Contramão, de Henrique Schneider: a escrita à deriva
DOI:
https://doi.org/10.17851/2238-3824.22.1.125-138Palavras-chave:
Contramão, Henrique Schneider, Maurice Blanchot, escrita, errância, deriva.Resumo
Este artigo investiga o movimento não objetivo da escrita literária na narrativa Contramão, de Henrique Schneider, a partir da perspectiva do escritor francês Maurice Blanchot sobre a literatura, assim como analisa o paralelo, também proposto por Blanchot, entre a linguagem corrente e a linguagem característica do texto ficcional, pautada pelo imaginário e, portanto, contrária às regras vigentes no mundo da realidade. Como resultado dessa investigação, percebe-se o desvio do personagem da ordem para a errância como o movimento característico da escrita literária, que se desenvolve sem objetivação e por uma pluralidade de possibilidades, uma vez que não intenta um propósito único. Conclui-se então, que a dimensão propícia para o desenvolvimento dessa escrita se dá no terreno do imaginário, uma vez que a irrealidade estende o movimento da errância ao infinito, proporcionando à linguagem ficcional o movimento incessante e interminável, incompatível com a finitude do espaço do mundo corrente.