimes, mas
parecem sinalizar uma tendência a se agruparem em torno da ideia de reflexão (grifo
da autora) constante sobre a prática pedagógica propícia à integração dos meios
técnicos de comunicação e de informática aos processos educacionais, uma vez que a
reflexão sobre a própria prática conduz necessariamente à criação de um
conhecimento específico ligado à ão, que pode ser adquirido pelo contato com a
prática, pois se trata de um conhecimento cito, pessoal e não sistemático (BELLONI,
1998, p. 6 apud GARCIA, 1992, p. 59-60).
Essa tarefa consiste principalmente na definição de problemas prioririos da escola
vinculada aos objetivos articulados ao domínio de conhecimentos, tendo,
possivelmente, melhores condições de ser atingidos, isto é, de atender ao proposto
pelo programa no que se refere ao objetivo de ampliar a condição de reflexão, ação e
mudanças nas questões educacionais no âmbito da gestão escolar, por meio da
instrumentação teórica. Espera-se que as iniciativas governamentais de formação de
gestores escolares sejam pautadas na concepção da gestão democrática, no exercício
da autonomia, na emancipão humana, privilegiando a reflexão sobre as trajerias
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individuais e coletivas, considerando que os gestores podem ser protagonistas de sua
prática e do seu próprio processo de formão.
Essas iniciativas fomentadas e avaliadas pelo Ministério da Educação visam a obter
novas práticas educacionais democráticas através da gestão escolar, sendo as
políticas vistas como adequadas pelo governo, por favorecerem as desejadas
melhorias na qualidade da educação blica brasileira, alvo dos planos e metas do
governo. No entanto, a efetivão dessas mudanças mostra que os objetivos principais
destas duas iniciativas, a qualificação do dirigente escolar e a fomentação de melhorias
na gestão escolar, segundo Pereira (2011), impõem a necessidade de despertar para a
intencionalidade de um Programa que objetiva formar o gestor, monitorando-o e
avaliando-o permanentemente por meio dos trabalhos postados na plataforma.
Partindo de seus conhecimentos prévios, permeados, inicialmente, pelo senso comum,
procura-se elevar seus conhecimentos ao patamar cienfico, estabelecendo
mediações com a realidade escolar em que atua (QUEIROZ E GADELHA, 2012).
Ainda a respeito dessa perspectiva, Pereira (2011), ao fazer uma análise do programa,
mostra que são um conjunto de ideias trazidas pelo MEC, ao diretor de escola, que
visam a criar nesses sujeitos condições para modificação de suas práticas de gestão
escolar, além de aproximar esse sujeito das reais intenções das proposições políticas,
dos meios de sua constrão e implementão.
Essas constatações na conceão de formação do gestor indicam mais do que
alcançar a interpretão compartilhada da informação a partir da sua disseminação,
sendo necessário mostrar como os cursistas questionam ou utilizam o conteúdo
curricular como base para a ão. Essas são questões importantes, levantadas na
investigação sobre o assunto, que podem ser consideradas um caminho para uma
educação inovadora, segundo uma roupagem caracterizada pela interatividade,
cabendo a eles criar um posicionamento de protagonista sobre essa nova perspectiva
da escola reflexiva, de formação inicial e continuada, do desenvolvimento do
profissional, que ocorre durante a vida do professor, na sua interação com a sua
prática, com o coletivo escolar e com o contexto organizacional no qual estão inseridos
(RIVAS; PEDROSO; LEAL; CAPELINI, 2005).
O fato é que, no bojo dessas discussões, os profissionais da educação são convidados
a participar de forma mais ativa da vida nas escolas, pois são eles que experimentam,
no cotidiano escolar, práticas pedagógicas em seus distintos níveis e modalidades de
ensino. Torna cada vez mais relevante a capacidade de recolher indícios, de atingir
níveis de complexidade na interpretação de seus significados e de incorporá-los a
eventos relevantes e possíveis para a construção da qualidade, da gestão democrática
e participativa na escola, na condução de ações pedagógicas e administrativas, com
vistas a consolidar uma ão que favoreça esses processos.
Essas modificações deverão ocorrer de forma sequencial e gradativa para que com
olhar crítico e consciente sobre o que aprendeu e o que envolve a atuação concreta no
cotidiano de seu trabalho pedagógico, o gestor escolar envolva todas as ações e
situões que postula como necessárias e se desenvolva em um contexto marcado por
profundas mudaas na vida da instituição escolar, indo em direção ao enfrentamento
crítico ante os desafios do trabalho pedagógico escolar.
Com base nesses referenciais, entendemos que é fundamental uma contribuição
nessa direção no que se refere à formação continuada a distância.
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A Escola de Gestores tem sido uma estrutura de formação profissional, caracterizada
como modalidade à distância, bem como espaço de reflexão e debate entre os
participantes que, por sua vez, m envolvimento com a educação básica. Assim,
buscamos demonstrar, nesta são, ainda que brevemente, como a educação a
distância tem sido vital para a formação docente e, em particular, aos gestores
escolares da educão básica.
A educação a disncia surge como um redimensionamento das transformações na
configuração da sala de aula como forma de ensinar e aprender virtualmente. Os
cursos em EaD vem demonstrando um potencial em democratizar a educação, bem
como permitir o acesso aos profissionais da educão à qualificação e ao
aprimoramento profissional.
Neste sentido, a implantação de cursos de pós-graduação na modalidade a distância
em instituições de ensino superior vem se intensificando nos últimos anos no intuito de
suprir a demanda dos procedimentos tradicionais de ensino-aprendizagem já
consolidadas. Percebe-se que houve vultosas expansões de cursos a distância para
democratizar o ensino.
O movimento inicial de EaD é de proporcionar formação regular e continuada aos
professores em serviço para melhorar o seu desempenho, competência, autonomia e
iniciativa nos cursos oferecidos na modalidade a distância. Dessas iniciativas, passou-
se a incorporar a educação a distância como forma de poder atingir, sobretudo, os
professores em exercício nas escolas públicas que não possuíssem uma formação
escolar condizente com as exigências para o exercício profissional da docência
(GATTI, 2008, p.143).
Gatti (2005) sintetiza algumas das características e dos fatores que têm sido
evidenciados como propiciadores de um nível qualitativo de alto diferencial para a
formação a distância de professores. Para a autora, é mais rico o processo educativo a
distância para formão de professores quando se adota uma postura sobre a
aquisição de conhecimentos, tratada e concebida com a busca permanente, como
reflexão vinculada às práticas sociais e pedagógicas; constituindo-se pela atividade das
pessoas em seus contextos.
A relação entre educação a distância e a formação de professores pode se constituir
em uma oportunidade na busca de conhecimento. E no ambiente virtual, quando teoria
e prática se coadunam, permitem aprofundar didática e formalmente o entendimento e
a apreensão da realidade escolar.
A avaliação do aluno legitima a tornar indispensável o processo educativo. Sua função
mais evidente e reconhecida é a pedagógica, que visa, principalmente, à verificação de
suas necessidades e à melhoria do processo de ensino-aprendizagem (AZZI, 2005).
Para a autora, a avaliação em EaD, como em qualquer outra modalidade de ensino,
apoia-se na interdependência das modalidades diagnóstica, formativa e somativa, com
ênfase na sua continuidade. Nesse sentido, a matriz curricular do curso foi organizada
por temáticas que se relacionam aos dois níveis de abrangência do trabalho
pedagógico do profissional em questão, às quais serão desenvolvidas em Salas
Ambientes Virtuais. Entendemos ser importante a discussão em torno destas, como
prática pedagógica essencial à aprendizagem dos alunos. Ao contrário do ensino
presencial, é por meio delas que as instituições de ensino superior oferecem condições
de ensino-aprendizagem. Ou como nos mostra Mill (2012), elas oferecem as condições
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necessárias para que o conhecimento seja construído adequadamente e a formão
pretendida seja possível.
Face a essas breves e preocupadas considerações, estamos convictos de que para a
educação básica avançar em qualidade, que passou a ser vista como necessária, é
preciso compreender como os gestores escolares adotam ou aprimoram propostas
criativas e possibilidades de boa gestão escolar para exercício de um trabalho mais
produtivo, mais ativo e permanente no estabelecimento de ensino. Tudo isso vem se
somar ao surgimento da educação a disncia como alternativa para potencializar e
disponibilizar o conhecimento para um número cada vez maior de indivíduos
interessados em completar ou mesmo iniciar seus estudos, visando a adaptar
professores, diretores, coordenadores, ou seja, toda equipe escolar, aos processos
formativos e às transformações necessárias no âmbito das políticas propostas de
formação, bem como à prática profissional de que prescindem.
TRABALHO PEDAGÓGICO ESCOLAR: ALGUMAS CONSTATAÇÕES
O trabalho pedagógico escolar constitui uma prerrogativa de reflexão das
especificidades locais que devem ser consideradas, devido ao grande impulso da
direção à formão de professores ao longo das últimas cadas.
Há uma forte tendência em que o gestor escolar seja o agente transformador nos
processos de elaboração e planejamento das políticas educacionais. Compreende-se
que a prática pedagógica seja embasada nos saberes docentes, podendo, desse
modo, contribuir para a melhoria qualitativa da escola. Essa preocupação se dá na
perspectiva de que educadores reflexivos do desenvolvimento de sua práxis
pedagógica, a partir da aquisição de novos conhecimentos, oportunidades de reflexão
e debate sobre os desafios da profissão, poderão transformar as suas práticas e
contribuir com a vivência de uma gestão democrática no cotidiano escolar (FELINTO;
PEDREIRA, 2014).
Para compreender tal dinâmica, a abertura de espaços reflexivos precisa ser articulada
de maneira que esses sejam capazes de propiciar um contínuo repensar sobre as
práticas cotidianas. Consideramos que ao trilhar este caminho, o conhecimento
profissional deve constituir-se a partir da vivência e das análises de práticas concretas
que permitem, constantemente, o diálogo entre a experiência concreta em sala de aula
e a formação trica.
Alonso (2005) questiona a partir de quais critérios poderia avaliar se um conhecimento
é válido, ou ainda, se é importante, ou se alguns se apropriaram de um determinado
conceito. Sabe-se que todo o processo educativo-formativo tem por base uma relação
eivada por valores e lugares sociais, significados culturais, compreenes e projetos,
sobretudo projetos de vida. É nessa teia que as práticas pedagógicas o forjadas,
buriladas e veiculadas.
Recentemente, tais perspectivas estão calcadas no papel do gestor escolar por ser
quem toma frente na organização da gestão escolar, em prol do desenvolvimento de
seus sujeitos, da comunidade escolar e dos agentes educacionais, tendo em vista que
os processos educacionais envolvem o pedagógico e o administrativo. Supõe-se que
essas perspectivas dão aos dirigentes escolares alguma condição real de aplicação
dos conhecimentos que assimilam durante o curso; repasses a serem efetivados pelos
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gestores escolares sobre o trabalho que se pretende realizar nas diferentes formas de
atuação; e ainda conduza as escolas rumo à qualidade social.
Neste sentido, o cotidiano da formação de educadores deve ser marcado por um
diálogo interativo entre cultura, teoria de aprendizagem, gestão da sala de aula e da
escola, atividades pedagógicas e domínio das tecnologias que facilitem o acesso à
informação e à pesquisa, bem como que permita buscar uma formação de sujeitos
autônomos, capazes de buscar, criar e aprender ao longo de toda a vida e de intervir
no muno em que vivem (NEVES, 2005, p. 137). Estes aspectos integram a proposta de
políticas de formação profissional docente inicialmente planejada pelo curso formativo.
Assim, ele consolida-se como uma estratégia política de formação em serviço para os
gestores de escolas e um veículo de disseminação dos conteúdos, que visa a adequar
a escola a um papel fundamental no processo de democratização.
A escola deve ser o ambiente onde o gestor tenha a possibilidade de reconstruir sua
prática através de uma dinâmica de trabalho. Para esta proposta o enfoque trico-
metodológico do curso de pós-graduação em gestão escolar aponta um caminho a ser
percorrido através de pressupostos pautados nos princípios de uma gestão
democrática, na autonomia da escola e na participação da comunidade escolar visando
à formação do gestor escolar para que ele possa desenvolver um trabalho de gestão
pedagógica eficiente.
É preciso ir além das proposições se não acompanhadas por ações efetivas nas
políticas públicas que estejam voltadas para uma perspectiva de modificações
qualitativas no trabalho do gestor no âmbito escolar. Entendemos que o contínuo
aperfeiçoamento do gestor enseja um novo projeto pedagógico, pois é ele que deverá
servir de base para traçar novos rumos para um caminhar mais direcionado, bem como
para a conquista das transformações almejadas. Todos os processos que ocorrem no
espaço escolar devem ser entendidos e explicados sempre em uma perspectiva mais
ampla da organização do trabalho pedagógico, tendo que requerer uma compreensão
adequada da maneira como ele atua conforme o processo de sua formação, bem
como das relações e dos processos que se estabelecem entre os sujeitos da escola
professores, estudantes e diretores e o conhecimento apreendido por estes durante a
vida escolar.
A tarefa precípua de organizar o trabalho na escola não leva o gestor escolar como o
único responsável pelas múltiplas tarefas realizadas pelos quais deverá responder,
mas por ter contato com toda a equipe gestora da escola, coordenando necessidades
e aspirações, rediscutindo o vínculo entre teoria-prática, entende-se que o trabalho
pedagógico compreende todas as atividades teórico-práticas desenvolvidas por toda a
equipe escolar no estabelecimento de ensino. Em outras palavras, a organização do
trabalho pedagógico é constitdo pelo Conselho de Classe, Conselho Escolar, equipe
pedagógica, equipe da direção, enfim, todos aqueles que estão diretamente envolvidos
com a participação na organização do trabalho pedagógico.
Para chegar à explicitação da nova organizão é necessário que a escola traduza
para si, especifique e detalhe avanços e problemas cruciais de forma a garantir a
sustentabilidade na implementação deões voltadas para o fortalecimento das
escolas e para a melhoria do desempenho do ensino público, envolvendo,
primordialmente, decisão política, ação técnica-pedagógica e gestão democrática na
escola. Como resposta a essa nova perspectiva da escola reflexiva, de formação inicial
e continuada, o desenvolvimento do profissional ocorre durante a vida do professor, na
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sua interação com a sua prática, com o coletivo escolar e com o contexto
organizacional no qual estão inseridos (RIVAS et al., 2005). Estas preocupações estão
presentes em recentes esforços teóricos no campo da formação em consonância com
o referencial teórico-metodológico para a organização e orientação do trabalho escolar.
O gestor poderá incentivar e articular o desenvolvimento de ideias, de conhecimento,
com a finalidade de implementar novas práticas pedagógicas que visem à melhoria e à
qualidade de ensino dentro das ideais demonstradas. Pensando nessas circunstâncias
essenciais, na elaboração ou atualizão da proposta pedagógica, torna-se possível de
as mesmas serem alcançadas por trazerem benefícios às práticas educativas de
qualidade. Por estes motivos, reforçamos a ideia de que o trabalho pedagógico deve
ser o objetivo a ser perseguindo por toda a escola. Não esperamos encontrar apenas
uma única forma de organização no trabalho pedagógico na escola, tendo em vista a
complexidade de tarefas administrativas e pedagógicas em prol do enfrentamento de
determinadas demandas educacionais com os quais se deparam os gestores
escolares.
Cada escola traz suas experiências existenciais distintas, que nos instiga aproximar as
reflexões teóricas com as situões concretas. Há que favorecer as experiências
inovadoras, contemplar este objetivo pedagógico, dentre outras providências que se
tornem indispensáveis para o sucesso de uma formação em serviço, transformando a
sua missão quanto ao atendimento às especificidades da qualidade educacional.
O conjunto de habilidades exigidas dos gestores escolares está cada vez maior, de
modo a facilitar a introdução de mudanças na gestão, atribuídas a questões internas à
vida escolar. Caracterizar as formas de pensar e agir na gestão escolar aponta para
valorizão da participação dos atores envolvidos no processo educativo. Se
considerarmos a formação como um processo contínuo que acompanha, assiste e
marca atitudes e capacidades que são exigidas ao gestor, a essas circunstâncias
associam-se novas tendências e modificações no âmbito escolar, aos níveis
pedagógicos, que precisam tamm passar por uma mudança profunda, procurando
assegurar um padrão de qualidade que oriente o trabalho do gestor em exercício na
escola.
Apresentar os avaos e os possíveis desafios que possam emergir para o melhor
funcionamento do curso e, acima de tudo, para uma adequada formação continuada
para aqueles que dela necessitam, constitui o desafio no tempo presente. Desenvolver
nesse campo a tentativa de suprir as lacunas relativas à precariedade da educação
escolar, no que diz respeito aos aspectos pedagógicos, marca os rumos dos
programas formativos e ações educacionais desenvolvidas em cada escola,
delimitando com mais clareza como temos conseguido atingir as expectativas do
Programa Nacional Escola de Gestores da educação Básica do Ministério da
Educação. Com esse feedback será possível inferir fenômenos educacionais listados
por gestores, sujeitos que dialogam com a constrão de realidades mais democráticas
e qualitativas da rede pública de ensino.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As discussões aqui explicitadas, que se referem a trabalho pedagógico escolar,
formação de gestores escolares e educação a distância, são referenciais a partir dos
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quais seria possível ampliar um pouco mais o olhar para realidade a ser investigada no
âmbito escolar.
A contribuição de pesquisa dessa natureza permite constatar se os participantes
concluintes do programa estão se comprometendo com os objetivos de aprendizagem,
atuação e transformão propostos pelo mesmo. E representa um meio pelo qual o
cursista possa refletir sobre seu envolvimento nas atividades propostas e verificar se as
estratégias educacionais realizadas têm sido adequadas para atingir os objetivos
educacionais na gestão de sua escola.
Desafiado a sugerir e demonstrar algo que nunca experimentou, o docente pode
conquistar credibilidade e veracidade aos resultados das discussões durante as
atividades desenvolvidas, aproximar conteúdos do ensino a distância daquele desejado
no âmbito da sua formação. A contribuição e uma pesquisa dessa natureza permitem
constatar se os participantes concluintes estão se comprometendo com os objetivos de
aprendizagem, atuação e transformação propostos na formação docente a distância e
isso muitas vezes ocorre sem as devidas argumentações que estão postas por quem,
de alguma forma, atende aos interesses oficiais, divulgados nos documentos de
apresentação da proposta de ensino a disncia, de fomentar a reflexão e a percepção
dos sujeitos nele envolvidos.
Desse modo, o resultado a ser esperado acena para a forma como os docentes
estabelecem conexões, identificam erros e apontam soluções, observam
sistematicamente as ações e as reações, identificando lacunas e enlaces conceituais
adquiridos ao longo de sua formação por meio do ambiente virtual de aprendizagem.
Neste apelo ao protagonismo dos gestores reside também certa aspiração a tornar a
educação a distância próxima e interativa, dando relevância às formas de abordagens
que cada um descreve, seguindo o indicativo da proposta de formação por eles
cursada e pela crea de que eles ainda não tiveram a oportunidade ou ainda não se
posicionaram e que são capazes de relatar com propriedade o desenvolvimento do
trabalho pedagógico escolar.
É preciso examinar situões que possibilitem a reflexão e a tomada de consciência
das limitações sociais, pedagógicas e administrativas da escola e que se enquadrem
na busca de eficiência e de influência sobre as atividades de ensino, que vão desde o
processo de sistematização de objetivos à readequação da relação entre meios e fins,
dando importância às melhorias notórias nas tarefas educativas com enfoque especial
para o trabalho pedagógico na escola.
É nesse momento que podemos refletir sobre o que tem sido posvel alcançar com
determinadas experiências dada a bagagem teórica e metodológica de atuação
pedagógica e administrativa que cada cursista possui ao longo de sua carreira
profissional. Dessa forma, o resultado a ser esperado acena para a forma como os
cursistas estabelecem conexões, identificam erros e apontam soluções, observam
sistematicamente as ações e as reações no intuito de identificar erros, lacunas e
soluções aos enlaces conceituais adquiridos ao longo de sua formão continuada do
Programa Escola de Gestores da Educação Básica.
A preparação atual dos gestores ainda não é suficiente para superar os aspectos que
têm impacto nos resultados pedagógicos e educacionais estilo de geso e de
liderança, questões pessoais, experiências vividas, recursos sicos e materiais e as
políticas que têm oportunizado cursos de formação inicial e continuadas para gestores
de escolas. É necessário buscar, democraticamente, o diálogo e a avaliação, em
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consoncia com a rede de ensino, no intuito de ouvir professores e gestores sobre a
proposta do governo, sendo os mesmos convidados a se pronunciar e a se envolver na
definição de suas diretrizes e prioridades, permitindo uma definição mais adequada às
políticas formativas e seu uso nos diferentes setores educacionais. Tais resultados
podem ser tomados como puro reflexo da realidade escolar, bem como supõe uma
possível melhoria no material didático utilizado nos cursos em EaD. Por isso as formas
de abordagens pelos cursistas, no que tange à sua participão, são de se supor um
embate que passa necessariamente pelas posições políticas como indicativo da
proposta de formação por eles cursada.
Enfim, essas reflexões não se esgotam apenas na posse de informações acamicas.
É preciso desvelar a reflexidade presente na experiência desses gestores frente ao
trabalho pedagógico exercido no âmbito da escola, por entendermos que há uma
especificidade de informações que possibilite responder o caminho por entre as dobras
de algumas importantes teorias e que poderá ajudar a dar continuidade a uma
significativa prática e construção de atitudes que concorram para a melhoria da
qualidade educacional. Esperamos que as indicações que foram dadas ao longo do
curso possam envolver a atuação concreta dos cursistas e que estes continuem sendo
capazes de aplicar e usar o aprendido em situações reais de sua vida e de seu
trabalho.
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Data da submissão: 04/12/2018
Data da aprovação: 21/02/2019