Utilizando a crítica do mestre quilombola Antônio Bispo dos Santos ao modo de vida hegemônico de nossa sociedade chamada moderna, e seus saberes de mestre pertencentes a um arranjo social considerado tradicional, este artigo pretende investigar a possibilidade de enunciarmos uma psicologia quilombola. Provisoriamente, entende-se por isso algumas “fórmulas de cura” quilombolas, enquanto modos contra coloniais que fazem frente às patologias sociais que marcam, do ponto de vista de Antônio Bispo, o modo de vida eurocristão colonizador. Foram analisadas as obras tanto escritas como faladas do mestre, atentando para o valor da transmissão oral dos conhecimentos na tradição quilombola, no intuito de delinear uma crítica contra colonial ao modo de vida pretensamente moderno, demarcando algumas diferenças existentes entre os arranjos sociais gerados pelo o que Bispo designa de cosmovisões distintas (a sua própria e a que ele critica) e as consequentes diferenças nos processos de subjetivação.