Nos sertões cerrados de Brasília: a cartografia como argumento para releitura da história do Distrito Federal

Autores

  • Wilson Vieira Jr. Universidade de Brasília

Palavras-chave:

Distrito Federal, cartografia, ruralismo, sertanistas

Resumo

O texto propõe que a revisão da cartografia do Goiás pode produzir novos olhares sobre a história do Distrito Federal, principalmente sobre a mitologia atribuída a Brasília, a de uma cidade surgida no nada. Durante a ocupação empreendida no século xviii o território de Goiás foi representado na cartografia sob a lógica da exploração aurífera e a consequente apropriação do espaço. Com a criação das Capitanias de Mato Grosso e Goiás em 1748, as respectivas capitais Cuiabá e Vila Boa interligavam-se com Bahia, Minas Gerais e São Paulo por meio das Estradas Reais. No Goiás o avanço do colonizador pelo território materializou-se na edificação de arraiais e ampliação das rotas de trânsito. Consequentemente a presença do estado português aumentou em aparato administrativo, religioso, judiciário, tributário e militar. No século xix, com a mudança da economia do ouro para a agropecuária um novo contorno articulou-se no Goiás. A ruralização da economia favoreceu o crescimento de fazendas com uma nova organização do poder, fortemente dirigido por fatores regionais. Alguns arraiais do século anterior permaneceram, mas de certa forma esvaziados e submetidos à nova ordem sócio-econômica. No século xx veio Brasília, assentada no Centro-Oeste, no mesmo planalto goiano da febre aurífera e da agropecuária. A Nova Capital surge num loco histórico, contextualizado, forjado no avanço sertanista.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Referências Bibliográficas
Adonias, Isa. Mapas e planos manuscritos relativos ao Brasil Colonial conservados no Ministério das Relações Exteriores e descritos por Isa Adonias para as comemorações do Quinto Centenário da morte do Infante Dom Henrique. Rio de Janeiro: Ministério de Relações Exteriores, 1960.
Álvares, Joseph de Mello. História de Santa Luzia – Luziânia. Brasília: Ed. Independência, 1978.
Aguiar, Maria do Amparo Albuquerque. Terras de Goiás: estrutura fundiária (1850-1920). Goiânia: Ed. ufg, 2003.
Coelho, Gustavo Neiva. O espaço urbano em Vila Boa. Goiânia: Ed. da ucg, 2001.
Bertran, Paulo (1994). História da Terra e do Homem no Planalto Central. Brasília: Verano, 2000.
Bertran, Paulo. Notícia geral da Capitania de Goiás em 1783. Brasília: Solo Editores, 1997.
Chaim, Marivone Matos (1979). Aldeamentos indígenas: Goiás 1749 – 1811. São Paulo: Nobel, 1983.
Cruls, Luiz. Atlas dos itinerários perfis longitudinais e da zona demarcada. (Comissão de Estudos da Nova Capital da União). Rio de Janeiro: H. Lombaerts, 1894.
Cruls, Luiz (1894). Relatório da Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil: edição especial do Centenário da Missão Cruls 1892 – 1992. Brasília: codeplan, 1992.
Dornelas, Darcy. Terras no Distrito Federal – experiências com desapropriação em Goiás: 1955 – 1958. 2006. Dissertação (Mestrado em História) – ppg História, Universidade de Brasília, Brasília, 2006.
Ficher, Sylvia. Brasílias. Projeto Design, São Paulo, n. 242, p. 48-52, abr. 2000.
Galvão, Marília Velloso. (Org.). Geografia do Brasil – Grande Região Centro-Oeste. Rio de Janeiro: ibge, 1960.
Palacín, Luis et al. História de Goiás em documentos: I. Colônia. Goiânia: Ed. ufg, 2001.
Silva e Souza, Luiz Antônio da. Memória sobre o descobrimento, governo, população e coisas notáveis da Capitania de Goiás. Goiânia: Ed. Oriente, 1978.
Varnhagen, Francisco Adolfo (1894). A questão da Capital: marítima ou no interior?. Brasília: Thesaurus, 1985.
Vieira Jr., Wilson et al. Viagem pela Estrada Real dos Goyazes. Brasília: Paralelo 15, 2006.

Documentos eletrônicos
Biblioteca Nacional Digital. Disponível em: <http://www.bn.br/bndigital/index.htm>. Acesso em: 2008.
Memória Receita Federal (Brasil). Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/Memoria/default.htm>. Acesso em: 2007.

Downloads

Publicado

2011-06-01