Biopolítica e Governamentalidade na Belle Époque carioca: Alguns apontamentos iniciais sobre o controle médico da população e do espaço urbano
Resumo
Inicialmente, o artigo traz uma perspectiva da razão política governamental moderna, demonstrada por Michel Foucault, que servirá como quadro metodológico na análise do controle médico da população e do espaço urbano no contexto do Rio de Janeiro do final do século XIX e início do século XX. Em um segundo momento é mostrado como esse controle médico da população e do espaço urbano funcionou no período histórico em exame. São pontos importantes aqui: a construção da noção de “classes perigosas”, a “demonização” dos cortiços, o projeto urbanístico conhecido na história como “bota-abaixo”, a emergência do discurso médico-técnico-higienista e as práticas adotadas a partir disso, além da contraposição popular a estas ações, a Revolta da Vacina. Por último, são traçadas algumas congruências entre a perspectiva de análise da racionalidade política moderna e o quadro sócio-histórico apresentado, como a questão da bios como espaço de intervenção e regulação do Estado com base em um dispositivo médico-higienista-sanitarista e a Revolta da Vacina como manifestação de resistência em face do controle biopolítico da população.