Trabalho & Educação

Conhecimento sobre riscos ergonômicos e distúrbios musculosqueléticos relacionados ao trabalho em trabalhadores de instituição de ensino superior pública do Brasil

Jacqueline de Assis Cunha — 2024-10-08

Objetivos: Investigar o conhecimento sobre riscos ergonômicos e Distúrbios Ocupacionais Relacionados ao Trabalho (DORT) entre trabalhadores de uma instituição pública de ensino superior (IESp) no Brasil. Métodos: Um questionário online desenvolvido pelos autores foi enviado em um esquema de amostragem bola de neve para funcionários administrativos de um IESp em Seropédica, RJ (Brasil). O questionário continha questões sobre o nível de conhecimento sobre riscos ergonômicos; móveis e equipamentos ergonômicos; desconforto e dor durante o trabalho; as partes do corpo mais afetadas; e acesso a informações sobre riscos ergonômicos. Resultados: Dos 78 entrevistados, 86% relataram ter ouvido falar sobre os riscos ergonômicos e 67% relataram saber o que são, mas apenas 60% dos entrevistados conseguem identificar os riscos ergonômicos. Cerca de 87% acreditam que os riscos ergonômicos afetam sua saúde, mas 59% relataram que nunca falaram com eles em seu local de trabalho face a face. A maioria dos entrevistados (87%) também reconheceu que o acesso às informações pode permitir a identificação de riscos ergonômicos para acionar o setor responsável quando necessário. Quase todos os entrevistados (96%) gostariam de receber informações sobre riscos ergonômicos. Conclusões: Este estudo revelou uma lacuna preocupante no conhecimento sobre riscos ergonômicos e prevenção de DORT entre trabalhadores de pHEI no Brasil. Estas conclusões destacam as limitações das atuais estratégias de prevenção, ao mesmo tempo que reforçam a necessidade do envolvimento dos trabalhadores nas avaliações ergonómicas. No contexto das pHEI, devem ser incentivados programas educativos que capacitem os trabalhadores para identificar e abordar os riscos ergonómicos.

A GÊNESE DO DEVER-SER E DO VALOR A PARTIR DA ESSÊNCIA TELEOLÓGICA DO TRABALHO

Fátima Maria Nobre Lopes — 2024-10-08

Tomando o pensamento do filósofo húngaro Gÿorgy Luckács, principalmente a partir da sua obra Ontologia do Ser Social, este artigo, de cunho eminentemente teórico, tem como objetivo demonstrar as suas considerações acerca da posição teleológica do trabalho a partir da qual ocorre a gênese ontológica do dever-ser do fim, demonstrando, ao mesmo tempo, o caráter social dos valores e sua importância no desenvolvimento da generidade humana. Nessa articulação é evidenciado o papel fundamental das posições teleológicas na vida social dos homens que ocorrem quer seja no trabalho, as teleologias primárias; quer seja nos complexos sociais que decorrem dele, as teleologias secundárias. Para Luckács, é a partir dessas posições teleológicas que se estabelece o dever-ser do fim que, por sua vez, é orientado por valores, sendo ambos partes constitutivas da vida social dos homens e, portanto, são igualmente históricos e sociais.

O ORNITORRINCO QUE PARIU UM ABAPORU

Luciano Edison da Silva — 2024-10-08

Num cenário de recrudescimento desindustrial e reprimarização da economia brasileira, os egressos da educação têm se deparado com uma perspectiva de mercado de trabalho desconexo com o aumento da escolaridade. Resultado de uma aberração social impressa pela classe dominante que produziu miséria para se servir dela, a educação é vista com instrumento para formar força de trabalho em seus termos, mais força do que cognição. Nesse sentido, o objetivo desta pesquisa foi estabelecer uma relação entre as ocupações laborais à economia brasileira e o local da educação como formadora da força de trabalho. Para tanto, realizou-se uma análise indutiva dos dados econômicos, ocupações e educação, ancorada em arcabouço teórico que explora a interconexão entre educação e trabalho. Os critérios foram sistematizado por meio de categorias convergentes e divergentes, que contribuíram para compreender a atual estrutura econômica e o papel da educação. Os dados sobre emprego foram extraídos do Ministério do Trabalho e Emprego, para os anos de 2007 e 2017, a partir da Classificação Brasileira de Ocupações. Além disso, utilizou-se dos dados governamentais, dentre outras fontes com dados tratados. Para o manuseio de dados da educação, foram utilizadas fontes do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira e outros que possuem dados estatísticos refinados. Como resultado, temos uma economia de baixa atividade tecnológica que demanda ocupações e formação nos mesmos termos.

DO FORDISMO À ACUMULAÇÃO FLEXÍVEL E OS IMPACTOS NA SAÚDE DO TRABALHADOR

Aleksandra Nogueira de Oliveira Fernandes — 2024-10-08

O artigo apresenta uma discussão sobre a relação do homem com a natureza por meio do trabalho e as inúmeras transformações ocorrida ao longo dos anos, onde a sociedade de maneira geral, bem como a força de trabalho, tiveram que se adequar ao novo cenário imposto. Temos como objetivo analisar o percurso do fordismo à acumulação flexível e os impactos na saúde do trabalhador. Partimos de uma abordagem qualitativa segundo as proposições de Creswell (2014). Para o corpus do artigo realizamos uma pesquisa bibliográfica referendados em autores que discutem a temática em tela. Como resultados, o estudo revelou que a realidade política, econômica e social na qual os trabalhadores estão submetidos, desencadeia processos de mal-estar/adoecimento, onde a flexibilização do trabalho tem a precarização, como um dos seus efeitos mais marcantes.

OS SENTIDOS DO TRABALHO NAS VOZES DE TRABALHADORES-ESTUDANTES DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – EJA

Darc Lene Braga Pereira — 2024-10-08

Este artigo tem por objetivo compreender os sentidos atribuídos ao trabalho pelos trabalhadores-estudantes (TEs) da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Por meio de uma pesquisa qualitativa, realizamos uma entrevista semiestruturada com sete trabalhadores-estudantes matriculados no 1º e 2º segmentos da EJA em uma escola pública de Santa Maria – DF. A partir da proposta dos núcleos de significação formulada por Aguiar, Soares e Machado (2015) e Aguiar e Ozella (2013), foram construídos, a partir dos relatos dos participantes, quatro núcleos de significação. A síntese de nossa análise possibilitou-nos inferir: i. que a construção de sentidos é mediada pela centralidade do trabalho nas formas de viver e sobreviver, ii. Os sujeitos da EJA carregam marcas sociais relevantes nos processos de subjetivação do ser trabalhador(a) em conformidade com as significações sociais valoradas a partir da sociabilidade capitalista, iii. emergiram sentidos que os formam a partir das experiências sociais e saberes apreendidos no trabalho, configurando as formas de existir e resistir no mundo.

A INFLUÊNCIA DE MARXISTAS NAS OBRAS DE PAULO FREIRE

Fernanda dos Santos Paulo — 2024-10-08

Este artigo examina a influência do marxismo nas obras de Paulo Freire, utilizando uma revisão de literatura para analisar os textos escritos por Freire em vida. O estudo destaca a crítica de Freire ao capitalismo, sua valorização da práxis e da educação como ferramentas de emancipação, integrando-as em sua pedagogia humanista e dialógica. Freire incorpora e expande o marxismo, dialogando com autores marxistas e outros pensadores, refletindo uma abordagem crítica que transcende as fronteiras tradicionais do marxismo. A análise revela que, apesar de algumas diferenças metodológicas e de ênfase, existe uma intersecção significativa entre o pensamento marxista e a pedagogia crítica de Freire. Conclui-se que Freire utilizou o referencial marxista de maneira crítica e criativa, enfatizando a emancipação, a conscientização e a transformação social, ao mesmo tempo que promove uma pedagogia focada na humanização e no diálogo.

POLÍTICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR COMUNITÁRIAS

Nadini da Silva — 2024-10-08

O presente artigo foi desenvolvido para analisar através de revisão bibliográfica, o estado da arte sobre a implementação de políticas de ações afirmativas em Instituições de Ensino Superior Comunitárias – ICES. As ICES, por possuírem constituição jurídica de direito privado, não se submetem às mesmas exigências que as Instituições de Ensino superior públicas e por esta razão se procurou verificar o quanto a temática das ações afirmativas vem sendo estudada para esta categoria de instituições, como forma de enfrentamento do racismo institucional e estrutural presente na sociedade brasileira contemporânea. A revisão bibliográfica foi realizada a partir de uma pesquisa integrativa junto ao portal de teses e dissertações da CAPES para o período de 2019 a 2023. Como resultados, verificou-se a insuficiência de pesquisas acerca da adoção de ações afirmativas no contexto das instituições de ensino superior comunitárias, uma vez que os resultados encontrados são majoritariamente voltados às instituições públicas, que possuem a obrigatoriedade de adequar-se às legislações que versam sobre a democratização do acesso ao ensino superior e à pluralidade de seus quadros docente e técnico-administrativo. Conclui-se que o cenário das ICES e sua relação com políticas de ações afirmativas merece atenção e estudo, especialmente para que tais políticas não se restrinjam ao cenário do ensino superior público.

TRABALHO E FORMAÇÃO DA SUBJETIVIDADE NA INDÚSTRIA 4.0

Kaline Oliveira da Cunha Pessôa — 2024-10-08

O artigo analisa, por meio de uma revisão de literatura, as produções científicas que tratam da relação entre trabalho, educação e a formação da subjetividade no contexto da Indústria 4.0. Fundamentado no materialismo histórico dialético, o objetivo foi analisar elementos constitutivos do projeto pedagógico industrial da chamada Indústria 4.0 buscando apreender o trato dado à formação da subjetividade dos trabalhadores. A análise conclui que o advento do programa Indústria 4.0 implica a renovação dos mecanismos de mediação do conflito de classes no campo educacional sob a perspectiva dos modelos flexíveis de organização produtiva caracterizando uma reestruturação produtiva permanente. Identifica-se ainda que este projeto pedagógico ratifica o caráter pragmático, imediatista e interessado de formação humana das novas configurações pedagógicas próprias da Indústria 4.0 mediante novos dispositivos de mobilização subjetiva dos trabalhadores.

CONTRIBUIÇÃO DOS CONHECIMENTOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

Maria Priscila Moraes dos Santos Machado — 2024-10-08

Esta pesquisa teve como objetivo analisar a relação entre trabalho e educação que incidem na saúde do trabalhador (ST), e como vem se dando essa formação em ST no contexto da educação profissional e tecnológica. A pesquisa foi realizada por meio de revisão bibliográfica e análise documental dos planos de ensino dos cursos técnicos integrados ao ensino médio, ofertados pelo IFB-Campus Brasília. Sob um caráter qualitativo, buscou estimar e compreender as questões do mundo do trabalho que infringem a ST. A partir da análise documental foi observado a existência de conteúdos nos componentes curriculares dos planos de curso, que podem ser relacionados à saúde e segurança do trabalhador, apesar de escassos, os mesmos se apresentam como possibilidades para facilitar a abordagem da temática. O estudo da relação entre trabalho e educação nos remete a semântica que se aproxima a definição de politecnia, podendo se assemelhar da concepção de uma educação integral. Apesar de reconhecer a importância dos conhecimentos em segurança do trabalho, a abordagem da ST, de forma transformadora e emancipadora, precisa ir além da compreensão apenas de se relacionar com conteúdos curriculares e fatores técnicos inerentes às atividades laborais, precisamos avançar na aplicabilidade da interdisciplinaridade, objetivando ampliar a visão crítica desse trabalhador.

DEFINIÇÕES E SIGNIFICADOS DE TERMOS LIGADOS A FORMAÇÃO DOCENTE COM ÊNFASE NO CONCEITO DE PROFISSIONALIDADE DOCENTE

Ludiene Souza Leite — 2024-10-08

O objetivo deste artigo consiste em reunir definições sobre termos relacionados à formação docente, dando maior destaque ao conceito de profissionalidade docente. Considerando que esses conceitos não são unívocos nem independentes, apresentamos significados e sentidos expressos por autores renomados no campo da profissão docente, além de definições encontradas no Dicionário “Trabalho, profissão e condição docente” do Grupo de Estudos sobre Política Educacional e Trabalho Docente da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (GESTRADO/UFMG). A revisão de literatura realizada fez emergir diversos conceitos atribuídos à profissionalidade docente, manifestados em épocas e lugares distintos, o que nos levou a reuni-los e apresentá-los resumidamente para melhor apreensão, buscando contribuir com futuras análises acerca de tal temática. Esperamos que o conteúdo deste estudo contribua para discussões que envolvem a formação de professores e proporcione ampliação no entendimento do conceito de profissionalidade docente.

O que Marx teria a nos dizer sobre a inteligência artificial?

Rodrigo Moreno Marques — 2024-10-08

No editorial da nova edição da revista Trabalho & Educação (v. 33, n. 2, 2024), Rodrigo Moreno Marques propõe respostas para uma instigante questão. O que Marx teria a nos dizer sobre a inteligência artificial?

MODELO ANDRAGÓGICO DE FORMAÇÃO PARA O CUIDADO CENTRADO NA PESSOA NA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

Johnatan Martins Sousa — 2024-10-08

No cenário brasileiro, em relação às equipes de serviços comunitários de atenção psicossocial ainda se faz uma crítica da hegemonia do modelo biomédico conduzindo as suas práticas. Uma possibilidade de quebrar esse poder hegemônico é a adoção do Método Clínico Centrado na Pessoa que visa promover o protagonismo e ativação dos usuários dos serviços de saúde no processo assistencial para reverter essa situação por meio da aplicação de quatro componentes que se relacionam: a) Explorando a saúde, a doença e a experiência da doença; b) Entendendo a pessoa como um todo; c) Elaborando um plano conjunto do manejo dos problemas; d) Fortalecendo a relação entre a pessoa e o médico/profissional de saúde, pois evidências apontam que no cenário da saúde mental ainda se faz necessário ampliar a participação dos usuários no processo de tomada de decisão sobre os seus cuidados. Objetivou-se compreender o processo formativo da equipe de saúde sobre o cuidado centrado na pessoa na atenção psicossocial. Pesquisa-intervenção de abordagem qualitativa realizada em duas etapas. Na primeira, participaram 17 profissionais de dois Centros de Atenção Psicossocial de um município da região central do Brasil entre os meses de junho a agosto de 2021, mediante aplicação de questionário de perfil sociodemográfico e profissiográfico, além de roteiro semiestruturado para entrevista individual online e anotações em diário de campo para levantamento de diagnóstico situacional sobre o cuidado centrado na pessoa. A segunda fase da coleta de dados consistiu em uma intervenção formativa norteada pelo Ciclo de Aprendizagem Vivencial sobre o cuidado centrado na pessoa, realizada em quatro encontros para instrumentalizar as equipes multiprofissionais e ocorreu entre os meses de outubro e dezembro de 2022 com a participação de 30 profissionais dos serviços contemplados na primeira etapa do estudo. Os dados emergentes foram organizados com auxílio do software ATLAS.ti e submetidos a análise de conteúdo, modalidade temática. Do processo analítico do diagnóstico situacional sobre o cuidado centrado na pessoa na atenção psicossocial emergiram 7 categorias temáticas: 1. Processo saúde/doença à luz do cuidado centrado na pessoa; 2. Prática do acolhimento para o cuidado centrado na pessoa; 3. Planejamento da assistência; 4. Aspectos potencializadores da relação terapêutica; 5. Repercussões da relação terapêutica; 6. Desafios para a relação terapêutica; 7. Processo formativo. Os resultados apontaram potencialidades relacionadas ao cuidado centrado na pessoa no contexto da atenção psicossocial, entretanto, também sinalizou alguns desafios que precisam ser superados para a concretização plena do Método Clínico Centrado na Pessoa, especialmente questões relacionadas à competência interpessoal e relacional. Esses achados possibilitaram a construção do segundo momento da pesquisa para qualificar a prática profissional das equipes em relação ao cuidado centrado na pessoa. A investigação apontou que mesmo de uma forma não sistematizada, as equipes dos Centros de Atenção Psicossocial colocam em prática alguns aspectos do Método Clínico Centrado na Pessoa e demonstra a importância de processos formativos para a união da prática com a fundamentação teórica para o fortalecimento do modelo de atenção psicossocial.

PRÉ-TEXTUAIS / SUMÁRIO v. 33 n.2

Yara Elizabeth Alves — 2024-10-08