“Museus vivos das tradições humanas”
Alexina de Magalhães Pinto e sua concepção sobre o “papel eminentemente educador dos contos”
DOI:
https://doi.org/10.17851/2238-3824.27.1.246-262Palavras-chave:
Alexina de Magalhães Pinto, literatura infantil, conto popularResumo
Qual o tipo de conhecimento pode um conto popular transmitir? Pode o conto contribuir para a formação humana? Em “Nota preliminar” do livro Contribuição do folk-loro brazileiro para a bibliotheca infantil (1907), a escritora e folclorista mineira Alexina de Magalhães Pinto (1869–1921), nomeando os contos populares (quer sejam “de fadas, fabulosos ou bíblicos”) como “museus vivos das tradições humanas”, argumenta que essas narrativas conteriam papel “eminientemente educador”. Este artigo apresenta a autora, sua produção e, na sequência, analisa a “Historia (sic) de um cachorrinho”, que integra a coletânea supracitada, com o objetivo de se refletir sobre essa função educadora dos contos (de que nos fala a autora). Desta análise — de caráter metodológico bibliográfico e crítico-analítico — resulta o entendimento sobre a contribuição singular de Alexina de Magalhães Pinto para a história da literatura infantil brasileira, em seu sentido amplo. Esse legado é notável por seu empenho em realizar uma pesquisa etnográfica e histórica para compor obras a partir da tradição oral e do folclore brasileiro para servir às gerações futuras. O mérito dessa tarefa reside no fato de a autora ter se dedicado, naquele tempo, a um debate sobre a potência que a ficção detém de nos ensinar sobre a vida. É possível concluir, a partir desta análise, que as produções literárias e ficcionais, ao possibilitarem a fabulação, podem instruir e educar, entre outros aspectos, por seu caráter de transcender limites de tempos, modos e formas de representação das múltiplas e diversas experiências.
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