Pretende-se trilhar, aqui, um caminho que, ao seguir as pistas deixadas pelas mortes de animais-outros-que-humanos jogue luz sobre as razões e justificativas utilizadas para a adoção e manutenção de políticas de extermínio animal que comparecem em realidades de catástrofes ambientais. Perseguimos, assim, a história do crime ambiental do rompimento da barragem de rejeitos de minério da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, Minas Gerais (MG). A partir da análise documental de processos judiciais e de planos de contingência que demarcam uma ação oficial e regulamentada do manejo de animais nesse contexto, bem como de um apanhado de reportagens que compôs um possível imaginário social criado pela mídia em torno do caso, empreendemos uma investigação cartográfica com o objetivo de colocar a animalidade como ponto central no modo de contar essa história de extermínios autorizados e regulamentados. Busca-se, dessa forma, recolocar no campo político a questão da morte animal, desnaturalizando essas práticas e fazendo emergir indagações e hesitações que nos permitam ultrapassar o véu do negacionismo e levar em consideração a perspectiva das vítimas outras-que-humanas, mesmo sabendo que isso implica habitar o desconforto e as náuseas de nossas ações enquanto espécie humana.