Este artigo é uma análise sociológica do romance Ilusões Perdidas de Honoré de Balzac. A trajetória do protagonista Lucien de Rubempré no que chamo de pré-campo – ou protocampo – literário francês no período da Restauração Francesa é analisada como uma objetivação feita por Balzac das próprias condições de produção literária de sua época, trabalhada e formalizada no romance. Assim, Lucien é concebido como uma espécie de alter ego de Balzac, personificando em seus dramas as lutas literárias e as constrições simbólicas e materiais da produção cultural da primeira metade do século XIX. Finalmente, o artigo discute a questão da autonomização do campo literário francês através do drama de Lucien de Rubempré, em um momento em que a literatura ainda era fortemente influenciada e dominada por imperativos externos ao campo de produção propriamente literária.