Objetivo deste trabalho é apresentar através de um relato de experiência como o processo de autodefinição e auto-recuperação de mulheres negras pode dar pelo caminho de rememorar a ancestralidade. A partir de Patricia Hill Collins (2019), bell hooks (2023), Zora Neale Hurston (2021), o relato que segue traz reflexões sobre a minha trajetória na universidade e os questionamentos acerca da autodefinição que emergem no contato com as autoras citadas e outras tantas que eu pude conhecer durante a minha graduação. Neste texto, busco reconectar-me com as mulheres da minha vida, retorno, sobretudo, a imagem de minha avó, especialmente a sua morte. E neste momento memorístico que envolve luto e autoconhecimento proponho no texto uma carta relatando à minha avó o dia de sua morte, sua ausência, e nessa proposta literária ousada, discuto como a morte, luto e as memórias podem construir o processo de autodefinição de mulheres negras. Articulando, assim, como minhas palavras não são sem sentido. Elas estão em ação e em resistência, é a partir do caminho da autorrecuperação e autodefinição, juntando e conectando pedacinhos da memória viva que eu posso enfim descobrir a minha própria identidade.