Da literatura como resistência eloquente: a tradução de Prometeu acorrentado sob a ditadura de Oliveira Salazar

Autores

  • Miguel-Pedro Quadrio Universidade Católica Portuguesa, FCH (Lisboa)

DOI:

https://doi.org/10.17851/2238-3824.23.2.199-215

Palavras-chave:

Prometeu acorrentando, pensamento teatral, resistência literária, Eduardo Scarlatti, intelectual engajado, ditadura salazarista.

Resumo

Este artigo incide sobre a tradução em língua portuguesa de Prometeu acorrentando que Eduardo Scarlatti publicou em Lisboa, em 1942. Atribui-se particular relevância a este texto por se considerar que, através dele, Scarlatti não pretendeu apenas apresentar mais uma versão de um texto canónico. Pela análise dos paratextos, das escolhas tradutológicas e remetendo-se para a reflexão crítica e teórica que anteriormente desenvolvera-se, verifica-se que a opção de Scarlatti correspondeu ao desejo de dotar a cultura portuguesa de um texto literariamente qualificado, pensado não só como ato de resistência à opressão salazarista, mas também como manifesto estético que impulsionasse a renovação do anémico sistema teatral. Assim, defende-se a condição de intelectual engajado de Scarlatti (BOURDIEU, 1991), sublinhando-se a constituição de uma linhagem de resistência que determinará mudanças culturais profundas em Portugal.

 

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Biografia do Autor

Miguel-Pedro Quadrio, Universidade Católica Portuguesa, FCH (Lisboa)

Investigador no Centro de Estudos de Comunicação e Cultura da Universidade Católica Portuguesa e Professor-Auxiliar na Faculdade de Ciências Humanas da mesma escola, Miguel-Pedro Quadrio doutorou-se em Estudos de Cultura, também na UCP, com a tese 'Dispositivo crítico / Condições de possibilidade da crítica jornalística em Portugal'. Conceptualmente ancorada nos campos da teoria crítica, dos estudos artísticos e dos estudos de tradução, a sua investigação têm-se focado na constituição, relevância sistémica e na história do acto crítico em artes performativas (estuda agora o espólio inédito do teatrólogo e crítico Eduardo Scarlatti e a revista 'O Actor / Expositor de signos teatrais, projecto editorial da Cassefaz). Fez crítica de teatro no jornal 'Diário de Notícias', entre 2002 e 2008. Participou na fundação das revistas de artes performativas 'Sinais de cena' e 'Obscena'. Foi especialista na área do teatro da Comissão de Acompanhamento e Avaliação do Apoio às Artes (região Lisboa e Vale do Tejo), da Direcção Geral das Artes (Ministério da Cultura), instituição onde integrou o júri de diversos concursos de apoio às artes. Como dramaturgista e responsável pelas publicações, colaborou com as companhias Teatro da Garagem e Companhia de Teatro de Almada.

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Publicado

2018-08-31

Como Citar

Quadrio, M.-P. (2018). Da literatura como resistência eloquente: a tradução de Prometeu acorrentado sob a ditadura de Oliveira Salazar. Caligrama: Revista De Estudos Românicos, 23(2), 199–215. https://doi.org/10.17851/2238-3824.23.2.199-215