DOI: https://doi.org/10.35699/2237-5864.2024.51314
SEÇÃO: ARTIGOS
Preceptoria remota em puericultura: os desafios da clínica no contexto tecnológico
Preceptoría remota en puericultura: los desafíos de la clínica en el contexto tecnológico
Remote preceptorship in childcare: the challenges of the clinic in the technological context
Devani Ferreira Pires,1
Paula Fernanda Brandão Batista dos Santos,2 Marcelo Viana da Costa3
RESUMO
A pandemia da covid-19 exigiu rápidas transformações na educação em saúde, sem o tempo exigido à sua implementação. Assim, o objetivo principal da pesquisa foi compreender a percepção de médicos residentes de pediatria sobre o estágio de puericultura mediado por supervisão remota e síncrona. A prática educacional foi desenvolvida entre setembro de 2020 e fevereiro de 2021, com a participação de uma preceptora e dez residentes do primeiro ano, cujo cenário de prática foi um ambulatório vinculado a um hospital universitário. Quanto ao percurso metodológico, o estudo utilizou uma abordagem qualitativa, fenomenológica e interpretativa. A coleta de dados foi obtida por meio de entrevistas semiestruturadas, gravadas em sessões de videoconferências. Os dados foram transcritos e submetidos à análise temática reflexiva. Os resultados demonstraram que as competências clínicas foram alcançadas, como a anamnese, a discussão de caso e a autonomia durante o atendimento. A maestria relacionada ao exame físico, entretanto, não atendeu às expectativas dos participantes. O estudo evidenciou a escassez de recursos tecnológicos apropriados e a necessidade de letramento digital do corpo discente e docente. A telemedicina permitiu a continuidade da assistência e promoção à saúde diante da pandemia, além da contribuição para a formação profissional. Requer, no entanto, a elaboração de diretrizes institucionais que qualifiquem esta prestação de serviço, por meio de dispositivos técnicos e regulamentadores que garantam a realização de práticas seguras e efetivas para estudantes, preceptores e usuários.
Palavras-chave: puericultura; educação médica; telemedicina; formação a distância.
RESUMEN
La pandemia de covid-19 requirió transformaciones rápidas en la educación para la salud, sin el tiempo necesario para su implementación. El principal objetivo de la investigación fue comprender la percepción de los residentes de pediatría sobre la pasantía de puericultura mediada por supervisión remota y sincrónica. La práctica educativa se desarrolló entre septiembre de 2020 y febrero de 2021, con la participación de una preceptora y diez residentes de primer año, cuyo ámbito de práctica fue en un ambulatorio vinculado a un hospital universitario. En cuanto al camino metodológico, el estudio utilizó un enfoque cualitativo, fenomenológico e interpretativo. La recolección de datos se obtuvo mediante entrevistas semiestructuradas, grabadas en sesiones de videoconferencia. Los datos fueron transcritos y sometidos a análisis temático reflexivo. Los resultados demostraron que se lograron habilidades clínicas, como anamnesis, discusión de casos y autonomía durante el cuidado. El dominio relacionado con el examen físico, sin embargo, no cumplió con las expectativas de los participantes. El estudio puso de relieve la escasez de recursos tecnológicos adecuados y la necesidad de alfabetización digital entre el alumnado y el profesorado. La telemedicina permitió la continuidad de la atención y promoción de la salud ante la pandemia, además de contribuir a la formación profesional. Requiere, sin embargo, del desarrollo de lineamientos institucionales que califiquen la prestación de este servicio, a través de dispositivos técnicos y regulatorios que garanticen la implementación de prácticas seguras y efectivas para estudiantes, preceptores y usuarios.
Palabras clave: puericultura; educación médica; telemedicina; educación a distancia.
ABSTRACT
Covid-19 pandemic demanded rapid change in education in health, without enough time to this implementation. The research’s main objective is to understand perceptions of medicine pediatric residents related to the traineeship in childcare mediated by remote and synchronous supervision. Educational practice was developed from 2020 September to 2021 February, with participation of one preceptor and ten residents from the first stage, in an ambulatory from a university hospital as a scenery to this practice. Related to the methodological way, this study used a qualitative, phenomenological and interpretative approach. The research data is based on semi-structured interviews, recorded in video conferencing sessions. The data had its transcription and a thematic reflexive analyze. Results point the clinical competences had reached their objectives, as anamneses, case discussions and autonomy of residents during medical assistance. However, excellence to the physical examination did not attend participants’ expectations. This study highlighted the lack of appropriate technological resources and the necessity of digital literacy to student body and teaching staff. Telemedicine allows the continuity of the assistance and the promotion of health in a pandemic time, besides contributing to the professional development. It needs, however, the creation of institutional guidelines to qualify this service, based on technical and regulating devices to ensure secure and effective practices to students, preceptors and users.
Keywords: childcare; medical education; telemedicine; distance learning.
INTRODUÇÃO
A doença causada pelo SARS-CoV-2, a covid-19, produziu uma crise sanitária de grandes proporções e foi declarada como um evento pandêmico pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 11 de março de 2020. Em decorrência da gravidade iminente, as comunidades científicas e a OMS alertaram para a necessidade de adoção de estratégias direcionadas à preservação da vida, à redução da transmissibilidade e à reorientação de serviços de atenção à saúde (OPAS, 2020).
A realidade caótica que antecedeu à disponibilidade de agentes imunizantes desencadeou uma rápida disseminação da covid-19, com graves complicações, incluindo a morte. A progressão da pandemia ocasionou o colapso dos serviços de saúde, consequente à falta de insumos, equipamentos, leitos hospitalares e profissionais de saúde (Núñez; Sreeganga; Ramaprasad, 2021; Karan; Wadhera, 2021). Como medida emergencial, as instituições de ensino suspenderam a realização de aulas presenciais, eventos científicos, culturais e esportivos, visando a redução da velocidade de transmissão do vírus (Brasil, 2020; Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2020).
A pandemia conferiu maior visibilidade às reconhecidas desigualdades sociais, intensificando questões centrais para a qualidade de vida das pessoas, como o desemprego, o racismo e a insegurança alimentar (Blumenthal et al., 2020; Mazzucato; Kattel, 2020; The World Bank, 2020; Karan; Wadhera, 2021). O fechamento prolongado de escolas agravou os problemas educacionais já existentes, com graves repercussões no desenvolvimento cognitivo e social das crianças. Ademais, a permanência no lar, em contextos sociais adversos, tem o potencial de agravar o estado nutricional, a exposição à violência e à exploração infantil (The World Bank; Unesco; Unicef, 2021).
Com o progresso da crise sanitária, o teletrabalho garantiu a continuidade de atividades profissionais em diversos setores. A função laboral, neste formato, acontece distante do espaço físico convencional e é efetuada por meio do uso de tecnologias de informação e comunicação. O trabalho remoto requer a utilização de equipamentos como computadores e/ou telefone móvel, aplicativos para envio e recepção de mensagens, imagens e documentos, além de uma conexão segura com uma rede de internet (Pereira, 2021; World Health Organization, 2016; 2019).
Durante o período pandêmico, as aulas presenciais foram rapidamente substituídas por videoconferências síncronas e/ou assíncronas (Jumreornvong et al., 2020). A telemedicina foi amplamente utilizada como recurso de ensino e assistência à saúde. No entanto, apesar da rapidez na adaptação das atividades teóricas, o mesmo não ocorreu com a vivência da prática, componente curricular indispensável à aquisição de habilidades e atitudes. A interrupção dos estágios supervisionados repercutiu desfavoravelmente na formação profissional, além das preocupações legítimas quanto ao bem-estar pessoal (Chakladar et al., 2022).
A telemedicina é definida como “uma prestação de serviços de saúde em que pacientes e profissionais estão separados fisicamente, mediados pelo uso de tecnologias para troca de informações, elaboração de diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças” (World Health Organization, 2016, p. 56). No decorrer da pandemia, a modalidade virtual foi utilizada em grande escala, permitindo a continuidade do cuidado sem elevar o risco de transmissão da infecção entre as pessoas (Ftouni et al., 2022; Curfman et al., 2022).
A preceptoria é uma atividade de supervisão em um programa educacional. As competências esperadas para seu exercício incluem domínio profissional, incentivo à participação dos treinandos, promoção do pensamento crítico e reflexivo sobre a prática, o desenvolvimento gradual da autonomia, além de feedback bidirecional (Ceelen et al., 2021). A supervisão remota ou telesupervisão, por sua vez, é um modelo de supervisão clínica realizada por meio de tecnologias, como o telefone ou plataformas de videoconferência (Martin; Kumar; Lizarondo, 2017).
Com a declaração da pandemia, os serviços ambulatoriais suspenderam suas atividades, retornando, posteriormente, com redução no número de atendimento. Os residentes de pediatria sugeriram que a prática ambulatorial de puericultura poderia ser viabilizada por telemedicina, com supervisão remota síncrona, uma vez que uma das preceptoras estava em regime de teletrabalho. A proposta recebeu anuência da coordenação da residência e do serviço de agendamento de pacientes.
A supervisão remota é uma prática educacional pouco estudada na instituição onde ocorreu, o que motivou a sua investigação. A pesquisa teve como pergunta norteadora: “quais as percepções dos médicos residentes de pediatria sobre a experiência da prática ambulatorial em puericultura sob supervisão remota, durante a pandemia da covid-19?”. O estudo teve como objetivo principal analisar a percepção dos residentes de pediatria sobre a utilização da supervisão realizada por telemedicina em um estágio em puericultura.
METODOLOGIA
A abordagem utilizada na pesquisa foi qualitativa, descritiva, interpretativa e fenomenológica. A pesquisa qualitativa é uma metodologia indicada quando a investigação envolve experiências e percepções dos participantes sobre tópicos a serem estudados em uma nova perspectiva (Creswell, 2007; Collins; Stockton, 2018). A pesquisa fenomenológica busca a essência e o significado de experiências vividas pelas pessoas (Creswell, 2007; Neubauer; Witkop; Varpio, 2019). Nessa abordagem, as narrativas são coletadas a partir de uma pequena amostra de participantes, entre 3 e 10, que tenham vivenciado experiências compartilhadas. Neste sentido, o estudo teve a intenção de compreender uma experiência educacional inusitada e que as narrativas apresentem novos questionamentos, perspectivas e contribuições. Os métodos utilizados foram as entrevistas e a análise temática reflexiva dos dados coletados.
A coleta de dados foi feita a partir de entrevistas gravadas em sessões de videoconferência, em ambiente virtual, por meio da plataforma Google Meet®. Elas seguiram um roteiro semiestruturado, elaborado pelos autores, contendo perguntas abertas. A pesquisadora que realizou as entrevistas possui expertise em metodologia qualitativa e exerce docência em um outro departamento, minimizando possíveis vieses hierárquicos. As entrevistas foram assistidas, e então transcritas manualmente pelos pesquisadores para a organização, imersão e melhor compreensão do corpo de dados (Davidson, 2009; Point; Baruch, 2023), e subsequentemente editadas no processador de texto da Microsoft Word®.
A Análise Temática Reflexiva (ATR) foi o método de análise utilizado por estar alinhado ao paradigma qualitativo e fenomenológico (Braun; Clarke, 2006, 2019, 2023). Nesta abordagem, o tamanho amostral não pressupõe a confiabilidade, visto que o essencial na pesquisa fenomenológica é a capacidade dos participantes de descrever e refletir sobre a experiência vivida, permitindo ao pesquisador a compreensão do problema (Creswell, 2007; Braun; Clarke, 2019). O processo de trabalho na ATR inclui: 1- leitura para a familiarização dos dados; 2- codificação; 3- geração de temas iniciais; 4- revisão dos temas; 5- definição e nomeação de temas; 6- escrita reflexiva (Braun; Clarke, 2006, 2019, 2023).
Aspectos éticos
O estudo foi realizado com base nos princípios da ética e bioética estabelecidos pela Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466/2012, que regulamenta as pesquisas envolvendo seres humanos e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da instituição de ensino, com o parecer consubstanciado de número 4.695.453. Três médicos, do total de dez residentes que participaram do rodízio, concordaram em gravar as entrevistas. A etapa de coleta de dados foi precedida por leitura, explicação e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).
A supervisão remota ocorreu no período entre 1 de setembro de 2020 e 28 de fevereiro de 2021, com a participação de 10 médicos residentes de pediatria do primeiro ano. As consultas ocorreram de forma presencial, no ambulatório de puericultura vinculado a um hospital universitário, e contou com o residente, a mãe e a criança a ser avaliada. A supervisão foi realizada de forma remota e síncrona, por meio de aplicativo de mensagem e de vídeo por telefonia móvel e/ou videoconferência. A consulta de puericultura obedeceu à rotina da instituição e aos cuidados sanitários preconizados durante a pandemia. O atendimento era seguido de discussão clínica, como esquematizada na Figura 1.
Figura 1 – Supervisão remota da consulta de puericultura
Fonte: elaborado pelos autores; ilustração de Anderson Gomes, 2024.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise temática reflexiva dos dados obtidos nas entrevistas permitiu o desenvolvimento de três temas principais e seus respectivos subtemas, como demonstrado na Figura 2.
Figura 2 – Definição de temas e subtemas
Fonte: elaborado pelos autores, 2024.
O inadequado acesso a computadores, telefones móveis, velocidade e instabilidade da conexão com a internet foram fragilidades mencionadas pelos participantes (denominados como P1, P2 e P3). Outro aspecto enfatizado por eles foi a necessidade de capacitação de profissionais, docentes e discentes para o domínio de tecnologias da informação. Os trechos selecionados das entrevistas correspondem à dimensão operacional, como transcritos abaixo:
P1: “Eu acho que, inicialmente, tem que ter o recurso material, o equipamento adequado. Porque a gente ficava à mercê dos celulares, que descarregavam, e da internet, que era limitada.”
P2: “A gente sabe que houve a necessidade de se adaptar a esta nova realidade, do atendimento on-line, usufruir do que a gente tem de recurso para poder interagir melhor, acho que foi bastante importante.”
P3: “Eu acho que assim como para o ensino presencial, as pessoas precisam ser treinadas para isto, os professores, os preceptores. Eu acho que as universidades precisam treinar o pessoal para isto, para que este trabalho fique mais progressivo, mais dinâmico.”
A crise global de saúde tornou inadiável o debate sobre questões éticas, legais, educacionais e sociais relacionadas à tecnologia da informação (Kaplan, 2020). Nesta perspectiva, a OMS reforça a importância do treinamento digital e a avaliação da utilização dos recursos tecnológicos para a qualificação dos serviços de saúde e avanços na educação (World Health Organization, 2019; Ohannessian; Duong; Odone, 2020;). A Organização Pan-Americana de Saúde (PAHO, 2016), assim como Curfman et al. (2022), concordam que a implantação de um serviço de telemedicina envolve parâmetros tecnológicos, legais, regulatórios, financeiros, de segurança e de proteção de dados.
A pandemia também evidenciou as barreiras sistêmicas na distribuição de serviços de saúde. Neste sentido, estudos afirmam que a mortalidade foi mais elevada em populações de baixa e média renda, refletindo o precário acesso à assistência de saúde às pessoas em situação de vulnerabilidade, seja por questões de infraestrutura, sociais, raciais ou educacionais (Núñez; Sreeganga; Ramaprasad, 2021; Levin et al., 2022). As desigualdades sociais alertam para a necessidade de estratégias que reduzam a lacuna na prestação de serviço, minimizando a iniquidade na oferta de cuidados à população (Kaplan, 2020; Khan et al., 2022; Heinsch; Tickner; Kay-Lambkin, 2022).
A telemedicina reproduziu essas desigualdades, uma vez que os indivíduos que se encontram em condições socioeconômicas privilegiadas possuem recursos digitais e internet de melhor alcance e são contemplados com esse tipo de assistência (Kim; Zuckerman, 2019). A propagação do uso da telemedicina requer, portanto, uma infraestrutura que viabilize a sua implementação para que atenda efetivamente às necessidades de saúde da população (Rangachari; Mushiana; Herbert, 2022). Além da disponibilidade de recursos e ofertas, as pessoas devem receber orientações sobre a utilização das plataformas para a obtenção de melhores resultados no atendimento.
O estudo elencou, por meio das falas dos entrevistados, alguns dos problemas que dificultaram a efetiva operacionalização da supervisão remota na perspectiva do ensino-aprendizagem. A população pediátrica poderia ter se beneficiado de uma atenção à saúde da criança, na modalidade remota, garantindo maior segurança para todos os envolvidos, desde que houvesse um planejamento prévio estratégico (Klein et al., 2020).
Dimensão educacional
A supervisão remota durante o estágio prático em puericultura obteve resultados similares à supervisão presencial no que diz respeito à discussão clínica, entretanto, não conseguiu atender às expectativas referentes ao exame físico. Segue, abaixo, recortes das entrevistas:
P1, P2, P3: “A confirmação sobre habilidade do exame físico ficou prejudicado com a supervisão remota.”
P3: “[...] Mas a gente tentava superar esta dificuldade [do exame físico] do modo que a gente conseguia: enviava foto, fazia vídeo, chamava outro que estivesse presente para examinar o paciente com a gente.”
P3: “[...] Mas era interessante, porque tínhamos que captar todas as informações do paciente sozinhos, sem a presença física do professor, a gente treinava esta habilidade, de saber captar e organizar o pensamento para quando fosse passar as informações para o professor. A gente já tinha que ter em mente todos os problemas que foram identificados naquele paciente e dar nossas propostas e condutas.”
A puericultura integra as linhas de cuidado do Ministério da Saúde, englobando um conjunto de ações de saúde realizadas de forma contínua e integrada, visando promover o melhor crescimento e desenvolvimento possível para cada criança (Brasil, 2018). É importante ressaltar que, no decorrer da pandemia, os serviços de atenção primária à saúde foram reorganizados, priorizando as emergências respiratórias. Esse período se notabilizou por uma redução na administração de vacinas, além da suspensão das consultas de puericultura. Esses fatores, associados à recomendação de distanciamento social, contribuíram para a diminuição da cobertura vacinal (Silva; Corrêa; Uehara, 2022).
Nesse sentido, o prejuízo na assistência à saúde da criança poderia ter sido reduzido com a implementação da telemedicina (Burke; Hall, 2015; Curfman et al., 2022). A telemedicina ou a telessaúde tem o potencial de promover a educação em saúde e reduzir os custos com deslocamentos (Klein et al., 2020; Laventhal et al., 2020). A telemedicina sinaliza, portanto, uma oferta de serviço que pode otimizar diversos aspectos da atenção à saúde da criança e da população em geral, tendo sua aplicação tanto em áreas remotas quanto em condições similares à pandemia.
O distanciamento social impulsionou a adoção de diversas abordagens acadêmicas, tais como: videoconferências, salas de aula invertidas, simulação, jogos, visitas virtuais, supervisão remota, discussão de casos, dentre outras modalidades (Jumreornvong et al., 2020; Safdieh et al., 2021; Wells, 2023). Entretanto, apesar da publicização de diversas estratégias de ensino mediadas por tecnologias, a educação precisa avançar na investigação sobre a avaliação da aprendizagem resultante desses recursos.
O presente estudo mostrou que a supervisão remota pode ser uma modalidade factível para o ensino e aprendizagem nos cursos da área da saúde, como podemos constatar na seguinte fala:
P3: “Então, essa foi a forma que a gente encontrou de manter o estágio, manter o atendimento aos pacientes, que também foram beneficiados, porque não perderam esse atendimento, e durante os atendimentos eu percebi que os pacientes, no caso da pediatria, as mães que participaram do atendimento, não fizeram nenhuma objeção, todas gostaram, inclusive aceitaram muito bem este tipo de atendimento, e nós, residentes, também gostamos, inclusive acaba que estimula nossa autonomia.”
A pesquisa evidenciou que habilidades como a elaboração de anamnese, raciocínio clínico e orientações atenderam às expectativas dos residentes quanto à consulta de puericultura, porém, o mesmo não ocorreu em relação ao exame físico. Além disso, a experiência favoreceu à aquisição de maior autonomia durante o atendimento, contribuindo com a formação da identidade profissional médica (Orsmond; McMillan; Zvauya, 2022). Entretanto, é importante enfatizar que competências, como autonomia e identidade profissional, são adquiridas ao longo de todo o percurso da formação profissional.
As competências consolidadas na supervisão presencial devem ser reproduzidas no ambiente virtual da telemedicina, resguardadas algumas especificidades do exame físico. Entretanto, a análise de dados alerta para a necessidade de uma adaptação das habilidades desenvolvidas no modelo presencial para o ambiente virtual. Além das questões normativas que permeiam a telemedicina, é importante destacar os aspectos éticos, como afirmado por Castor et al. (2023), que abrangem sigilo, segurança e a integralidade que caracterizam os cuidados em saúde.
Contexto pandêmico
A terceira dimensão da análise temática enfoca os desafios diante da pandemia da covid-19, um contexto desconhecido e atravessado por incertezas.
P1: “Na ausência da possibilidade presencial, vale [a realização da prática sob supervisão remota]. É um artifício bom, mas eu acho que nada supera o toque, o contato físico.”
P2: “No início estava muito difícil, porque todos os ambulatórios fecharam.”
P2: “A gente sabe que houve a necessidade de se adaptar a esta nova realidade, do atendimento on-line, usufruir do que a gente tem de recurso para poder interagir melhor, acho que foi bastante importante.”
A pandemia produziu muito sofrimento físico, psíquico, ético e moral de proporção incomensurável. Os serviços de saúde, como diversos setores da sociedade, perderam profissionais competentes e com grande experiência em suas áreas de atuação. A Organização Mundial da Saúde (2021) estima que entre 80.000 e 180.000 profissionais de saúde e de assistência podem ter morrido de covid-19 no período entre janeiro de 2020 e maio de 2021. As relações interpessoais e sociais foram profundamente afetadas, causando ou agravando adoecimentos. As crianças, sabidamente mais vulneráveis, foram particularmente atingidas com a morte de pais ou avós (Bellani; Vignoli, 2022).
A incerteza pode ser compreendida como uma percepção individual de não saber o que pensar, sentir ou fazer (Patel et al., 2022). Diante das incertezas, as pessoas apresentam respostas cognitivas, emocionais e comportamentais distintas (Gadi et al., 2022). Por um lado, as respostas negativas podem levar à evitação e à inação; as positivas, por sua vez, podem conduzir a uma atitude de reflexão, busca de conhecimento e à mobilização de recursos direcionados a uma ação transformadora da realidade (Patel et al., 2022). Portanto, a pandemia afetou toda a comunidade acadêmica, com modificações curriculares e também emocionais.
A pergunta que se apresentou no contexto pandêmico foi: “quais as possibilidades diante de não saber o que fazer?”. Neste sentido, a proposta de supervisão remota, sugerida pelos residentes, foi uma decisão que demonstrou o compromisso com a formação profissional, assunção de responsabilidades e a construção da aprendizagem sob uma nova perspectiva. Ficou patente a necessidade de discutir sobre aspectos consolidados na prática clínica presencial: alguns elementos como o toque empático e respeitoso, a técnica do exame físico e a intersubjetividade da consulta.
A experiência educacional suscitou inquietações pertinentes ao ensino e à aprendizagem, e a abordagem fenomenológica instigou a busca por outros horizontes a partir de perspectivas, pensamentos e percepções diferentes. A pandemia, dentre vários aspectos, provocou a reflexão sobre a necessidade de reaprender a essência da clínica em contextos tão distintos e desafiadores como o cenário mediado por tecnologias.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A supervisão remota por telemedicina permitiu a manutenção de atividades acadêmicas e a continuidade da assistência ambulatorial durante a pandemia da doença pelo SARS-CoV-2, o que declara sua pertinência. A prática educacional transcorreu em um cenário complexo e inusitado para todos os sujeitos envolvidos. A análise das narrativas dos residentes de pediatria evidenciou dificuldades operacionais, fragilidades da clínica na interface virtual, mas também suas potencialidades. O trabalho reflexivo permitiu inferir a necessidade de um amplo debate sobre a utilização da telemedicina nas instituições de ensino. O estudo destacou, exclusivamente, a narrativa dos médicos residentes, portanto, uma limitação diz respeito à exclusão da percepção das mães, um dado que poderia contribuir para ampliar a compreensão do tema.
Estudos futuros devem incluir uma discussão conjunta entre os profissionais da área da saúde, da tecnologia da informação e comunicação e os usuários dos serviços de saúde, para a identificação de barreiras em relação à utilização da telemedicina. As instituições de ensino, por sua vez, necessitam investir na aquisição de recursos e na formação profissional para melhorar a prestação de cuidado à população, seja no modelo presencial ou digital.
REFERÊNCIAS
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Devani Ferreira Pires
Médica e preceptora do ambulatório de puericultura do Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Mestra em Ensino na Saúde pela UFRN. Residência médica em Pediatria pela UFRN. Graduação em Medicina pela UFRN.
Paula Fernanda Brandão Batista dos Santos
Docente do departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desde 2006. Docente do Programa de Pós-Graduação em Saúde da Família UFRN/RENASF. Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde da Família da RENASF, nucleadora UFRN. Membro do Conselho Estadual de Saúde do Rio Grande do Norte. Vice-coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN (gestão atual). Doutora em Ciências Sociais pela UFRN. Mestra em Enfermagem pela Universidade Federal da Paraíba (UEPB) . Graduação em Enfermagem e Obstetrícia pela UEPB.
Marcelo Viana da Costa
Docente da Escola Multicampi de Ciências Médicas (EMCM) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Coordenador da Residência Multiprofissional em Atenção Básica da EMCM/UFRN. Vice-coordenador e professor do Programa de Pós-Graduação em Educação, Trabalho e Inovação em Medicina da UFRN. Professor do Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Ensino na Saúde da UFRN. Professor do Mestrado Profissional em Gestão, Trabalho, Educação e Saúde da UFRN. Professor do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da UFRN. Doutor em Ciências da Saúde pela UFRN. Especialização em Educação Profissional pela Fundação Oswaldo Cruz. Graduação em Enfermagem pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).
Como citar este documento – ABNT PIRES, Devani Ferreira; SANTOS, Paula Fernanda Brandão Batista dos; COSTA, Marcelo Viana da. Preceptoria remota em puericultura: os desafios da clínica no contexto tecnológico. Revista Docência do Ensino Superior, Belo Horizonte, v. 14, e051314, p. 1-18, 2024. DOI: https://doi.org/10.35699/2237-5864.2024.51314 . |
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1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, RN, Brasil.
ORCID ID: https://orcid.org/0000-0002-7806-304X. E-mail: devani.pires@ufrn.br
2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, RN, Brasil.
ORCID ID: https://orcid.org/0000-0001-8406-0286. E-mail: paulafernandabb@hotmail.com
3 Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Caicó, RN, Brasil.
ORCID ID: https://orcid.org/0000-0002-3673-2727. E-mail: marcelo.viana@ufrn.br
Recebido em: 29/02/2024 Aprovado em: 22/08/2024 Publicado em: 08/11/2024
Rev.
Docência Ens. Sup., Belo Horizonte, v. 14, e051314, 2024