Trabalho & Educação | v.28 | n.1 | p.141-152 | jan-abr | 2019
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ENSINO SUPERIOR EM TEMPOS MEDIADOS PELAS TECNOLOGIAS
DIGITAIS
Higher education in times mediated by digital technologies
KENSKI, Vani Moreira
1
MEDEIROS, Rosangela Araújo
2
ORDÉAS, Jean
3
RESUMO
O mundo mudou. As relões humanas e as relações com a informação e o conhecimento mudaram.
A ampliação do acesso à internet e às tecnologias digitais estabeleceram novos patamares de
relacionamento entre pessoas, processos e objetos. Essas mudaas afetam também as instituições
de ensino, que precisam se reinventar parao ficarem à margem dessa evolução. Um dos desafios
contemponeos é saber escolher a informação e transfor-la em conhecimento significativo, algo
completamente diferente de pelo menos duas cadas ats, quando o desafio era obter a
informação. Hoje a informação é abundante. O acesso ao excesso (COSTA, 2008) de informação é
possível em qualquer localidade e horário. Gera novas necessidades de orientação docente e de
participação dos estudantes. Discutimos esse contexto de mutão do saber a partir de Levy (1999) e
Santos (2005), que nos ajudam a compreender esse processo e a posição que a universidade
assume nesse novo cenário. Garcia et al. (2011), Santaella (2013) e Kenski (2015) trazem para a
discussão as novas relações, formas e estratégias de ensino e aprendizagem mediadas de acordo
com os novos anseios formativos dos sujeitos e da sociedade contemporânea. Assim, o objetivo
deste texto é apresentar reflees sobre as tecnologias digitais e as necessidades de mudança no
processo educacional desenvolvido pelas instituições de ensino superior brasileiras.
Palavras-chave: Ensino superior. Cultura digital. Tecnologias digitais.
ABSTRACT
The world changed. Human relations and relations with information and knowledge have changed.
The expansion of Internet access and digital technologies have established new levels of relationship
between people, processes and objects. These changes also affect educational institutions, which
need to reinvent themselves so as not to be left out of this evolution. One of the contemporary
challenges is to choose information and turn it into meaningful knowledge, something completely
different from at least two decades ago when the challenge was to get the information. Today the
information is plentiful. Access to excess information (COSTA, 2008) is possible in any location and
time. It generates new needs for teaching orientation and student participation. We discuss this context
of knowledge mutation from Levy (1999) and Santos (2005), which help us to understand this process
and the position the university takes in this new scenario. Garcia et al. (2011), Santaella (2013) and
Kenski (2015) bring to the discussion the new relationships, forms and strategies of teaching and
learning mediated according to the new formative longings of subjects and contemporary society.
Thus, the purpose of this text is to present reflections on the digital technologies and the needs of
change in the educational process developed by the Brazilian higher education institutions.
Keywords: Higher education. Digital culture. Digital Technologies.
1
Doutora e Mestre em Educação. Licenciada em Pedagogia e Geografia. Vice-presidente da ABED (Associação Brasileira de Educação
a Distância), gestão 2015-2019. Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de São Paulo (USP). E-mail:
<vanikenski@gmail.com>
2
Doutoranda em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre e Pedagoga pela USP. Professora da Universidade do
Estado da Paraíba. E-mail: < professorarosangelauepb@gmail.com >
3
Mestrando em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Educação a Disncia pela Universidade Federal do
Ceará (UFC). Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). É membro associado da Associação
Brasileira de Educação a Distância - ABED. E-mail: <jean.ordeas@gmail.com>
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INTRODUÇÃO
Tecnologias diversas acompanham a humanidade em todas as eras. Criadas como
extensões das capacidades humanas, elas se apresentam como artefatos úteis para
viver melhor, de acordo com as concepções do que seja o melhor em cada época,
cada cultura, cada espaço e cada condição social, econômica e cultural vivenciada.
Assim, as relações entre tecnologias e qualidade de vida dependem de aspectos que
extrapolam suas criações e seus usos. Martelos, livros ou armas são utilizados de
formas diversas - para sobreviver, aprender ou se divertir por diferentes pessoas e
sociedades.
E chegamos às tecnologias mais atuais da civilizão, as digitais. Distintas, elas se
atualizam e se multiplicam exponencialmente. Acessíveis à maioria das pessoas, são
cada vez mais intuitivas, fáceis de manusear e se incorporam não como modismo,
mas como necessidade à realidade cotidiana de nossas vidas. Diferentes das
demais, tais tecnologias agregam recursos, técnicas e metodologias anteriores que
convergem e se atualizam na lógica da cultura digital (KENSKI, 2018). Dispersivas,
ubíquas e pervasivas, criam vínculos e vícios pessoais e sociais: não conseguimos
mais viver sem elas.
O fascínio tecnológico da era do digital não está, no entanto, na materialidade dos
equipamentos e recursos que lhes viabiliza a existência. Ele transcende o contexto
maquínico e mesmo as propriedades técnicas, sempre em atualização. Seu poder
maior está na realização do anseio humano de completude, de pertencimento, ainda
que virtual, mas real. O digital viabiliza o encontro com outros seres humanos e não
humanos com os quais é possível comunicar, interagir, perguntar, responder,
planejar... criar, juntos.
Essas possibilidades da cultura digital envolvem camadas tecnológicas distintas, de
acordo com os avanços e inovações apresentadas pelos meios (ou dias) de
interação, comunicação ou desenvolvimento de novos comportamentos, processos e
produtos. A Internet como ponto de convergência das múltiplas camadas das
tecnologias digitais, em suas poucas décadas de existência plena, tornou possível a
formação de redes e o acesso aberto a informações por toda a sociedade. Uma nova
tecnologia digital é ponto de partida para a criação de inúmeras outras tecnologias,
mais potentes, diferentes e que ampliam a capacidade humana de ir além do
conhecido e vivenciado até eno.
O resultado dessa (re)volução tecnológica intensa que avança em poucas décadas
para seu quarto estágio está na convergência dos mundos físico, digital e biológico
que [...] oferece oportunidades significativas para o mundo alcançar enormes ganhos
em uso e eficiência de recursos (KLAUS, 2016, p. 63). Dessa convergência é possível
elencar diversos produtos que têm condições de causar alterações profundas nos
processos educacionais, tais como a impressora 3D, inteligência artificial, internet das
coisas, armazenamento em nuvem, entre outros, que podem trazer benefícios nunca
antes experimentados aos processos educacionais, desde que as instituições se
preparem para acompanhar e fazer parte dessa evolução.
Assim, alcançamos um novo patamar tecnológico, da cultura digital: o do uso intensivo
de mídias interativas e móveis. Ou seja, tecnologias ubíquas, que podem funcionar em
qualquer tempo e local conectável. Como mídias de síntese, incorporam antigos meios
tecnológicos imagens, vídeos, sons, textos... e, em múltiplas interfaces, fazem-nos
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ir além. Nas relações sociais nos fazem convergir para pontos comuns de conversas e
reflexões pessoais e coletivas com os nossos pares, colegas, amigos, parceiros... o
mundo inteiro, o conhecimento acumulado, saberes e crenças. Mais ainda, tornamo-
nos produtores de informações acessáveis e intercambiáveis com todos. Somos
múltiplos na cultura digital e somos próximos de tudo e todos pelas mídias móveis.
Para termos uma ideia da dimensão que as dias móveis ocupam na sociedade, a
última pesquisa sobre o uso de Tecnologias de Informação e Comunicação nos
domicílios brasileiros TIC Domicílios, publicada pelo Centro Regional de Estudos para
o Desenvolvimento da Sociedade da Informação CETIC em 2017, indica que 92%
das habitações brasileiras possuem telefone celular, 29% computador portátil, 23%
computador de mesa e 16% tablet. Se considerarmos os meios de acesso à internet
4
,
por indivíduo, veremos que 96% acessam via celular, 33% via Notebook, 30% por meio
de computador de mesa e outros 15% via tablet (CETIC, 2017). Esses dados
confirmam a predominância do uso de dispositivos móveis, favorecendo a ubiquidade e
a possibilidade de acesso instantâneo, a qualquer tempo e lugar. Essa conexão
contínua favorece a formação de redes e reforça a necessidade de reflexão sobre a
importância da internet e das tecnologias digitais na sociedade, e de um modo especial
na educação e no ensino superior.
Formamos redes com pessoas conhecidas e desconhecidas que estão em locais
próximos e distantes. Unidos por interesses comuns, formatamos as redes como
comunidades nas quais conversamos sobre os mesmos temas, refletimos e discutimos
assuntos do nosso interesse, ensinamos e aprendemos muito, com todos os nossos
parceiros online, onde quer que estejam conectados. A possibilidade de colóquios
permanentes nos fascina e cria o sentimento de pertencimento, na convergência de
pessoas que nos complementam. Somos muitos, somos um.
O processo de aprendizagem desencadeado nas redes tem suas especificidades.
Intuitivamente somos guiados pela curiosidade e motivação para buscar informações
sobre o que nos interessa. São muitos os casos de jovens que aprendem sozinhos a
se comunicar em outros idiomas, para avançarem em jogos e desafios internacionais.
Essas são as primeiras regras para a aprendizagem nos meios digitais. Há que estar
motivado para aprender e ir em busca do conhecimento.
Nas horas livres, aprendizes de todas as idades e escolarização superam dificuldades
e aprendem a manejar seus equipamentos veis para interagir, comunicar,
expressar-se, divertir e se informar. Nos espaços regulares de formação, no entanto,
essa prática é pouco utilizada. A escola de todos os níveis ainda não aproveita de
forma satisfatória as potencialidades do digital para o uso pedagógico nos processos
de formação de todos os participantes, professores e estudantes, principalmente.
Esse descompasso entre o aproveitamento do potencial pedagógico das tecnologias
digitais e os processos de ensino e aprendizagem na universidade reflete a
necessidade urgente de adequar os currículos dos cursos de formação de professores,
estrutura de apoio tecnológica e física das instituições, dotando-as de laboratórios,
redes de conexão de alta velocidade e espaços pedagógicos adequados ao
desenvolvimento de atividades mediadas pelas tecnologias digitais. Sem essas
4
A soma dos percentuais ultrapassa os 100% pois é levado em consideração que um mesmo indivíduo pode ter acesso à internet por
mais de uma mídia.
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mudanças básicas, as Instituições de Ensino Superior (IES)o conseguirão reduzir o
gap entre a demanda da sociedade conectada e a formação oferecida.
Esse distanciamento entre o espaço formativo regular das universidades e o uso
prático e intensivo das tecnologias digitais, sobretudo as móveis, para ensinar e
aprender precisa ser repensado, discutido e superado.
LACUNAS ENTRE DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E A REALIDADE SOCIAL
BRASILEIRA
A sociedade brasileira vive diferenciados níveis de desenvolvimentos e integrações
com as tecnologias e a cultura do digital. Enquanto alguns espaços sociais
acompanham e protagonizam as mudanças e evoluções das tecnologias de última
geração, outros recantos do País eso à margem das tecnologias mais avaadas e
suas funcionalidades. Vários o os fatores - econômicos, sociais e culturais que
contribuem para a exisncia dessas disparidades e de lacunas tecnológicas na
realidade social. No Brasil, a condição e qualidade de acesso à internet, por exemplo,
está condicionada a classe social e região. Pesquisa realizada pelo Comitê Gestor da
Internet no Brasil CGI.Br (2018) indica que, no ano de 2015, 78% daqueles que estão
situados no maior quintil de renda per capita têm acesso à internet, enquanto apenas
44% dos que se encontram no no grupo de renda mais baixa possuem acesso à
internet, independentemente do meio ou dispositivo que utilizam para acessar.
No que concerne aos acessos por região no Brasil, a Figura 1 apresenta a Centro-
Oeste como aquela mais conectada enquanto as regiões Norte e Nordeste possuem
índices menores de conexões por usuário.
Figura 1 - Porcentagem de usuários de internet por região no Brasil
Fonte: CGI.br/NIC.br TIC domicílios 2017
Ainda no campo do uso de internet por domínio geográfico, a mesma pesquisa indica
que 64% dos habitantes das áreas urbanas usam internet, enquanto nas áreas rurais,
esse número chega a 26%. O estudo do CGI.Br avalia que esse cenário de
disparidade de acesso exige medidas reparadoras como forma de incluir a parcela da
população privada do acesso à internet. A penetração da rede é mais reduzida em
áreas rurais e em determinadas regiões geográficas, o que indica a necessidade de
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74
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Centro-Oeste Sudeste Sul Nordeste Norte
Indicador de usuários de internet por região %
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esforços para a conectividade de setores importantes da populão” (GCI.Br, 2018, p.
68).
Quando se compara o acesso à internet com o grau de instrução dos indivíduos,
também é possível notar a correlação entre formação e acesso. No Brasil, 93% das
pessoas com o ensino superior completo usam internet, enquanto apenas 29% das
pessoas com o primário incompleto acessam a rede, segundo relatório do Comitê
Gestor da Internet no Brasil (2018), para o qual esse resultado corrobora o chamado
viés de habilidades da Internet, cujo aproveitamento tende a favorecer aqueles com
maior capital humano” (p. 36).
Nessa perspectiva, o relatório internacional produzido pelo New Media Consortium, em
parceria com a Educause Learning Initiative (ELI), de publicação anual, intitulado
Horizon Report, apresenta os principais desafios, tendências e evoluções das
tecnologias digitais nos sistemas de ensino, inclusive no vel superior. Na edição de
2017, um dos desafios apontados para a adoção de tecnologias na educação superior
seria o avanço na equidade digital. O estudo indicou que:
Apesar da proliferação de tecnologia e materiais de aprendizagem on-line, o acesso ainda
é desigual. Lacunas persistem em todo o mundo que estão dificultando a conclusão da
faculdade para grupos de estudantes por status socioeconômico, raça, etnia e gênero.
Além disso, o acesso à Internet suficiente permanece desigual (ADAM BECKER et al.,
2017, p. 2).
Conhecer esse cenário macro possibilita ter a clareza de que a lacuna tecnológica
existente na universidade não se resolve apenas com a inclusão de recursos digitais
nas salas de aula e nos laboratórios. É necessário um conjunto de políticas públicas
integradas, que possibilitem o domínio amplo dos meios digitais por todos os
brasileiros. Para isso são necessários programas massivos de incluo e letramento
digital para a população que, a despeito de possuir acesso às tecnologias digitais
cotidianamente, ainda não possui formão e conhecimentos básicos para a sua
adequada e transformadora apropriação.
O ENSINO SUPERIOR NA CULTURA DIGITAL
O ensino superior está imerso em grandes desafios, tendo em vista as demandas e
tendências desse novo contexto tecnológico. Eso em xeque a estrutura, o currículo,
os espaços, os tempos e os modelos de ensino e de aprendizagem utilizados até
então, bem como os papéis desempenhados por docentes e estudantes na relação
com o conhecimento socialmente válido.
Entre todos os espaços regulares de formação educacional, a universidade se
apresenta como instituição máxima de desenvolvimento de profissionais e
pesquisadores. Cabe a ela a responsabilidade de viabilizar a formação plena de seus
estudantes, de acordo com as necessidades da sociedade em que está inserida. A
correspondência biunívoca entre a universidade e a cultura local está diretamente
ligada às pessoas que transitam permanentemente nesses dois lugares: universidade
e espaço social que habitam. Elas são as mesmas e se utilizam das mídias digitais
para as mais diversas ações em suas vidas cotidianas.
O túnel do tempo presente nas liturgias das salas de aula universitárias se encarrega
de apartar as funcionalidades do digital dos ritos pedagógicos das aulas que,
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tradicionalmente, permanecem na antiga cultura da comunicação em massa.
Professores detêm o poder e o saber e o anunciam seletivamente para os estudantes,
que o replicam, como caixas de ressoncia distribdas.
Levy (1999) pontua que vivenciamos uma mutação na relão com o saber. Os
universitários possuem novos interesses e habilidades, sobretudo nos usos dos
recursos digitais. Não se interessam em permanecer em aulas massivas plenas do
protagonismo do docente e a passividade dos estudantes cujos objetivos estão
ligados à reprodução de conteúdos, de acordo com a perspectiva apresentada pelo
mestre. Exigem outros modos de ensino, mais velozes e participativos. Por meio de
seus equipamentos digitais móveis acessam informações e interagem com o resto do
mundo em busca de saberes que estão disponíveis em qualquer lugar. Mídias
inteligentes conectadas à internet que não conferem somente mobilidade e
convergência. Oferecem também versatilidade e rapidez em interações amplas, no
acesso a informações e em tomada de decisões em diferentes âmbitos da vida, o que
exige novas habilidades.
Em termos ideais, espaços de ensino e de aprendizagem no ensino superior deveriam
contribuir minimamente para que os estudantes desenvolvessem capacidades de
selecionar, mapear e articular a informação disponível no ciberespaço com as
estruturas cognitivas e culturais de que os estudantes dispõem. A universidade urge
também formar sujeitos que saibam colaborar e viver situações de compartilhamento
em contextos discursivos diversos, preparados para a improvisão, a
imprevisibilidade, a indeterminação, a criatividade e a inovação.
A cultura digital vigente na sociedade do século 21 estabelece uma revolução
antropológica (GARCIA et al., 2011), mais do que tecnológica. A intersecção entre
mundo offline e online institui novas configurações nas relações de ensino, que deve
ser aberto, uquo (SANTAELLA, 2013), em formatos que misturam situações
presenciais e online. É tempo de provocar conexões entre pessoas, objetos, máquinas,
saberes e ideias.
É nesse sentido que Kenski (2015) assevera sobre as mudanças desencadeadas
pelas tecnologias digitais no processo de ensino e aprendizagem no ensino superior,
que engloba o uso de novas estratégias didáticas e, um ponto essencial, maior
interação com os estudantes e as realidades para as quais eles estão sendo formados
(p. 458).
Não se trata só do domínio técnico de ferramentas digitais específicas ou de
funcionalidades de Learning Management System (LMS), que normalmente são
estruturados em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA). As mudanças são
velozes, inclusive nos dispositivos e ferramentas. O que hoje é utilizado no smartphone
ou no Moodle (um AVA de origem gratuita e com linguagem aberta, muito utilizado nas
instituições universitárias), meses depois já pode ter sido modificado, ou se tornou
obsoleto, pouco veloz ou pouco eficaz.
Nesse sentido, para além da vivência com dispositivos digitais em seu cotidiano e
diferentes AVA, os professores universitários precisam apropriar-se pedagogicamente
da lógica da cultura digital. Isto implica na mudança de mentalidade não apenas de
professores e gestores universitários. Toda a comunidade acadêmica, os órgãos
legisladores dos processos educacionais, governantes e sociedade em geral precisam
repensar os modelos e estratégias de formação no ensino superior para lhes garantir
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novas competências, habilidades e valores condizentes com a realidade tecnológica,
pessoal e social vigente.
Um novo ensino superior aberto, híbrido, disruptivo, multimodal, pervasivo e uquo
voltado para o atendimento personalizado das demandas formativas dos estudantes e
que seja consoante com a sociedade atual. Essas características norteiam a atual
cultura digital e influenciam as necessidades de mudanças e inovações nos sistemas
de educação universitária.
Algumas dessas características são tendências que podem ser verificadas também no
relatório do Horizon Report (2017), sobre a educação superior. Dentre essas
tendências, estão os projetos de ensino híbrido, ou Blended Learning, no curto prazo.
No médio prazo está o redesenho dos espaços de aprendizagem, e no longo prazo
está o avanço na cultura de inovação. Cabe destacar que essas três tendências se
fazem presentes nos dois últimos relatórios (2016 e 2017) do Horizon Report. Ainda
segundo o relatório de 2017, entre os desafios para concretizar essas tendências, está
a integração da aprendizagem formal e informal.
O ensinobrido implica na integração entre ambientes de ensino superior presenciais
e online. Institui-se a convergência de práticas de ensino e de aprendizagem, na
configuração do blended learning (BL), que modifica o conceito de presença, tanto do
professor quanto do aluno. A aula se amplia e incorpora o melhor de dois ou mais
ambientes presenciais e virtuais. A redução de distâncias em ensino e aprendizagem
fundamenta essa nova sala de aula, que pode transformar a universidade num lugar
sem distâncias. E sem muros e barreiras.
Essa integração é crescente, necessária e inevitável, tanto em nível micro como uma
atividade didático-pedagógica, uma disciplina ou no curso de graduação ou pós-
graduação quanto em nível macro, como em uma IES ou toda rede de ensino,
incorporando as possibilidades da pervasividade e ubiquidade dos equipamentos
móveis.
O ensino superior pervasivo responde a um processo de imersão, no qual as
tecnologias digitais estão incorporadas à nossa vida, de tal modo que muitas vezes são
imperceptíveis, como todo processo de conexão à Internet, seja por rede wireless ou
por redes digitais móveis, que possibilitam o acesso ao universo online, seja ao
acoplamento dos usos no nosso cotidiano e na aprendizagem.
Os LMS são um exemplo dessa pervasividade. São quase impercepveis suas
funcionalidades, com interfaces cada vez mais intuitivas e adaptadas. Entretanto,
permitem inúmeras possibilidades de ensino e de aprendizagem, como o registro
estatístico de acesso, das preferências de horários de acesso dos alunos, do tempo
gasto em cada atividade. Dispositivos digitais móveis com captura do movimento ótico,
expressão facial e capacidade de análise dos movimentos e respostas dos usuários já
tornam possíveis as condições para personalizar a aprendizagem, de acordo com
interesses, necessidades e estilos de aprendizagem de cada estudante.
Como anuncia Melaré (2016), os estilos de aprendizagem são diferentes traços
cognitivos, afetivos e fisiológicos que servem como indicadores relativamente estáveis
de como estudantes percebem, interagem e respondem aos seus ambientes de
aprendizagem, que devem ser considerados, para ampliar a qualidade do ensino
online, de modo que se motivem e sintam que estão aprendendo. Esses fatores podem
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diminuir evasão em cursos superiores online, bem como desenvolvem competências
relacionadas à autonomia.
Nessa perspectiva, o digital viabiliza um ensino multimodal, posto que explora diversos
modos de comunicação e expressão: fala, gesto, texto, imagem, vídeo, som, entre
outros. Como espaços de convergência, os LMS possibilitam cada vez mais a
integração de diferentes mídias e canais de acesso e construção dos conhecimentos
propostos. São possíveis diferentes trilhas de aprendizagem, que permitem a
personalização do ensino. As mais avaadas tecnologias do digital seguem no
empoderamento do ser humano e lhes abre condições de interagir e aprender em
diferenciadas realidades virtuais: aumentada, misturada, imersiva, simulações...
garantindo a telepresea e a teleoperação.
O ensino personalizado é uma das tendências tecnológicas para ser adotada no ensino
superior desde 2014, conforme o NMC Horizon Report Higher Education 2017. O
relatório de 2017 aponta que é uma alternativa viável, inclusive, para equacionar o que
apontam como "triângulo de ferro" dos desafios, tanto do ensino híbrido, quanto do
ensino online: custo, acesso e qualidade (ADAM BECKER et al., 2017).
Essa personalização é complementada pela ubiquidade, visto que o ensino superior
também pode ser adaptado para o contexto da virtualidade em aparelhos digitais
móveis. A personalização do ensino se amplia com o grande número de ofertas de
cursos livres e abertos disponíveis nas redes. Algumas das melhores universidades do
mundo oferecem MOOCs sigla em inglês de Massive Open Online Course (Curso
Online Aberto e Massivo, na tradução literal para o português) que são cursos
abertos, de curta duração e destinados a grande número de pessoas, desenvolvidos
online sobre temas espeficos.
As inúmeras oões de ensino mediado via internet reconfigura o caminho tradicional
de formação. Estudantes procuram as informações que são de interesse e as acessam
nas redes, sem precisar ir à IES. Elas é que se oferecem e vão ao encontro das
necessidades dos aprendizes. Em termos formativos, ainda que as informações sejam
muito importantes, elas precisam ser contextualizadas, debatidas, discutidas e
comentadas pelos que se encontram nos mesmos espaços formativos. Da discussão e
reflexão coletiva surgem novas compreensões, novos posicionamentos críticos diante
do conhecido. No conjunto de vozes dos sujeitos que se debruçam ao mesmo tempo
diante das informações surgem novas aprendizagens. O acesso, discussão e reflexão
crítica sobre estes conhecimentos distribuídos por toda parte, como diz Lèvy (2007), dá
origem aos coletivos inteligentes, já que ninguém sabe tudo, porém todos sabem
alguma coisa e, juntos, podem contribuir para a aprendizagem de uns e outros.
A formão no ensino superior em contextos digitais pressupõe a participação ativa de
estudantes e professores. Reunidos nos ambientes virtuais, com aberturas para trocas
informacionais e de opiniões sobre os conhecimentos e processos educativos em
curso, as relões entre estudantes e professores adquirem nova roupagem, voltada
para a interação, a colaboração, a organizão de equipes e a superação de desafios
comuns de aprendizagem.
É uma mudança na lógica do ensino, centrada no professor. Não há dúvida de que
cabe a ele a orientação sobre o método e a definição do grau de interação dos
aprendizes. Neste sentido, o basta a abertura sem orientação pedagógica para o
processo. Ao contrário, definições prévias orientam os caminhos, a apresentão de
desafios, e a personalização dos meios de aprendizagem quando, como, com quem,
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para que... de acordo com o contexto e as características especiais do conhecimento
em questão.
O processo de formão superior que envolve a utilização dos meios digitais é
necessidade urgente do contexto social, profissional e cultural em que vivemos. Para
alcançar esta formação, professores e estudantes precisam estar envolvidos pelas
mesmas preocupações de ensinar e aprender de forma significativa, ou seja, que seja
útil e valiosa não apenas aos que participam dos momentos didáticos dos cursos, mas
toda à sociedade.
O investimento social feito pela sociedade à universidade, delegando a ela a formação
dos novos profissionais e cidadãos, define a relação entre o ensino mediado e a
incorporação de comportamentos, conhecimentos, sentimentos e valores que sejam
úteis e fam sentido nos papéis que estes aprendizes exercem ou irão exercer nas
suas realidades.
A universidade o pode falar e ensinar apenas para ela mesma. Como espaço social,
ela precisa estar comprometida com as características, os valores e as mentalidades
do novo momento, suas necessidades e urgências. Estar empenhado com a nova
cultura exige mudanças. Nesse sentido, a cultura digital exige que as IES repensem
seus currículos, processos, práticas, espaços e tempos. Nesta direção, Kenski (2013,
p. 73) considera que:
A revisão de currículos e práticas de formação é exigida pelas próprias associações
profissionais que contabilizam o grande desgaste decorrente da necessidade de
qualificação para a inserção de profissionais recém-graduados no mercado de trabalho.
Ou seja, o anacronismo curricular em relação às tecnologias acaba produzindo efeitos
diretos na formação profissional, sentidos pelo egresso das IES e pelas empresas que
os recebem, por terem que despender recursos com cursos de capacitação e
desenvolvimento ou aprimoramento de habilidades que o sujeito já deveria possuir.
Além de reformas curriculares e revisões de processos e todos é necessário ampliar
o que se reconhece como formação. Neste sentido, a validação de cursos livres, por
exemplo, é uma demanda que está posta e já está sendo discutida e considerada em
muitas instituições universitárias do sistema de ensino superior europeu, regido pelo
Processo de Bolonha
5
.
Além dessa demanda cultural, social e econômica, muitas profissões estão suscetíveis
ao desaparecimento, pois as tecnologias da cultura digital estão adentrando cada vez
mais não só os setores produtivos, mas a prestação de serviços em diferentes ramos
ocupacionais. Essa questão tem sido pensada em diversas universidades e divulgada
em múltiplos canais de comunicação. Por exemplo, no Jornal da Universidade de São
Paulo, publicado em 23 de fevereiro de 2018, o professor Luli Radfahrer, pesquisador
na área de Comunicação digital, afirma que muitos empregos irão desaparecer, em um
curto período e em larga escala, por conta do avanço das tecnologias digitais, que
envolve o uso da inteligência artificial e robótica para substituir a atuação de
profissionais de diversos setores ocupacionais.
5
Processo ou Tratado de Bolonha é um acordo firmado por diversos países europeus em 1999 na cidade de Bolonha, Itália, para
convergência dos sistemas de ensino superior do continente (EIRÓ; CATANI, 2011, p. 106) e seus desdobramentos envolvem a criação
do projeto Tuning, ou seja, de afinação, que desenvolve pontos comuns de referência para currículos baseados em competências,
subdivididos em diferentes áreas (idem, p.111).
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Carl Frey e Michael Osborne são pesquisadores da Universidade de Oxford que
também pesquisam esta temática. Segundo reportagem de Rafael Barifouse, da BBC
Brasil, publicada em março de 2017, estes dois professores realizaram um estudo para
tentar responder à pergunta de quais ocupações serão substitdas nas próximas duas
décadas. Ao estimarem as chances para 702 profissões, descobriram queno topo do
ranking estão agente de crédito (98,36%), analistas de crédito (97,85%) e corretores de
iveis (97,29%). Trabalhos como gerente de remuneração e benefícios (95,57%),
atendente em agências de correio (95,41%) e operador de usina nuclear (94,68%)
também estão bastante ameaçados (BARIFOUSE, 2017), bem como operador de
telemarketing, que ocupou o topo do ranking, conforme o estudo.
Essa realidade atinge diretamente o ensino superior, instituição ainda reconhecida para
a formação de profissionais que atuam em todas as áreas do mercado de trabalho. É
preciso formar os sujeitos para esse contexto. Para as novas profissões, para as novas
exigências, não são só do mercado de trabalho, mas também para as relões sociais
assentadas nessa cultura da instantaneidade, da fluidez, das possibilidades de
estarmos mais maquínicos, pós-humanos (SANTAELLA, 2007) e mais interativos e
cônscios de que as possibilidades de aprendizagens oferecidas pelas tecnologias
digitais são infinitas.
A amplitude e variedade de conteúdos e informações desorienta os aprendizes do
mundo virtual, que podem se fortalecer nas trocas de informações e interações com
professores e outros que possuam interesses de aprendizagem próximos aos seus.
Nesse sentido, as tecnologias digitais não formulam estratégias pedagógicas e
tampouco aprimoram metodologias (TAVARES, 2015). São os indivíduos imersos
nesse processo que controlam e direcionam tais aprendizagens.
As tecnologias digitais usáveis em processos formativos universitários não possuem
manuais ou caminhos predefinidos para utilização em atividades de ensino. Cabe aos
professores rever suas práticas e integrar esses meios de acordo com as
características das áreas de conhecimento e as condições de acesso e uso dos
estudantes aos recursos dispoveis.
A universidade em todas as épocas tem papel essencial nessa ação formativa para os
novos tempos que a sociedade está a exigir. A partir das suas ações de ensino,
pesquisa e geso de processos de formação superior, pode assumir a transformação
e a inovação como suas responsabilidades, de modo a contribuir para a mudança de
mentalidade, como também para refletir de forma ética e cultural sobre todo o contexto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É evidente a necessidade de adotar iniciativas que sintonizem as instituições de ensino
superior com os novos tempos e desafios tecnológicos. Estudantes universitários e
seus professores já utilizam fortemente ampla gama de recursos digitais para
atividades das mais simples às mais complexas do dia a dia.
A não adoção de uma nova mentalidade, que permita reposicionar a instituição
universitária mediante o papel das tecnologias digitais no processo de ensino e
aprendizagem, implica na manuteão do anacronismo dos métodos educacionais em
relação à realidade contemporânea, que se reflete na baixa qualidade da educação e
consequentemente em uma formação profissional precária.
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É necessário compreender que a internet e as tecnologias digitais redimensionam os
papéis de professores e estudantes. Professores outrora considerados como
detentores do saber, são chamados a assumir uma posição de gerenciadores,
facilitadores do processo de ensino e aprendizagem. Enquanto isso os estudantes
assumem postura mais ativa, na busca de informações e na atuação em equipes para
exami-las, discuti-las criticamente e seguir adiante, com inovões e novas reflexões.
Essa nova postura é facilitada pelo femeno do fim das fronteiras entre áreas e entre
conhecimentos viabilizado pelas redes de comunicação, que possibilitam ter acesso à
informação ao alcance a qualquer momento e em qualquer lugar.
Para readequar as instituições de ensino a esse novo tempo, são necessárias algumas
medidas básicas:
Dotar as instituições de ensino das infraestruturas tecnológica e física necessárias;
Reformular currículos de modo que a presença da habilidade na utilização das
tecnologias digitais e seus comportamentos inovadores estejam presentes;
Repensar a formação inicial e continuada de professores com e para a utilização
das tecnologias digitais, nos processos educativos.
Elaboração de políticas públicas integradas de inclusão digital e fluência tecnológica
para todos.
Estímulo à atuação em equipe, por meio de processos de ensino e aprendizagem
interativos e colaborativos online, de forma a que a presença virtual seja mais
importante e significativa do que a presença passiva dos estudantes em salas de
aula presenciais.
Esses pontos são capazes de estimular uma nova cultura nas instituições de ensino.
Culturas de participação, ação e inovação com a utilizão intensa dos meios digitais e
internet, que conectem as instituições com o ritmo e o tempo presentes de cada sujeito,
seja ele professor ou estudante. Estejam na sala de aula, ou fora dela.
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Data da submissão: 05/12/2018
Data da aprovação: 21/02/2019