Trabalho & Educação | v.28 | n.1 | p.141-152 | jan-abr | 2019
diminuir evasão em cursos superiores online, bem como desenvolvem competências
relacionadas à autonomia.
Nessa perspectiva, o digital viabiliza um ensino multimodal, posto que explora diversos
modos de comunicação e expressão: fala, gesto, texto, imagem, vídeo, som, entre
outros. Como espaços de convergência, os LMS possibilitam cada vez mais a
integração de diferentes mídias e canais de acesso e construção dos conhecimentos
propostos. São possíveis diferentes trilhas de aprendizagem, que permitem a
personalização do ensino. As mais avançadas tecnologias do digital seguem no
empoderamento do ser humano e lhes abre condições de interagir e aprender em
diferenciadas realidades virtuais: aumentada, misturada, imersiva, simulações...
garantindo a telepresença e a teleoperação.
O ensino personalizado é uma das tendências tecnológicas para ser adotada no ensino
superior desde 2014, conforme o NMC Horizon Report Higher Education 2017. O
relatório de 2017 aponta que é uma alternativa viável, inclusive, para equacionar o que
apontam como "triângulo de ferro" dos desafios, tanto do ensino híbrido, quanto do
ensino online: custo, acesso e qualidade (ADAM BECKER et al., 2017).
Essa personalização é complementada pela ubiquidade, visto que o ensino superior
também pode ser adaptado para o contexto da virtualidade em aparelhos digitais
móveis. A personalização do ensino se amplia com o grande número de ofertas de
cursos livres e abertos disponíveis nas redes. Algumas das melhores universidades do
mundo oferecem MOOCs – sigla em inglês de Massive Open Online Course (Curso
Online Aberto e Massivo, na tradução literal para o português) – que são cursos
abertos, de curta duração e destinados a grande número de pessoas, desenvolvidos
online sobre temas específicos.
As inúmeras opções de ensino mediado via internet reconfigura o caminho tradicional
de formação. Estudantes procuram as informações que são de interesse e as acessam
nas redes, sem precisar ir à IES. Elas é que se oferecem e vão ao encontro das
necessidades dos aprendizes. Em termos formativos, ainda que as informações sejam
muito importantes, elas precisam ser contextualizadas, debatidas, discutidas e
comentadas pelos que se encontram nos mesmos espaços formativos. Da discussão e
reflexão coletiva surgem novas compreensões, novos posicionamentos críticos diante
do conhecido. No conjunto de vozes dos sujeitos que se debruçam ao mesmo tempo
diante das informações surgem novas aprendizagens. O acesso, discussão e reflexão
crítica sobre estes conhecimentos distribuídos por toda parte, como diz Lèvy (2007), dá
origem aos coletivos inteligentes, “já que ninguém sabe tudo, porém todos sabem
alguma coisa” e, juntos, podem contribuir para a aprendizagem de uns e outros.
A formação no ensino superior em contextos digitais pressupõe a participação ativa de
estudantes e professores. Reunidos nos ambientes virtuais, com aberturas para trocas
informacionais e de opiniões sobre os conhecimentos e processos educativos em
curso, as relações entre estudantes e professores adquirem nova roupagem, voltada
para a interação, a colaboração, a organização de equipes e a superação de desafios
comuns de aprendizagem.
É uma mudança na lógica do ensino, centrada no professor. Não há dúvida de que
cabe a ele a orientação sobre o método e a definição do grau de interação dos
aprendizes. Neste sentido, não basta a abertura sem orientação pedagógica para o
processo. Ao contrário, definições prévias orientam os caminhos, a apresentação de
desafios, e a personalização dos meios de aprendizagem – quando, como, com quem,