Lazer, Cinema e Trajetórias Socioespaciais de Cineastas Negras

Desvelando Estratégias para Enfrentar o Racismo/Sexismo

Autores

  • Iara Félix Pires Viana Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais (SEE/MG)
  • Christianne Luce Gomes Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

DOI:

https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.37728

Palavras-chave:

Cineastas negras, Atividades de lazer, Racismo, Sexismo

Resumo

Este artigo objetiva investigar as intersecções de gênero/raça nas trajetórias socioespaciais de cineastas negras, tendo em vista compreender as estratégias por elas utilizadas para enfrentar o racismo e o sexismo, em seu fazer cinematográfico e em suas vivências de lazer. A pesquisa fundamenta-se nas contribuições do pensamento decolonial, do feminismo negro interseccional, dos estudos críticos do lazer e do cinema. A metodologia desta pesquisa qualitativa contou com estudo bibliográfico e entrevistas em profundidade com sete cineastas negras, as quais foram analisadas com o auxílio da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo-DSC. As principais estratégias que detém a potência de sentido para enfrentar o racismo e o sexismo no fazer cinematográfico e nas vivências de lazer das entrevistadas são as narrativas de si, a participação em associações de coletivos pretos e festivais de cinema com temática negra e a vivência de um "lazer diferenciado", que possa ser desfrutado criticamente, mesmo que seja necessário avançar no sentido de subverter a realidade social, cultural e política estabelecida em nosso contexto. Concluindo, as trajetórias socioespaciais de cineastas negras descortinam desigualdades visando romper com o imaginário social estereotipado, reafirmando a relevância de um "lazer insubmisso".

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte: Letramento, 2018.

ALMEIDA, Silvio Luiz de. Racismo Estrutural. São Paulo: Pólen Livros, 2020.

APPOLINÁRIO, F. Dicionário de metodologia científica: um guia para a produção do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2004.

BHABHA, Homi K. O local da cultura. Tradução de Myriam Ávila, Eliana Lourenço de Lima Reis, Gláucia Renate Gonçalves. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2013.

BONILLA-SILVA, Eduardo; DAVID, G. Em-brick. Black, honorary white, white: the future of race in the Uni-ted States? In: BRUNSMA, D. L. (ed.) Mixed messages: multiracial identities in the ‘color-blind’era. Boulder: Lynne Rienner Publishers, 2006. p. 33-48.

CALDEIRA, Duca. Foto: cineasta Duca Caldeira. Arquivo pessoal. Imagem cedida para esta pesquisa. 2021.

CARVALHO, Noel dos Santos. O produtor e cineasta Zózimo Bulbul: o inventor do cinema negro brasileiro. Revista Crioula, n. 12, nov. 2011. Disponível em: www.revistas.usp.br/crioula/article/view/57858/60904. Acesso em: 22 set. 2013.

CLANDESTYNA. Direção: Duca Caldeira, 2019. São Paulo, Brasil.

COLLINS, Patrícia Hill. Fighting words: black women and the search for justice. Mineapolis: University Of Minnesota Press, 1986.

COLLINS, Patricia Hill. Pensamento Feminista Negro: conhecimento, consciência e a política do empoderamento. São Paulo: Boitempo Editorial, 2019. 495 p.

COMO SOMOS. Direção: Naira Evine, 2015. Bahia, Brasil

CRENSHAW, Kimberle. Mapping the margins: intersectionality, identity politics, and violence against women of color. Stanford Law Review, Stanford, v.43, n. 6, p.1241-1299, jul 1994.

ELEKÔ. Direção: Coletivo Mulheres de Pedra, 2015. Bahia, Brasil.

EVARISTO, Conceição. Insubmissas lágrimas de mulheres. 2 ed. Rio de Janeiro: Malê, 2016.

EVARISTO, Conceição. Poemas da recordação e outros movimentos. Belo Horizonte: Nandyala, 2008.

EVARISTO, Conceição. Ponciá Vicêncio. Belo Horizonte: Mazza, 2003.

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Bahia: Editora Edufba, 2008.

GEMAA. Grupo de Estudos Multidisciplinar da Ação Afirmativa. A cara do cinema nacional: perfil de gênero e cor dos atores, diretores e roteiristas dos filmes brasileiros (2002-2012) da UERJ. Rio de Janeiro, 2014.

GILMAN, Sander. Difference and pathology: stereotypes of sexuality, race and madness. Ithaca: Cornell University Press, 1985.

GOMES, C.L. et al. Editorial RBEL. 2017.

GOMES, C.L. Lazer: necessidade humana e dimensão da cultura. Revista Brasileira de Estudos do Lazer. Belo Horizonte, v.1, n.1, p.3-20, 2014.

GOMES, Nilma Lino. O movimento negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017. 154 p.

GONZALEZ, L.A importância da organização da mulher negra no processo de transformação social. Revista Raça e Classe. Brasília, ano 2, n. 5, p.2, 1988b.

HALL, Stuart. Da Diáspora: identidades e mediações culturais. 2. ed. Revisada. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2015.

HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2003.

HAZEL V., Carby. The multicultural wars: part two. In: Cultures in Babylon: Balck Britain and African America. Nova York: Verso, 1999.

HOOKS, B. Ain't Ia Woman? Black Women and Feminism. London: Pluto Press, 1982.

HOOKS, Bell. Erguer a voz: pensar como feminista, pensar como negra. Tradução de Cátia Bocaiuva Maringolo. São Paulo: Elefante, 2019. 380 p.

HOOKS, Bell. Linguagem: ensinar novas paisagens/novas linguagens. Revista Estudos Feministas [online]. v. 16, n. 3, p. 857-864, 2008.

HOOKS, Bell. Olhares negros: raça e representação. São Paulo: Elefante Editora, 2019.

KBELA. Direção: Yasmim Thayná, 2015. Rio de Janeiro, Brasil.

LEFEBVRE, F; Marques, M. Discurso do Sujeito Coletivo, complexidade e auto-organização. Ciências e Saúde Coletiva, 2009.

LEFEBVRE, Fernando; LEFEBVRE, Ana Maria Cavalcanti; MARQUES, MCC. Discurso do Sujeito Coletivo, complexidade e auto-organização. Ciências e Saúde Coletiva, v.14, n.4, p.1193-1204, 2009.

MÃE NÃO CHORA. Direção: Vaneza Oliveira, 2019. São Paulo, Brasil.

MARCELLINO, Nelson Carvalho. Estudos do lazer: uma introdução. 3.ed. São Paulo: Autores Associados, 2002. 100p.

MARQUES, Walter Ernesto Ude; CARRETEIRO, Maria Teresa. Juventude e virilidade: a construção social de um ethos guerreiro. Pulsional. Revista de Psicanálise, São Paulo, v. 191, p. 63-73, 2007.

MINAYO, M. C.; SANCHES, O. Quantitativo-qualitativo: oposição ou complementaridade? Caderno de Saúde Pública. p. 239-262, 1993.

MUNANGA, Kabengele. Negritude: usos e sentidos. São Paulo: Editora Autêntica, 2009.

MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.

QUIJANO, Anibal. A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais, perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005. p. 117-142.

QUIJAUÁ. Direção: Coletivo Revisitando Zózimo Bulbul/Mulheres de Pedra, 2016. Rio de Janeiro, Brasil.

RECEITA DE CARANGUEJO. Direção: Issis Valenzuela, 2020. São Paulo, Brasil.

RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento, 2017a. Feminismos Plurais. 112 p.

SANTOS, Boaventura de S., MENEZES, Maria Paula (org.) Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010.

SCOTT, Joan. Gender on the Politics of History. New York: Columbia University, 1988. p.28-50.

SOUZA, A. L.S. Letramentos de reexistência: poesia, grafite, música, dança: hip hop. v. 1. São Paulo: Parábola Editorial, 2011. 176p.

SUDBRACK, M. F. O. O trabalho comunitário e a construção de redes sociais. Em Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD). Curso de prevenção do uso indevido de drogas para educadores de escolas públicas. Brasília: Editora UnB, 2006.

TEDESCO, M. C. Da esfera privada à realização cinematográfica: a chegada das mulheres latino-americanas ao posto de diretoras de cinema. Extraprensa, ano VI, n.10. USP, 2012.

TEIXEIRA, F. E. Cinemas “não narrativos”: experimental e documentário – passagens. São Paulo: Alameda, 2012.

TONELI, M. J. F. A contribuição do modelo social da deficiência à psicologia social. Psicologia & Sociedade, Belo Horizonte, v. 24, n. 3, p. 557-566, 2012.

VILLAVERDE, S. Modernidade, Formas de Subjetividade e Amizade: potencialidades das experiências de lazer e aventura na natureza. 2003. Tese. (Doutorado) - UNICAMP, Campinas, 2003.

ZANETTI, Daniela. Cenas da periferia: Auto-representação como luta por reconhecimento. Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação, v.11, n.2, p. 1-16, maio/ago. 2008.

ZANETTI, Daniela. Cinema de Periferia: narrativas do cotidiano, visibilidade e reconhecimento social. 2010. Tese (Doutorado em Comunicação e Cultura Contemporâneas) - Salvador, UFBA, 2010.

Publicado

2022-01-03

Como Citar

Viana, I. F. P., & Gomes, C. L. (2022). Lazer, Cinema e Trajetórias Socioespaciais de Cineastas Negras: Desvelando Estratégias para Enfrentar o Racismo/Sexismo. LICERE - Revista Do Programa De Pós-graduação Interdisciplinar Em Estudos Do Lazer, 24(4), 262–298. https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.37728

Edição

Seção

Artigos Originais