Trabalho & Educação | v.28 | n.1 | p.187-197 | jan-abr | 2019
pode-se dizer que tanto a modalidade de educação a distância como a formação de
professores fazem parte de políticas fluidas, sem a solidez necessária diante de ações
de tamanha relevância no construto social.
A pesquisa realizada para a escrita deste trabalho permitiu identificar que a formação
de professores a distância, via poder público, teve suas primeiras experiências por meio
de programas de nível médio.
Em 1999 foi criado o Proformação, programa de formação de professores a distância e
em serviço, em nível médio, com habilitação para o magistério na modalidade Normal.
O programa teve como objetivos: (i) habilitar para o magistério, em nível médio, na
modalidade Normal, os professores que exercem atividades docentes nos anos iniciais
do ensino fundamental ou na educação de jovens e adultos; (ii) elevar o nível de
conhecimento e de competência profissional dos docentes em exercício; (iii) contribuir
para a melhoria do processo ensino e aprendizagem e do desempenho escolar dos
alunos nas redes estaduais e municipais do Brasil; (iv) valorizar o Magistério pelo
resgate da profissionalização da função docente e pela melhoria da qualidade do
ensino. Segundo Branco (2014), a primeira fase do programa abrangeu os Estados do
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e habilitou 1.323 professores, no ano de 1999. A
segunda oferta, que foi dividida em dois grupos, ocorreu, em 2000, nos Estados do
Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Paraíba, Pernambuco,
Piauí, Rondônia, Sergipe e Tocantins – diplomando 22.056 professores.
Em 2002, já com financiamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE), iniciou-se o Grupo III, nos seguintes estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás,
Maranhão, Mato Grosso, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rondônia e Sergipe, formando,
em julho de 2004, mais de 6.000 professores. Ao todo, foram mais de 30.000
professores formados por meio desse programa. Ou seja, o programa durou cerca de 5
anos e foi extinto. Por um lado, evidencia-se que pela LDB vigente não faz tanto sentido
uma formação docente em larga escala de nível médio, já que a Lei exige formação
superior para a docência. Por outro lado, é preciso avaliar a solidez das políticas
públicas para formação de professores, sobretudo programas de EaD e para
professores em serviço.
Outro programa de nível médio para formação de professores é lançado logo após o
fim do Proformação. Em 2005, foi proposto pelo Ministério da Educação o Programa de
Formação Inicial para Professores em Exercício na Educação Infantil (ProInfantil). Esse
também foi um curso destinado aos educadores em atividade que ainda não possuíam
a formação superior e estavam em exercício nos sistemas municipais e estaduais de
educação, da rede pública ou privada. Ao final do curso, o professor recebia um
diploma para o exercício da docência somente na Educação Infantil (PORTAL MEC,
2018). Os achados da pesquisa não permitiram identificar por quanto tempo durou
esse programa, quantas turmas foram formadas e em quais locais. Desse modo, essa
é uma lacuna de investigação. É certo que não houve continuidade do programa e fica
a questão do motivo de um curso ou programa de formação docente em nível médio,
mesmo após quase 10 anos de vigência do art. 62 da LDB de 1996.
A discussão em questão é relevante, quando se leva em conta que em 2016 foi
promulgada a já citada Resolução nº 1/2016, que define, então, as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a oferta de cursos e programas do ensino médio, de
educação profissional técnica de nível médio e de educação de jovens e adultos, nas
etapas do ensino fundamental e médio, na modalidade de educação a distância