A arte mimetiza a natureza
Resumo
A afirmação aristotélica segundo a qual “a arte, hē tékhnē (ἡτέχνη), mimetiza mimeita (μιμεῖται) a natureza, tēn phýsin (τὴνφύσιν)” ocorre três vezes no que nos restou da obra do estagirita, duas das quais em Physica II, a outra em Meteorologica IV. Se considerarmos o De Mundo e certos trechos do Protrepticus de Jâmblico como de autoria de Aristóteles, acrescentaríamos mais três ou quatro ocorrências às demais, dependendo da edição dos fragmentos do Protrepticus. Neste artigo visamos elucidar o sentido da sentença “a arte mimetiza a natureza”, através de traduções das passagens nas quais tal sentença é apresentada em Physica II, e de comentários à luz dos conceitos de arte, tékhnē (τέχνη), e de natureza, phýsis (φύσις), expostos em Physica I e II. O termo central da supracitada oração aristotélica é o verbo mimetizar, miméomai (μιμέομαι), para o qual atribuímos um sentido que abarca o emulativo e o simulatório.