Trabalho & Educação | v.28 | n.2 | p.63-77 | maio-ago | 2019
Levando em consideração a proporção entre o número de inscritos e o número de
aprovados, a vantagem do estado aumenta ainda mais, com taxa de aprovação de
3,93%; em segundo lugar, ficou com o estado de São Paulo, com taxa de aprovação de
1,21%. Dos estudantes aprovados, entretanto, nenhum é da rede pública de ensino.
Todos são oriundos de escolas privadas, e muitas delas figuram entre as maiores da
cidade. Em contrapartida, a realidade da esmagadora maioria é bem diferente. A
educação básica no estado do Ceará, apesar de um discreto aumento no Ideb
verificado
através do Censo Escolar de 2015
, continua em situação de extrema desvantagem em
relação às escolas particulares de ensino, exibindo diversos fatores de precariedade
impossíveis de serem esmiuçados aqui, dado o objetivo da pesquisa ora apresentada,
mas que evidenciam uma desvantagem brutal nas chances de concorrência em
vestibulares locais, menos concorridos.
É fato público e notório o baixo percentual dos filhos dos trabalhadores que ingressam
nas universidades federais e estaduais, embora o aprofundamento empírico dessa
desvantagem não seja o enfoque desse estudo. Como amostra, apesar do alarde feito
pela Secretaria da Educação do Ceará (SEDUC) ao comemorar um crescimento de 27%
no índice de aprovação dos alunos de escolas públicas estaduais no ensino superior em
instituições públicas e privadas em 2016
, pode-se afirmar que, em números reais,
sobretudo nas vagas públicas, ainda não constitui representatividade relevante. No curso
de Medicina, por exemplo, ingressaram 25 alunos de um total de 260 vagas
, ou seja,
menos de 10%.
Tomando em conta uma proposta marxiana de unificação entre trabalho manual e
intelectual, procurou-se apreender o significado das contribuições de Marx e Engels na
gênese de uma escola capaz de formar um novo homem nos termos da
omnilateralidade. Faz-se mister, a fim de esclarecer o leitor, retornar aos fundamentos
da articulação entre teoria e prática, segundo a premissa que concebe trabalho e
educação numa relação de dependência ontológica e autonomia relativa. Apesar de não
terem escrito nenhuma obra específica sobre educação, os estudos que esses autores
empreenderam sobre a lógica do funcionamento da sociedade burguesa acabaram por
tocar na questão educacional, especialmente na forma como o pensamento liberal-
burguês se articula com estas questões. Segundo registra Machado (1991), o fato de
terem provocado uma ruptura com o pensamento anterior e por terem criado uma nova
teoria, com bases científicas, sobre o desenvolvimento das sociedades e suas
respectivas formas de constituição, especialmente no modo de produção capitalista,
acabaram por provocar também uma revolução no âmbito da pedagogia, embora não
fosse seu objeto específico de estudo.
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, calculado a partir do fluxo escolar e da média de desempenho dos alunos em avaliações
padronizadas de rede.
“O Ideb do Ceará aumentou de 3 para 3,4 entre os anos de 2005 e 2015. Contudo, esta melhora ocorreu apenas nos primeiros anos, de
2005 a 2009, voltando a aumentar apenas em 2015. Em 2011, seu desempenho se manteve constante e, no ano de 2013, o Ceará
apresentou uma pequena piora (de 0,1) em sua nota – seu melhor desempenho se deu nos anos 2009 e 2011, com 3,4 de média. Esta foi
uma tendência observada também à nível nacional e, para todos os anos analisados, o Ideb do Ceará ficou abaixo, porém muito próximo
ao do Brasil. Nos anos de 2005, 2009 e 2011, o desempenho de ambos foi o mesmo. Mas, no ano de 2007, o Ceará apresentou uma
melhora em menor magnitude que a média nacional (que foi compensada no ano de 2009, quando ambos voltaram a ter a mesma nota),
e, no ano de 2013, o desempenho do Brasil se manteve constante e o do Ceará apresentou a já mencionada queda de 0,1. Em 2015,
estado e país aumentaram seu Ideb (3,4 e 3,5 respectivamente)”. Pesquisa realizada nas páginas institucionais da Secretaria Estadual da
Educação do Ceará, entre 2016 e 2017 (CEARÁ, Panorama dos territórios, 2017, p.26).
De acordo com matéria publicada no jornal O Estado, em 03 de março 2017.
Universidade Federal do Cariri (UFCA) – 40 vagas; Universidade Federal do Ceará (UFC/Campus Fortaleza) – 160 vagas; Universidade
Federal do Ceará/Campus Sobral) – 60 vagas. Total: 260 vagas.