Calle Santa Fe
a elaboração do trauma no cinema andarilho de Carmen Castillo
DOI:
https://doi.org/10.17851/2238-3824.28.3.125-148Palavras-chave:
cinema, ditadura militar, Chile, trauma, melancoliaResumo
O presente artigo propõe investigar como o chamado “documentário de busca”, definido por Bernardet (2005) como uma relevante ferramenta de acesso à subjetividade, pode auxiliar na revisão de traumas deixados pela ditadura militar chilena. Entre inquietações e um consequente estado de melancolia expostos pela cineasta Carmen Castillo, interessa analisar no filme Calle Santa Fe (2007), particularmente sob o escopo das teorias da imagem e da literatura, o trânsito existente entre cinema, ensaio e narrativa autobiográfica. Estas searas, uma vez entrecruzadas, concebem um gesto que possibilita acionar no sujeito novas referências para a elaboração do passado e a possibilidade de reconstruir-se diante do trauma
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