“Pela delícia em receber o desconhecido / como uma oportunidade de alargar a experiência de estar vivo” (Elisa, 2023, p. 48). Com o pensamento de Zora Neale Hurston, antropóloga, negra, temos o prazer de desfrutar de outras possibilidades do fazer antropológico, bem como de nos posicionarmos frente aos silenciamentos sistêmicos e históricos ao longo do tempo, com relação especificamente às mulheres negras. Logo, essa voz que ecoa do Sul dos Estados Unidos nas primeiras décadas do século XX, com uma corporeidade potente, forte e orgulhosa de sua negritude – não apenas no contexto acadêmico, mas que extrapola outros campos, como o da literatura –, encontra consonância em outras presenças: seja no mundo das artes, personificada por Beyoncé, ou por meio de nossa própria ancestralidade, na trajetória de vida da minha avó materna, Tereza; mulheres, negras, que foram e são capazes de uma mudança de olhar sobre si mesmas e que propõem reflexões que trazem sentidos e significados – a partir do conhecimento, da arte, da música, de relatos de vida – que fomentam novas possibilidades de resistência a partir da própria forma de existir no mundo.