A estratégia hegemônica do realismo na narrativa venezuelana e haitiana no início do século XXI
DOI:
https://doi.org/10.17851/2238-3824.26.3.65-85Palavras-chave:
romance, Haiti, Venezuela, articulação identitária, hegemonia culturalResumo
O trabalho analisa dois textos realistas latino-americanos, Bicentenaire (2004) do escritor haitiano Lyonel Trouillot e Yo maté a Simón Bolívar (2010) do venezuelano Vicente Ulive-Schnell, como produtos simbólicos em circulação num campo comunicacional amplo no qual o sentido das obras como mensagens interage com o horizonte ideológico de época. A leitura literária da identidade dos personagens se fará tomando em conta o conceito de articulação de Gramsci (2011). A relação complementar entre obra e mercado se fará partindo do conceito gramsciano de hegemonia, revisado em sentido pós-estrutural por Laclau e Mouffe (2001), e também da leitura política da literatura proposta por Jameson (1994) e Rancière (2000; 2007). A tensão nas identidades marginalizadas e classes sociais articuladas nos romances aponta para uma exibição crítica da vida nacional e a desigualdade socioeconômica e, além disso, para a construção de uma nova hegemonia cultural. Porém, as obras e seus autores lidam com a frustração de observar os limites do mercado literário no debate nacional ao se deparar com o baixo índice de leitura de sociedades dominadas hegemonicamente por outros horizontes, mercados e suportes comunicacionais.
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