Nivelando o Campo de Jogo do Direito ao Esporte e Lazer no Brasil?

Questões de Gênero na Lei Geral do Esporte

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2447-6218.2024.52162

Palavras-chave:

Legislação, Mulheres no esporte, Políticas públicas

Resumo

A Lei Geral do Esporte (LGE) foi sancionada em junho de 2023 e apesar do veto presidencial a 40% do conteúdo, teve como inovação a inclusão a menção à participação das mulheres no esporte, rompendo com a omissão histórica sobre a temática. Considerando o cenário de desigualdade de gênero nas oportunidades de prática esportiva, nosso objetivo foi analisar a forma pela qual a LGE aborda a questão de gênero, considerando o esporte como um direito fundamental para o desenvolvimento humano de todas as pessoas. Analisamos a legislação com base nas premissas da análise cultural, que destaca a linguagem como artefato cultural e tecnologia de poder. Observamos como os discursos presentes na legislação enunciam, produzem ou limitam a inclusão das mulheres no esporte.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGÊNCIA SENADO. Organização do governo, Lei Geral do Esporte e mais entre os 23 vetos em pauta. 27 jul. 2023. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2023/07/27/organizacao-do-governo-lei-geral-do-esporte-e-mais-entre-os-23-vetos-em-pauta. Acesso: dezembro de 2023.

ALESSANDRA, Karla. Ministra diz que vetos à Lei do Esporte eram necessários. Agência Câmara de Notícias. 04 ago. 2023. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/982963-ministra-diz-que-vetos-a-lei-do-esporte-eram-necessarios. Acesso em dezembro de 2023.

ALTMANN, H. Educação física escolar: relações de gênero em jogo. São Paulo: Cortez Editora, 2015.

ALVAREZ, S. E. Para além da sociedade civil: reflexões sobre o campo feminista. cadernos pagu, p. 13–56, 2014.

AMARAL, C. M. DOS S. et al. As mulheres em modalidades esportivas coletivas: um panorama dos cargos técnicos e de gestão nas Confederações Brasileiras. Revista Intercontinental de Gestão Desportiva-RIGD, v. 11, n. 3, p. e110021, 20 set. 2021.

ATHAYDE, P. et al. O esporte como direito de cidadania. Pensar a Prática, v. 19, n. 2, 30 jun. 2016a.

ATHAYDE, P. et al. Panorama sobre a constitucionalização do direito ao esporte no Brasil. Motrivivência, v. 28, n. 49, p. 38–53, 28 nov. 2016b.

ATHAYDE, P. F. A.; ARAUJO, S. M. de; PEREIRA FILHO, E. DA S. Década perdida do esporte: 10 anos para levar o Brasil ao “não mais”! Corpoconsciência, p. 110–130, 7 dez. 2021.

BERTOLLO, S. H. J.; SCHWENGBER, M. S. V. III Plano Nacional de Políticas para as Mulheres: percurso de uma pré-política de esporte e lazer. Movimento, p. 783–796, 21 jun. 2017.

BIROLI, F. Gênero e desigualdades: limites da democracia no Brasil. [s.l.] Boitempo Editorial, 2018.

BONALUME, C. R.; ISAYAMA, H. F. O Lazer nas Conferências e nos Planos Nacionais de Políticas para as Mulheres. LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 23, n. 2, p. 19–57, 30 jun. 2020.

BRASIL, C. N. DE D. Decreto-Lei Federal No 3.199, Art. 54, de 14 de abril de 1941. 14 abr. 1941.

BRASIL. Casa Civil. Lei nº 14.597, de 14 de junho de 2023. Institui a Lei Geral do Esporte. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2023/lei/L14597.htm

CAMARGOS, Wladimyr Vinycius de Moraes. Palavra do Relator. In: SENADO FEDERAL. Relatório final da Comissão de Juristas responsável pela elaboração de anteprojeto de Lei Geral do Desporto Brasileiro. 2016. Disponível em: https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=4402929 Acesso em: dez. 2023.

CARTA DE BRASÍLIA. CONFERÊNCIA NACIONAL DO ESPORTE Documento Final., 2004. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/participacao/images/pdfs/conferencias/Esporte/deliberacoes_1_conferencia_esporte.pdf

COLLINS, P. H.; BILGE, S. Interseccionalidade. Tradução: Rane Souza. São Paulo: Boitempo, 2020.

CULVIN, A. et al. The price of success: equal pay and the US Women’s National Soccer Team. Soccer & Society, v. 23, n. 8, p. 920–931, 17 nov. 2022.

CULVIN, A.; BOWES, A. The Incompatibility of Motherhood and Professional Women’s Football in England. Frontiers in sports and active living, v. 3, 30 set. 2021.

FERREIRA, Maria Mary. Representação feminina e construção da democracia no Brasil. Coimbra: Congresso Luso Afro Brasileiro De Ciências Sociais, 2004. Disponível em: https://www.ces.uc.pt/lab2004/inscricao/pdfs/painel29/MAryFerreira.pdf . Acesso em: 14 dez. 2023.

FRASER, N. Rethinking the public sphere: a contribution to the critique of actually existing democracy. Social text, n. 25/26, p. 56–80, 1990.

FRASER, N. Rethinking recognition. New left review, v. 3, p. 107, 2000.

FRASER, N. A justiça social na globalização: redistribuição, reconhecimento e participação. Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 63, p. 7–20, 1 out. 2002.

FRASER, N. Reenquadrando a justiça em um mundo globalizado. Lua Nova: Revista de Cultura e Política, p. 11–39, 2009.

GOELLNER, S. V. Feminismos, mulheres e esportes: questões epistemológicas sobre o fazer historiográfico. Movimento (ESEFID/UFRGS), v. 13, n. 2, p. 171–196, 2007.

GOELLNER, S. V. A educação dos corpos, dos gêneros e das sexualidades e o reconhecimento da diversidade. Cadernos de formação RBCE, v. 1, n. 2, 2010.

HARGREAVES, J. The ‘women’s international sports movement’: local-global strategies and empowerment. Women’s Studies International Forum, v. 22, n. 5, p. 461–471, 1 set. 1999.

HOZHABRI, K.; SOBRY, C.; RAMZANINEJAD, R. Sport for Gender Equality and Empowerment. In: HOZHABRI, K.; SOBRY, C.; RAMZANINEJAD, R. (Eds.). Sport for sustainable development: historical and theoretical approaches. Cham: Springer International Publishing, 2022. p. 55–66.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Prática de esporte e atividade física - 2015. Rio de Janeiro, IBGE, 2017.

INTERNATIONAL WORKING GROUP ON WOMEN AND SPORT (IWG). Brighton Declaration on women and sport. 1994. Disponível em: http://www.iwg-gti.org/iwg/brighton-declaration-on-women-an/

IOC. IOC gender equality review project. IOC, 2019. Disponível em: https://stillmed.olympic.org/media/Document%20Library/OlympicOrg/News/2018/03/IOC-Gender-Equality-Report-March-2018.pdf

JACO, J. F.; ALTMANN, H. Significados e expectativas de gênero: olhares sobre a participação nas aulas de educação física. Educação em foco, p. 155–181, 2017.

KANTER, R. M. Some effects of proportions on group life: skewed sex ratios and responses to token women. American Journal of Sociology, v. 82, n. 5, p. 965–990, mar. 1977.

KNUTH, A. G. et al. Changes in physical activity among Brazilian adults over a 5-year period. Journal of Epidemiology & Community Health, v. 64, n. 7, p. 591–595, 2010.

KORSAKAS, P. et al. Entre meio e fim: um caminho para o direito ao esporte. LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 24, n. 1, p. 664–694, 17 mar. 2021.

LOURO, G. L. Sexualidade, gênero e educação. Uma perspectiva pós-estruturalista. [s.l.] Petrópolis: Vozes, 1999.

MARTINS, M.; SILVA, K.; VASQUEZ, V. As mulheres e o país do futebol: intersecções de gênero, classe e raça no Brasil. Movimento (ESEFID/UFRGS), v. 27, p. e27006, 18 jan. 2021.

MARTINS, M. Z.; VASQUEZ, V. L.; MION, M. P. L. Associações entre gênero, classe e raça e participação nas aulas de Educação Física. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 27, p. 1–8, 2022.

MASSEY, K. L.; WHITEHEAD, A. E. Pregnancy and motherhood in elite sport: The longitudinal experiences of two elite athletes. Psychology of Sport and Exercise, v. 60, p. 102139, 1 maio 2022.

MATIAS, W. B. et al. Brasil e Espanha: uma análise comparada sobre a concepção das políticas esportivas. LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 24, n. 2, p. 579–602, 30 jun. 2021.

MATTHEWS, J. J. K. The Brighton Conference on Women and Sport. Sport in History, v. 41, n. 1, p. 98–130, 2 jan. 2021.

MESSNER, M. A. Out of play: critical essays on gender and sport. [s.l.] Suny Press, 2010.

MEYER, D. E. Teorias e políticas de gênero: fragmentos históricos e desafios atuais. Revista brasileira de enfermagem, v. 57, n. 1, p. 13–18, 2004.

MEYER, D. E. et al. Vulnerabilidade, gênero e políticas sociais: a feminização da inclusão social. Revista Estudos Feministas, v. 22, n. 3, p. 885–904, 19 set. 2014.

MEYER, D. E. E. Abordagens pós-estruturalistas de pesquisa na interface educação, saúde e gênero: perspectiva metodológica. In: MEYER, D. E. E.; PARAISO, M. (Eds.). Metodologias de pesquisas pós-críticas em educação. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2012. v. 1. p. 47–62.

MISKOLCI, R. Exorcizando um fantasma: os interesses por trás do combate à “ideologia de gênero”. Cadernos Pagu, 11 jun. 2018.

OLIVER, K. L.; HAMZEH, M.; MCCAUGHTRY, N. Girly girls can play games/las niñas pueden jugar tambien: Co-creating a curriculum of possibilities with fifth-grade girls. Journal of teaching in physical education, v. 28, n. 1, p. 90–110, 2009.

PIRES, P. V.; MEYER, D. E. E. Noções de enfrentamento da feminização da aids em políticas públicas. Revista Polis e Psique, v. 9, n. 3, p. 95–113, dez. 2019.

PNUD. Movimento é vida: relatório do Programa Nacional de Desenvolvimento Humano da ONU. Brasília: ONU, 2017.

REEVES, H.; BADEN, S. Gender and Development: concepts and Definitions: Prepared for the Department for International Development (DFID) for Its Gender Mainstreaming Intranet Resource. [s.l.] Bridge (development gender), Institute of Development Studies, 2000.

REIS, T.; EGGERT, E. Ideologia de gênero: uma falácia construída sobre os planos de educação brasileiros. Educação & Sociedade, v. 38, p. 09–26, mar. 2017.

SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & realidade, v. 20, n. 2, 1995.

SHAW, S.; HOEBER, L. “A strong man is direct and a direct woman is a bitch”: gendered discourses and their influence on employment roles in sport organizations. Journal of Sport Management, v. 17, n. 4, p. 347–375, 1 out. 2003.

SIBSON, R. “I was banging my head against a brick wall”: exclusionary power and the gendering of sport organizations. Journal of Sport Management, v. 24, n. 4, p. 379–399, 1 jul. 2010.

SO, M. R. et al. Gosto, importância e participação de meninas e meninos na educação física no ensino médio. Educación Física y Ciencia, v. 23, n. 1, p. 158–158, jan. 2021.

SOUSA, E. S. DE; ALTMANN, H. Meninos e meninas: expectativas corporais e implicações na educação física escolar. Cadernos Cedes, v. 19, n. 48, p. 52–68, 1999.

TRAVERS, A. The Sport Nexus and Gender Injustice. Studies in Social Justice, Sabiedriba Integracija Izglitiba-Society Integration Education. v. 2, n. 1, p. 79–101, 2009.

UNOSDP. Sport and the sustainable development goals: an overview outlining the contribution of sport to the SDGs. United Nations Office on Sport for Development and Peace New York, , 2019.

VASQUEZ, V.; DE FREITAS, G.; MARTINS, M. Z. Uma “fraquejada”? Produção legislativa sobre gênero no Brasil em contexto conservador. In: Partidos e Instituições Políticas no Brasil contemporâneo. Belém: Ed. UFPA, 2023. p. 66–84.

WENETZ, I.; MARTINS, M. Z. Gênero e etnografia: implicações teórico-metodológicas para pesquisar nas práticas educacionais. Revista Fórum Identidades, p. 115–130, 2020.

Downloads

Publicado

2024-04-15

Como Citar

Martins, M. Z., & Reis, H. H. B. dos. (2024). Nivelando o Campo de Jogo do Direito ao Esporte e Lazer no Brasil? Questões de Gênero na Lei Geral do Esporte. LICERE - Revista Do Programa De Pós-graduação Interdisciplinar Em Estudos Do Lazer, 27(1), 195–219. https://doi.org/10.35699/2447-6218.2024.52162

Edição

Seção

Artigos Originais