DOI: https://doi.org/10.35699/2237-5864.2024.49453
SEÇÃO: ARTIGOS
Um diálogo nas licenciaturas sobre fanzinagem e suas potencialidades educativas: relato de experiência extensionista
Un diálogo en cursos de pregrado sobre el fanzinagem y su potencial educativo: relato de experiencia extensionista
A dialogue in undergraduate courses about fanzinagem and its educational potential: report of extensionist experience
Jéssyka Melgaço Rodrigues 1 , Raimunda Aline Djanira Freire Marques 2 ,
Erika Freitas Mota 3 , Raquel Crosara Maia Leite 4
RESUMO
Este relato possui o objetivo de descrever produtos e analisar contribuições da fanzinagem para a formação de licenciandos, tendo o seu foco em vivências provenientes de uma oficina com fanzines – que configurou, em 2022, atividade de extensão numa Instituição Pública de Ensino Superior situada em Fortaleza (Ceará, Brasil). A fim de responder à questão: quais produtos e saberes foram construídos pelos participantes nas vivências de uma ação universitária pautada na fanzinagem?, o estudo percorre e interliga os campos teórico-metodológicos das práticas de ensino e da formação docente. Enquadra-se nos parâmetros da pesquisa descritiva e elege como público-alvo os próprios participantes da experiência extensionista – quatro licenciandos das áreas de Ciências Biológicas, Física, Química e Geografia. O trabalho proposto na oficina resultou na elaboração de quatro fanzines, que se deu nos moldes da fabricação artesanal, pois os licenciandos se sentiram motivados a elaborá-los considerando prioritariamente a associação de textos e desenhos, ambos feitos à mão. As observações das ações registradas no diário de campo e a análise dos produtos foram indicadoras de que esses sujeitos construíram aprendizagens específicas sobre a ferramenta. Tal suposição advém do quanto eles se engajaram nos diálogos, como também da satisfação e do ânimo demonstrados no cumprimento das tarefas. Logo, acredita-se que os participantes compreenderam o poder inventivo, inovador, artístico e socializador do instrumento, podendo tornar-se profissionais sensíveis à ressignificação das práticas tradicionais de ensino, quando promoverem sua implementação no exercício futuro da profissão.
Palavras-chave: produção de fanzines; inovação no ensino; formação docente; graduação.
RESUMEN
Este informe tiene como objetivo describir productos y analizar las contribuciones de los fanzines a la formación de estudiantes de pregrado, centrándose en las experiencias de un taller con fanzines – que, en 2022, constituyó una actividad de extensión en una Institución Pública de Educación Superior ubicada en Fortaleza (Ceará, Brasil). Para responder a la pregunta: ¿qué productos y conocimientos construyeron los participantes en las experiencias de una acción universitaria basada en el fanzinagem?, el estudio abarca e interconecta los campos teórico-metodológicos de las prácticas docentes y de la formación docente. Se encuadra en el marco de la investigación descriptiva y elige como público objetivo a los participantes de la experiencia de extensión: cuatro estudiantes de las áreas de Ciencias Biológicas, Física, Química y Geografía. El trabajo propuesto en el taller dio como resultado la creación de cuatro fanzines, los cuales se desarrollaron siguiendo la línea de la elaboración artesanal, ya que los egresados se sintieron motivados a crearlos, considerando principalmente la asociación de textos y dibujos, ambos realizados a mano. Las observaciones de las acciones registradas en el diario de campo y el análisis de los productos fueron indicadores de que estos sujetos construyeron aprendizajes específicos sobre la herramienta. Esta suposición surge de cuánto participaron en los diálogos, así como de la satisfacción y entusiasmo que demostraron al completar las tareas. Por tanto, se cree que los participantes comprendieron el poder inventivo, innovador, artístico y socializador del instrumento, y pudieron convertirse en profesionales sensibles al replanteamiento de las prácticas tradicionales de enseñanza, al promover su implementación en el futuro ejercicio de la profesión.
Palabras clave: producción de fanzines; innovación en la enseñanza; formación de docentes; graduación.
ABSTRACT
This report aims to describe products and analyze the contributions of fanzines to the training of undergraduate students, focusing on experiences from a workshop with fanzines – which, in 2022, constituted an extension activity at a Public Higher Education Institution located in Fortaleza (Ceará, Brasil). In order to answer the question: what products and knowledge were constructed by the participants in the experiences of a university action based on fanzinagem?, the study covers and interconnects the theoretical-methodological fields of teaching practices and teacher training. It fits within the framework of descriptive research and chooses as its target audience the participants in the extension experience – four undergraduates from the areas of Biological Sciences, Physics, Chemistry and Geography. The work proposed in the workshop resulted in the creation of four fanzines, which took place along the lines of artisanal manufacturing, as the graduates felt motivated to create them, considering primarily the association of texts and drawings, both made by hand. The observations of the actions recorded in the field diary and the analysis of the products were indicators that these subjects built specific learning about the tool. This assumption comes from how much they engaged in the dialogues, as well as the satisfaction and enthusiasm they demonstrated in completing the tasks. Therefore, it is believed that the participants understood the inventive, innovative, artistic and socializing power of the instrument, and could become professionals sensitive to the reframing of traditional teaching practices, when promoting their implementation in the future exercise of the profession.
Keywords: production of fanzines; innovation in teaching; teacher training; graduation.
INTRODUÇÃO
As práticas metodológicas nos espaços escolares ainda permanecem vinculadas ao modelo tradicional de ensino, em que o professor é tido como a figura central, detentora do conhecimento e responsável por sua transmissão, onde ao aluno cabe apenas o papel de receptor de informações. Esse modelo de aprendizagem passiva mostra-se pouco atrativo e eficiente para os estudantes, dessa maneira faz-se necessária a utilização de novas metodologias de ensino, a fim de despertar o interesse dos alunos (Santos; Rossi; Pereira, 2021).
Embora a educação tradicional ainda esteja fortemente presente nas instituições acadêmico-escolares, pesquisas apontam para uma renovação no processo de ensino, a qual prioriza tanto a interação dos sujeitos entre si quanto com o objeto de aprendizagem, de modo que ações destinadas à instrução, desenvolvimento e educação do discente estejam interligadas. Tais mudanças são perceptíveis em todos os níveis de ensino (Matos; Lima; Miwa, 2023).
Como consequência disso, a formação dos novos professores requer uma transformação mais profunda, primordialmente, no que tange à oferta, contínua e sistematizada, de vivências acadêmicas que envolvam métodos, estratégias e recursos inovadores capazes de construir um ensino escolar dinâmico, lúdico, atraente e contextualizado. Em consonância com o apresentado, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) reconhece a importância da formação que aproxima a teoria com a prática da docência, possibilitando aos profissionais docentes fazerem uso da reflexão como uma forma de ação para a construção do conhecimento (Brasil, 1996; Kullok, 2000).
Atribui-se, portanto, grande relevância às vivências possíveis de serem experienciadas pelo licenciando ao longo dos seus roteiros formativos. A utilização de diferentes estratégias de ensino, durante a formação inicial, pode promover conhecimento pedagógico pessoal e possibilitar um significativo incremento metodológico na profissionalidade desse sujeito (Girotto Júnior; Paula; Matazo, 2019). Além disso, a aplicação de estratégias plurais no âmbito da educação básica viabiliza o diálogo entre os mais diversos saberes (cotidianos, científicos, culturais e interdisciplinares) – condição que costuma favorecer a participação dos estudantes em ações de ensino-aprendizagem (Cavalcanti Neto; Amaral, 2011). Dentre as estratégias com potencial para enriquecer o movimento do ensino e da aprendizagem, encontram-se o uso do cinema, blog, música, história em quadrinhos (HQ), rotação por estações, world café, júri simulado, jogo didático, práticas laboratoriais e rodas de conversação.
Ainda sobre o campo das práticas e dos recursos educativos que se mostram comprometidos com a inovação nas formas de ensinar e aprender conteúdos escolares e acadêmicos, situa-se o fanzine, que “consiste numa publicação livre e independente, editada e produzida por um indivíduo ou por um grupo de pessoas que, em geral, buscam expressar opiniões acerca de um dado assunto” (Rodrigues, 2018, p. 65). Os fanzines são desenvolvidos, sobretudo, a partir da capacidade inventiva daqueles que os fazem e, comumente, incluem colagens, desenhos, pinturas, textos, versos, HQs, software e até mesmo a combinação dessas ou de outras técnicas que podem vir a ser elaboradas. Maranhão (2012) chama atenção para a pluralidade presente nesse artefato, pois não há um padrão de tamanho, formato ou cores ligadas à sua confecção, aspecto que resulta no uso deliberado da criatividade, curiosidade e raciocínio.
Aliado ao fanzine, tem-se a fanzinagem5 – processo que envolve sua criação e utilização em três etapas: planejamento, (re)produção e socialização. Na primeira, escolhe-se o tema e o modo como o fanzine será apresentado. A etapa seguinte é a da sua confecção. Aqui, cabe ao fanzineiro, a título de ilustração: escrever sobre o assunto escolhido no computador ou à mão livre, buscar e criar imagens que dialoguem com os textos, produzir páginas, providenciar a replicação e a montagem dos exemplares. Depois de planejados, produzidos, replicados e montados, há a fase em que eles são socializados, por meio da hospedagem de suas versões digitais em sites ou, ainda, por meio da venda, troca, distribuição e exposição de suas versões impressas/físicas (Campos, 2009). Segundo Rodrigues e Leite (2023), a introdução dessa prática na sala de aula, para e pelos estudantes, pode suscitar: aprendizagem significativa, interesse, curiosidade, trabalho colaborativo, protagonismo, engajamento, interdisciplinaridade, uso dos conhecimentos prévios, problematização do cotidiano, socialização de saberes, autoria própria, enfim, inúmeros fatores que conferirão sentido individual e significado afetivo aos processos educacionais.
Justifica-se a realização deste trabalho, em primeira instância, pela relevância das vivências formativas ligadas ao pluralismo metodológico no campo de formação dos futuros professores, tendo em vista que a licenciatura deve mobilizar competências teóricas, práticas e criativas, capacitando seus estudantes para enfrentar os desafios do ensino no cotidiano escolar. Assim, uma oficina de fanzinagem revela-se como ação pedagógica que pode contribuir para a formação docente de licenciandos em áreas diversas.
A criação de fanzines é uma atividade que, além de estimular a criatividade, a expressão individual e o pensamento crítico, permite ao licenciando se inserir ativamente em um processo colaborativo e participativo, componentes indispensáveis também à prática docente. Ao envolver-se numa oficina de fanzinagem, o licenciando se depara com a oportunidade de explorar diferentes linguagens e mídias, o que o ajudará a desenvolver habilidades que poderão ser aplicadas logo que estiver ministrando aulas. Acredita-se também que uma oficina nesses moldes configura pano de fundo para intercâmbios de experiências pessoais e profissionais, bem como para a aquisição coletiva de saberes que orbitam o recurso em uso e sua relação com o campo da educação.
O presente relato possui o objetivo de descrever produtos e analisar contribuições da fanzinagem para formação de licenciandos, tendo o seu foco em vivências provenientes de uma oficina com fanzines – que configurou, em 2022, atividade de extensão numa Instituição Pública de Ensino Superior situada em Fortaleza (Ceará, Brasil).
A fim de responder à questão: quais produtos e saberes foram construídos pelos participantes nas vivências de uma ação universitária pautada na fanzinagem?, o estudo percorre e interliga os campos teórico-metodológicos das práticas de ensino e da formação docente. Enquadra-se nos moldes da pesquisa descritiva e elege como público-alvo os próprios participantes da experiência extensionista – quatro licenciandos das áreas de Ciências Biológicas, Física, Química e Geografia. Especificamente, a investigação compromete-se a descrever o planejamento e a execução da oficina com fanzines desenvolvida na universidade, mas também expõe e analisa os materiais produzidos, destacando os ganhos formativos que a experiência pôde proporcionar aos participantes – sob o olhar das suas proponentes.
Este manuscrito encontra-se organizado em quatro seções. Na primeira, com uma breve contextualização geral e específica, expõe-se a questão norteadora e os objetivos. É o momento do texto em que também se justifica a opção pelo tema e a sua relevância. A segunda seção aborda a metodologia empregada para o desenvolvimento da oficina no cenário universitário. Já a terceira seção apresenta dados oriundos das observações sobre as ações, além de expor e examinar os fanzines confeccionados na oficina, visando mapear elementos indicadores de aprendizagem sobre o recurso em uso. Por último, são expostas as considerações finais, cujo escopo é sintetizar os achados e indicar as possibilidades de novas pesquisas.
Presume-se, enfim, que este estudo poderá enriquecer debates já existentes e, simultaneamente, esboçar novas discussões que tratam da importância do pluralismo de estratégias metodológicas no bojo das licenciaturas, tendo em vista a ressignificação do ensino de todas as áreas de conhecimento.
MATERIAIS E MÉTODOS
O presente estudo apresenta-se como uma pesquisa qualitativa do tipo descritiva. À vista disso, o trabalho não assume a finalidade de medir eventos nem prioriza o uso de instrumentos estatísticos para a análise dos dados (Neves, 1996). De acordo com Gil (2008), a pesquisa descritiva busca, em termos gerais, descrever características de determinada população e/ou fenômeno. Já para Cervo e Bervian (2002), esse tipo de estudo está preocupado com a descoberta do modo como os fenômenos ocorrem, debruçando-se sobre suas relações com outros eventos, sobre sua natureza e sobre suas características.
Pode-se classificá-lo ainda como um relato de experiência por incluir elementos que descrevem, de maneira crítica e reflexiva, práticas formativas oriundas de uma oficina de fanzinagem, promovida na universidade como atividade de extensão, para licenciandos de áreas distintas. Mussi, Flores e Almeida (2021) advertem que esse tipo de manuscrito costuma ir além da descrição da experiência vivida, ao passo que oportunizam a valorização e a divulgação de práticas/intervenções exitosas promovidas no contexto acadêmico, científico e profissional.
Em consonância com a importância da utilização do fanzine enquanto recurso didático que se mostra compatível com as demandas atuais da sala de aula, e considerando, outrossim, que o professor em formação inicial necessita de vivências formativas relacionadas ao pluralismo de estratégias didáticas, promoveu-se na manhã do dia 22 de outubro de 2022, nas dependências de uma instituição de Ensino Superior situada em Fortaleza-Ceará-Brasil, a oficina de fanzines, com duração aproximada de cinco horas. Seu objetivo foi estabelecer com os licenciandos, das mais diversas áreas, um diálogo sobre possibilidades de aplicações desse recurso no ensino, bem como convidá-los a explorarem sua produção.
O público-alvo foi composto por licenciandos dos cursos de Ciências Biológicas, Física, Química e Geografia – quatro estudantes de uma mesma Instituição Pública de Ensino Superior, com faixa etária entre 19 e 23 anos, todos do sexo masculino. No momento em que vivenciaram a oficina, a maioria cursava o 4º período da licenciatura. Metade já possuía experiência profissional no magistério, mas não mencionou em que nível de ensino e em quais condições isso se deu.
A oficina solicitou dos seus responsáveis um trabalho de planejamento, cujo foco foi a produção de um roteiro para indicar materiais, conteúdos e procedimentos necessários à sua realização. Após o delineamento da proposta, houve ampla divulgação da oferta, tanto nos espaços físicos da universidade onde ela aconteceria como em ambientes virtuais, principalmente, nas redes sociais. Destarte, os interessados realizaram inscrição prévia e gratuita pelo Google Forms6, comparecendo ao evento no dia, horário e local informados.
A ação foi realizada, no formato presencial, em uma sala de aula comum, ou seja, em um ambiente físico fechado contendo quadro, mesa e cadeiras. Logo nos momentos iniciais, as ministrantes trataram de introduzir a ideia de que o fanzine pode se constituir uma importante ferramenta didática, à medida que convidavam os alunos participantes a folhearem, dentro da roda de conversa, alguns exemplares levados para apreciação dialogada e distribuição.
Em virtude do desconhecimento dos alunos sobre o instrumento, as ministrantes, providas de recursos audiovisuais (projetor, slide, vídeo e notebook), procederam com a explanação sobre o significado e a origem do vocábulo fanzine. Esse momento foi oportuno também para trazer esclarecimentos referentes à diversidade dos formatos (cartilha, livreto, revista e jornal), das técnicas de produção e das expressões artísticas que podem ser empregadas na composição das suas páginas. Depois, expôs-se e discutiu-se uma experiência escolar em que os zines serviram como facilitadores da aprendizagem dos termos, dos conceitos e dos processos ligados às “parasitoses”, conteúdo visto na matéria de Biologia do ensino médio. Os discentes foram incentivados a efetuarem leituras posteriores sobre fanzine/fanzinagem, recebendo sugestões de materiais que estão disponíveis para acesso em espaços digitais.
No campo da ação, os alunos aceitaram o desafio de experimentar a produção de um fanzine envolvendo conteúdos relativos à sua área de formação. Temas gerais foram propostos pelas ministrantes, com a intenção de aguçar a curiosidade e a criatividade dos participantes, cabendo-lhes, então, durante a criação dos fanzines, relacioná-los com seus campos formativos, sob o viés do ensino. Os temas estabelecidos para guiar os trabalhos ao longo da oficina foram: “saber científico e saber tradicional”, “o papel da ciência na atualidade” e “meio ambiente e sustentabilidade”.
O desenvolvimento das atividades exigiu o emprego de materiais e equipamentos distintos, como os seguintes: papel A4 branco e colorido, cola, tesoura, grampeador, pincéis/canetinhas, lápis de cor, régua de 30 cm, giz de cera, borracha, canetas, jornais/revistas velhos, projetor, notebook, caixa de som e extensão elétrica. Todos os recursos foram custeados pelas ministrantes da oficina.
Após a produção dos fanzines, os licenciandos organizaram novamente uma roda de conversa e socializaram suas produções, momento que marcou oficialmente o encerramento das atividades formativas. Antes do término, todavia, cada participante pôde justificar a escolha do formato e do nome atribuído à revistinha artesanal, como também expor o material página a página, explicitando elementos-chave e indicando relações desses com seu campo de formação profissional. Esse momento final suscitou sínteses, permutas, reflexões e discussões ligadas às potencialidades educativas do recurso em uso.
Enquanto técnicas de produção de dados, utilizou-se a observação participante e o diário de campo. Na primeira, o observador é levado a partilhar papéis e hábitos dos grupos estudados com vistas a encontrar as condições favoráveis para observar situações, fatos e comportamentos (Mónico et al., 2017). Na segunda, o pesquisador efetua registros de experiências vividas em um caderno ou bloco de anotações, dando destaque às suas interpretações, opiniões, sentimentos e pensamentos, sob uma forma espontânea de escrita (Alves, 2004).
Já o procedimento de análise recorreu às ideias de Franco (2012), pois procurou estabelecer comparações entre os dados gerados e a literatura especializada, tendo em vista indicar seus elementos de aproximação e distanciamento. Ressalta-se, adicionalmente, que se respeitou o anonimato dos sujeitos e foi preservada a identidade dos envolvidos (sujeitos e instituição), além de se proceder à utilização dos dados obtidos para atender apenas as demandas circunscritas ao campo em estudo.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Este tópico relaciona-se com os fanzines desenvolvidos, pois apresenta e analisa suas características de construção. Posteriormente, realiza-se discussões acerca das implicações da atividade para o processo formativo dos envolvidos, considerando os dados provenientes da observação sobre as ações, bem como dos registros escritos pelas autoras no diário de campo. Então, de maneira geral, a presente seção traz a análise crítico-reflexiva da experiência da construção de fanzines vivenciada pelos licenciandos das áreas de Ciências Biológicas, Física, Química e Geografia.
Os fanzines produzidos versaram sobre temáticas gerais preestabelecidas com o intuito de contemplar as áreas formativas dos participantes. As produções deram-se nos moldes da fabricação artesanal, já que os licenciandos se sentiram motivados a elaborar zines considerando prioritariamente a associação de textos e desenhos, ambos feitos à mão, com lápis, canetas e pincéis coloridos. De acordo com Guimarães (2005), os fanzines artesanais costumam incluir datilografia, escrita ilustrada, desenhos, pinturas, poesia, HQs, recortes e colagens – tarefas que se dão a partir do emprego de materiais simples e acessíveis. Na Figura 1, são mostradas as capas dos fanzines obtidos ao final da oficina.
Figura 1 – Capas dos fanzines produzidos artesanalmente na oficina.
Fonte: acervo das autoras (2023).
Pelo exposto na Figura 1, percebe-se a diversificação dos assuntos, assim como dos elementos textuais e imagéticos selecionados pelos autores para anunciar os temas. Na capa A, o conteúdo é apresentado por meio de um texto escrito, elemento que também predomina na capa B. Ao contrário disso, nas capas C e D percebe-se o emprego de recursos que estão além do texto simples, a saber: desenhos, escrita ilustrada, colagens de figuras e uso de símbolos matemáticos. Isso acena para a possibilidade de que alguns criadores desejam atrair o leitor logo no primeiro contato com a revista, corroborando o que diz Rodrigues (2018). A referida autora, em sua pesquisa de mestrado, observou que os assuntos dos dez fanzines científicos avaliados assumiram roupagens dinâmicas, artísticas, lúdicas, bem-humoradas e contextualizadas, especialmente na apresentação do tema. Com efeito, é plausível supor que esse aspecto pode compor uma estratégia pensada pelo editor para aguçar a curiosidade do leitor e impulsioná-lo a querer descobrir o que está contido no interior das revistinhas.
Conforme apresentado a seguir, no Quadro 1, o formato “revista” foi eleito por unanimidade entre os participantes, remetendo ao modelo sugerido pela tradução literal da palavra inglesa fanzine (em português, revista de fã), tal como descreve Maranhão (2012). Já no que se refere às dimensões, percebeu-se que a maioria dessas revistas se enquadrou no tamanho A5 (148 mm x 210 mm), que equivale à meia folha de papel A4. Rodrigues, Castro e Leite (2023) visualizaram a mesma preferência entre faneditores de oficinas promovidas na universidade, as quais envolveram o tema “Geociências”. Segundo as mencionadas autoras, isso possivelmente se deve ao fato de as suas dimensões possibilitarem níveis distintos de aprofundamento e exposição da matéria.
Os temas abordados foram “saber científico e saber tradicional”, “o papel da ciência na atualidade” e “meio ambiente e sustentabilidade”. Quanto a isso, é necessário esclarecer que as produções identificadas como F2 e F3 trataram do mesmo tema – “meio ambiente e sustentabilidade”, sendo que, na primeira, tem-se a repetição da temática geral em relação ao nome expresso na capa. Já na segunda, o que se vê, é a abordagem de um conteúdo mais específico e delimitado, intitulado pelos autores de “problemas da eutrofização artificial”. Por último, evidencia-se, mediante análise dos dados expressos na sexta coluna do Quadro 1, variação na quantidade de páginas produzidas, em que o número mínimo foi 8, em F1, e o número máximo foi 12, em F2.
Quadro 1 – Descrição dos fanzines segundo seu identificador, forma, dimensões, tema norteador, nome expresso na capa e número de páginas.
|
ID |
Forma |
Dimensões |
Tema |
Nome |
Número de páginas |
|
F1 |
Revista |
A5 |
Saber Científico versus Saber Tradicional |
Saber popular e conhecimento científico |
8 |
|
F2 |
Revista |
A5 |
Meio ambiente e Sustentabilidade |
Meio ambiente e sustentabilidade |
12 |
|
F3 |
Revista |
A6 |
Meio ambiente e Sustentabilidade |
Problemas da eutrofização artificial |
11 |
|
F4 |
Revista |
A5 |
O papel da Ciência na atualidade |
Matemática e programação |
10 |
Fonte: elaborado pelas autoras (2023).
A Tabela 1, por sua vez, apresenta os elementos de montagem das páginas dos fanzines. Para Rodrigues, Castro e Leite (2022), é interessante visualizar como os fanzines são produzidos no sentido do seu design, pois o resultado final reflete o esforço e o compromisso que os sujeitos tiveram com os projetos. Dito isso, a tabela seguinte lista os elementos mais frequentes nas revistas produzidas pelos licenciandos, que foram: a ilustração desenhada e colada, o texto escrito à mão, o uso de letras, números e outros símbolos coloridos.
Tabela 1 – Elementos de montagem das páginas dos fanzines.
|
ID |
Ilustração colada |
Ilustração desenhada |
Texto escrito à mão |
Letras, números e outros símbolos coloridos |
Total |
|
F1 |
0 |
0 |
5 |
0 |
5 |
|
F2 |
6 |
5 |
9 |
134 |
154 |
|
F3 |
6 |
0 |
10 |
22 |
38 |
|
F4 |
0 |
9 |
7 |
25 |
41 |
|
Total |
12 |
14 |
31 |
181 |
238 |
Fonte: elaborada pelas autoras (2023).
O estudo da Tabela 1 identifica uma disparidade na quantidade final dos elementos empregados nas composições das produções, dado que se verificou em F1 e em F2, respectivamente, a variação entre 5 e 154 recursos de constituição. Outro aspecto a ser considerado é a ausência do elemento “texto recortado” nas versões finais dos materiais. Aparentemente, os participantes restringiram-se a recortar para suas revistas recursos imagéticos, deixando de colar nelas pequenos textos e/ou palavras, prática que é bastante comum no contexto de produção desses recursos, conforme caracteriza Guimarães (2005).
Sob outro enfoque e em concordância com o encontrado por Rodrigues (2018), a análise da Tabela 1 mostra que a maioria dos participantes se mostrou preocupada em atribuir, aos zines, recursos e estratégias que pudessem enriquecer e/ou valorizar a abordagem dos temas a serem tratados/debatidos – o que, presumivelmente, requereu, a essa maioria, empenho e dedicação, basta ver a totalidade dos recursos de montagem que foram aplicados nas propostas finais dos materiais, mais de 200. Todavia, Mariana Moura (2017) avalia que, no universo zínico, o “fazer” é o ponto-chave da proposta. No entendimento da autora, mais importante do que o “produto final” é a experiência, tal como o que foi possível aprender por meio dela. Foi esse o pensamento que subsidiou a realização das ações zínicas concebidas na universidade.
A exemplo de ilustração dos produtos alcançados na oficina em discussão, a Figura 2 expõe o interior do zine designado “meio ambiente e sustentabilidade”.
Figura 2 – Interior do fanzine designado “meio ambiente e sustentabilidade”.
Fonte: acervo das autoras (2023).
Nota-se que as primeiras páginas introduzem a temática, buscando situar o leitor quanto ao assunto (Figura 2A). As páginas posteriores utilizam-se de desenhos ilustrados, pequenas frases e palavras-chave, a fim de alertar sobre agressões sofridas pela natureza, em particular, impactos oriundos de ações humanas (Figura 2B e 2C). As últimas páginas propõem uma reflexão sobre o quanto se necessita do meio e dos seus recursos para a manutenção da vida no planeta, circunstância que deveria levar a população mundial a preservá-los acima de tudo (Figura 2D). A análise final do conteúdo dessa figura indica que o fanzine em questão lança mão da percepção dos autores sobre o tema, constituindo-se como um porta-voz de pensamentos e ideias (Moura, A., 2018). Isso acena na direção de que esses recursos têm potencial para serem úteis nas práticas de ensino, ao passo que sua produção pode oportunizar ao educando ocupar o lugar de protagonista em conjunturas pedagógicas que primam pelos conhecimentos prévios, as opiniões pessoais e as vivências do cotidiano (Meireles, 2008).
Os dados provenientes do diário de campo expressam que, de início, os participantes possuíam pouco conhecimento sobre o recurso em uso, por isso trouxeram, principalmente no momento específico da confecção dos produtos, dúvidas e questões ligadas às técnicas de diagramação e montagem das revistinhas. Em função disso, é possível afirmar que a oficina possibilitou aos participantes a obtenção de conhecimentos teórico-práticos relativos ao universo zínico, posto que a maioria desconhecia o fanzine e, consequentemente, seus meios de produção e usos pedagógicos.
No bojo das aprendizagens teóricas, os participantes puderam reconhecer o enorme potencial do fanzine e de sua produção, sobretudo quando se considerou a fundamentação acerca do conteúdo explanado na oficina, procedimento feito com o auxílio de recursos audiovisuais (projetor, notebook e slides contendo textos, animações, ilustrações, esquemas e vídeos). Como já era esperado, este estudo, voltado à contextualização e à caracterização da fanzinagem, viabilizou nos licenciandos a construção de uma base teórica sobre o tema – focada em aspectos gerais: origem histórica, conceito, finalidade, tipos e etapas produtivas, experiências de uso em níveis de ensino distintos e vantagens educativas –, levando-os a conhecer autores e pesquisas consagradas na área. Nessa mesma linha de pensamento, Rodrigues (2018) advoga que os estudos preliminares auxiliam na edificação de uma base teórica que enriquece o oferecimento e a produtividade da fanzinagem em contextos educativos.
A aquisição dos saberes práticos, por sua vez, deveu-se aos momentos em que os participantes foram os protagonistas da atividade extensionista. A observação cautelosa somada à apreciação discutida dos fanzines disponibilizados, efetivamente, abriu margem para que os futuros professores assimilassem estruturas e tópicos comuns, regras básicas de diagramação e esquemas de dobraduras – elementos que tradicionalmente atravessam o movimento de criação dessas mídias. Outrossim, vê-los e manuseá-los para, mais tarde, experimentar a própria fanzinagem como prática artístico-educativa, inegavelmente, contribuiu para o encantamento dos participantes com os materiais e suas possibilidades de implementação no ambiente acadêmico-escolar, o que os deixou ainda mais abertos à obtenção e à vivência de comportamentos, aprendizagens e atitudes inerentes ao fazer zínico.
Além disso, notou-se que nesse ínterim de “mão na massa” os estudantes da graduação conseguiram aprender sobre dois pontos centrais relacionados à fanedição. O primeiro refere-se à compreensão de que a confecção de um fanzine, independente da sua perspectiva e do nível de ensino, solicitará o emprego de itens simples e acessíveis, assim como preconiza Campos (2009). O outro ponto observou a característica do seu baixo custo financeiro, corroborando o pensamento de Lima et al. (2022). Essas análises induziram os participantes a concordarem que a fanzinagem pode ser aproveitada com dinamismo e bastante facilidade no ensino, oportunizando aos sujeitos envolvidos aprimorarem variadas habilidades e competências.
Dito isso, infere-se que os licenciandos conseguiram construir aprendizagens específicas acerca do conceito e da finalidade do fanzine, ao mesmo tempo que exploraram os modos de produção, refletindo sobre as potencialidades artístico-educativas que orbitam esse objeto. Leite, Miranda e Mota (2020) recomendam que professores sejam estimulados a experimentar a fanzinagem em percursos formativos, com a intenção de estudar os benefícios que perpassam a aplicação dessa prática em sala de aula.
Os registros escritos no diário de campo trazem também que, embora os sujeitos tenham escolhido temas distintos e se organizado para a elaboração individual dos produtos, houve forte interação entre eles, em que um desejava conhecer e até opinar sobre o modo como o outro estava pensando e confeccionando seu recurso. Pelo exposto, é bastante crível que os docentes em formação poderão fazer uso dos fanzines no exercício futuro da profissão. Essa suposição advém, sobretudo, do quanto eles se engajaram nas ações, como também da satisfação e do ânimo demonstrados no cumprimento das tarefas. Achado similar é visto em Rodrigues, Castro e Leite (2022), ao passo que as autoras mencionadas identificaram, após o desdobramento de ações fanzínicas junto aos licenciandos das áreas de Ciências e Biologia, disposição, motivação e interesse pelo uso posterior da ferramenta.
Adicionalmente, o desenvolvimento de discussões conjuntas sobre a necessidade de se implementar recursos inovadores para ensinar os mais diversos conteúdos escolares indica que os participantes compreenderam bem o poder criativo, inventivo, dinâmico, inovador, autoral, artístico, socializador e reflexivo do instrumento em questão. Rodrigues, Castro e Leite (2022) advogam que atividades com fanzines no âmbito das licenciaturas podem mobilizar saberes vinculados ao pluralismo de estratégias didáticas e, assim, formar profissionais sensíveis à ressignificação das práticas tradicionais de ensino.
No bojo da formação docente universitária, portanto, pontua-se que a oficina de fanzinagem pode ter servido como pano de fundo para formar, pelo menos minimamente, professores artistas-reflexivos, dada a produção de saberes sobre fanzine – obra dotada de importante caráter pessoal, artesanal e estético. O sujeito artista-reflexivo é um profissional que combina arte e reflexão em sua prática docente, sendo capaz de refletir acerca dos processos artísticos que têm potencial para fazer parte do seu ensinar (Feitosa; Leite, 2012).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo inclina-se para o campo da formação de futuros professores, pois tem enfoque em vivências experienciadas por licenciandos durante atividades de extensão na graduação. Seu objetivo geral foi descrever produtos e analisar contribuições da fanzinagem para a formação de licenciandos. Especificamente, buscou-se descrever o planejamento e a execução da oficina fanzínica, como também expor e analisar os materiais produzidos, destacando os ganhos formativos que essa experiência pôde proporcionar aos participantes – sob o olhar das suas proponentes. Assim, é possível inferir que os objetivos citados foram alcançados, sobretudo, porque a prática relatada contribuiu para a formação dos estudantes, por meio da vivência de novas experiências, da criação de produtos, dos diálogos e reflexões sobre as potencialidades educativas da fanzinagem.
No caso aqui estudado, evidenciou-se entusiasmo, engajamento, satisfação e ânimo no cumprimento das atividades, tanto quanto interesse dos sujeitos na obtenção de novas aprendizagens sobre o recurso, suas temáticas e seus modos de produção. Tratando-se do conteúdo específico – “saber científico e saber tradicional”, “o papel da ciência na atualidade” e “meio ambiente e sustentabilidade” –, foi visto que os participantes se envolveram com os temas, com a busca sobre os assuntos e que aprenderam mais, produzindo materiais autorais. Paralelamente, notou-se que a vivência formativa proporcionou aos futuros professores: explorar o potencial pedagógico da fanzinagem, promover reflexões sobre a práxis docente e discutir desafios da educação contemporânea.
No entanto, reconhece-se que o arcabouço de análise deste estudo limitou-se ao campo interpretativo das proponentes da oficina, mediante dados provenientes das observações, dos registros escritos no diário de campo e dos fanzines produzidos pelos licenciandos. Junto a isso, destaca-se que o universo de investigação ficou restrito às licenciaturas de Ciências Biológicas, Física, Química e Geografia. Por consequência, espera-se que outras pesquisas sejam realizadas na área investigada, inclusive, para preencher lacunas deixadas por esta.
Por fim, no que diz respeito à qualificação de professores, faz-se necessário o incentivo e a experimentação de novas metodologias – como a produção de fanzines, a fim de proporcionar uma formação mais atenta à diversidade de recursos compatíveis com as demandas que as instituições de ensino e seu público-alvo possuem no tempo presente, rompendo com a hegemonia dos moldes mais tradicionais de se fazer educação.
REFERÊNCIAS
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Jéssyka Melgaço Rodrigues
Professora de Biologia na Escola de Ensino Médio Joaquim Magalhães (Itapipoca-Ceará). Doutoranda em Ensino na Rede Nordeste de Ensino (RENOEN), Polo da Universidade Federal do Ceará (UFC). Mestra em Ensino de Ciências e Matemática (ENCIMA-UFC). Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Desenvolve estudos sobre os seguintes temas: ensino de Ciências e Biologia, estratégias pedagógicas, arte-ciência, profissão docente e formação de professores.
Raimunda Aline Djanira Freire Marques
Professora de Biologia na Escola Estadual de Educação Profissional Professora Marly Ferreira Martins (Caucaia-Ceará). Doutoranda em Ensino na Rede Nordeste de Ensino (RENOEN), Polo da Universidade Federal do Ceará (UFC). Mestra em Ensino de Ciências e Matemática (ENCIMA-UFC). Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Bolsista da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Desenvolve estudos sobre assuntos educacionais.
Erika Freitas Mota
Professora do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e dos Programas de Pós-graduação em Sistemática, Uso e Conservação da Biodiversidade (PPGSIS) e Programas de Pós-Graduação em Ensino da Rede Nordeste de Ensino (RENOEN, Polo UFC) e de Ensino de Ciências e Matemática (ENCIMA) da UFC. Doutora em Bioquímica (UFC). Licenciada e bacharel em Ciências Biológicas (UFC).
Raquel Crosara Maia Leite
Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira (PPGE), do Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática (ENCIMA) e da Rede Nordeste de Ensino (RENOEN) na Universidade Federal do Ceará (UFC). Doutora em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina. Mestra em Educação pela UFC. Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Uberlândia. É uma das líderes do Grupo de Estudos e Pesquisa em Ensino de Ciências (GEPENCI). Tem experiência na área de Educação e Ensino de Ciências.
raquelcrosara@ufc.br
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Como citar este documento – ABNT RODRIGUES, Jéssyka Melgaço; MARQUES, Raimunda Aline Djanira Freire; MOTA, Érika Freitas; Leite, Raquel Crosara Maia. Um diálogo nas licenciaturas sobre fanzinagem e suas potencialidades educativas: relato de experiência extensionista. Revista Docência do Ensino Superior, Belo Horizonte, v. 14, e049453, p. 1-19, 2024. DOI: https://doi.org/10.35699/2237-5864.2024.49453. |
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1 Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, Ceará, Brasil.
ORCID ID: https://orcid.org/0000-0002-2896-9353 . E-mail: jessykamelgaco@gmail.com
2 Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, Ceará, Brasil.
ORCID ID: https://orcid.org/0009-0005-7548-4614 . E-mail: alinerfreire@yahoo.com.br
3 Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, Ceará, Brasil.
ORCID ID: https://orcid.org/0000-0003-1477-5563 . E-mail: erika.mota@ufc.br
4 Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, Ceará, Brasil.
ORCID ID: https://orcid.org/0000-0002-1563-9670 . E-mail: raquelcrosara@ufc.br
Recebido em: 22/02/2024 Aprovado em: 11/08/2024 Publicado em: 08/11/2024
5 Usa-se como equivalente desse termo, no texto, as expressões fanedição e fazer zínico.
6 O Google Forms ( https://docs.google.com ) é uma ferramenta gratuita largamente utilizada para criar formulários on-line. Nela, o usuário pode, entre outras tarefas, organizar inscrições para eventos, criar convites e pedir avaliações.
Rev.
Docência Ens. Sup., Belo Horizonte, v. 14, e049453, 2024