Mapas que revelam um olhar: a expansão urbana de Natal sob a ótica de fatores estratégicos

Autores

  • Valério Augusto Soares de Medeiros Universidade de Brasília
  • Edja Bezerra Faria Trigueiro Universidade Federal do Rio Grande do Norte
  • Ana Paula Borba Gonçalves Barros Universidade de Brasília

Palavras-chave:

Natal, Fatores Estratégicos, Expansão Urbana

Resumo

Natal, cidade inserida no contexto de efetivação da posse portuguesa na colônia do Brasil, foi de importância capital para a chamada Conquista Leste-Oeste: da Fortaleza dos Reis Magos partiram as esquadras que resultaram na fundação/tomada de Fortaleza, São Luís e Belém, em princípios do século xvii. Entretanto, a despeito do fato de que aspectos geográficos e estratégicos tenham historicamente papéis marcantes na definição das etapas sucessivas de transformação e ocupação urbana, conforme comprovam relatos e cartografia histórica disponível, Natal, por quase três séculos, pouco se desenvolveu além da praça portuguesa de fundação. A partir do resgate da mapografia disponível e da compilação de narrativas históricas, o presente estudo objetiva analisar o processo de gênese e expansão urbana da capital potiguar, inserindo-o na lógica da formação dos núcleos urbanos brasileiros entre os séculos xvi e xvii, e enquadrando-o no contexto luso-espanhol resultante da União Ibérica. O trabalho compreende uma pesquisa historiográfica de cunho mais amplo, dedicada a proceder com uma revisão dos documentos e fontes existentes sobre as origens de Natal, buscando discriminar as razões que levaram a sua implantação, bem como analisando a consolidação urbana e arquitetônica observando o fator estratégico de localização do sítio. Dos achados, a interpretação que a posição geográfica do lugar foi decisiva em três momentos responsáveis pela transformação da cidade, imprimindo as etapas e o conjunto arquitetônico que atualmente remanesce: (1) na fundação, em 1599, quando Natal nasce, e consta ter sido fundada já como cidade, sem nunca ter sido vila ou povoação; (2) nas primeiras décadas do século xx, quando, nos primórdios da aviação, Natal torna-se um elo para estabelecimento dos eixos viários para rotas Europa-América do Sul; e (3) durante a ii Grande Guerra, quando a cidade abriga bases militares, o que traria conseqüências expressivas para a expansão urbana posterior, especialmente ao longo das décadas de 60 e 70.

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Publicado

2011-06-01