O primeiro mapa geológico de Minas Gerais: Octavio Barbosa e Djalma Guimarães, 1934

Autores

  • Roberto Luciano Leste Murta

Palavras-chave:

Cartografia geológica, recursos naturais, Minas Gerais

Resumo

O principal escopo deste trabalho não se resume apenas em fornecer alguns dados sobre uma carta geológica organizada e divulgada em 1934, mas analisar a sua importância na época e, ainda, o estímulo fornecido a pesquisadores e empresas que precisavam, não só ampliar os dados das regiões mapeadas, bem como buscar outros recursos naturais existentes nas mesmas. Em 1934 estes dois renomados geólogos publicaram aquele que é considerado o primeiro mapa geológico de Minas Gerais, um Estado com 586.000 km2, situado na região sudeste do Brasil, onde ocupa 65%. Este esforço na área da cartografia representou a síntese de dados obtidos em trabalhos, publicados ou inéditos, por aproximadamente, vinte pesquisadores. Barbosa e Guimarães, nesta época, já eram conhecidos por seus trabalhos publicados e experiência em projetos ligados à geologia regional mineira e de outras áreas do Brasil, bem como a pesquisa de diversos bens minerais e seu aproveitamento. Neste sentido, Guimarães já havia publicado, por exemplo, em 1931 a “Contribuição à Geologia do Estado de Minas Gerais”, quando estudou a gênese e as ocorrências de diamante em muitas áreas do Estado. Por sua vez, Barbosa publicou em 1934, após numerosos trabalhos de campo e laboratório, com a colaboração de Guimarães, o “Resumo da Geologia do Estado de Minas Gerais”, do qual faz parte uma coluna geológica resumida do Estado, e o citado mapa, na escala de 1: 1.000.000. Na introdução do “Resumo” os autores mencionam, en passant, a escassez de publicações disponibilizadas no órgão em que trabalhavam, o Departamento dos Serviços Geográfico e Geológico, e expressam o sentimento deles sobre o mapa: “Como é fácil demonstrar ele está longe da perfeição, mas como todas as contribuições neste gênero, terá entretanto algum valor pois que é o primeiro mapa geológico de Minas...”. “Apresentamo-lo como uma primeira aproximação e para que os pesquisadores vindouros saibam pelo menos onde terão de corrigir.” Refletindo o estado da arte, dos conhecimentos geológicos, em 1934, vê-se no índice da citada obra as “formações” cujas características genéticas petrográficas, estratigráficas, espaciais, econômicas, etc, foram descritas e agrupadas. É importante notar que boa parte do conteúdo deste “Resumo” seria revisto, nas décadas seguintes, ampliado e trabalhado com escalas mais adequadas, pelos próprios autores, quando os recursos tecnológicos cresceram quase sempre de modo exponencial. Por outro lado Barbosa e Guimarães tornaram-se professores universitários, respectivamente, na Politécnica de São Paulo e nas Universidades de Ouro Preto e Federal de Minas Gerais, notando-se que cada um deles publicou mais de uma centena de obras, no Brasil e no exterior.

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Publicado

2011-06-01