A crise do conceito de obra na época moderna sob a estética de Hegel

Autores/as

  • João Augusto Araújo Ferreira Universidade de São Paulo

Resumen

Segundo a orientação de Hegel, em seus Cursos de Estética, a arte na época moderna encontra-se impossibilitada de realizar-se a partir do conceito de obra, isto é, enquanto uma totalidade em si mesma encerrada. Nesse sentido, o resultado único da arte romântica, característica da época moderna, encontra-se firmada no cristianismo, não somente em seu círculo religioso, mas enquanto conteúdo das produções artísticas a partir da Idade Média. O limite esclarecido por Hegel de que a arte moderna só pode ser realizada em seus fins particulares, e não mais como uma obra acabada, abre espaço para o deslocamento do lugar divino das artes ao mundano, especialmente nos dramas de Shakespeare e nos quadros de gênero da pintura holandesa do século XVII. Com isso, tudo tem espaço nas representações da arte romântica, tanto o mais elevado quanto o mais insignificante. Walter Benjamin, ao passo, dará aval à argumentação hegeliana ao falar do conceito de perda da aura da obra de arte – algo que Hegel entenderá como depois do belo – especialmente em seus comentários no ensaio A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. Portanto, este é um primeiro diagnóstico de uma tendência, que será ressaltada nas teorias artísticas do século XX, de abandono da esfera da “bela aparência”, ou seja, a época em que o conteúdo da obra de arte retém-se em sua própria interioridade e deixa de ser a necessidade mais alta do espírito. Dito isso, tem-se um esforço de apreender, em que medida, a influência da estética hegeliana torna-se determinante para pensar os rumos da arte contemporânea, tomando como porta de entrada a época moderna, em especial na análise da pintura como primeiro momento da arte romântica.

Publicado

2025-01-16

Número

Sección

Artigos