Monolíngues? Uma investigação sobre o reconhecimento de palavras cognatas português-inglês
DOI:
https://doi.org/10.17851/2238-3824.26.2.155-177Palavras-chave:
Cognatas, distância de Levenshtein, julgamento de aceitabilidade, bilinguismoResumo
Palavras cognatas são conhecidas por dividirem semelhanças formais e semânticas entre duas ou mais línguas, possivelmente dividindo representações no léxico mental. Nesse sentido, as palavras cognatas possuem diferentes graus de semelhança, como por exemplo pares do português-inglês: cognatos perfeitos “banana”, cognatos de alto grau “momento-moment” e cognatas de baixo grau “noite-night”. Focalizando a relação formal e independentemente do conhecimento bilíngue, como as palavras cognatas do português-inglês são reconhecidas por monolíngues? O presente artigo tem o objetivo de investigar o reconhecimento de palavras cognatas do português-inglês por monolíngues através do grau de semelhança ortográfica. Para tanto, aplicamos um experimento de julgamento de aceitabilidade entre pares de palavras cognatas. Com o objetivo de se pesquisar o grau de similaridade, utilizou-se a Distância de Levenshtein Normalizada entre as palavras cognatas. Os resultados apontaram uma correlação significativa entre o julgamento de aceitabilidade e este coeficiente. Portanto, os resultados indicaram que mesmo participantes não-bilíngues são capazes de reconhecer a granularidade da semelhança ortográfica. Ainda, de forma exploratória, foi possível determinar o coeficiente a partir do qual as palavras podem ser consideradas pares cognatos. Enfim, espera-se que o presente estudo permita uma melhor compreensão das palavras cognatas assim como provoque uma reflexão do monolinguismo.
Downloads
Referências
COSTA, A.; CARAMAZZA, A.; SEBASTIÁN-GALLÉS, N. The
cognate facilitation effect: implications for models of lexical access.
Journal of experimental psychology: learning memory and cognition, [S.
l.], v. 26, n. 5, p. 1283–1296, 2000. DOI: https://doi.org/10.1037/0278-
5.1283.
COSTA, A.; SEBASTIÁN-GALLÉS, N. How does the bilingual
experience sculpt the brain? Nature reviews neuroscience, [S. l.], v. 15,
n. 5, p. 336–345, May 2014. DOI: https://doi.org/10.1038/nrn3709.
DAVIS, C. J.; PEREA, M.; ACHA, J. Re(de)fining the orthographic
neighborhood: the role of addition and deletion neighbors in lexical
decision and reading. Journal of experimental psychology: human
perception and performance, [S. l.], v. 35, n. 5, p. 1550–1570, 2009. DOI: https://doi.org/10.1037/a0014253.
DE HOUWER, A. Early bilingual acquisition: focus on morphosyntax
and the separate development hypothesis. In: KROLL, Judith F.; DE
GROOT, Annette M. B. Handbook of bilingualism: psycholinguistic
approaches. New York: Oxford University Press USA, 2005. p. 30–48.
DUÑABEITIA, J. A.; PEREA, M.; CARREIRAS, M. Masked
translation priming effects with highly proficient simultaneous bilinguals.
Experimental psychology, [S. l.], v. 57, n. 2, p. 98–107, 2010. DOI: https://doi.org/10.1027/1618-3169/a000013.
ESTIVALET, G. L.; MEUNIER, F. Corpus psicolinguístico Léxico do
Português Brasileiro. Revista SOLETRAS, Rio de Janeiro, n. 33, p. 212-
, 2017. DOI: https://doi.org/10.12957/soletras.2017.29702.
FIALHO, V. Proximidade entre línguas: algumas considerações sobre
a aquisição do espanhol por falantes nativos de português brasileiro.
Espéculo: revista de estudios literarios, Madri, v. 1, n. 31, p. 1-15, 2005.
Disponível em: https://webs.ucm.es/info/especulo/numero31/falantes.
html. Acesso em: 22 jul. 2021.
GRANT, A.; GOTTARDO, A. Defining bilingualism. London, ON:
Encyclopedia of Language and Literacy Development, 2008.
HARPE, S. E. How to analyze Likert and other rating scale data. Currents
in pharmacy teaching and learning, [S. l.], v. 7, n. 6, p. 836-850, 2015.
DOI: https://doi.org/10.1016/j.cptl.2015.08.001.
KROLL, J. F.; STEWART, E. Category interference in translation and
picture naming: evidence for asymmetric connections between bilingual
memory representations. Journal of memory and language, [S. l.], v. 33,
n. 2, p. 149-174, 1994. DOI: https://doi.org/10.1006/jmla.1994.1008.
LEITÃO, M. M. Psicolinguística experimental: focalizando o
processamento da linguagem. In: Martelotta, Mario Eduardo. (org.)
Manual de linguística. São Paulo: Contexto, 2008.
LEVENSHTEIN, V. Binary codes capable of correcting deletions,
insertions, and reversals. Soviet physics doklady, Moscow, v. 10, n. 8, p.
-710, 1966.
MARIAN, V.; SPIVEY, M. Bilingual and monolingual processing of
competing lexical items. Applied psycholinguistics, [S. l.], v. 24, n. 2, p.
–193, 2003. DOI: https://doi.org/10.1017/S0142716403000092.
MORAES et al. A importância do teste de plausibilidade na validação
de frases em experimentos psicolinguísticos. Prolingua, [S. l.] v. 11, n.
, p. 17-26, 2016. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/
prolingua/article/view/30627. Acesso em: 22 jul. 2021.
OLIVEIRA, C. S. F.; SÁ, T. M. M. Métodos off-line em psicolinguística:
julgamento de aceitabilidade. Revele: revista virtual dos estudantes de
Letras, [S. l.], v. 5, p. 77-96, 2013. DOI: https://doi.org/10.17851/2317-
0.77-96.
POST, A.; LEUSSEN, J. Generating a bilingual lexical corpus using
interlanguage Normalized Levenshtein Distances. In: INTERNATIONAL
CONGRESS OF PHONETIC SCIENCES, 18., 2015, Glasgow.
Proceedings […], 2015. [S. l.: s. n.], 2015.
R CORE TEAM. R: A language and environment for statistical computing.
Vienna: [s. n.], 2014. E-book.
SÁNCHEZ-CASAS, R.; GARCÍA-ALBEA, J. The representation of
cognate and noncognate words in bilingual memory: can cognate status
be characterized as a special kind of morphological relation? In: KROLL,
Judith F.; DE GROOT, Annette M. B. Handbook of bilingualism:
psycholinguistic approaches. New York: Oxford University Press USA,
p. 226–250.
VALDÉS, G.; FIGUEROA, R. A. Bilingualism and testing: a special case
of bias. Westport: Ablex Publishing, 1994. E-book.
VAN HEUVEN, W. J. B. et al. SUBTLEX-UK: A new and improved
word frequency database for British English. Quarterly journal of
experimental psychology, Canterbury, v. 67, n. 6, p. 1176-1190, 2014.