A (re)construção do mito da caverna na obra A invenção de morel, de Bioy de Casares
DOI:
https://doi.org/10.17851/2238-3824.26.3.25-38Palavras-chave:
interdiscurso, Mito da Caverna, A invenção de Morel, análise do discursoResumo
Este artigo discute a relação interdiscursiva existente entre a obra A invenção de Morel, publicada originalmente em 1940, escrita pelo autor argentino Adolfo Bioy Casares, e o discurso filosófico presente no Mito da Caverna, de Platão, publicado no século IV C, a fim de mostrar como o sujeito e, consequentemente, seu discurso podem ser reconfigurados historicamente na interface entre o Mito, a Filosofia e a Literatura. A discussão é realizada por meio do olhar interpretativo e analítico de alguns fragmentos retirados da obra A invenção de Morel, aproximando-os a discursos presentes no Mito da Caverna. Os fragmentos se referem aos dois personagens principais: o Fugitivo, aquele que se vê prisioneiro dos espectros que povoam a ilha para a qual fugiu e dos quais busca se libertar; e Morel, aquele que usa do seu conhecimento para criar e manipular os fantoches que produzem as sombras e aprisionar os que estão em um plano diferente do seu. O objetivo do estudo é encontrar correspondências discursivas em relação à constituição dos sujeitos que Platão apresenta como habitantes da sua caverna. Nessa intenção, utilizamos como principal apoio teórico os estudos de Maingueneau (1997, 2006, 2008), especialmente sua conceituação sobre a categoria de interdiscurso. A obra A Invenção de Morel confirma que todo discurso possibilita, como destaca Maingueneau (2008), uma incessante reconfiguração, na incorporação de outros discursos, apropriados de diferentes realidades sócio-histórico-culturais. Casares (2016), então, se utiliza da mesma base discursiva de Platão para mostrar o homem preso novamente em uma caverna; no entanto, dessa vez, ao adquirir a consciência de que existe um mundo para além das ilusões, opta por dele não participar.
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Referências
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