O arquivo da literatura em Borges e Calvino
DOI:
https://doi.org/10.17851/2238-3824.20.1.73-89Palavras-chave:
literatura, arquivo, memória, Jorge Luis Borges, Italo Calvino, literature, archive, memoryResumo
O presente artigo propõe uma reflexão crítico-analítica sobre a temática do arquivo a partir das obras de Jorge Luis Borges e Italo Calvino. Tomando por referencial teórico o livro Mal de arquivo, de Jacques Derrida, aborda-se, num primeiro momento, duas ficções dos escritores que têm o arquivo e a memória como tema: “A memória do mundo”, de Calvino, e “A memória de Shakespeare”, de Borges. Em seguida, busca-se compreender como o escritor argentino e o escritor italiano valem-se de sua memória literária e de seu papel de autoridade arcôntica para estabelecer um certo arquivo da literatura, identificando outros autores e obras que julgam dignos de uma sobrevida. Essas “máquinas-arquivísticas” literárias são analisadas nos livros póstumos Esse ofício do verso e Seis propostas para o próximo milênio, resultados das conferências de Borges e Calvino, respectivamente, destinadas às Norton Lectures.
This article purposes an analytic-critic reflection about the thematic of the archive from Jorge Luis Borges and Italo Calvino’s works. Having the book Mal de arquivo, by Jacques Derrida, as a theoretical reference, in the first moment, two fictional works from writers that have the archive and the memory as subject: “A memória de Shakespeare”, by Borges, and “A memória do mundo”, by Calvino are approached. After that, it is seeking comprehending how the Argentinean writer and the Italian writer have their literary memory and their archontic authority to establish some kind of literature archive, identifying other authors and works that judge themselves worthy of a afterlife (Fortleben). These literary “archival-machines” are analyzed in posthumous books Esse ofício do verso e Seis propostas para o próximo milênio, results of Borges and Calvino’s conferences, respectively, to Norton Lectures.