O presente artigo tem como objetivo compreender o significado das ciências sociais para um dos grandes filósofos do século XX, o alemão Theodor Wiesengrund Adorno. A partir da obra de Karl Marx (1818-1883), Adorno procurou refletir sobre a natureza do sistema capitalista e as possibilidades de sua su- peração, e criticou veementemente as abordagens epistemológicas clássicas das ciências sociais, as quais representariam um importante papel na permanência do capitalismo, pois tributárias de uma reflexão teó- rica acrítica, imune as perspectivas de transformação social. Portanto, procurarei mostrar quais são as críti- cas de Adorno em relação a essas abordagens: mais especificamente o positivismo de Comte e Durkheim, que pretendia transpor, para o estudo das relações sociais, os métodos “objetivistas” das ciências naturais e alguns princípios da teoria sociológica de outro “pai fundador” da disciplina, Max Weber. Segundo Adorno, este aspecto fatalista e acrítico encontrado nas teorias clássicas estaria presente também na prática socioló- gica de seu tempo, com a qual ele manteve estreito contato em sua viagem aos Estados Unidos na década de 40, exilado das perseguições a intelectuais e judeus ocorridas na Alemanha nazista. A partir das críticas de Adorno aos métodos mais modernos de pesquisa sociológica, que ele denominou, em seu conjunto, de investigação social empírica, pretendo esboçar aquilo que ele próprio entende por ciências sociais, que devem possuir, segundo Adorno, o teor crítico necessário a qualquer reflexão que intencione emancipar os homens da opressão e ajudá-los a construir sua liberdade.