Análise sensorial de alimentos: uma comparação de testes para a seleção de potenciais provadores
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Cad. Ciênc. Agrá., v. 11, p. 01–08, 2019. e-ISSN: 2447-6218 / ISSN: 1984-6738
Nota-se que a região próxima à proporção p = 0,5
é a que exige maior tamanho amostral para ser estimada,
o que também justifica a necessidade de maior número
de juízes para a tomada de decisão quando a proporção
de acertos é aproximadamente 50%.
Então, quando um juiz acerta com uma proporção
bem pequena, pode-se decidir aceitar H
o
e não selecioná-
-lo como provador, bem como aquele que acerta a uma
alta proporção, pode-se tomar a decisão de rejeitar H
o
e selecioná-lo como provador. Entretanto, aqueles que
acertam a uma proporção intermediária de 50%, por
exemplo, não é possível tomar uma decisão, seja para
selecioná-lo ou não. Para esses candidatos, geralmente o
TS recomenda continuar a execução do teste triangular
até que se tome uma decisão adequada.
Observa-se, também, que as taxas de decisão
são altas quando o número de ensaios é elevado. Logo,
quanto maior o número de ensaios, maiores são as taxas
de decisão, seja para selecionar ou não o candidato.
À medida que ocorre o aumento do número de
ensaios, as curvas do poder de todos os testes tendem
ao formato sigmóide. Ao analisar o comportamento dos
testes em todos os ensaios, nota-se que o TS apresenta
melhor comportamento até o décimo nono ensaio. No
vigésimo ensaio, esse teste apresenta apenas uma pe-
quena região de maior poder (entre p = 0.6 e p = 0.8),
enquanto o TN3 adquire melhor comportamento para
os outros valores de p a partir do 20º adiante. Portanto,
observa-se que o TN3 possui menor taxa de erro tipo I e
maior poder para n maior ou igual a 20, enquanto o TS
possui menor erro tipo I e maior poder, para n inferior a
20.
Ao final, verificou-se que um dos testes assin-
tóticos realmente teve melhor comportamento para um
número grande de ensaios, no entanto, para um número
pequeno de ensaios, o TS apresentou melhores resultados.
Muitos autores trabalham com um número pe-
queno de ensaios na seleção de provadores, como Minim
et al. (2010), Scheid (2001), Oliveira e Benassi (2010),
que estipularam 4 ensaios. Nessas situações, recomenda-se
o uso do TS.
Conclusão
A adaptação dos estimadores intervalares para
proporção permite avaliar potenciais testes a serem em-
pregados na seleção de provadores, com proporções de
acertos constantes. Nota-se que, em todos os testes, as
taxas de erro tipo I se aproximam do intervalo do valor
de significância estabelecido e a curva do poder apresenta
característica sigmoidal, com o aumento dos números
de ensaios. Entretanto, os testes TS e TP são mais con-
servadores, enquanto os demais testes apresentaram
características liberais.
A simulação permite gerar diferentes comporta-
mentos de valores de proporções constantes ao longo dos
ensaios. Através da menor taxa de erro tipo I cometido e
maior poder, é possível definir o melhor teste para valores
grandes e pequenos de n. Dessa forma, para 20 ensaios
ou mais, recomenda-se o TN3, enquanto para um número
inferior a 20 ensaios, recomenda-se o TS.
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