Sobre Nossa Capa
DOI:
https://doi.org/10.35699/2447-6218.2025.58953Resumo
Vivemos dias em que o tempo parece implodir: experiências se comprimem, estímulos se sobrepõem e a sensação de atraso é constante. Pensar, nesse cenário, tornou-se quase um luxo. O gesto de suspender o fluxo, de vagar sem destino, é frequentemente abafado pelas dinâmicas da produtividade e do excesso de informação.
Ao mesmo tempo, vemos acontecimentos que sintetizam nossa condição contemporânea em imagens emblemáticas. Uma viagem ao espaço que dura apenas onze minutos (mas será que, para as tripulantes, não durou muito mais?) revela mais sobre nossa relação com o tempo e com o espetáculo do que com o próprio cosmos. A aceleração é tanta que até o infinito precisa caber na brevidade. Espreguiçar, desconectar, sair de órbita ou simplesmente flutuar pode soar estranho, ou talvez, apenas, uma viagem da nossa cabeça.
Essa tensão entre a velocidade e a suspensão atravessa também o ato de pensar. Abduzido pelo presente, o pensamento tenta escapar pelas brechas do cotidiano. Não se trata de evasão, mas de travessia: pensar como quem se desprende, mesmo que por instantes, de uma gravidade excessiva. Talvez, nesse movimento, seja possível devolver ao pensamento seu próprio tempo, não como retorno ao passado, mas como abertura a outros modos de existir no agora.
Pra quem acha que estou falando de suspensão, se enganou: estou me referindo ao lazer.
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