Os anos 1960 foram de um desencanto generalizado com o futuro político e econômico argenti- no, o que repercutia de forma intensa nas expressões culturais nacionais do país. Ao mesmo tempo em que a invasão cultural americana tomava conta do mercado nacional das histórias em quadrinhos, espaço este que até então permanecia predominantemente nacionalizado, a era de ouro das histórias em quadrinhos argentinas se ndava. Neste mesmo período, contudo, um produto genuinamente argentino era criado, encarnando o espírito de desilusão nacional para com os projetos de modernidade do novo Estado argen- tino, as tirinhas da Mafalda. O presente trabalho visa contrastar as tirinhas da Mafalda com seu contexto de criação, de modo a evidenciar as ressonâncias entre a desesperança da sociedade argentina nos anos 1960 e a personagem crítica, consciente e cínica que começava a percorrer o território argentino na época.