Entre o Local e o Global
Reflexões Sobre o Currículo de Formação em Animação Turística da ESHTI/Moçambique
DOI:
https://doi.org/10.35699/2447-6218.2023.49567Palavras-chave:
Turismo, Currículo, Colonialidade, Animação turística, LazerResumo
A presente pesquisa de doutorado teve como objetivo investigar a formação do Curso Superior de Licenciatura em Animação Turística da ESHTI, com um foco na organização de seus elementos curriculares. Para isso, buscou-se identificar e compreender a estrutura dos conhecimentos curriculares que compõem a formação, analisando a participação dos atores envolvidos na elaboração do currículo e as dinâmicas de poder que influenciam as decisões curriculares. Além disso, a pesquisa procurou compreender como o currículo se relaciona com as necessidades sociopolíticas e econômicas do contexto em que está inserido. A metodologia adotada incluiu pesquisa bibliográfica, documental e de campo. A pesquisa bibliográfica envolveu a revisão de estudos relacionados a temas como currículo, (de)colonialidade, pós-colonialismo, estudos africanos e formação profissional em lazer e turismo. A pesquisa documental focou em documentos como o Quadro Curricular para a Graduação da UEM, a matriz curricular dos cursos oferecidos pela ESHTI, o regulamento interno da instituição e seu relatório de atividades financeiras. A pesquisa de campo foi realizada na ESHTI, na cidade de Inhambane, Moçambique, por meio de entrevistas semiestruturadas com professores da instituição. As conclusões destacam que, embora a região de Inhambane tenha um grande potencial turístico global, a formação em animação turística na ESHTI enfrenta desafios. Há uma aparente dicotomia entre teoria e prática na abordagem da instituição, e uma forte ênfase na demanda do mercado pode limitar o desenvolvimento de habilidades mais amplas nos estudantes. Além disso, a pesquisa revela preocupações como a sub-representação de mulheres no corpo docente, a influência do colonialismo nas estruturas educacionais e de poder, e a dependência de currículos de outras instituições. Essas questões apontam para a necessidade de repensar a formação em animação turística, promovendo uma abordagem mais inclusiva e culturalmente sensível. A pesquisa também destaca a importância de repensar o currículo escolar, questionando a hegemonia do conhecimento eurocêntrico e promovendo práticas pedagógicas que levem em consideração a diversidade cultural e a interculturalidade. Ademais, propõe uma abordagem curricular que valorize os conhecimentos locais e desafie as estruturas coloniais de poder e conhecimento.
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